sábado, 30 de julho de 2011

O REINO DE DEUS ATRAVÉS DA IGREJA

Por Gilson Barbosa

A expressão "reino" é basiléia, mas significa também reinado, que é o governo de Deus. A Igreja de Cristo só atingirá seu objetivo, em manifestar seu reinado no mundo, se primeiro Cristo governar o coração e a vida dos crentes que participam dela. Talvez seja por isso que as vezes ela não consegue atingir seus objetivos - certos crentes, por não possuirem o reinado de Deus em suas vidas,  não cooperam de forma coletiva.

Manifestação visível ou invisivel do reinado de Deus no mundo?

As autoridades religiosas e os demais judeus aguardavam a vinda de um reino visível, externo e aparente para então ocuparem posições proeminentes. Os fariseus, ao perguntarem à Jesus sobre quando o reinado (governo) de Deus seria implantado, receberam dele a resposta de que Seu reinado não viria com aparencia exterior.  Não seria proclamado nas ruas, não haveria exércitos marchando, não teria autoridades políticas montado em cavalos, as pessoas não saudariam a notícia dizendo "eis aqui o reino" ou o "reino está ali", porque o reino de Deus, pelo contrário, deveria estar dentro dos seus corações (Lc 17.20,21). Em suma, o reinado de Deus é essencialmente espiritual e não físico. 

Isso me leva a refletir o papel da Igreja em apresentar o reinado de Deus para o mundo. Neste caso, a Igreja (por meio dos crentes, sejam os que ocupam funções ministeriais ou os que possuem algum dom natural, como por exemplo, os cantores, ou quaisquer outros) não precisaria necessariamente se envolver com política, participar de entretenimento midiático, não precisaria interagir com as formas culturais de uma cidade nem desejar visibilidade secular. 

Temos presenciado atualmente tanto a participação quanto o incentivo de que os crentes em Cristo invistam nestes setores da sociedade - política, televisão, cultura urbana, etc. Ocorre que o que notamos e vimos são que estes meios não foram influenciados, como deveriam, pelos crentes - representantes da Igreja. Na política, presenciamos o envolvimento de parlamentares evangélicos em escândalos como o do mensalão e o dos sanguessugas (leia aqui); na música, cantoras gospel participaram no dia 27 de junho de 2010 de um programa televisivo dominical de grande representatividade no Brasil (veja aqui); no futebol, jogadores evangélicos, tais como o goleiro Bosco, o meio campista Kaká, o zagueiro Lucio, declaram publicamente sua fé em Cristo. Não estou fazendo julgamentos e nem é este meu papel como servo de Cristo, mas quero que você leitor reflita o quanto estamos fazendo a diferença na sociedade e como estamos com estes meios influenciando-a. 

Como influenciar a sociedade

De fato os crentes não deveriam comemorar euforicamente a visibilidade social que vem conquistando em todos os todos os segmentos da sociedade. Jesus deixou evidente o ódio do mundo (no caso as pessoas dominadas pelo sentimento secular) contra seus servos: "Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia" (Jo 15.19). Quando vejo a mídia secular enaltecendo os "artistas" evangélicos e os convidando para participarem de programas televisivos, fico preocupado. Jesus disse que o mundo nos odiaria e não o contrário.

Porém, de alguma forma podemos e temos de influenciar a nossa sociedade. Como faremos isso? Segundo o pastor Wagner Gaby, isso acontecerá através da pregação cristocêntrica, da comunhão entre os crentes e por meio de atividades sociais. O tipo de mensagem que a Igreja, por meio dos seus pregadores, vem comunicando tem sofrido alterações. Uma das razões é o "etos" encarnado na sociedade destes ultimos tempos. A pobreza, o desejo de conquistar e alcançar o sucesso, os sonhos individuais, a exaltação antropocêntrica, tem servido de combustível para essa alteração na mensagem pregada pela Igreja. Em muitos púlpitos de igrejas tradicionais (ou seja igrejas clássicas e antigas) as pregações sobre a vida,  milagres, obras, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo não são mais pregadas. Nos congressos pentecostais (até pela natureza das festas das Igrejas) as pregações são apelativas, destituídas de teor doutrinário, usadas como trampolim para o sucesso ministerial e para preechimento  de agendas. Precisamos pregar mais Cristo e menos homem (sermão cristocêntrico x sermão atropocêntrico). 

A expansão do Reino de Deus

É salutar e imprescindível que o reinado de Deus se expanda na terra. Isso é possível por meio da igreja, se ela não fracassar. Ela pode não atingir os objetivos Divino se insistir em comungar com o mundo, se deixar ser influenciada pelo assédio secular e persistir em alterar os métodos eclesiásticos, doutrinários e bíblicos. Não temos que agradar o mundo (Jo 17.14), antes devemos demonstrar como é maravilhoso, importante e saudável à sociedade se deixar ser governada por Deus. Os evangélicos somam cerca de 25% da população brasileira. Bom seria se, antes da euforia numérica, tivéssemos a preocupação evangelística do reino de Deus "neste mundo através de nossa vida, testemunho e proclamação do evangelho".
  
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UNICISMO NA IGREJA EVANGÉLICA CRISTO VIVE - CRESCENDO EM GRAÇA

Por Natanael Rinaldi

No início deste artigo uma pergunta é oportuna: “A Igreja Evangélica Cristo Vive - Crescendo em Graça” é realmente uma igreja evangélica? Bom, se nos deixarmos levar apenas pelo nome é bem fácil sermos enganados. Mas, temos um conselho do apóstolo Paulo que recomenda: “Examinai tudo. Retende o bem” (1Ts 5.21). Se pesquisarmos os seus ensinos, evitaremos cair no engodo de admitir que essa entidade religiosa seja realmente evangélica. Ganhamos umas dezenas de livros publicados pelo escritor Miguel Ângelo que se intitula apóstolo Primaz dessa igreja e pude comprovar ensinos tão estranhos e heréticos que jamais poderemos concordar que se trate realmente de uma igreja evangélica. Limitar-nos-emos à autoridade invocada pelo escritor para a doutrina da Trindade, uma das mais importantes doutrinas da fé cristã.
No livro Jesus na carne era o véu, de autoria de Miguel Ângelo da Silva Ferreira, na página 14, encontramos a seguinte declaração de fé:
“É desejo meu, sempre, levar ao povo de Deus, que eu pastoreio, bem como aos que me acompanham pela rádio e TV e aos que lêem os meus livros, Jesus como Ele é – DEUS. Nós sabemos que Jesus é Deus.”
“A Igreja de um modo geral não sabe que Jesus é Deus. Ela fala de Jesus, o chama de Senhor, mas poucas são as igrejas que sabem, que têm convicção que Jesus é Deus.   Normalmente, as igrejas dizem: Jesus é o Senhor, mas pensam, aliás, como também pensávamos no passado, que há outros senhores, outros deuses. Nós mesmos dizíamos: O Deus Pai, o Deus Filho, o Deus Espírito Santo. Por falta de revelação, o nosso conhecimento de Deus era muito limitado. A tradição acredita em Jesus, mas não acredita que Ele é Deus. Ela acredita que Jesus é um Deus e que naturalmente existem outros. Foi criada a doutrina da trindade celestial, que não existe na Bíblia. Deus é um só. A revelação que nosso ministério tem, é que Jesus é Deus. Nós pregamos e temos instado em pregar esta verdade, temos um livro escrito sobre a deidade de Cristo. A verdade de que Jesus é Deus, para o nosso ministério é um ponto pacífico. O nosso Deus chama-se Jesus Cristo. Nós vamos descobrindo coisas maravilhosas, à medida que vamos avançando no conhecimento da revelação.”
 Nas páginas 17,18 lemos ainda: “Ao longo dos séculos, a igreja criou a Santíssima Trindade. Mas Santíssima Trindade não existe na Bíblia, o que existe é um Deus que se manifestou triunicamente: Como Pai, como Filho e como Espírito Santo.” 
“O Espírito e Jesus são a mesma pessoa. Quando nós dizemos: Senhor Jesus Cristo nós estamos implicitamente reconhecendo que o Senhor é o Pai; Jesus, é ao mesmo tempo a manifestação como Filho e o Consolador. Portanto, um só Deus, Jesus Cristo.  O nome do Soberano Deus é Jesus Cristo, que se manifestou triunicamente. Há um só Deus, um só Senhor. Este é o maior mistério revelado à Igreja.” (RESPOSTAS EM GRAÇA para PERGUNTAS DA LEI,  volume 19, p. 18)
“Na verdade, eu era politeísta, adorava três deuses. Agora, nós sabemos que existe um só Deus que é Jesus Cristo, o Soberano e Único Senhor, o qual teve três manifestações: o Pai na Criação, o Filho na Redenção e o Espírito Santo que manifesta sua graça no seio da Igreja de Jesus Cristo.” (PREDESTINAÇÃO – UMA VISÃO DE DEUS, Volume XIV, série Crescendo em Graça – 23ª. Edição, abril de 1997)
DUAS FONTES DE AUTORIDADE RELIGIOSA: A BIBLIA E A REVELAÇÃO DE MIGUEL ÂNGELO
Em primeiro lugar descobrimos que o apóstolo Primaz Miguel Ângelo embora cite frequentemente a Bíblia para suposta base dos seus ensinos ele não se apóia realmente só na Bíblia. É característica das seitas ter, além da Bíblia, um líder fundador cujos ensinos são tidos com mesmo valor de autoridade que a Bíblia. Isso se dá com o adventismo na pessoa de sua profetiza Ellen Gould White e seus livros; no mormonismo, com Joseph Smith Jr, e o Livro de Mórmon; no moonismo com Sun Miyang Moon, no livro O Princípio Divino; com Allan Kardec, com o Livro dos Espíritos, e assim poderíamos prosseguir nessa característica de seitas. E a mal denominada Igreja Evangélica Cristo Vive, não escapa dessa observação.
Diz o referido apóstolo Miguel Ângelo,

 “Nosso objetivo é expor os fatos desta Revelação de Graça que esteve oculta... desde os tempos eternos...”  “... mas eu quero dizer e mesmo afirmar que uma igreja que tenha a revelação do Senhor... ela chega ao pleno conhecimento da verdade.” 

“Nós estamos sendo chamados a cada dia a conhecermos os mistérios revelados... A perfeição vem quando conhecemos a graça do Senhor, que foi revelada ao Apóstolo Paulo nas catorze epístolas.” (Deus: Autor de Toda Boa Dádiva, - Prefácio e p.  60).

E prossegue: “Eu estou pregando  e ensinando o que nunca ninguém pregou, porque ninguém sabia disto. Esta é a razão da minha existência na obra de Deus, pregar com tenacidade nas rádios, na TV, nos púlpitos e em todos os lugares onde vou.”
Ele lamenta pelos que não aceitam sua missão divina: “Me dói ver tantas pessoas subjugadas com fardos, acorrentadas por princípios obsoletos, cauterizando suas mentes.” (Predestinação Uma Visão de Deus, p.16)
Quando lemos suas lamentações sobre pessoas que não aceitam suas “revelações” ou seus “mistérios revelados” só podemos deduzir que ele se esqueceu de consultar a Bíblia para saber o que Paulo escreveu acerca dos que se ufanam de ensinar doutrinas estranhas que estão além da Bíblia.
“E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro.” (I Corintios 4:6).
Mas, além dessa recomendação de Paulo, o livro do Apocalipse 22.18,19 é também muito claro quanto à proibição de se acrescentar ou tirar parte do que está escrito na Bíblia.  

“Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; “E, se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das coisas que estão escritas neste livro.”
Os ensinos de Miguel Ângelo são, na verdade, unicistas.
UNICISMO
Os Unicistas ensinam que há uma só pessoa da Divindade que é Jesus Cristo. Jesus é Deus. Sendo assim Jesus tem que ser o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Negam a doutrina da Trindade que é entendida como a existência de um só Deus eternamente subsistente em três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Miguel Ângelo insinua que a doutrina da Trindade tem origem na tradição.  Da declaração transcrita elaboramos as seguintes Observações:
1a. Observação: “Nós sabemos que Jesus é Deus. A Igreja de um modo geral não sabe que Jesus é Deus. Ela fala de Jesus, o chama de Senhor, mas poucas são as igrejas que dizem: Jesus é o Senhor, mas poucas são as igrejas que sabem, que tem convicção que Jesus é Deus.
Comentário: Se o escritor tivesse se referido há seitas que não crêem na deidade absoluta de Jesus, ainda seria razoável. Realmente as testemunhas de Jeová, os espíritas e mais grupos religiosos sectários têm essa posição doutrinária. Mas dizer que as igrejas evangélicas negam a deidade absoluta de Jesus, é acusação sem base.de quem realmente não está bem informado. Seria isso uma nova “revelação que estava oculta” e que agora é “revelada”?  A Bíblia menciona Jesus como o verdadeiro Deus em 1 Jo 5.20: (I João 5:20) – “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.”; Tomé chamou Jesus de “Meu Senhor e Meu Deus!” (Jo 20.28).  Um doutor em divindade não pode errar de modo tão ingênuo...
2a. Observação: Faz uma confissão de apostasia: “Normalmente, as igrejas dizem: Jesus é o Senhor, mas pensam, aliás, como também pensávamos no passado, que há outros senhores, outros deuses.”
Comentário: Sim, nós declaramos com base em 1 Co 8.6 que “... um só Senhor, Jesus Cristo.” Isso é nossa forma de crer e das igrejas evangélicas em geral. Enquanto isso, no v. 5 lemos “ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), ...” E há sim, alguns que se chamem deuses  e muitos senhores”, que,  na verdade, trata-se de deuses e senhores falsos. O mormonismo ensina através de seu profeta Joseph Smith Jr, no livro “Ensinamentos do Profeta Joseph Jr”, na página 336, que esses deuses e senhores são deuses verdadeiros. Não é de estranhar porque o próprio Miguel Ângelo declara que “somos deuses”. Nós, entretanto,  cremos na existência de um único Deus verdadeiro (Is 43.10). E aceitamos o que declara (Jeremias 10:11) – “Assim lhes direis: Os deuses que não fizeram os céus e a terra desaparecerão da terra e de debaixo deste céu. Seria o caso de Miguel Ângelo ser politeísta ou admitir ele que todos nós, humanos,  somos deuses?
3ª. Observação:  Imagine se ele acha que “nosso conhecimento era muito  limitado. “Nós mesmos dizíamos: O Deus Pai, o Deus Filho, o Deus Espírito Santo. Por falta de revelação, o nosso conhecimento de Deus era muito limitado. A tradição acredita em Jesus, mas não acredita que Ele é Deus. Ela acredita que Jesus é um Deus e que naturalmente existem outros. Foi criada a doutrina da trindade celestial, que não existe na Bíblia. Deus é um só.
Comentário: Aqui, então, é que Miguel Ângelo faz a sua confissão de fé unicista. Repete e repete: Jesus é Deus. Ninguém nega isso, a não ser as testemunhas de Jeová, cuja TNM faz constar em Jo 1.1 “... e a Palavra era (um) deus.” Realmente, o que ele quer dizer e nós concordamos que Jesus é Deus (letra maiúscula). Enquanto ele afirma a divindade absoluta de Jesus, ele exclui o Pai e o Espírito Santo. Cai no erro unicista de ensinar  que Jesus é o Pai, o Filho e  o Espírito Santo. E pior: ele cita que nós evangélicos adotamos a posição trinitária apoiados na tradição  E, gratuitamente, acusa-nos de declararmos que  ensinamos  que “Jesus é um Deus e que naturalmente existem outros.” Fico escandalizado quando leio de alguém que possui tantos títulos sobre teologia e cai num erro infantil como o exposto.
ANÁLISE DA DOUTRINA DA TRINDADE
A Bíblia começa dizendo: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Nesta referência, a palavra Deus traduzida do hebraico é Elohim, que é uma palavra que está no plural (Elohim é o plural de Eloah). Aqui o Deus composto de Pai, o Filho e o Espírito Santo estava criando, pois a Bíblia nos mostra que os três são participantes na criação (vide quadro). No livro de Gênesis vemos três vezes (e não menos que três) referências de Deus em passagens que está no plural; em
Gn 1.26, disse Deus “façamos o homem à nossa imagem”; em Gn 3.22 “eis que o homem é como um de nós” e;
Gn 11.7 “desçamos e confundamos ali a sua língua”.
A palavra usada para único Deus é “echad”, que é uma unidade composta (diferente de “yachid”, que é uma unidade simples). Esta palavra é utilizada em Gn 2.24, referindo-se ao homem e a mulher, sendo uma só carne (unidade composta).
Para ridicularizar a doutrina da Trindade declara o escritor o que pensam que nós ensinamos:
4ª. Observação: “Normalmente, as igrejas dizem: Jesus é o Senhor, mas pensam, aliás, como também pensávamos no passado, que há outros senhores, outros deuses. Nós mesmos dizíamos: O Deus Pai, o Deus Filho, o Deus Espírito Santo.”
Comentário: Só por má fé é que podemos ser acusados de politeístas quando admitimos a existência de um só Deus eternamente subsistente em três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não admitimos e nem cremos “que há outros senhores, outros deuses.” Para nós há um só Deus. Este Deus (do hebraico Elohim) aparece no primeiro livro Bíblia (Gn 1.26,27).
 O homem não foi criado à imagem de anjos, consequentemente, Deus estaria falando com anjos. Isso fica bem claro no v. 27 .
A PALAVRA DEUS EMPREGADA PARA O PAI, PARA O FILHO E PARA O ESPIRITO SANTO
A palavra Deus é empregada para o Pai: (I Pedro 1:2) – “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.”
A palavra Deus é empregada para o Filho: (I João 5:20) – “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.”
A palavra Deus é empregada para o Espírito Santo:  (Atos 5:3) – “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? (Atos 5:4) - Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.”
Ao mesmo tempo declara a Bíblia que há um só Deus.  “Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.” (Dt 6.4)
Algumas indagações para fazer pensar o Sr. Miguel Ângelo:
É JESUS O PAI?
“Quando nós dizemos: Senhor Jesus Cristo nós estamos implicitamente reconhecendo que o Senhor é o Pai. “(RESPOSTAS EM GRAÇA para PERGUNTAS DA LEI,  volume 19, p. 18)
Refutação:
1) Como poderia então em Jo 1.1 expor que “o Verbo (Jesus) estava com Deus...” mostrando duas pessoas distintas.
2) Se Jesus fosse o Pai como poderia ter orado ao Pai em (João 17:5) – “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.”
3) Pai e Filho são duas pessoas distintas: “(João 5:31) - Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. (João 5:32) - Há outro que testifica de mim, e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.
4) Se Jesus fosse o Pai  como poderia afirmar que fora enviado pelo Pai em 5:43:Jesus disse: "Eu vim em nome de meu Pai e vós não me recebeis; se outro viesse em seu próprio nome  a esse receberíeis".?
5) O testemunho de duas pessoas é verdadeiro. (João 8:16) – “E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. (João 8:17) - E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. (João 8:18) - Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai que me enviou.”
QUE DIZ A BÍBLIA ACERCA DE JESUS E O PAI?
Jesus é referido como “Filho” mais de 200 vezes no Novo Testamento e nunca é chamado de “Pai”.
Jesus referiu-se ao Pai mais de 200 vezes como alguém distinto dele.
Em mais de 50 versículos podemos observar o Pai e a Jesus; o Filho lado a lado com o Pai.
Nos Evangelhos, Jesus se referia ao Pai como “meu Pai” (João 20:17).
No Novo Testamento repetidamente encontramos expressões como estas:
Romanos 15:5-6 — “O Deus que concede perseverança e ânimo lhes dê um espírito de unidade, segundo Cristo Jesus, para que com um só coração e uma só boca vocês glorifiquem ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”.
2ª Coríntios 1:3 — “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda consolação...”
Filipenses 2:10-11 — “...Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”.
1ª João 1:3b — “Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo”.
1ª João 2:1 — “Meus filhinhos, escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”.
2ª João 3 — “Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, estarão conosco em verdade e amor”.
1ª João 4:9-10,14 — “Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação por nossos pecados. (...) E vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho para ser o Salvador do mundo”.
É JESUS O ESPÍRITO SANTO?
“O Espírito e Jesus são a mesma pessoa. Jesus, é ao mesmo tempo a manifestação como Filho e o Consolador. Portanto, um só Deus, Jesus Cristo.  O nome do Soberano Deus é Jesus Cristo, que se manifestou triunicamente.” (RESPOSTAS EM GRAÇA para PERGUNTAS DA LEI,  volume 19, p. 18)
Mateus 12:31-32 — O texto fala da blasfêmia contra o Espírito Santo. A conclusão lógica que é extraída deste texto é que se a blasfêmia contra o Espírito Santo não vai ser perdoada, mas a blasfêmia contra o Filho vai ser perdoada, então o Filho NÃO é o Espírito Santo.
João 14:16 — O Espírito Santo é o “outro Consolador”.
João 15:26 — Jesus enviou o Espírito Santo.
João 16:13 — O Espírito Santo demonstra humildade e busca glorificar a Jesus.
Depois de termos visto que Jesus não é o Pai nem tampouco o Espírito Santo, podemos nos dar conta de que os Unicistas têm um conceito equivocado da verdadeira natureza de Deus.
Se Jesus não é o Pai, mas é Deus, e o Pai não é Jesus e é Deus, e o Espírito Santo não é Jesus e é Deus e a Bíblia diz que somente há um Deus, então isto significa que dentro da unidade do único Deus existem três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo; e estas três compartilham a mesma natureza e atributos; então, com efeito, estas três são o único Deus.
Uma coisa é dizer “Eu não entendo a doutrina da Trindade” e outra coisa é dizer que “a doutrina da Trindade é falsa”, “pagã”, “diabólica”, “antibíblica”. A Bíblia faz uma advertência muito forte para esta classe de pessoas quando nos diz: “... Este é o anticristo: aquele que nega o Pai e o Filho. Todo o que nega o Filho também não tem o Pai; quem confessa publicamente o Filho tem também o Pai” (1ª João 2:22b-23).
Uma Pergunta Fatal: A Quem foi paga a nossa Redenção?
A quem Cristo pagou o resgate? Se a doutrina ortodoxa da Trindade for negada (não havendo distinção entre as pessoas da Deidade, conforme o ensino da IECV), Cristo teria pago o resgate ou à raça humana ou à Satanás. Posto que a humanidade está morta em transgressões e em pecados (Ef. 2:1), nenhum ser humano teria o direito de exigir que Cristo lhe pagasse o resgate. Sobraria, portanto, Satanás. Nós, porém, nada devemos a Satanás. E a idéia de Satanás exigir resgate pela humanidade é blasfêmia, por causa das implicações. Pelo contrário. O resgate foi pago ao Deus Trino e Uno para satisfazer as plenas reivindicações da justiça Divina contra o pecador caído. As escrituras exigem: “... Cristo nos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Ef. 5:2). Embora mereçamos o castigo decorrente da justiça de Deus (Rm. 6:23), somos justificados pela graça mediante a fé em Cristo Jesus, somente. Fica claro que a doutrina essencial da expiação vicária, na qual Cristo carregou os nossos pecados na sua morte, depende do conceito trinitariano.
O Unicismo da IECV subverte o conceito bíblico da morte expiatória e vicária de Cristo como satisfação da justiça de Deus, e, em última análise, anula a obra da cruz. (Teologia Sistemática, p. 180, editado por Stanley M, Horton)
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terça-feira, 26 de julho de 2011

RESPOSTA AO CD "VOZ DA VERDADE" - Parte II

História do unicismo moderno

            Essa doutrina surgiu em uma reunião pentecostal das igrejas Assembléias de Deus realizada em abril de 1913, em Arroyo Seco, nos arredores de Los Angeles, Califórnia, em uma cerimônia de batismo. O preletor, R.E. McAlister, disse que os apóstolos batizavam em nome do Senhor Jesus, e não em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ao ouvirem isso, as pessoas ficaram atônitas.

           McAlister foi notificado de que seu ensino possuía elementos heréticos. Então, tentou esclarecer sua prédica, mas seu ensino já havia produzido efeito. Um dos ouvintes era John Sheppe que, após aquela mensagem, passou uma noite em oração, refletindo sobre a mensagem de McAlister. Depois disso, concluiu que Deus havia revelado o batismo verdadeiro: somente em nome de Jesus. O australiano Franck J. Ewart também  adotou essa doutrina e, em 15 de abril de 1914, levantou uma tenda em Belvedere, ainda nos arredores de Los Angeles, onde passou a pregar sobre a fórmula batismal de Atos 2.38. Comparando a passagem de Atos 2.38 com Mateus 28.19, ele chegou à conclusão de que o nome de Deus seria o nome Jesus.

Um expoente dessa doutrina
            Seguindo essa mesma linha de raciocínio, o cantor e compositor do conjunto “Voz da verdade” afirma: “Quem é Jesus? Eis a questão. A Bíblia diz: no princípio era o verbo, ele estava com Deus, e o verbo era Deus. O verbo é Jesus. Ele era e é! A Bíblia diz: o verbo se fez carne e habitou entre nós, então Deus se fez carne e habitou entre nós...”.
A Bíblia não declara que Deus (o Pai) se fez carne. Diz que “o Verbo era Deus” (Jo 1.1) e: “o Verbo (não o Pai) se fez carne, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de Deus” (v. 14).
 Para esclarecer melhor a distinção de pessoas na divindade, lemos: “Ele (o Filho) estava com Deus (o Pai)”. O versículo 14 indica: “E o Verbo (não o Pai) se fez carne, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito (monogenes – único da espécie) do Pai, cheio de graça e de verdade”. Corroborando com essa posição, o mesmo escritor declara, em 1 João 4.2: “Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus”.
 O texto é específico ao falar que Jesus Cristo foi que veio em carne. Um dos textos bíblicos que declaram que o Filho (Jesus) foi enviado por Deus, o Pai, é Gálatas 4.4:  “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”.
Jesus, o Filho, foi enviado. Deus, o Pai, foi quem enviou. Aqui temos duas Pessoas distintas.  

Jesus seria o Espírito Santo?
            Depois de afirmar que Jesus é o próprio Pai, o senhor Carlos Moisés segue em sua exposição dizendo: “Eu quero provar que Jesus é o Espírito Santo e falar mais para vocês: será que o Espírito Santo tem sangue?”. Utilizando-se do livro de Atos 20.28, que diz: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, a qual ele resgatou com seu próprio sangue”, ele declara: “Para quem sabe português, o texto está dizendo que o Espírito Santo nos resgatou com seu próprio sangue: quem morreu por você, meu amigo? Quem verteu o sangue por você a não ser Jesus Cristo, que morreu pelos nossos pecados?”.
Mas, onde se lê na Bíblia que o Espírito Santo é o próprio Jesus? Depois da ressurreição, o Senhor Jesus apareceu a seus discípulos e disse: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39). Como poderíamos contrariar as palavras de nosso Mestre, que afirmou que um “espírito não tem carne nem ossos”. Seria coerente  afirmar que o Espírito Santo tem sangue? Essa interpretação é um texto fora do contexto que gerou um pretexto.
Jesus referiu-se ao Espírito Santo como “outro Consolador” (Jo 14.16). A palavra “outro” utilizada aqui no original grego é allos, que significa “outro da mesma espécie, da mesma natureza, da mesma qualidade”. No grego, a palavra para consolador é parakletos, que quer dizer “ajudador”, “alguém chamado para auxiliar”, “um advogado”. Com isso, Jesus estava afirmando que iria para junto do Pai, mas permaneceria auxiliando o seu povo por intermédio do Espírito Santo.
Como podemos ver, o Espírito Santo seria enviado em nome de Jesus, e não que Ele seria o próprio Jesus. Onde está escrito na Bíblia que o Espírito Santo é o próprio Jesus? Por outro lado, Atos 20.28 não está falando “que o Espírito Santo nos resgatou com seu próprio sangue”. Antes, afirma, e faz isso com clareza, que quem derramou seu sangue para a nossa redenção foi Jesus Cristo, conforme relata o seguinte texto sagrado: “E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados”  (Ap 1.5).
Ora, se foi necessário que Jesus, já glorificado, voltasse ao Pai a fim de que o Espírito Santo viesse, como realmente aconteceu no dia de Pentecostes, como afirmar que Jesus é o Espírito Santo? O próprio Jesus disse: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isto disse ele do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7.38,39).

Pessoas ou títulos?
Quanto a essa questão, o senhor Carlos Moisés assevera: “Você sabe que por duas ou três testemunhas é confirmada a palavra. Não há na Bíblia uma pessoa batizada nos títulos: Pai, Filho, Espírito Santo. Todas são batizadas em nome de Jesus, e é esse que você tem de receber, é o nome do teu noivo”.
Ora, quem não sabe que biblicamente a colação de que por duas ou três testemunhas é confirmada toda a palavra é correta?  Entretanto, o senhor Carlos Moisés fala que Pai, Filho e Espírito Santo são apenas títulos. De fato, uma pessoa pode ter mais de um título, mas isso não significa que esses títulos sejam pessoas. Testemunhas são pessoas, não títulos. Vejamos alguns versículos:
* “Se eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Há outro que testifica de mim, e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro” (Jo 5.31-32 – grifo nosso).
* “Mas se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. E na vossa lei está também escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro. Eu sou o que testifico de mim mesmo, e de mim testifica também o Pai, que me enviou” (Jo 8.16-18 – grifo nosso).

Porventura não são duas pessoas que dão testemunho para que esse testemunho seja válido?  O Pai testifica de Jesus. Conseqüentemente, são duas testemunhas ou duas pessoas, e não dois títulos.

Pela autoridade do nome de Jesus
            Tomando por base o texto de Mateus 28.19, que diz: “Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”, o senhor Carlos Moisés interpreta que Jesus                                             “não mandou repetir as palavras Pai, Filho e Espírito Santo, mas disse em nome...”.
            Depois de citar passagens de Atos 2.38, 8.16, 10.48 e 19.5, o senhor Carlos Moisés fala que o batismo deve ser realizado somente em nome de Jesus, e não na fórmula de Mateus 28.19: “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Perguntamos, então:  um “nome” (singular)  pode ser usado para mais de uma pessoa? É certo que sim! Basta lermos Gênesis 11.4: “E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome (singular) para que não sejamos mais espalhados sobre a face de toda a terra”.
             Ao observarmos a expressão “façamo-nos um nome”, encontramos um verbo no plural, indicando mais de uma pessoa, seguido pelo substantivo “nome” no singular, que também indica mais de uma pessoa. Semelhante ocorrência se dá em Mateus 28.19, quando um nome está indicando igualdade de natureza divina para as três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
             Por fim, perguntamos ao ministério “Voz da verdade”: de qual referência se vale para a realização dos batismos, considerando que os textos citados abaixo não são uniformes? Confira:
            *Atos 2.38: “...seja batizado em nome de Jesus Cristo...”                        
            *Atos 8.16: “em nome do Senhor Jesus (omitido o nome Cristo)
            *Atos 10.48: “...em nome do Senhor...” (omitido o nome Jesus Cristo)
            *Atos 19.5: “E os que ouviram foram batizados em do Senhor Jesus” (omitido Cristo).

            Perguntamos ainda: qual das expressões acima é adotada pelo ministério “Voz da verdade”? A fórmula batismal é inalterável?
            O próprio batismo de Jesus nas águas do rio Jordão é uma resposta categórica de que Mateus 28.19 revela a existência de três pessoas, e não de três títulos, como aponta o líder unicista.
            Analisemos o texto:
            “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus, descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia:  Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.16-17). 
            Primeiramente, temos Jesus saindo das águas. Depois, o Espírito Santo descendo sobre Ele em forma corpórea de uma pomba. E, por último, temos a voz do Pai, dirigindo-se a Jesus e chamando-o de “Filho amado”. Surgem, então, indagações inevitáveis: Quem falava do céu? Quem ouvia aqui na terra a voz daquele que falava do céu? Quem desceu sobre Jesus em forma corpórea de uma pomba?
            Diante do exposto, fica claro que os textos de Atos que não mencionam as pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo referem-se à idéia de “pela autoridade de Jesus”, como se lê em Atos 3.16 e 16.18, em que a autoridade de Jesus é invocada, procedimento ratificado pelos pais da igreja primitiva, conforme veremos a seguir.

A patrística
            “Eu fui numa biblioteca metodista e encontrei alguns argumentos... Até o ano 300 se acreditava que Jesus era o único Deus e só se batizava em nome de Jesus. Vieram os filósofos, Ário e outros, e começaram a filosofar em nome de Jesus dizendo: Ele é muito pra ele ser Deus... aí veio o Concílio de Nicéia, no ano 325, o primeiro Concílio, e acharam que o Pai era uma pessoa e o Filho outra... Eram dois” (grifo nosso).
            Interessante. Ir a uma biblioteca e encontrar alguns livros não quer dizer que este seria o pensamento corrente dos pais apostólicos, principalmente quando não se faz citação da fonte. O compositor Carlos Moisés pode ter ido a uma biblioteca Metodista, mas não deve ter feito uma pesquisa cientifica e responsável. Se o fizesse, encontraria os chamados pais da igreja batizando na fórmula trinitariana. Citaremos alguns desses patriarcas para desfazer esta falácia.
            IRINEU, cristão cerca do ano 190 A D. declarou:
             “Temos recebido o batismo... em nome de Deus, o Pai, em nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus que se encarnou e que morreu e ressuscitou de novo, e em nome do Espírito Santo de Deus”.[i]
            O DIDAQUÊ ou Ensino dos Doze apóstolos, que apareceu cerca do ano 110 a.D, declara:
            “Agora concernente ao batismo, batizai da forma: depois de dar ensinamentos primeiramente de todas as coisas, batizai em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo... O bispo ou presbítero, deve batizar desta maneira, conforme nos mandou o Senhor, dizendo: ‘Ide fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.[ii]

            JUSTINO MÁRTIR, escrevendo cerca do ano 165 A D., disse:
            “São trazidos (os novos convertidos) a um lugar onde existe água e recebem de nós o batismo em água, em nome do Pai, Senhor de todo o universo, e de nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo”.[iii]

Uma pergunta fatal:
 A quem foi paga a nossa redenção?
A quem Cristo pagou o resgate?
Se a doutrina ortodoxa da Trindade for negada (não há distinção entre as Pessoas da Deidade, conforme quer o modalismo), Cristo teria pago o resgate ou à raça humana ou a Satanás. Posto que a humanidade está morta em transgressões e em pecados (Ef 2.1), nenhum ser humano teria o direito de exigir que Cristo lhe pagasse resgate. Sobraria, portanto, Satanás. Nós, porém, nada devemos a Satanás. E a idéia de Satanás exigir resgate pela humanidade é blasfêmia, por causa das implicações. Pelo contrário. O resgate foi pago ao Deus Trino e Uno para satisfazer as plenas reivindicações da justiça divina contra o pecador caído. As Escrituras exigem: “andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Ef 5.2).
 Embora mereçamos o castigo decorrente da justiça de Deus (Rm 6.23), somos, porém,  justificados pela graça mediante a fé em Jesus Cristo, somente. “É o que alguns tem sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.11).
Fica claro que a doutrina essencial da expiação vicária, na qual Cristo carregou os nossos pecados na sua morte, depende do conceito trinitariano. “O unicismo subverte o conceito bíblico da morte penal e vicária de Cristo como satisfação da justiça de Deus e, em última análise, anula a obra da cruz”[iv] (grifo nosso).




[i] Citado por J. N. Kelly, Early Christian Doctrines – N.  Y. Harper Row, 1958,  p. 193.
[ii] Citado por Luisa Jeter Walker, no livro “Qual o caminho?”. Miami, Editorial Vida, 1980,  p. 277.
[iii] Citado por Luisa Jeter Walker, no livro “Qual o caminho?” .Miami, Editorial Vida, 1980,  p. 277.
[iv] Teologia Sistemática. CPAD, 1ª Edição, 1996, p. 280.
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RESPOSTA AO CD "VOZ DA VERDADE" - Parte I

Por Natanael Rinaldi

Fomos presenteados com um exemplar do CD “Voz da verdade” com três lindas músicas intituladas: “Imagem de Deus”, “Tu me amas” e “Deus conosco”. O CD, gravado pelo conjunto que leva o mesmo nome, está sendo distribuído gratuitamente em todo o Brasil simplesmente porque o referido grupo tem sido refutado nos meios pentecostais por causa da doutrina unicista que defende. Assim, acharam por bem contestar a doutrina da Trindade adotada pela maioria das igrejas evangélicas. Paralelamente às músicas selecionadas, o conjunto “Voz da verdade” sustenta a doutrina unicista de Deus abordando os seguintes temas: “O mistério de Deus: Cristo”, “O que Deus diz de si mesmo?”, “Quem é Jesus?” e “O batismo nas águas”.

O que diz o pregador
          Quem se apresenta como defensor das doutrinas características do unicismo é Carlos Alberto Moisés. Como mesmo declara, ele pertence  ao ministério “Voz da verdade” e esclarece ainda que é guitarrista, cantor e compositor do grupo em questão. Sua esposa, Liliane, também cantora do grupo, o auxilia nessa defesa.

Análise do discurso
          O referido CD inicia sua mensagem chamando a atenção dos ouvintes ao exclamar: “Quem crê na Bíblia Sagrada? Esta é a pergunta para você que nos está ouvindo. A Bíblia Sagrada, um livro de 66 livros, de Gênesis a Apocalipse, fala de uma única pessoa: Jesus Cristo”. E prossegue: “Eu quero dizer que acredito na Bíblia Sagrada, e ela é o único livro e regra de fé do nosso ministério” (grifo nosso).
Ora, afirmar que a Bíblia é a sua norma de conduta não quer dizer que os ensinos que esse pregador transmite e pratica estão baseados nela. As testemunhas de Jeová crêem na Bíblia, os adventistas também, mas seguem outras fontes para guiar suas vidas. Que a Bíblia fala de uma pessoa central, pois ela é cristocêntrica, não há dúvida. Que há um só Deus e que o primeiro mandamento proíbe a existência de outros deuses, nenhum cristão ortodoxo nega isso. Agora, dizer que há uma só pessoa de Gênesis ao Apocalipse, isso não é  bíblico. É  heresia!

Exame do livro de Gênesis

Em Gênesis encontramos a palavra Elohim no primeiro versículo da  Bíblia. A tradução desse nome, escrito em hebraico, é Deus, aparece 2.500 vezes nas Escrituras Hebraicas (Velho Testamento) e deixa implícito uma pluralidade de pessoas. Se traduzido literalmente, esse versículo ficaria assim: “No princípio, criou deuses os céus e terra”. Entretanto, os judeus sempre foram monoteístas, ou seja, sempre creram na unidade absoluta de Deus. Como explicar então esse nome? Para vários rabinos, seria plural de majestade. Todavia, para os cristãos, desde a fundação da igreja, esse nome evidencia pluralidade de pessoas e unidade de natureza dessas pessoas.
 Que outra maneira haveria de explicar o emprego dessa palavra senão para indicar a pluralidade de pessoas neste único Deus? É importante ainda saber que existe outra palavra em hebraico para que possamos nos referir a Deus de modo singular: Eloah.  O uso da palavra Elohim, com referência a Deus, é uma evidência da doutrina da Trindade, e essa questão se torna ainda mais acentuada quando a concordância dos verbos e os pronomes ocorre no plural. Exemplos:
1. Gênesis 1.26: "E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (grifo nosso).
Nota: O uso do verbo "façamos" e do pronome possessivo "nossa" é revelador do sentido de que Elohim  serve para indicar a pluralidade de pessoas.

2. Gênesis 3.22:  "Então, disse o Senhor: Eis que o homem é como um de nós..." (grifo nosso).
Nota: O uso pronominal da primeira pessoa do plural do caso reto "nós" indica pluralidade de pessoas.

3. Gênesis 11.7:  "Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua...” (grifo nosso).
Nota: Os verbos "desçamos" e "confundamos" na primeira pessoa do plural indicam pluralidade de pessoas.

Exame do livro de Apocalipse

Assim como Jesus não é a única pessoa da Trindade tratada em Gênesis, da mesma forma em Apocalipse, o último livro da Bíblia, temos o Senhor Jesus de modo proeminente, mas isso não significa que Ele seja a única pessoa de que trata o livro. Encontramos Cristo, junto ao Pai,  recebendo adoração de todos os anjos do céu: “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. Então ouvi a toda criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono (Deus, o Pai), e ao Cordeiro (Jesus Cristo, o Filho), sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre” (Ap 5.11-13 – grifo nosso).
Podemos, ainda, citar uma referência à pessoa do Espírito Santo: “E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus” (Ap 4.5 - grifo nosso).
Devemos observar que a expressão em destaque está-se referindo à plenitude de operações do Espírito Santo em conexão com as palavras do profeta Isaías: “E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor” (Is 11.2).
          Assim, fica evidente de que não há base bíblica para sustentar a declaração do senhor Carlos Moisés de que a Bíblia “de Gênesis a Apocalipse está falando de uma única pessoa: Jesus Cristo...”.  E, considerando a declaração de Gênesis 1.2, que diz: “...e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”, concluímos que temos sim as três pessoas da Trindade, muito embora o senhor Carlos Moisés discorde.
Dessa forma, as referências bíblicas citadas, como, por exemplo, Is 1.18, 40.13, 42.8, 43.11-12, 44.6, 25, 45.5-6, 22 e 45.23 não contradizem o nosso modo de interpretar a Bíblia. Somos monoteístas. Entendemos, porém, que esse Deus único revelou-se em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não somos triteístas, como é alegado no referido CD.

Pode-se crer na Trindade?
Utilizando-se do mesmo raciocínio das testemunhas de Jeová, o senhor Carlos Moíses diz: “Onde estaria a palavra trindade aí? Não existe na Bíblia Sagrada, porque a Bíblia diz que Deus é um...”. E continua em seu discurso: “Ele diz eu sou. É por isso que não existe uma trindade. Faço uma pergunta: onde está a trindade, três pessoas em uma só?... Quem que está falando da trindade... Quero dizer para você que não existe essa palavra na Bíblia Sagrada. Quero dizer que não há trindade na Bíblia, não há três deuses, não há três pessoas em uma só... Vou mostrar alguns erros da trindade biblicamente. Nós cremos na manifestação tripla de um mesmo Deus como Pai, Filho e Espírito Santo, mas não de três pessoas, nem de três deuses, mas de um Deus só que se manifestou nessas três formas” (o grifo é nosso).
Negar a unidade composta de Deus simplesmente porque a palavra “trindade” não se encontra na Bíblia não é nenhum método científico de pesquisa. Pensemos um pouco: “Quem existiu primeiro, as estrelas ou a astronomia, as plantas ou a botânica, a vida ou a biologia, Deus ou a  teologia?”. Todavia, os homens, em sua ignorância, conceberam idéias supersticiosas acerca das estrelas. O resultado foi a pseudociência da astrologia. Conceberam idéias falsas sobre as plantas, atribuindo-lhes poderes que não possuíam. Então, o que aconteceu? Passou a existir a feitiçaria. O ápice desses erros foi a cegueira espiritual dos homens que os levou a formar conceitos errados sobre Deus e, por conta disso, veio o paganismo.
Será que o argumento do senhor Carlos Moisés pode provar que a Trindade não é uma doutrina bíblica? Claro que não. Embora a palavra “trindade” não apareça na Bíblia, o ensino dessa doutrina, porém, que comprova a existência de três pessoas distintas em uma só divindade, está implícito na Santa Escritura.
 A doutrina da Trindade não é antibíblica e deve ser aceita. Nos tempos antigos, esse ensino enfrentou severos ataques, o que forçou a igreja a definir com exatidão sua fé na Trindade. Esse erro que ressuscita hoje era conhecido como sabelianismo, doutrina esta que ensinava que o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram apenas aspectos ou manifestações de Deus. A Bíblia nos ensina que o Pai é Deus, que o Filho é Deus e que o Espírito Santo é Deus, e isso não é triteísmo (triunidade) nem unicismo (mesma pessoa), mas santíssima Trindade. Rejeitar essa verdade é aceitar o politeísmo.
O senhor Moisés Carlos cita ainda a palavra “Bíblia” e declara que nela não existe a doutrina da Trindade. Uma pergunta: “Onde se encontra nas Escrituras a palavra Bíblia?”. Em nenhum lugar. Então, como ele afirma crer na Bíblia? Seguindo o seu raciocínio, vejamos a sua alegação: “Nós cremos na manifestação de pessoas... de Gênesis a Apocalipse, está falando de uma única pessoa: Jesus Cristo”.
Outra pergunta: “Onde aparece na Bíblia a expressão ‘manifestação tripla’”?. O senhor Carlos Moisés declara ainda que Deus se manifestou de “três formas”. Mas onde aparece na Bíblia a expressão em que Deus declara haver se manifestado de “três formas”? E, por fim, onde lemos na Bíblia: “Nós cremos na manifestação tripla de um mesmo Deus como Pai, Filho e Espírito Santo, mas não de três pessoas, nem de três deuses”?.
Na verdade, ele crê  “na manifestação tripla de um mesmo Deus como Pai, Filho e Espírito Santo” e que as palavras “Pai”, “Filho” e “Espírito Santo” se referem, não a três pessoas, mas, sim, a três “manifestações” de uma só Pessoa, cujo nome é Jesus.  Assim, Jesus seria o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Aqui convém observar um solene aviso bíblico, exposto pelo apóstolo João: “Quem é o mentiroso senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2.22).

Qual é a origem desse ensino herético? Certamente não se originou com o ministério “Voz da verdade”, que integra um grupo de igrejas tidas como pentecostais unicistas ou modalistas, junto com a igreja Tabernáculo da Fé, de Willian Marrion Banham, e a igreja Local, de Witness Lee. 

Sabélio, um caso bem antigo
Sabélio é o mais famoso representante do modalismo. Ele viveu em 230 d.C e  foi um ardente defensor dessa doutrina, além de refiná-la. Para ele, Deus assumira três fases ou manifestações, mas não três pessoas. A doutrina sabeliana acabou desenvolvendo o patripassionismo, ensino que asseverava que os sofrimentos de Deus Filho recaía necessariamente sobre o Deus Pai. Sabélio usava a palavra “pessoa” para cada Pessoa da divindade. Mas, para ele, pessoa tinha o sentido de máscara ou de manifestações diferentes de uma mesma Pessoa divina. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são nomes de três estágios ou fases diferentes. Deus era o Pai na criação e na promulgação da lei, Filho na encarnação e Espírito Santo na regeneração.
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