sábado, 22 de setembro de 2012

A VERDADEIRA MOTIVAÇÃO DO CRENTE (Subsidio EBD)


Por Gilson Barbosa

Visto que estamos estudando sobre as aflições na vida do justo, o assunto desta lição parece não ter nenhuma ligação com os assuntos precedentes (a não ser que alguém entenda que não ser vaidoso nem famoso ou ser um anônimo cause alguma aflição no crente salvo). Contudo, o tema é interessante, pois nos leva a refletir de que o ser é mais importante que o ter. Muitos hoje em dia possuem visão errada do que é servir a Deus e se fundamentam nas questões periféricas em detrimento das essenciais.

A intenção ou motivação com que realizamos algo é extremamente importante para Deus. A agenda da igreja local pode servir de “esconderijo” àqueles que fazem as coisas simplesmente para serem bem vistos aos olhos da liderança majoritária, alcançarem projeção ministerial ou galgarem posições nos grupos da igreja. Quantas pessoas dizimam com o coração vazio e seco e o fazem ou por “medo” de não serem abençoados por Deus ou para conseguirem cargos eclesiásticos. Sem sombras de dúvidas, os obreiros ou aspirantes ao ministério são os mais vulneráveis no quesito mal intencionado.  Não estou acusando, por favor, entenda o que estou dizendo. A questão é que se não tomarmos cuidado faremos as atividades na casa do Senhor [leia-se igreja local] mecanicamente, obrigatoriamente, com alguma motivação da qual o Senhor não está interessado.  

Ações que empreendemos na vida cristã, tais como cantar, pregar, participar da liderança da igreja, possuem caráter subjetivo e estarão destituídos de intenção pura, se não fizermos sem a presença de holofotes para nos iluminar e multidão para nos aplaudir; se quisermos o reconhecimento e a glória humana. No sermão da montanha Jesus orientou seus discípulos a serem o sal da terra e a luz do mundo (Mateus 5:13,14). Até mesmo disse que se o sal não cumprir sua função apropriada para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens. Infelizmente, alguns crentes até se passam por sal da terra e luz do mundo aos olhos dos que não são crentes ou desconhecem particularmente suas condutas, mas, aos que estão dentro da fé cristã e conhecem reservadamente suas práticas, não cumprem as funções e ordenanças exigidas por Deus em sua santa Palavra. Portanto, segundo nosso Mestre, são “pisados pelos homens” à medida que perdem sua credibilidade diante das pessoas e são alvos de comentários que comprometem sua vida espiritual.  

Outros nem importam mais se estão faltando com a ética cristã! Tornaram-se vaidosos ao  atribuírem valorização arbitrária e exagerada à sua própria pessoa. Se no relacionamento social o crente se mostra vaidoso então ele está sendo infiel, pois tudo o que fizermos deve emitir glória somente a Deus: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (I Coríntios 10:31).  Desde as mínimas atividades, como beber ou comer, a vida cristã deve ser vivida para a glória de Deus.

Realizar algo agradável para Deus é muito mais do que obediências às regras. Deve ser fruto de um coração desprovido de interesse, como registra Colossenses 3:23: “E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens”. Neste texto está claro que nossas ações não devem ter a finalidade de impressionar aos homens a fim de adquirir algum tipo de beneficio, mas, devemos ser sinceros, íntegros e retos, em nossos atos. Mais ainda, nossas ações podem até agradar aos homens (por ocultarmos nossa verdadeira intenção), mas o Senhor não se agradará delas, por serem irreverentes.

A resposta da primeira pergunta do Breve Catecismo de Westminster não deixa margem à dúvida se o homem deve pensar de si mesmo mais do que convém. Transcrevo-a abaixo para que entenda:

            PERGUNTA 1. Qual é o fim principal do homem?

RESPOSTA. O fim principal do homem é glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre.
Referências: Rm 11.36; 1Co 10.31; Sl 73.25-26; Is 43.7; Rm 14.7-8; Ef 1.5-6; Is 60.21; 61.3.    

Quando entendermos que a finalidade da nossa existência é glorificar a Deus não buscaremos mais a fama, pois ela tira Deus do foco principal e possibilita honra ao ser humano. Tem muita gente mascarando a verdade de Deus em nome da piedade, quando na verdade suas motivações no fundo são diabólicas. Cristo poderia muito bem usar suas prerrogativas Divinas para “envergonhar” Satanás no Monte da Tentação (Mateus 4:1-11). Mas, se assim o fizesse estaria fazendo a vontade do Diabo. Por isso ele se recusou. Hoje não é diferente com os “famosos servos” de Deus. Satanás está lhes dizendo: “Realize mais um falso milagre”; “pregue mentiras mais uma vez”; “cante para ser aplaudido novamente”. E lá vão eles, pensando que podem conseguir todas as coisas por mérito próprio. Bem lá no fundo e em certo sentido, estão sendo servos de Satanás. Jesus recusou a prestar esse disparate ao Diabo.

Chega soar estranho aos nossos ouvidos o comentarista da lição dizer que o anonimato não é sinônimo de derrota. Há décadas atrás não necessitaria dizer isso. Aliás, anonimato não é sinônimo de inexistência nem falsa santidade. É querer não aparecer mais do que Cristo. O anonimato não é nenhum problema para os autênticos servos do Senhor. Quando o apóstolo Paulo disse “Conheço um homem em Cristo que há quatorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei: Deus o sabe) foi arrebatado até ao terceiro céu” estava falando dele próprio, mas fez questão de ocultar isso. A frase descritiva em Cristo denota que tinha uma relação espiritual íntima com Cristo, nem por isso usou desta prerrogativa para se auto declarar merecedor de alguma coisa ou acima dos demais apóstolos.

Que Deus ilumine a nossa mente. O pastor Elienai Cabral (Consciência Cristã: um desafio à ética dos tempos modernos) orienta que devemos comparar nossas ações à luz da justiça que a Bíblia apresenta. Nossas ações devem corresponder a uma consciência baseada na Palavra de Deus. Com que tipo de consciência estamos tratando nosso próximo ou a obra de Deus? Se ela concorda com o erro, aprova as mentiras ditas e não se ressente, está contaminada e maculada pelo pecado. É preciso confessar nossos pecados a Deus e pedirmos perdão ao próximo, para sermos declarados “discípulos de Cristo’”.

Em Cristo,         
Compartilhar:

A QUESTÃO DO PLANEJAMENTO FAMILIAR E O CONTROLE DA NATALIDADE

Por Rosivaldo Oliveira Sales

          Não encontramos nas Escrituras uma passagem sequer que nos sirva de base para a aprovação do planejamento familiar. Da mesma maneira não encontramos nenhum texto que determine um número específico de filhos para cada casal.  O mandamento tanto para Adão e Eva, quanto para Noé e seus filhos de crescer, multiplicar e encher a terra, não é específico e pessoal, ou seja, não tem em perspectiva apenas o indivíduo, mas sim a humanidade como um todo (Gn 1.28; 9.1). Podemos usar como exemplo desse princípio o fato do juízo de Deus ter sido derramado sobre os construtores da torre de Babel devido ao propósito deles de não povoar a terra (Gn 11.1-8), ainda que nada seja dito a respeito deles não desejarem ter filhos.
          Mesmo o texto do Salmo 127 que nos mostra claramente como é importante ao homem o possuir muitos filhos, usa um símile (figura de linguagem) e não uma definição clara de quantos eles devem ser.
          Diante do exposto, devemos procurar deixar que a Palavra de Deus nos oriente a respeito deste tema tão importante e controverso e, uma vez orientados por Ela, busquemos a graça de Deus para que nos conformemos à Sua orientação.

          I. PORQUE DEVEMOS DESEJAR TER FILHOS?

          Nos tempos bíblicos, principalmente os do Antigo Testamento, a falta de filhos era uma vergonha para o casal (Gn 16.1, 2; 25.20, 21). Podemos ver esta verdade ilustrada nitidamente no clamor desesperado de Raquel a Jacó (Gn 30.1) e na oração angustiada de Ana ao Senhor (I Sm 1.9-11). Era muito comum a esterilidade da mulher ser atribuída a uma ação ou maldição do Senhor (Gn 20.17, 18; 30.2; Dt 7.14; I Sm 1.5). Portanto, a idéia de ter filhos era a coisa mais natural possível. As Escrituras nos dão várias razões pelas quais o casal que serve ao Senhor deve desejar ter filhos. Entre elas destacam-se as seguintes:

1.    Os filhos são dons de Deus (Gn 4.1; Gn 29.32, 33, 35; 30.17-24).
2.     Os filhos são bênçãos de Deus (Sl 127.3-5).
3.    Os filhos são um dos meios pelos quais Deus quer preservar uma semente santa (Ml 2.10-16).

Além das razões bíblicas citadas acima, podemos citar duas razões emocionais:

1.    Os filhos são uma prova tangível do amor do casal.
2.    Os filhos realizam um desígnio da mente humana.

II. ARGUMENTOS CONTRA O CONTROLE DE NATALIDADE

          A partir da compreensão de que os filhos fazem parte do propósito de Deus para o casamento, a questão agora é: Quantos filhos um casal cristão deve ter? A resposta a esta pergunta parece óbvia para muitos cristãos: “Tantos quantos Deus queira que o casal tenha!”. Aqueles que defendem esta posição costumam apresentar as seguintes razões:

1.    Controlar a quantidade de filhos é desobedecer ao mandamento de Deus (Gn 1.28).
2.    O controle de natalidade é a prática do assassinato incipiente intencional (Dt 32.39).
3.    O sexo existe exclusivamente para a procriação.
4.    A Bíblia condena o controle de natalidade (Gn 38.8-10).

III. REFUTAÇÃO DOS ARGUMENTOS CONTRA O CONTROLE DE NATALIDADE

Compreendemos que a maioria dos que argumentam contra o controle de natalidade ou o planejamento familiar o faz com sinceridade e até mesmo como expressão de uma vida piedosa, uma vez que entendem estarem submetendo-se aos mandamentos da Palavra de Deus.
 Não podemos simplesmente ignorar esse ponto de vista ou considera-lo como ultrapassado. O que devemos fazer é manter a perspectiva bíblica de que não é agradável diante do Senhor que um casal aceite o casamento como instituição de Deus e ao mesmo tempo rejeite de forma absoluta um dos propósitos de Deus para esta instituição. Ao mesmo tempo, devemos analisar se a Escritura nos fornece base para refutar as argumentações contra o planejamento familiar e se Elas fornecem princípios que nos conceda fundamento para estabelecer o equilíbrio entre o desejo de ter filhos e o direito de planejar quantos filhos ter. Vejamos as refutações e princípios:

1.    Como vimos no início, o mandamento é geral, não específico (Mt 19.10-12; I Co 7.27, 28).
2.    O Controle de natalidade não é obrigatoriamente um assassinato incipiente (II Co 12.14; I Tm 5.8).
3.    A procriação não é o único propósito para o sexo (Pv 5.15-20; Cantares; I Co 7.1-5).
4.    A Bíblia não condena o controle de natalidade (Gn 38.8-10; Dt 25.5-10).   

IV. OS PROBLEMAS DOS ANTICONCEPCIONAIS QUÍMICOS

O fato de encontrarmos princípios que apoiem o planejamento familiar não resolve definitivamente a questão. Ainda temos diante de nós um grande dilema. Este dilema baseia-se na necessidade que temos de responder a seguinte pergunta: “Se o planejamento familiar é aceitável, quais métodos anticoncepcionais devem ser usados?”. A princípio, podemos responder que as pesquisas científicas e também os princípios morais e éticos sobre os quais se fundamenta a medicina indicam alto nível de reprovação aos anticoncepcionais químicos:

1.    O problema da insegurança e temor quanto à sua eficácia.
2.    O problema de que a grande maioria dos anticoncepcionais é abortiva.
3.    O problema dos efeitos colaterais.

4.    O problema da inversão do propósito da medicina.

O Padre Tadeusz Pacholczyk, diretor de educação do Centro Católico Nacional de Bioética, disse: “A medicina é direcionada para restaurar funções perdidas ou em situação difícil, A pílula, quando usada para propósitos contraceptivos, não constitui medicina no devido sentido do termo; em vez disso, representa uma decisão por parte da comunidade médica de conspirar juntamente com os pacientes na busca de fins não médicos e agendas de estilos de vida moralmente problemáticos que ameaçam o casamento, a fidelidade e a castidade dos jovens”.

V. A “TABELINHA” E OS ANTICONCEPCIONAIS DE BARREIRA

Muitos cristãos não consideram apropriado o uso de qualquer método para evitar a concepção. Na realidade, porém, muitas dessas pessoas mantêm um calendário rigoroso do ciclo menstrual para “abster-se” durante o período fértil da mulher.
Tal atitude não deixa de ser um método contraceptivo. É necessário fazer uma tabela das temperaturas da mulher para determinar o dia da ovulação. Ele também exige que se observem indicadores corporais, como mudanças no corrimento vaginal e na abertura cervical. Em geral, o tempo que vai de uma semana antes da menstruação até cinco dias após a menstruação é considerado um período seguro.  (Alguns  afirmam que no período em que a mulher está amamentando, existe uma redução considerável quanto à possibilidade dela ficar grávida) Não é um método absolutamente eficiente  para prevenção da gravidez e pode até mesmo violar o princípio da convicção de tais pessoas (Rm 14.22,23), também violam as diretrizes bíblicas para a abstinência dadas em I Coríntios 7, em que Paulo escreve que um casal só pode abster-se de relações sexuais:

1.     Por consentimento mútuo.
2.     Por um curto período de tempo.
3.     Com um propósito devocional e de oração.

As três condições devem ser atendidas; não se trata de “múltiplas escolhas”.

Quanto aos anticoncepcionais de barreiras, ou seja, o diafragma, o capuz cervical, a esponja e as camisinhas tanto masculinas quanto femininas, existem a vantagem de não causarem efeitos colaterais, como os anticoncepcionais químicos, e a desvantagem de que muitos os consideram desagradáveis no que diz respeito à falta de liberdade, de conforto e de segurança no intercurso sexual.

CONCLUSÃO:

Sem a pretensão de criar regras, mas levando-se em perspectiva o ensino bíblico de que todo casal cristão deve desejar ter filhos, entendemos que, no caso de se julgar necessário o planejamento familiar, o método mais adequado, por sua praticidade e relativa segurança (as estimativas variam de 3 a 12% na estimativa de falha no seu uso), considerar a camisinha como o contraceptivo mais indicado. Neste caso, o casal deve manter-se submisso à soberana vontade de Deus quanto à possibilidade de haver falha exatamente no período fértil da mulher e ela venha a engravidar-se.

Compartilhar:

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

REFORMA DO CÓDIGO PENAL PRETENDE ESMAGAR OS VALORES CRISTÃOS


O rolo compressor do Projeto Sarney



 (Reforma do Código Penal pretende esmagar o que resta de valores cristãos)

Em 27 de junho de 2012, uma Comissão de Juristas entregou ao presidente do Senado, José Sarney, o anteprojeto de reforma do Código Penal. Seria de se esperar, que o texto fosse submetido à apreciação da sociedade para receber críticas e sugestões [1]. Isso, porém, não ocorreu. Em 9 de julho de 2012, apenas 11 dias depois, o Senador José Sarney subscreveu o anteprojeto convertendo-o em projeto de lei: o PLS 236/2012. Ao assinar o projeto, Sarney agiu de modo semelhante a Pilatos. Declarou-se, “por uma questão de consciência e religião”, contrário à eutanásia, ao aborto, ao porte de drogas e seu plantio para uso, mas não retirou nada disso do texto que subscreveu. Lavou as mãos, disse que era inocente do sangue de Cristo, mas decretou a sentença injusta. Favoreceu a presidente Dilma que, embora favorável ao aborto, havia prometido na campanha eleitoral não enviar ao Congresso qualquer proposta abortista.

O anteprojeto – agora convertido em projeto – foi muito mais audacioso que o de 1998. Pretendeu reformar não só a parte especial do Código Penal, mas também a parte geral e a imensa legislação penal extravagante. E tudo isso no curto prazo de seis meses! [2]. O resultado foi um conjunto de 544 artigos cheios de falhas graves.

Animais e pessoas

Segundo a linha ideológica do PLS 236/2012, o ser humano vale menos que os animais. A omissão de socorro a uma pessoa (art. 132) é punida com prisão, de um a seis meses, ou multa. A omissão de socorro a um animal (art. 394) é punida com prisão, de um a quatro anos. Conduzir um veículo sem habilitação, pondo em risco a segurança de pessoas (art. 204) é conduta punida com prisão, de um a dois anos. Transportar um animal em condições inadequadas, pondo em risco sua saúde ou integridade física (art. 392), é conduta punida com prisão, de um a quatro anos. Os ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre não podem ser vendidos, adquiridos, transportados nem guardados, sob pena de prisão, de dois a quatro anos (art. 388, §1º, III). Os embriões humanos, porém, podem ser comercializados, submetidos à engenharia genética ou clonados sem qualquer sanção penal, uma vez que ficam revogados (art. 544) os artigos 24 a 29 de Lei de Biossegurança (Lei 11.101/2005).

Terrorismo e invasão de terras

O terrorismo é criminalizado (art. 239). Mas as condutas descritas (sequestrar, incendiar, saquear, depredar, explodir...) deixam de constituir crime de terrorismo se “movidas por propósitos sociais ou reivindicatórios” (art. 239, §7º). Os invasores de terra são favorecidos, uma vez que “a simples inversão da posse do bem não caracteriza, por si só, a consumação do delito” (art. 24, parágrafo único).

Prostituição infantil

Atualmente comete estupro de vulnerável quem pratica conjunção carnal com menor de 14 anos (art. 217-A, CP). O projeto baixa a idade: só considera vulnerável a pessoa que tenha “até doze anos”. Isso vale para o estupro de vulnerável (art. 186), manipulação ou introdução de objetos em vulnerável (art. 187) e molestamento sexual de vulnerável (art. 188). Deixa de ser crime manter casa de prostituição (art. 229,CP) ou tirar proveito da prostituição alheia (art. 230, CP). Quanto ao favorecimento da prostituição ou da exploração sexual de vulnerável, a redação é ainda mais assustadora: só será crime se a vítima for “menor de doze anos” (art. 189). Deixa de ser crime, portanto, a exploração sexual de crianças a partir de doze anos.

Drogas

Quanto às drogas, somente o tráfico permanece crime (art. 212). Deixa de ser crime o consumo pessoal de drogas (art. 212, § 2º). Presume-se que a quantidade de droga apreendida destina-se a uso pessoal quando ela é suficiente para o consumo por cinco dias (art. 212, § 4º).

Aborto

Quanto ao aborto, o projeto reduz ainda mais as penas já tão reduzidas. O aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento, atualmente punido com detenção de um a três anos, passa a ter pena de prisão de seis meses a dois anos (art. 125). O terceiro que provoca aborto com o consentimento da gestante, atualmente punido com reclusão de um a quatro anos, passa a sofrer pena de prisão de seis meses a dois anos (art. 126). Se o aborto for provocado sem o consentimento da gestante, o terceiro é punido com prisão, de quatro a dez anos (art.127). Curiosamente, ele recebe um aumento de pena de um a dois terços se, “em consequência do aborto ou da tentativa de aborto, resultar má formação do feto sobrevivente” (art. 127,§1º). Esse parágrafo parece ter sido incluído para estimular o aborteiro a fazer abortos “bem feitos”, evitando que, por “descuido”, ele deixe a criança com vida e má formada.

As maiores mudanças, porém, estão no artigo 128. Ele deixa de começar por “não se pune o aborto” e passa a começar por “não há crime de aborto”. O que hoje são hipóteses de não aplicação da pena (escusas absolutórias) passa a ser hipóteses de exclusão do crime. E a lista é tremendamente alargada. Basta que haja risco à “saúde” (e não apenas à “vida”) da gestante (inciso I), que haja “violação da dignidade sexual” (inciso II), que a criança sofra anomalia grave, incluindo a anencefalia (inciso III) ou simplesmente que haja vontade da gestante de abortar (inciso IV). Neste último inciso o aborto é livre até a décima segunda semana (três meses). Basta que um médico ou psicólogo ateste que a gestante não tem condições “psicológicas” (!) de arcar com a maternidade.

Eutanásia e suicídio assistido

“Matar por piedade ou compaixão” (eutanásia) passa a ser um crime punível com prisão, de dois a quatro anos (art. 122), muito abaixo da pena prevista para o homicídio: prisão, de seis a vinte anos (art.121). Porém, o juiz pode reduzir a pena da eutanásia a zero, avaliando, por exemplo, “os estreitos laços de afeição do agente com a vítima” (art. 122, § 1º). Também o auxílio ao suicídio, em tese punível com prisão, de dois a seis anos (art. 123), pode ter sua pena reduzida a zero, nos mesmos casos descritos para a eutanásia (art.123, §2º).

Renúncia ao excesso terapêutico

O artigo 122, § 2º parece inspirado na doutrina, aceita pela Igreja, de que o paciente pode renunciar a tratamentos desproporcionais aos resultados, que lhe dariam apenas um prolongamento penoso e precário da vida. A redação, no entanto, é infeliz: fala em deixar de fazer uso de meios “artificiais” para manter a vida do paciente em caso de “doença grave e irreversível”. Ora, a medicina é uma arte e todos os seus meios são artificiais. Do modo como está escrito, o parágrafo pode encobrir verdadeiros casos de eutanásia por omissão de cuidados normais devidos ao doente.

Infanticídio indígena

Há tribos indígenas que costumam matar recém-nascidos quando estes, por algum motivo, são considerados uma maldição. De acordo com o projeto, tais crianças ficam sem proteção penal, desde que se comprove que o índio agiu “de acordo com os costumes, crenças e tradições de seu povo” (art. 36).

“Preconceito” de gênero

De todos os males contidos no projeto, o mais difícil de corrigir são as cláusulas onde foi inserida a ideologia de gênero, que considera o homossexualismo (e talvez também a pedofilia e a bestialidade) como uma legítima “opção” sexual ou “orientação” (ao invés de desorientação) sexual. O PLC 122/2006 (projeto anti-“homofobia”) da Senadora Marta Suplicy (PT/SP) foi todo inserido no PLS 236/2012. Está no alvo do projeto o bispo diocesano que não admite um homossexual no seminário ou que o afasta do seminário após descobrir sua conduta (art. 472, V), o dono de hotel que se recusa a hospedar um “casal” de homossexuais (art. 472, VI, a) e a mãe de família que demite a babá que cuida dos seus filhos após descobrir que ela é lésbica (art. 472,II). Poderá talvez ser acusado de “tortura” o pregador que, ao comentar um texto bíblico desfavorável ao homossexualismo,“constranger alguém” do auditório, causando-lhe sofrimento “mental” (art. 468, I, c). Segundo o projeto, tais condutas são motivadas por “preconceito” de “gênero”, “identidade ou orientação sexual”.  São crimes imprescritíveis, inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia (art. 474 e 468, § 7º).

A perseguição religiosa está preparada e tende a ser violenta. No entanto, o motivo mais grave que nos deve levar a rejeitar tais cláusulas não está nas suas consequências práticas, mas nos princípios em que se baseiam. Toda pessoa, ainda que pratique condutas sexuais reprováveis, como a pedofilia, o estupro, o incesto, a bestialidade ou o homossexualismo, continua sendo pessoa. E é somente na qualidade de pessoa que ela tem direitos. A deformidade moral que a atinge não pode acrescentar-lhe direitos. Quem aceitaria que alguém, ao assassinar um pedófilo, recebesse além da pena devida ao homicídio, uma pena extra por demonstrar “intolerância” ou “preconceito” contra a pedofilia? É justamente isso que pretende o projeto. Agravar a pena de todos os crimes, se eles forem praticados por “preconceito” de “orientação sexual e identidade de gênero” (art. 77, III, n). Essa inadmissível agravante genérica aparece também em crimes específicos, como o homicídio (art. 121, §1º, I), a lesão corporal (art. 129, § 7º, II), a injúria (art. 138, § 1º), o terrorismo (art. 239, III), o genocídio art. 459), a tortura (art. 468, I, c) e o racismo (art. 472).

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis
(www.providaanapolis.org.br)

Compartilhar:

sábado, 15 de setembro de 2012

AS DORES DO ABANDONO (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

Casos de abandono são comuns, infelizmente. Hoje em dia é normal, por exemplo, pais abandonarem filhos ou vice-versa. Basta acompanhar as noticias nos jornais e nos depararemos com essa situação lamentável. Esse fato tem trazido amargura, rancor e muita tristeza nas vítimas. O Dicionário Aulete define abandono como a condição de algo ou alguém que está sem amparo, ajuda ou cuidado.  

Nesta postagem o tema é visto sob o aspecto negativo, pois, há abandonos que podem ser positivos. Quando alguém abandona os vícios maléficos a saúde isso é bom. Na perspectiva religiosa e teológica quando o pecador abandona o pecado, isso é melhor ainda - é claro que só acontece o abandono do pecado por meio da graça de  Deus. No entanto, quando somos pessoalmente vítimas do abandono de alguém à situação é extremamente desconfortável.

Sentir-se abandonado nem sempre significa literalmente estar só. Jesus experimentou uma momentânea  separação de Deus na cruz do Calvário quando bradou: “Meu Deus, Meu Deus! Por que me abandonaste?” (Mateus 27:46).  Contudo, lemos na sequencia dos versículos que havia mais pessoas naquele espaço (v.47-49, 54-56). A meu ver este é um dos mais severos momentos de abandono: rodeado de pessoas, mas fisicamente, psicologicamente ou espiritualmente sozinho para enfrentar as adversidades que a vida nos acomete.  

E na vida cotidiana é quase certo que enfrentaremos momentos difíceis. Não é porque somos “crentes” que somos blindados de situações adversas. Aliás, se assim fosse poderíamos dizer que Jesus de alguma maneira fracassou em sua missão. Há crentes que abandonam seus filhos? Com certeza sim. Há pastores que abandonam membros da igreja que estão sob sua responsabilidade? Certamente sim.

Jesus censurou a atitude dos fariseus e escribas de se livrarem da responsabilidade judaica de cuidar dos pais idosos ao fazerem uma declaração falsa de que haviam doado seus bens ao templo: “Porque Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe e: Quem maldisser ou o pai ou a mãe deve ser punido com a morte. Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor, nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, invalidando, assim, a palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes. E muitas coisas fazeis semelhantes a estas” (Marcos 7: 11-13). A nota da Bíblia King James explica de maneira interessante esse procedimento:

Corbã é a transliteração de uma palavra hebraica que significa oferta. Muitos judeus religiosos estavam afirmando que haviam feito “corbã” com seus bens, ou seja, doado o dinheiro de aposentadoria dos pais para Deus (mais propriamente para os sacerdotes do Templo) e, por isso, não tinham como ajudá-los. Ocorre que a lei não prescrevia que todo o dinheiro devia ser doado. Além disso, muitos jovens judeus estabeleciam um acordo com os sacerdotes e recebiam parte da “oferta” de volta.   

Em outras palavras esses religiosos abandonavam seus pais idosos justamente no momento da vida em que eles mais precisavam deles. E o pior de tudo é que faziam isso com aparência de piedade e em nome da fé. De forma alguma podemos abandonar os que estão em idade avançada. Segundo a Bíblia o que procede desta forma sinaliza negar sua fé e tornou-se pior do que o descrente: “Se alguém não cuida dos seus, especialmente dos de sua própria família, este tem negado a fé e se tornou pior do que o descrente” (I Timóteo 5:8).

Encontram-se na mesma situação os que abandonaram o apóstolo Paulo no momento mais difícil da sua vida. Segundo historiadores e estudiosos, o apóstolo Paulo foi liberto da prisão domiciliar que tivera em Roma - narrativas finais de Atos 28. Entretanto, por ordens do imperador Nero voltou a ser perseguido e preso, porém agora não gozava mais de nenhum tipo de privilégio (Atos 28:30), mas desta vez padecia numa masmorra fria e úmida (II Timóteo 4:13) considerado como criminoso (II Timóteo 2:9).

No pior momento da sua vida foi abandonado por muitos que diziam serem seus amigos. Ele reclama disso quando escreveu sua segunda carta à Timóteo (1:15): “Estás bem ciente de que todos os que estão na província da Ásia me abandonaram, até mesmo Fígelo e Hermógenes”. Estes dois pareciam ser da confiança de Paulo, mas, por alguma razão entristeceram o apóstolo quando não permaneceram mais leais a ele. Uma das razões do abandono era a ilusão capitulada por meio das pregações dos falsos mestres e heréticos: “Eles [Himeneu e Fileto] se desviaram da verdade, proclamando que a ressurreição já aconteceu, e com isso corromperam a fé de alguns” (II Timóteo 2:18). Obviamente o apóstolo Paulo não transigiria com os heréticos e seus falsos ensinos. 

O apóstolo Paulo reclama também de Demas, que outrora havia sido cooperador dele, mas desviou-se da sã doutrina e abandonou o apóstolo: “Procura vir ao meu encontro o mais depressa possível. Porquanto Demas, havendo amado mais o mundo secular, me abandonou e foi para a Tessalônica” (II Timóteo 4: 9,10). Aqui está uma prova de que os que possuem tendências heréticas abandonam tanto a verdade como os que pregam a verdade. Ainda bem que o apóstolo Paulo podia ainda contar com obreiros leais a verdade da Escritura Sagrada.

Ainda que nos sintamos abandonados a providência de Deus é sempre real em nosso viver diário. Ele não nos abandona nunca. Presenciamos a providência e o cuidado de Deus na vida de José, quando estava no Egito. Lá José passou por tudo o que deveria passar - sob a perspectiva de Deus. Teve momentos bons no Egito, mas até ser alçado a posição de governador, foram muito mais os momentos tensos e desagradáveis. Todavia, Deus era presente na história de José. Se você, caro leitor, está se sentindo abandonado não desanime, há propósito de Deus nisso. Ainda que pareça estranho dizer isso, mas é uma verdade bíblica.   
     
Se pelo contrário, temos negligenciado o amor e o cuidado com os idosos, familiares e amigos, este momento é uma oportunidade de revermos nossa atitude. É imperativo socorrer os que estão passando por lutas, privações, tribulações ou provações. Desta forma estaremos cumprindo o que Jesus recomendou aos judeus, mediante a um juiz que o indagou: “Asseverou-lhe Jesus: ‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e com toda a tua inteligência’. Este é o primeiro e maior dos mandamentos. O segundo, semelhante a este, é: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo”’ (Mateus 22: 37-39).   

Em Cristo,
Compartilhar:

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

INVEJA, UM GRAVE PECADO (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

                                   

Dentro da perspectiva do relacionamento social, Deus criou o homem para que o contato com seu semelhante fosse agradável, saudável e puro. No entanto, a Queda do homem (a transgressão de Adão e Eva ao mandamento de Deus) produziu uma série de efeitos perniciosos: entre eles o rompimento da comunhão com o próximo. Como é difícil o relacionamento social! Deparamos com essa dificuldade em todas as esferas e segmentos. Alguns até mesmo imaginam que no âmbito da igreja não existe barreiras de relacionamento fraternal, mas, os fatos mostram o contrário.

Notamos a falta de comunhão entre pessoas logo após o pecado de Adão. Um detalhe: o desentendimento não foi entre pessoas desconhecidas (ainda que isso não justifique), mas entre o casal, Adão e Eva. O marido colocou a culpa da transgressão na sua própria mulher para se livrar da culpa que era sua: “Então disse Adão: A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gênesis 3:12).

Denominações evangélicas e certos crentes místicos preferem nominar alguns desvios da conduta humana não por pecado, desobediência, transgressão da Lei Divina, mas, de “espírito de pecado”. Dizem que se determinada pessoa peca constantemente, ela é possuidora de algum espírito demoníaco que a faz transgredir o mandamento bíblico de não pecar. Então, do adúltero, do mentiroso, do invejoso, do alcoólatra, é dito que tem um “espírito de adultério”, “espírito de mentira”, “espírito de inveja”, “espírito de alcoolismo”, e assim por diante. Quer dizer, é tudo culpa do Diabo? E a responsabilidade humana? Como o Senhor julgará essa pessoa se ela não tem culpa da sua transgressão?

O apóstolo Paulo, contrariando as expectativas de alguns, ensina que o pecado é obra da carne, e não algum espírito demoníaco: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são...” (Gálatas 5:21). Seria muito fácil solucionar esse mal: expulsando o tal “espírito” o pecador é liberto. No entanto, sabemos que na Escritura Sagrada o pecador é convidado a arrepender-se dos seus pecados: “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Marcos 1:15).

Nas obras da carne elencadas pelo apóstolo Paulo em Gálatas 5:21 encontramos a inveja, tema desta postagem. Portanto, é necessário definirmos este sentimento negativo para compreendermos o quão ele é pernicioso nas relações sociais. Alguém disse que a inveja é pior do que a ambição e os invejosos selecionam o quê invejar. Por exemplo, não se inveja um casal de velhinhos juntos por tantos anos em feliz matrimônio a ponto de querer também ter um casamento duradouro. Mas, inveja-se do carro novo, sucesso, status, beleza e dinheiro do próximo. Assim, temos algumas curtas definições de inveja:

         Querer que o outro não tenha ou tivesse aquilo que você queria ter.

         Malevolência com respeito às vantagens que outros parecem desfrutar.

Sentimento de desgosto produzido por testemunhar ou ouvir falar da vantagem ou prosperidade de outrem. (Dicionário Vine, p. 720).

Num texto secular a escritora Vanessa Bauer Ribas disse algo interessante sobre a inveja:

Esse sentimento é considerado destrutivo uma vez que surge em decorrência não do próprio sentimento, mas como uma infelicidade pela posse do outro, o que faz com que a pessoa fique sempre preocupada com as habilidades e potencialidades do outro e acaba deixando passar despercebidas as oportunidades que as poderiam fazer crescer e realizarem suas ambições.

A autora disse também que nem sempre o objeto da inveja é material, mas pode ser uma qualidade, habilidade, potencialidade, um jeito de ser, um laço afetivo entre duas pessoas. Podemos perceber que Caim tinha inveja de seu irmão Abel não somente por causa do tipo da oferta em si, mas porque algo em Abel agradava mais ao Senhor do que o ato de Caim em trazer a sua oferta: “E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura: e atentou o Senhor para Abel e para sua oferta, mas para Caim e para a sua oferta não atentou, e descaiu-lhe o semblante” (Genesis 4:5). O apóstolo João informa que a causa principal estava na motivação de Caim: “Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio: que nos amemos uns aos outros. Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas” (I João 3:12).

Ainda que gere curiosidade, o mais importante não está na forma como Caim matou seu irmão, mas no sentimento arraigado dentro do seu coração. A inveja de Caim levou ao sentimento de ódio e este ao homicídio: “E falou Caim com o seu irmão Abel: e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou” (Genesis 4:8). A inveja conduz ao desejo de ver a destruição da vida do outro tanto quanto sua morte, o fim da sua existência. O invejoso não somente deseja possuir aquilo que pertence ao outro, como deseja que ele venha a perder o que tem. Alguns até conseguem disfarçar, mas não conseguem esconder por muito tempo esse perverso sentimento. Determinados atos serão como sinais que acabarão por condenar tal pessoa como um invejoso.

A Bíblia nos adverte a não desejarmos desordenadamente o que não temos e, por outro lado, nos contentarmos com as designações que o Senhor preparou para cada um de nós: “O inferno e a perdição nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem” (Provérbios 27:20). O apóstolo Tiago (3:16) disse que “onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa”. Como prova de que confiamos no Senhor temos de estar sempre preparados para as adversidades, contentes em Cristo e satisfeitos em tudo: “Sei estar abatido, e sei também ter abundancia: em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundancia como a padecer necessidade” (Filipenses 4:12).

Em Êxodo 20:17 temos um “mandamento que proíbe todo o descontentamento com a nossa condição, todo o movimento de inveja ou pesar à vista da prosperidade do nosso próximo e todas as tendências ou afeições desordenadas a alguma coisa que lhe pertence” (Resposta à pergunta 81 do Breve Catecismo de Westminster): “Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem cousa alguma do teu próximo”.

Temos que deixar claro uma coisa: admirar ou apreciar com sinceridade um objeto ou qualidades de alguém não se configura necessariamente inveja, mas bem pode ser capacidade para aceitar o outro sem se ressentir. Que possamos enxergar o nosso próximo com amor e respeito, e, agindo mutuamente desta forma estaremos contribuindo para que os relacionamentos pessoais sejam mais harmônicos, saudáveis e duradouros.

Em Cristo, 
  
Compartilhar:

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

HERESIAS PRIMITIVAS


“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos antes de nós” (Ec 1.10)

Você sabia que o batismo pelos mortos foi uma heresia apregoada cerca de 1600 anos antes da “revelação” atribuída pelos mórmons a Joseph Smith Jr.? Esse é apenas um dos muitos desvios doutrinários que atravessaram séculos e foram incorporados pelas seitas pseudocristãs.

A “revelação”, baseada na necessidade de restaurar a igreja, e a rejeição ao Antigo Testamento surgiram na mesma época e fluíram dos ensinamentos de Márcion. Montano pregou que o fim do mundo ocorreria em sua geração e atribuiu a si o fato de iniciar e findar o ministério do Espírito Santo. Sabélio, com seu modalismo, foi outra fonte de distorções bíblicas que até hoje é disseminada entre os evangélicos. Ainda fazem parte desse grupo Mani, com sua doutrina reencarnacionista; Ário, que deturpou a natureza de Jesus ao apresentá-lo como um ser criado (gravíssimo engano sustentado pelas testemunhas de Jeová); Apolinário, que, ao contrário do antecedente, negou a humanidade de Cristo; Nestório, que ensinava a existência de duas pessoas distintas em Cristo; Pelágio, que, como os islâmicos e outros grupos religiosos, negava a doutrina do pecado original; e Eutíquio, que afirmava que a natureza humana de Cristo havia sido absorvida pela divina.

Como podemos inferir, as heresias combatidas pela igreja contemporânea foram enfrentadas pela igreja primitiva que, com muito esforço e com a ajuda de concílios e credos, conseguiu defender a fé que “de uma vez por todas foi entregue aos santos”. Continuemos a defendê-la!

Márcion (95 - 165)

Informações indicam que Márcion nasceu em Sinope, no Ponto, Ásia Menor. Foi proprietário de navios, portanto, muito próspero. Aplicou sua vida à fé religiosa, primeiramente como cristão e, finalmente, ao desenvolvimento de congregações marcionitas.

Influente líder cristão, suas ideias o conduziram à exclusão, em 144 d.C. Então, formou uma escola gnóstica. Tendo uma mente prolífera, desenvolveu muitas ideias, as quais foram lançadas em uma obra apologética alvo de combate de apologistas, especialmente Tertuliano e Epifânio.

Procurou ter uma perspectiva paulina, contudo, incluiu muitas ideias próprias e conjecturas sem respaldo bíblico. Era convicto de uma missão pessoal: restaurar o puro evangelho. Antes, rejeitou o Antigo Testamento por achá-lo inútil e ultrapassado, além de afirmar que foi produzido por um deus inferior ao Deus do evangelho. Para Márcion, o cristianismo era totalmente independente do judaísmo; era uma nova revelação. Segundo ele, Cristo pegou o deus do Antigo Testamento de surpresa e este teve de entregar as chaves do inferno Àquele. Além disso, Cristo não era Deus, apenas uma emanação do filho de Deus. O único apóstolo fiel ao evangelho, segundo Márcion, fora Paulo, em detrimento dos demais apóstolos e evangelistas. Consequentemente, a Igreja primitiva havia desviado e, por isso, necessitava de uma restauração. Ainda segundo ele, o homem devia levar uma vida asceta, o casamento, embora legal, era aviltador.

Entre seus muitos ensinos, encontramos o batismo pelos mortos.

O cânon de Márcion restringia-se as dez epístolas de Paulo e a uma versão modificada do Evangelho de Lucas.

Gnosticismo

Nome derivado do termo grego gnosis, que significa “conhecimento”. Os gnósticos se transformaram em uma seita que defendia a posse de conhecimentos secretos. Segundo eles, esses conhecimentos tornavam-nos superiores aos cristãos comuns, que não tinham o mesmo privilégio. O movimento surgiu a partir das filosofias pagãs anteriores ao cristianismo que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia (Macedônia). Ao combinar filosofia pagã, alguns elementos da astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do cristianismo, o gnosticismo tornou-se uma forte influência na igreja.

A premissa básica do gnosticismo é uma cosmovisão dualista. O supremo Deus Pai emanava do mundo espiritual “bom”. A partir dele, surgiram sucessivos seres finitos (éons) até que um deles, Sofia, deu à luz a Demiurgo (Deus criador), que criou o mundo material “mau”, juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem.

Cristãos gnósticos, como Márcion e Valentim, ensinavam que a salvação vem por meio desses éons, Cristo, que se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo material mais elevado. Cristo, embora parecesse ser homem, nunca assumiu um corpo; portanto, não foi sujeito às fraquezas e às emoções humanas.

Algumas evidências sugerem que uma forma incipiente de gnosticismo surgiu na era apostólica e foi o tema de várias epístolas do Novo Testamento (1João, uma das epístolas pastorais). A maior polêmica contra os gnósticos apareceu, entretanto, no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu, Tertuliano e Hipólito. O gnosticismo foi considerado um movimento herético pelos cristãos ortodoxos. Atualmente, é submetido a muitas pesquisas, devido às descobertas dos textos de Nag Hammadi, em 1945/46, no Egito. Muitas seitas e grupos ocultistas demonstram alguma influência do antigo gnosticismo (“Dicionário de religiões, crenças e ocultismo”. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida, 2000, pp 175-6).

Montano (120 - 180)

Por volta do ano 150 d.C., surgiu na Frígia um profeta chamado Montano que, junto com Prisca e Maximilia, se anunciou portador de uma nova revelação. Inicialmente, esse novo movimento reagiu contra o gnosticismo, contudo, ele mesmo se caracterizou por tendências inovadoras. As profecias e revelações de Montano giravam em torno da segunda vinda e incentivavam o ascetismo.

Salientavam fortemente que o fim do mundo estava próximo, e esperavam esse acontecimento para a sua própria geração. Insistiam sobre estritas exigências morais, como, por exemplo, o celibato, o jejum e uma rígida disciplina moral. Exaltavam o martírio e proibiam que seus seguidores fugissem das perseguições. Alguns pecados eram imperdoáveis, independente do arrependimento demonstrado.

Finalmente Montano afirmou ser o Paracleto, pois nele iniciaria e findaria o ministério do Espírito Santo. Prisca e Maximilia abandonaram seus respectivos maridos para se dedicarem à obra profética de Montano. Algumas vezes, Montano procurava esclarecer que ele era um agente do Espírito Santo, mas sempre retornava à sua primeira posição e afirmava ser o Consolador prometido. Sua palavra deveria ser observada acima das Escrituras, porque era a palavra para aquele tempo do fim.

Esse movimento desvaneceu-se no terceiro século no Ocidente e no sexto, no Oriente.

Ascetismo

Autonegação, visão de que a matéria e o espírito estão em oposição um ao outro.

O corpo físico, com suas necessidades e desejos inerentes, é incompatível com o espírito e sua natureza divina. O ascetismo defende a idéia de que uma pessoa só alcança uma condição espiritual mais elevada se renunciar à carne e ao mundo.

O ascetismo foi amplamente aceito nas religiões antigas e ainda hoje é uma filosofia proeminente, sobretudo nas seitas e religiões orientais. Platão idealizou-o. As seitas judaicas, como os essênios, praticavam-no fervorosamente e o cristianismo institucionalizou-o, com o desenvolvimento de várias ordens monásticas. O gnosticismo foi o maior defensor dessa filosofia (“Dicionário de religiões, crenças e ocultismo”. George A. Mather & Larry A Nichols. Vida, 2000, p. 23).

Sabélio (180 – 250)

Nasceu na Líbia, África do Norte, no terceiro século depois de Cristo. Depois, mudou-se para a Itália, passando a viver em Roma. Ao conhecer o evangelho, logo se tornou um pensador respeitado em suas considerações teológicas. Recebeu influência do Modalismo que já estava sendo divulgado na África.

O Modalismo ocorreu, no início, como um movimento asiático, com Noeto de Esmirna. Os principais expoentes do movimento: Noeto, Epógono, Cleômenes e Calixto. Na África, foi ensinado por Práxeas e na Líbia, defendido por Sabélio. Hoje, o Modalismo é muito conhecido pelo nome sabelianismo, devido à influência intelectual fornecida por Sabélio. O objetivo de Sabélio era preservar o monoteísmo a qualquer custo. Tinha um objetivo em vista que, pensava, justificava os meios.

Ensinava que havia uma única essência na divindade, contudo, rejeitava o conceito de três Pessoas em uma só essência. Afirmava que isso designaria um culto triteísta, isto é, de três deuses. A questão poderia ser resolvida, afirmava, pelo conceito de que Deus se apresentaria com diversas faces ou manifestações. Primeiramente, Deus se apresentou como Deus Pai, gerando, criando e administrando. Em seguida, como Deus Filho, mediando, redimindo, executando a justiça. E finalmente e sucessivamente, como Deus Espírito Santo, fazendo a manutenção das obras anteriores, sustentando e guardando. Uma só Pessoa e três manifestações temporárias e sucessivas.

Mani (216 - 277)

Nasceu por volta de 216 d.C. na Babilônia. Foi considerado por alguns como o último dos gnósticos. Diferente dos demais hereges, desenvolveu-se fora do cristianismo. Todavia, era um rival do evangelho.

Seus ensinos buscavam respaldo no cristianismo. Afirmava, por exemplo, ser o Paracleto, o profeta final. Em seus ensinos enfatizava a purificação pelos rituais. Em 243 d.C., o profeta Mani teve seus ensinamentos reconhecidos por Ardashir, rei sassânida (Índia). Então, a nova fé teve o seu “pentecostes”, analogia traçada pelos maniqueístas.

Durante 34 anos, Mani e seus discípulos intensificaram seu trabalho missidevo aponário pelo leste da Ásia, Sul e Oeste da África do Norte e Europa.

A base do maniqueísmo engloba um Deus teísta que se revela ao homem. Deus usou diversos servos, como Buda, Zoroastro, Jesus e, finalmente, Mani. Deveriam seus discípulos praticar o ascetismo e evitar a participação em alguma morte, mesmo de animais ou plantas. Deveriam evitar o casamento, antes, abraçarem o celibato. O universo é dualista, existem duas linhas morais em existência, distintas, eternas e invictas: a luz e as trevas.

A remissão ocorre pela gnosis, conhecimento especial que os iniciados conquistavam. Entre os remidos há duas classes, os eleitos e os ouvintes. Os eleitos não podiam nem mesmo matar uma planta, por isso eram servidos pelos ouvintes, que podiam matar plantas, mas nunca animais ou até mesmo comê-los. Os eleitos subiriam, após a morte, para a glória, enquanto os ouvintes passariam por um longo processo de purificação. Quanto aos ímpios, continuariam reencarnando na terra. Recebeu grande influência de Márcion.

Ário (256-336)

Presbítero de Alexandria entre o fim do terceiro século e o início do quarto depois de Cristo. Foi excluído em 313, quando diácono, por apoiar, com suas atitudes, o cisma da Igreja no Egito. Após a morte do patriarca da Igreja em Alexandria, foi recebido novamente como diácono. Depois, nomeado presbítero, quando então começou a ensinar que Jesus Cristo era um ser criado, sem nenhum dos atributos incomunicáveis de Deus, por exemplo, eternidade, onisciência, onipotência etc, pelo que foi censurado, em 318, e excluído, em 321. Mas, infelizmente, sua influência já havia sido propagada e diversos bispos da Igreja no Oriente aceitaram o novo ensino.

Em 325, ocorreu o concílio de Nicéia e Ário, apesar de excluído, pôde recorrer de sua exclusão, sendo banido. Ário preparou uma resposta ao Credo Niceno, o que impressionou muito o imperador Constantino. Atanásio resistiu à ordem de Constantino de receber Ário em comunhão. Então Ário foi deposto e exilado em Gália, falecendo no dia em que entraria em comunhão em Constantinopla.

A base de seu ensino era estabelecer a razão natural como meios de entender a relação entre Deus e Cristo. Haveria uma só Pessoa na divindade. O logos não foi apenas gerado, mas literalmente criado. Seria tão somente um intermediário entre Deus e os homens e, devido à sua elevada posição, receberia adoração e glória.

Apolinário (310-390)

Foi bispo de Laodicéia da Síria no final do quarto século. Cooperou na reprodução das Escrituras. Fez oposição à afirmação de Ário quanto à criação e à mutabilidade de Cristo.

Por outro lado, se opôs ao conceito da completa união entre as naturezas divina e humana em Jesus. Afirmava que Jesus não tinha um espírito humano. Segundo ele, o espírito de Cristo manipulava o corpo humano. Sua posição inicial era contra o arianismo, que negava a divindade de Cristo. Em sua opinião, seria mais fácil manter a unidade da Pessoa de Cristo, contanto que o logos fosse conceituado apenas como substituto do mais elevado princípio racional do homem. Contrapondo-se a Ário, ele advogava a autêntica divindade de Cristo, e tentava proteger sua impecabilidade substituindo o pneuma (espírito) humano pelo logos, pois julgava aquele sede do pecado.

Consequentemente, Apolinário negava a própria e autêntica humanidade de Jesus Cristo.

Em 381, o sínodo de Constantinopla declarou contundentemente, entre outros sínodos, herética a cristologia de Apolinário.

Apolinário formou um grupo de discípulos que manteve seus ensinos. Mas não demorou muito e o movimento se desfez.

Nestório (375-451)

Patriarca da Igreja em Constantinopla na metade do quinto século depois de Cristo. Seu objetivo de expurgar as heresias na região de seu controle encontrou problemas quando expressou sua cristologia. Encontrava-se em seu tempo ideias divergentes sobre a natureza de Cristo. Alguns, aparentemente, negavam a existência de duas naturezas em Cristo, postulando uma única natureza. Outros, como Teodoro de Mopsuéstia, afirmavam que o entendimento deveria partir da completa humanidade de Cristo. Teodoro negava a residência essencial do logos em Cristo, concedendo somente a residência moral. Essa posição realmente substituía a encarnação pela residência moral do logos no homem Jesus. Contudo, Teodoro declinava das implicações de seu ensino que, inevitavelmente, levaria à dupla personalidade em Cristo, duas pessoas entre as quais haveria uma união moral. Nestório foi fortemente influenciado pelo seu mestre, Teodoro de Mopsuéstia.

O nestorianismo é deficiente, não em relação à doutrina das duas naturezas de Cristo, mas, sim, quanto à Pessoa de cada uma delas. Concorda com a autêntica e própria deidade e a autêntica e própria humanidade, mas não são elas concebidas de forma a comporem uma verdadeira unidade, nem a constituírem uma única pessoa. As duas naturezas seriam igualmente duas pessoas. Ao invés de mesclar as duas naturezas em uma única autoconsciência, o nestorianismo as situava lado a lado, sem outra ligação além de mera união moral e simpática entre elas. Jesus seria um hospedeiro de Cristo.

Nestor foi vigorosamente atacado por Cirilo, patriarca de Alexandria, e condenado pelo Terceiro Concílio de Éfeso, em 431.

O movimento nestoriano sobreviveu até o século quatorze. Adotaram o nome de cristãos caldeus. A Igreja persa aceitou claramente a cristologia nestoriana. Atingiu expressão culminante no décimo terceiro século, quando dispunha de vinte e cinco arcebispos e cerca de duzentos bispos. Nos séculos doze e treze, formou-se a Igreja Nestoriana Unida e, atualmente, seus membros são conhecidos como Caldeus Uniatos. Na Índia, são conhecidos como cristãos de São Tomé. Hoje, esse movimento está em declínio.

Pelágio (360-420)

Teólogo britânico. Teve uma vida piedosa e exemplar. Baseado exatamente nessa questão, desenvolveu conceitos sobre a hamartiologia (doutrina que estuda o pecado). Sofreu resistência e, finalmente, foi excluído por diversos sínodos (Mileve e Catargo), sendo, ainda, condenado no Concílio de Éfeso, em 431 d.C.

Seus ensinos afirmavam que o homem poderia viver isento do pecado. Que o homem fora criado a imagem de Deus e, apesar da queda, essa imagem é real e viva. Do contrário, o homem não seria aquele homem criado por Deus. No pelagianismo a morte é uma companheira do homem, querendo dizer que, pecando ou não, Adão finalmente morreria, ainda que não pecasse. O ideal do homem é viver obedecendo.

O pecado original é uma impossibilidade, pois o pecado depende de uma ação voluntária do pecador. Afirma ainda que, por uma vida digna, os homens podem atingir o céu, mesmo desconhecendo o evangelho. Todos serão julgados segundo o que conheciam e o que praticavam. O livre-arbítrio era enfatizado em todas as suas afirmações, excluindo a eleição. Um século depois, desenvolveu-se o semipelagianismo, que amortecia alguns ensinos extravagantes de Pelágio.

Eutíquio (410-470)

Viveu em um mosteiro fora de Constantinopla durante a primeira metade do quinto século. Discípulo de Cirilo de Alexandria, teve grande influência e chefiava mosteiros na Igreja oriental. Oponente do nestorianismo, afirmava que, por ocasião da encarnação, a natureza humana de Cristo foi totalmente absorvida pela natureza divina.

Era de opinião de que os atributos humanos em Cristo haviam sido assimilados pelo divino, pelo que seu corpo não seria consubstancial como o nosso, que Cristo não seria humano no sentido restrito da palavra.

Esse extremo doutrinário contou com o apoio temporário do chamado Sínodo dos Ladrões (em 449 d.C.). Essa decisão foi anulada mais tarde pelo Concílio de Calcedônia, em 451 depois de Cristo.

O Sínodo dos Ladrões recebeu esse nome porque seus participantes roubavam características da doutrina cristocêntrica. Por esse motivo, Eutíquio foi afastado de suas atividades eclesiásticas. Mas a Igreja egípcia continuou apoiando a doutrina de Eutíquio e manteve seus ensinos por algum tempo. Então, o eutiquianismo surge novamente no movimento monofisista.





Compartilhar:
←  Anterior Proxima  → Inicio