terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ANOMALIA ENTRE AS SEITAS


A proliferação de manifestações religiosas e exóticas
(Paulo Cristiano, do CACP)
O que você diria de pessoas que adoram legumes, bebem sua própria urina, se alimentam de luz e/ou ainda adoram astros da mídia? Que perderam a razão? Que são visionárias ou devotas? Independente do que sejam, o certo é que todos os anos milhares de pessoas em todo o mundo trocam sua religião oficial por cultos estranhos. Essas novas seitas caminham paralelamente com as grandes religiões e possuem objetivos pouco claros, provocando desvios comportamentais autênticos e atitudes patológicas extremamente preocupantes.
O último censo do IBGE mostrou que 2,3% da população brasileira professa uma “outra religiosidade”. Fanáticos religiosos não faltam no mundo atual, por isso um grupo de autoridades do Chile, comissionadas para investigar o fenômeno, chegou à conclusão de que o perfil de uma seita envolve fanatismo, obediência incondicional, exclusividade do grupo e liderança messiânica. Mas há alguns grupos (ou seitas) que se destacam devido às suas práticas anômalas, promovendo cultos com elementos que se afastam dos padrões convencionais.
Sabemos que devemos respeitar aqueles que pensam e crêem diferente de nós, afinal, a liberdade religiosa é uma questão que toca a todos, indistintivamente. No entanto, não podemos confundir as coisas, a ponto de sermos ingênuos e tolerarmos as ações irracionais de tais grupos e seus cultos excêntricos.
Culto
O termo “culto” denota basicamente dois possíveis significados inter-relacionados:
1) Adoração ou homenagem a uma divindade.
2) Ritual ou liturgia; ou seja, o modo de exteriorizar esta adoração.
A primeira significação refere-se à natureza do culto propriamente dito, enquanto a segunda traduz a formalização que pode ou não estar associada com o pensamento e doutrina que emerge dele.
O culto está essencialmente ligado à religião, e como esta possui uma conotação de ligação do indivíduo à divindade (do latim religare), o culto atua então como o meio pelo qual se consegue pôr em prática a religião.
Também se enquadram neste contexto a adoração devotada às forças da natureza, aos animais e aos astros celestes.
Quando um culto gera uma seita
Um culto pode gerar uma seita quando determinado grupo de pessoas se reúne de modo organizado, ou, talvez, quando parte desse grupo se desintegra, formando subgrupos dissidentes. Neste caso, temos, na acepção do termo, uma seita.
A terminologia sofreu várias modificações morfológicas em sua etimologia através dos tempos. De partido ou facção, recebeu uma conotação pejorativa de não-ortodoxia, doutrina falsa, crença heterodoxa. No contexto cristão, refere-se a toda e qualquer doutrina (pensamento ou prática) que contraria a Palavra de Deus.
À psicoteologia das seitas encontra-se ligado o fenômeno do fanatismo, conseqüência da contracultura pregada por elas. Nestas últimas décadas, tem havido uma superpromoção desses cultos. Enquanto uns são amplamente aceitos na sociedade, outros são marginalizados. Enquanto alguns causam grande sofrimento, outros são aparentemente benéficos ou até patéticos.
Absurdos teológicos
Os absurdos ou aberrações são o mesmo que distorções, anormalidades, defeitos que se apresentam. As seitas produzem incessantemente tais desvios teológicos e muitas delas podem até conduzir seus fiéis ao suicídio coletivo. Steve Hassan, ex-membro da seita do reverendo Moon (Igreja da Unificação), hoje pesquisador de cultos e seitas que realizam algum tipo de controle mental, explica o porquê de as pessoas aceitarem facilmente uma doutrina aberrante. Segundo ele, “as seitas operam na personalidade da pessoa, desligando-a de sua vida anterior, fazendo-a redefinir suas crenças e valores de acordo com as normas estipuladas pelo grupo”.
A seguir, breves exemplos dos cultos anômalos desses novos movimentos religiosos.
Cultos excêntricos
É incrível como as pessoas estão propensas a exercer fé nos mais estranhos tipos de deuses. Quando tocamos neste assunto, obviamente nos vem à mente alguns exemplos de cultos anormais, porém, os exemplos que seguem são tão excêntricos que desafiam os limites do que consensualmente denominamos de anormal. Vejamos:
• Culto à cebola
Existe um grupo em Paris, França, que cultua a cebola. É isso mesmo. Estamos falando de um legume, considerado pelos adeptos como “bulbo divino”. A liturgia do culto é a seguinte: as pessoas se reúnem em volta de uma cebola e vão descascando-a lentamente, camada após camada, até chegarem ao talo, que, segundo crêem, é a parte mais importante do ritual. O indivíduo que estiver em concentração e contemplar a sagrada gastronomia, alcançará a pureza espiritual.
• Adoradores do umbigo
Este culto também gira em torno da meditação, sendo que, desta vez, o deus venerado é o ventre, ou melhor, o umbigo. Dentro do templo, com as portas fechadas e um ambiente repleto de incenso, sob um calor quase insuportável, o grupo (também francês) se concentra em seus próprios umbigos. Acreditam que, pela meditação profunda, poderão regredir, por meio do seu próprio cordão umbilical, até o umbigo de Adão, onde, dizem, encontrarão a paz do paraíso original.
• Ingestão de excrementos
Algumas seitas esotéricas, para adquirirem o que chamam de qualidades místicas (como, por exemplo, poder, força física e espiritual), ensinam a beber a própria urina. Até mesmo o padre Joseph Dillon, 53 anos, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida (SP), ficou conhecido por dizer em entrevistas que a urina seria a “água da vida”. Essas práticas irracionais, do ponto de vista bíblico e científico, têm levado muitos a crer que ingerindo urina conseguirão força espiritual. Inclusive, há até congressos internacionais sobre o assunto. Mas muitos não se contentam em “deliciar-se” somente com sua própria urina, preferindo também comer as próprias fezes, como é o caso de algumas seitas hindus.
• Veneradores do sexo
“Nós temos um deus sexy, uma religião sexy e um líder muito sexy, com um grupo de jovens seguidores extremamente sexy. Se você não gosta de sexo, que vá embora enquanto pode”. Esta é uma das doutrinas centrais da seita que ficou conhecida por muito tempo como Meninos de Deus, hoje Família do Amor. Seu líder, que se identifica como MO, pregava o sexo livre, inclusive para a prática de um evangelismo que denominam de “pesca coquete”. Defendem a prática homossexual e a prostituição. É o “vale-tudo” do sexo no recrutamento de adeptos. Por isso, a seita foi denunciada e perseguida em vários países e continua sob investigação da Polícia Federal.
• Igreja da Eutanásia
De acordo com este grupo religioso, os problemas do mundo são todos causados pelo excesso de população. Então, a solução “óbvia” proposta seria a redução da população. Mas como? Pelo suicídio, eutanásia, sodomia, aborto e canibalismo. Como não poderia deixar de ser, esse grupo também professa fé em elementos extravagantes. Crêem em extraterrestres e se dedicam a práticas mórbidas.
• Adoradores da luz
Tal grupo possui um corpo de crenças doutrinárias essencialmente esotérico. Acreditam que não precisam mais comer. Segundo eles, “comida é veneno”, por isso se “alimentam” exclusivamente da luz do Sol. Por outro lado, a rejeição ao nosso tipo de alimentação, como dizem, pode provocar um poder espiritual capaz de fazê-los ter visões de seres espirituais, além de viagens astrais. Este ascetismo fanático tem levado alguns praticantes à morte. O pior de tudo é que tentam mesclar essa doutrina perigosa com os ensinamentos bíblicos, dizendo que Jesus também a praticava. Tais ensinamentos, contudo, são alheios à doutrina cristã.
• Os seguidores da “Bíblia Branca”
A Igreja Mundial do Criador é um grupo racista fundado em 1971, na Flórida, por Ben Klassen, ex-corretor de imóveis. É um dos movimentos que mais crescem nos EUA, segundo o jornal The New York Times. São partidários da filosofia de Adolf Hitler e possuem um livro chamado White Bible [Bíblia Branca], no qual pregam o ódio contra os judeus e os negros, e defendem a supremacia da raça branca. Baseado nesta nefasta ideologia, Benjamin Nathaniel Smith, membro ativo de extrema direita da seita, que chegou a alterar seu nome para August Smith porque considerava seu nome “excessivamente judeu”, assassinou um coreano, cinco judeus e três negros. A justificativa? Ele os considerava “pessoas sujas”. A seita possui sites espalhados pela Internet, onde convida crianças para seu evangelho de horror.
Cultos às celebridades
Os termos “adorar” e “ídolo” possuem uma conotação estritamente religiosa. Contudo, em seus significados clássicos, foram sendo gradativamente alterados, pela mente popular, com o surgimento da mídia televisiva. Muitos fãs fanáticos de astros do cinema e do esporte têm mesclado a devoção pelo artista com a fé religiosa. Alguns destes ídolos estão sendo literalmente adorados nos altares de templos religiosos que lhes são dedicados. Vejamos alguns exemplos:
• Idólatras de Elvis Presley
Parece que a frase “Elvis não morreu” é muito mais que um simples chavão, pelo menos para os fãs religiosos da “Igreja Presleyteriana”. A home page do grupo mostra desde testemunhos de graças recebidas de adeptos até os 31 mandamentos de Elvis. Tal igreja foi fundada em 1998, na Austrália, após a líder e fundadora, Anna, ter tido uma experiência mística com o rei do rock. E, hoje, conta com algumas congregações espalhadas pelos EUA e possui até um “teólogo”, o dr. Edwards, responsável pela parte doutrinária.
Entre as muitas práticas esdrúxulas exigidas pelo grupo, destacamos as seguintes:
• Pelo menos uma vez na vida os adeptos deverão peregrinar até Graceland. 
• Todos devem possuir em casa os 31 preceitos de Elvis, que incluem receitas de comida.
• Devem incentivar, diariamente, as crianças a elogiar o cantor já falecido.
Mas os disparates não param por aí. Determinado sacramento, uma paródia da santa ceia, é feito com carne moída e pudim de banana. Os hinos, é claro, são alusões ao ex-roqueiro, e tudo isso recheado de muito rock-and-roll.
• Veneradores de Raul Seixas
Talvez não tão organizado como o do roqueiro norte-americano, o raulseixismo é um movimento que está ganhando cada vez mais perfil de grupo esotérico. Em muitos fãs-clubes, já se perdeu o limite entre a admiração e a veneração. E não é para menos, pois Raul Seixas tinha tudo a ver com religião. Suas músicas só começaram a fazer sucesso quando o compositor, hoje bruxo (é assim que ele se autodenomina), Paulo Coelho passou a compô-las. Noventa por cento das músicas de Raul faziam alusão a temas religiosos, principalmente esotéricos. Seu último trabalho recebeu o título de “A panela do diabo”.
“Chegar a ser parecido com religião é uma coisa meio sobrenatural”, avalia a socióloga Juliana Abonizio. “Os raulseixistas realizam quase uma peregrinação rumo ao autoconhecimento [...] Para a Cidade das Estrelas, uma pousada terapêutica coordenada pelo Instituto Imagick, vão alguns dos fãs de Raul. Não se trata de religião, mas as obras do cantor estão entre as bases do Imagick, segundo o presidente do instituto, Arsênio Hipólito Jr. Na pousada, o objetivo é intensificar a luz de cada pessoa, inclusive por meio da reprogramação mental”.1 0
Discípulos de Jedi
Mais de 70 mil pessoas na Austrália declararam ser seguidoras de Jedi. A religião foi criada baseando-se nos filmes de Star Wars, o famoso Guerra nas estrelas, de George Lucas, o “papa” da ficção científica hollywoodiana. Talvez tudo não passe de uma brincadeira de fanáticos cinematográficos, que promoveram uma enxurrada de e-mails incentivando os fãs a votarem no censo religioso como seguidores de Jedi.
Para que se tornasse uma doutrina, era preciso que dez mil pessoas professassem a “fé Jedi”. Mas o caso vem surpreendendo as autoridades, já que 0,30% da população australiana diz acreditar em tal “força”, a fonte de poder dos cavaleiros “Jedis”. O jedaísmo prega os princípios de algumas religiões, como, por exemplo, a busca pelo autocontrole e pela iluminação. Sua estrutura assemelha-se às filosofias orientais, mas com valores cristãos. Por isso, não será estranho se algum dia ouvirmos alguém orar a “Saint Luke Skywalker”!
• Adoradores de Maradona
Torcedores argentinos fanáticos resolveram radicalizar. Promoveram o ex-jogador Diego Maradona, ainda em vida, de “rei” do futebol a “deus” de uma seita denominada “Igreja Maradoniana”, também conhecida como “A Mão de Deus”, uma referência ao gol que o atleta marcou em 1986 contra a Inglaterra.
O grupo possui menos de mil adeptos. Foi fundado em outubro de 2002, em Paso Sport, na cidade do Rosário. O único objetivo é a exaltação de Maradona. Já possuem um templo, um calendário religioso para marcar os eventos principais da vida do craque, que se dividem em a.D. (antes de Diego) e d.D. (depois de Diego), e alguns hinos. Para não se sentirem inferiores às outras igrejas, resolveram criar também sua própria “bíblia”, intitulada “Eu sou o Diego do povo”, uma biografia do ex-jogador.
Como é possível alguém exercer fé nestes absurdos?
Como são possíveis tamanhos absurdos? Devem estar se perguntando os leitores de Defesa da Fé. Haveria alguma explicação plausível concernente à tendência megalomaníaca dentro desses caóticos grupos religiosos e seus cultos aberrantes? Alguns estudiosos do assunto, como o professor Moraleda, que, entre outras matérias, leciona antropologia religiosa, dizem que essa tendência é fruto da aplicação de técnicas de controle mental.
Quanto a essa questão, declarou o professor: “... há nelas (nas técnicas mentais) uma tendência bem visível de constituir-se em organizações autoritárias e fortemente estruturadas. O passo para o fanatismo é fácil de se dar. A seita destrutiva se organiza como agrupamento totalitário, no qual se utilizam técnicas de persuasão coercitiva (que constrange alguém a fazer algo) e controle mental, para conseguir a total submissão dos indivíduos ao líder e a entrega sem reservas à idéia coletiva; por seu caráter alienante, são grupos potencialmente destruidores da personalidade dos membros”.1 1
Cremos, portanto, que a origem de todas essas heresias está fincada no âmbito espiritual. As pessoas estão cansadas da fé que professam e, para a maioria, sua religião tem-se tornado fria e impessoal. Não há vida, não preenche a necessidade básica de seus membros. O modo alternativo de crença e prática das seitas é extremamente atrativo para alguns. As seitas oferecem um mundo alienado, porém, personalizado. Lembre-se, o homem é “incuravelmente religioso” (Paul Sabatier), portanto, “precisa ter um Deus, ou, então, criará um ídolo” (Martinho Lutero).
O que expomos foram apenas alguns exemplos que pesquisamos, entre muitos,  os quais não caberiam neste artigo. Os grupos apontados satisfazem às solicitações, por e-mails, que o ICP recebe diariamente em seu Departamento Teológico.
Devemos ficar atentos ao perigo que as seitas e seus cultos representam para a sociedade, de modo geral. Felizmente, muitos governos já estão tomando providências a respeito. Como cristãos, temos a tarefa de alertar sobre toda e qualquer manifestação religiosa que contrarie as verdades bíblicas. Eis o motivo deste texto!
Fontes
1 http://www.malagrino.com.br/online/olmwaco.html
2 Porque Deus condena o espiritismo, Jefferson Magno Costa, CPAD,  p. 216-7.
3 Ibid.
4 Revista Defesa da Fé, nº 40.
5 www.cacp.org.br
6 http://www.churchofeuthanasia.org/
7 Revista Defesa da Fé, nº 43.
8 Nome da mansão que Elvis Presley comprou para seus pais, em 1957, na cidade de Menphis, no Estado do Tennessee, EUA.
9 http://www.geocities.com/presleyterian_church/home.html
10 http://www.correiodabahia.com.br/2004/03/24/noticia.asp?link=not000090074.xml
11 As seitas hoje, José Moraleda, Ed. Paulus, p. 10-1.
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TOLERÂNCIA ZERO


Por Valmir Nascimento

Estamos cismados. Cismados com uma palavra. Uma simples e pequena palavra. Segundo a classe dos intelectuais, essa palavra é o motivo das guerras entre os povos, a razão dos embates religiosos, a fonte dos preconceitos raciais e sociais, e, por fim, o caos da humanidade.
Que palavra é essa?
Intolerância!
Estamos cismados porque os evangélicos, freqüentemente, são ligados a essa palavra. Tacham-nos de intolerantes, preconceituosos, indiferentes, fundamentalistas, exclusivistas, etc.
André Petry, colunista da revista Veja, é um desses intelectuais que constantemente relacionam a palavra intolerância à fé evangélica. Em uma das edições do periódico,[1] por exemplo, por meio de um artigo intitulado “É só preconceito”, assim argumentou: “O ruim da onda evangélica que cresce no Brasil é que, por trás dela, vem uma tonelada de preconceito religioso”. Mais adiante, ele aduz: “Trata-se da mais abjeta intolerância religiosa — um câncer social que todos, ateus inclusive, devem combater”.
Petry é um dos grandes defensores brasileiros da assim chamada “tolerância religiosa”. Sua coluna na revista Veja, aliás, é palco de constante investida contra a fé evangélica. Quando não é desfazendo-a, por causa do fundamentalismo bíblico contra o aborto e a eutanásia, é atacando-a pelo que ele denomina de “preconceito dos evangélicos contra as demais religiões”.
Petry não é tolo, e devemos admitir. Não possui o sentimentalismo de Lya Luft, nem escreve crônicas “ninguém-tá-entendendo-nada”, no melhor estilo Millor Fernandes. Por outro lado, ainda não atingiu a inteligência de Stephen Kanitz, nem o criticismo desenfreado “ame-me ou odeie-me”, de Diogo Mainardi.
Devemos convir, portanto, que Petry, muitas vezes, acerta, principalmente quando faz comparações na forma como a justiça brasileira diferencia as pessoas pelo seu nível econômico, apresentando casos absurdos de injustiça social. Seu estilo raivoso de escrever, porém, não poucas vezes, acaba atacando ferozmente a fé evangélica. Ele coloca no mesmo saco todos os tipos de evangélicos e, depois, soca-os até não sobrar nenhum gemido.
Mas o articulista da Veja não está sozinho. Recentemente, o jornal Folha de São Paulo deu a seguinte notícia: “Ministério Público Federal da Bahia quer proibir a venda em todo o Brasil de um livro escrito por um pastor evangélico. Os procuradores federais, por meio de uma ação civil pública, alegam que a obra é ‘degradante, injuriosa, preconceituosa e discriminatória em relação a determinadas religiões’”.[2]
Nota-se, portanto, a existência de uma crescente onda de antiintolerância religiosa e o núcleo desses ataques são os evangélicos: os réus do momento, os culpados da última hora, os responsáveis pelas mazelas sociais.

O deus da atualidade
Mas não era para ser diferente. Afinal, como disse Erwin Lutzer , o novo deus da atualidade se chama “tolerância”.
 Esse novo deus é o nosso único absoluto, a única bandeira considerada merecedora de nossa honra. Esse tipo de tolerância é usada como desculpa para o ceticismo perpétuo, para manter a distância qualquer compromisso com a religião (Deus). Também é uma entrada para ficar vulnerável quanto à aceitação das mais bizarras idéias. A pressão para aceitar essa “tolerância acrítica” está crescendo ano após ano.
O motivo do ataque aos cristãos evangélicos, portanto, é muito claro. Eis que, baseados na Bíblia Sagrada, temos posicionamentos claros acerca das principais questões que envolvem a vida do ser humano: Quem somos, de onde viemos e para onde vamos? E é exatamente aí que reside o problema. Pois, segundo a tropa de choque “antiintolerância”, somos fundamentalistas demais sobre nossas convicções quanto à origem, à natureza e ao destino do ser humano. Não aceitamos outros posicionamentos. Cremos que somente a nossa idéia está correta. Não toleramos os ensinos contrários.
Eis o ponto no qual gostaríamos de chegar: o significado da palavra tolerância. Será que somente os cristãos são intolerantes? É possível que alguém seja completamente tolerante?
Recorrendo ao dicionário, descobre-se que tolerância significa “suportar com paciência; agüentar; permitir; conformar; consentir; transigir ou deixar que aconteça”. Intolerante, destarte, é “todo aquele que não se conforma; não consente ou não transigi com os posicionamentos contrários”.
Feitas essas considerações, é perfeitamente possível perceber que não existem pessoas completamente tolerantes no sentido estrito da palavra. Afinal, quando aqueles que se dizem tolerantes se manifestam contrários e não permitem ou não consentem com as declarações dos chamados “intolerantes”, estão sendo, na verdade, os intolerantes da história.
Para ser mais claro, voltemos ao caso de André Petry. Quando esse colunista se posiciona contrário aos evangélicos, não suportando com paciência as doutrinas bíblicas apregoadas e não consentindo com sua forma de pensar, está fazendo o papel de intolerante, intransigente e inconformado. Ora, tolerar não é deixar que aconteça? Então, qual é o motivo pelo qual ele não deixa os religiosos com as suas convicções e ele com a dele?
A resposta é simples: nesse mundo não existem completos tolerantes. No final das contas, ou no frigir dos ovos, como queiram, todos somos intolerantes ante o mundo em que vivemos. Seja para defender uma religião, uma cosmovisão, um partido político ou até mesmo um time de futebol. Os debates, as opiniões contrárias e os posicionamentos divergentes fazem parte da nossa vida.
As pessoas que se dizem tolerantes e, ao mesmo tempo, sãos contrárias à forma de pensar de determinada religião, são, também, intolerantes. Intolerantes que se escondem por trás da capa da liberdade de expressão. Intolerantes intelectuais que argumentam que suas posições racionais antiexclusivistas é a coisa mais sensata e inteligente que já existiu. Intolerantes que se dizem neutros, mas que, na realidade, pendem para determinado lado. Ou, ainda, tolerantes que se mostram intolerantes para com os denominados intolerantes.
Em última instância, vivemos em um mundo de intolerância. Em um mundo em que os ateus não toleram os cristãos, que não toleram os muçulmanos, que, por suas vez, não toleram os judeus. Mas isso não é o caos. Caos, de fato, seria se cada um desses grupos fosse coagido e obrigado a aceitar o que os demais professam. O erro está em querer que todos sejamos tolerantes. Coniventes. Acríticos. Tapados.
Algo, porém, deve ficar muito evidente. A tolerância pode ser classificada de duas maneiras legítimas.
Primeiro, vem a tolerância legal, que é o direito que cada pessoa tem de acreditar em qualquer crença (ou em nenhuma) que se queira acreditar. E, como disse Erwin Lutzer, “tal tolerância é muito importante em nossa sociedade, e nós, como cristãos, devemos manter a nossa convicção de que ninguém jamais deve ser coagido a crer no que cremos”.
Segundo, a tolerância social, que é o compromisso de respeitar todas as pessoas, mesmo que discordemos frontalmente de sua religião e idéias. Quando nos envolvemos com outras religiões e questões morais na feira ideológica, isso deve ser feito com cortesia e bondade. Temos de viver em paz com todos os indivíduos, mesmo com os de convicções e crenças divergentes.
Portanto, a tolerância, no sentido de direito de professar qualquer tipo de religião ou não professar nenhuma, ou como significado de respeito às demais, não deve nunca ser combatida. Contudo, no real significado da palavra, como relatado anteriormente, ser intolerante é algo natural. Não podemos ser coniventes com aquilo em que não acreditamos. Não podemos tapar os olhos quando vislumbramos que ideologias absurdas provocam males na sociedade. Não podemos transigir com posicionamos contrários à vida. Não podemos ter paciência com opiniões que contrariam a essência da natureza.
O que dever ser atacado, portanto, não é essa intolerância, mas, sim, o fanatismo. Fanatismo cruel e sanguinário que provoca a morte de milhares de pessoas anualmente. Fanatismo religioso e não-religioso que defende a guerra a qualquer custo. Fanatismo intelectual que tentar censurar os cristãos sob a alegação de liberdade. Fanatismo racionalista que tenta calar a boca dos evangélicos. Fanatismo pós-modernista que tenta nos obrigar a sermos relativistas. Isso sim deve ser combatido. E lembre-se: o simples fato de você não consentir com o que foi escrito nesse artigo faz de você um intolerante.
Portanto, quando encontrar um legítimo tolerante, por favor, avise-nos!

Notas:



[1]Revista Veja, ed. 1929,  de 2 de novembro de 2005.
[2]Jornal  Folha de São Paulo, caderno “Cotidiano”, 8/11/05.
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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

TEM CERTEZA DA SUA SALVAÇÃO?

Por Gilson Barbosa

Todos os que professam a fé em Cristo deveriam ter certeza de estarem no favor divino e em estado de salvação, mas infelizmente não é isso que vemos. Notamos a presença de crentes tristes, frustrados, ansiosos e medrosos, no que diz respeito a esse assunto. Muitos pensam semelhante ao que é ensinado no catolicismo romano: é impossível saber se somos salvos. O teólogo Archibald Alexander Hodge escreve:

Os católicos, sustentando que a fé cristã é principalmente o assentimento implícito ao ensino de uma sociedade infalível e visível chamada igreja, e a conformidade obediente com esse ensino, negaram estrenuamente que os indivíduos particulares tenham qualquer autoridade bíblica para nutrirem uma persuasão segura de que são objetos especiais do favor divino. Costumavam asseverar que nem é “obrigatório”, nem “possível”, nem “desejável”, que alguém nutra tal convicção sem alguma revelação especial e sobrenatural.[1]

Contudo, é plenamente possível termos uma convicção firme e segura que somos eleitos do Senhor. Traz grande gozo à nossa alma sabermos que Cristo assegurou a nossa salvação: “E a vontade do Pai que me enviou é esta: que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia” (João 6: 39). Se a vontade de Deus se realizará “assim na terra como no céu” (Mateus 6: 10) então é certo que a sua vontade - de que nenhum dos seus eleitos se perca - será efetivada. Daí uma vez que verdadeiramente fomos regenerados e justificados podemos ficar tranquilos, pois ele nos preservará até sua vinda: “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1:6).

Há um grande engano quando alguns afirmam que a doutrina da preservação ou segurança do crente incide em imoralidade espiritual. Alguém diz: “se uma vez salvo, salvo para sempre, então podemos pecar à vontade?”. Os que pensam assim comprovam que não possuem nenhum conhecimento bíblico. Acaso não está escrito na Palavra de Deus: “QUE diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Romanos 6:1, 2). O fato de termos certeza da nossa salvação nos leva a vivermos mais e mais em santidade: “Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis” (II Pedro 1:10).

O plano de Deus abrange dois elementos: salvação e serviço. Por isso, Deus nos salvou para algo. Impressiona-me os inúmeros crentes temporários e os que não se converteram. Eles tentam usufruir os efeitos de estarem unidos a Cristo a qualquer custo e não conseguem. Enquanto lutam sozinho contra a concupiscência da carne, são derrotados por ela constantemente e vivem pecando. Muitos estão na igreja visível, mas não fazem parte do corpo de Cristo nem estão em união com Ele. Por isso são frequentes os escândalos dentro do evangelicalismo brasileiro. A questão é de regeneração e não de santificação. Inúmeras pessoas que estão em iminência na igreja local não são verdadeiramente convertidas a Cristo. Note os exemplos bíblicos abaixo:

Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam. E não quereis vir a mim para terdes vida. (João 5: 38, 39)

Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade. E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto; Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns. (II Timóteo 2: 16-18)

Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague segundo as suas obras. Tu guarda-te também dele; porque resistiu muito às nossas palavras. (II Timóteo 4: 14, 15)

Filhinhos, é já a última hora: e, como ouvistes que vem o anticristo, também agora muitos se têm feito anticristos: por onde conhecemos que é já a última hora. Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco: mas isto é para que se manifestasse que não são todos de nós. (I João 2: 18, 19)

Conservando a fé, e a boa consciência, rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé. E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar. (I Timóteo 1: 19, 20)

Todos estes exemplificam crentes que estão envolvidos superficialmente com o evangelho de Cristo. Aparentemente são regenerados, leem e estudam a Bíblia, muitos são teólogos brilhantes, vão aos cultos, cantam e oram juntos com o povo, mas não apresentam os sinais autênticos de conversão: “E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi pois frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3:7, 8). Sobre estes o escritor aos Hebreus já alertava (6:4-6): “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”. Alguém ensina que esses versículos referem-se a casos de apostasia, mas o contexto deixa claro que na verdade essas pessoas nunca foram regeneradas (vs 7-12).

Alguém pode perguntar: “mas como saber se gozo do favor salvífico do Senhor?” ou “como ter a certeza da minha salvação?”. Há pelo menos três fundamentos que nos levam a ter certeza da graça e da salvação: a eleição Divina, a expiação de Cristo na cruz do Calvário e o selo do Espírito Santo. Quanto ao primeiro fundamento Paulo escreveu: “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade” (II Tessalonicenses 2:13); quanto ao segundo fundamento está escrito em Romanos 5: 8, 9: “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”; e a respeito do terceiro fundamento temos o seguinte: “Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, o qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações” (II Coríntios 1: 21,22).

Se Deus nos elegeu (escolheu) desde o princípio para a salvação, se justificados pelo seu sangue seremos salvos da ira, e se o Espírito Santo nos selou e deu seu penhor em nossos corações, então podemos ficar tranquilos nessas promessas: “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu” (Hebreus 10:23).

Alguns versículos parecem contradizer essa firme convicção de vida eterna:

Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados. (II Coríntios 13:5);

Se, na verdade, permanecerdes fundados e firmes na fé, e não vos moverdes da esperança do evangelho que tendes ouvido, o qual foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, estou feito ministro. (Colossenses 1: 23);

Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha dalguma maneira a ficar reprovado. (I Coríntios 9: 27).

Contudo, esses versículos denotam preocupação e não dúvida. Deus nos chamou para a santificação: “Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” (I Tessalonicenses 4:7), e esta é tanto posicional quanto progressiva. Um crente regenerado não vive na prática do pecado: “Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo. Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus” (I João 3: 7-10).

Portanto, como o apóstolo Paulo não sabia quem eram os eleitos do Senhor na igreja visível, era normal que colocasse as palavras deste modo para que eles se manifestassem. Igualmente, aqueles que dizem ser crentes, mas vivem na concupiscência da carne, pecando constantemente, comunicando-se com as obras infrutuosas das trevas, devem ficar atentos, pois a ira de Deus permanece sobre eles e dão sinais de que nunca foram regenerados.

Você tem dúvida se é salvo ou que goza do favor Divino? Você se preocupa com esse assunto? Se tiver buscado chegar a essa compreensão pelo uso constante dos meios extraordinários tais como profecias, êxtase espiritual, revelações, experiências de poder, etc, você está perdidamente confuso. Busque essa segurança na Palavra de Deus e no testemunho interno do Espírito Santo: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8: 16).

Em Cristo, com amor!



[1] Esboços de Teologia, p. 665, Editora PES.
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