Amigo leitor: antes de ler a
postagem preste atenção na letra do hino (Hinário Novo Cântico, hino 128) abaixo:
Preciosas são as
horas, na presença de Jesus!
Comunhão deliciosa da
minha alma com a luz
Os cuidados deste
mundo não me podem abalar,
Pois é ele o meu
abrigo quando o tentador chegar. (bis)
Ao sentir-me rodeado
de cuidados terreais,
Irritado e abatido, ou
em dúvidas fatais,
A Jesus eu me dirijo
nesses tempos de aflição;
As palavras que ele
fala trazem paz consolação. (bis)
Se confesso meus
temores, toda a minha imperfeição,
Ele escuta com
paciência essa triste confissão.
Com ternura repreende
meu pecado e todo o mal;
É Jesus o meu Amigo,
o melhor e o mais leal. (bis)
Se quereis saber quão
doce é a divina comunhão,
Podereis mui bem
prová-la e tereis compensação.
Procurai estar
sozinhos em conversa com Jesus,
Provareis na vossa
vida o poder que vem da cruz. (bis)
Algumas pessoas mal informadas atribuem ao pensamento
doutrinário dos calvinistas inúmeras caricaturas. Entre elas está a oração. Na opinião
de muitos irmãos, os calvinistas não oram. Outros imaginam que suas orações são
ineficazes, já que enfatizam a soberania de Deus e Seus decretos eternos.
O primeiro ponto é que a oração não é uma preferencia teológica
e nem propriedade desta ou de outra denominação. A oração é uma doutrina
bíblica. O que muitos confundem é que calvinistas são discretos no uso da
oração no culto público, mas são incentivados a orar em todo o tempo – seguindo
a recomendação paulina (I Tessalonicenses 5:17). Num culto presbiteriano, por exemplo, você observará
que há várias orações intercaladas. São feitas orações de gratidão, de
confissão de pecados, de intercessão, de súplica, etc. Mas a oração não é enfeite
litúrgico nem para servir de uso exclusivo para o culto público. Devemos orar sempre.
O Reverendo Hernandes Dias Lopes comentando I
Tessalonicenses 5:17 afirma que os “crentes devem viver em tal comunhão com Deus
que a oração, quer falada, quer silenciosa, sempre seja fácil e natural para
ele. O cristão não está confinado a alguns horários fixos de oração, mas pode
orar em qualquer tempo e em todos os lugares”. Não importa se você ora muito bem
no culto se sua vida devocional íntima com o Senhor é inexistente.
O segundo ponto é que o fato de Deus ser Soberano e ter
decretado todas as coisas não inutiliza a eficácia e o poder da oração. O
teólogo Franklin Ferreira aponta em sua Teologia Sistemática que na aplicação
da vontade de Deus a Bíblia faz três distinções: a vontade decretativa, a
vontade permissiva e a vontade preceptativa. Mas podemos orar com eficácia com
base nesta liberdade da vontade de Deus. Devemos orar para que aquilo que Deus
decretou na eternidade se cumpra. Por exemplo: não oramos pela vinda de Cristo?
Devemos orar intercedendo por pessoas ímpias – não oramos pelo governo mesmo
ele estabelecendo leis ímpias e estando naufragado em tantas corrupções?
Devemos orar, pois é o desejo de Deus que sejamos justos e tenhamos comunhão
com Ele.
O fato é que o mesmo Deus que decretou o fim decretou também
que um dos meios utilizados para alcançar Seu objetivo seja a oração. A oração
não muda a vontade de Deus. Até mesmo irmãos arminianos piedosos e tementes a
Deus, tal como o pastor Elinaldo Renovato, entende implicitamente assim. Ao
comentar sobre a terceira petição da Oração do Pai Nosso ele disse: “Seja feita
a tua vontade, tanto na terra como no céu”. Temos aqui a oração típica de quem
é servo, que não tem vontade própria, e submete-se incondicionalmente a seu
Senhor”’ (Lições Bíblicas – lição 5: Jesus e a oração).
O pastor Augustus Nicodemus no seu artigo sobre oração disse
uma frase que não deve ser interpretada fora do seu contexto: “Orações não
geram realidades espirituais e nem engravidam a história”. Ele não quer dizer
que não devemos orar, nem que a oração é inútil, nem que não devemos buscar o
poder do alto. Sua fala refere-se aos adeptos da teologia da prosperidade que
pensam que há uma dimensão espiritual que Deus legalmente reservou aos crentes.
Para conquistar as bênçãos terrenas basta trazer esta realidade espiritual para
a esfera material. Isso acontece por meio de palavras tais como “decreto isso,
declaro aquilo, etc”.
Em Cristo,