sábado, 31 de dezembro de 2011

AS HERESIAS DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


Por Gilson Barbosa

A Teologia da Prosperidade trata-se de um movimento e não uma seita. São conhecidos por outros nomes tais como “Confissão Positiva”, “Evangelho da Prosperidade”, “Movimento da Fé”, “Palavra da Fé”. Não é uma denominação, mas seus ensinamentos podem estar imiscuídos nelas. Ainda que não seja uma seita, seus ensinos são heréticos. O herege é aquele que se desvia do alvo principal, e as heresias são os ensinamentos desfocados do alvo ortodoxo, proposto pelas Escrituras Sagradas.

MARY BAKER EDDY
Como a crença em visões, profecias e revelações, fazem parte da cosmovisão pentecostal, foi no pentecostalismo que os pregadores da prosperidade encontraram terreno fértil para a proliferação e manutenção das suas heresias. Kenneth Erwin Hagin (1917-2003), um dos importantes mentores do movimento, alegava possuir autoridade profética e ao longo da sua jornada cristã teve várias visões e revelações. Porém, a origem deste movimento espúrio encontra-se nas seitas metafísicas do início do século XX, nas áreas próximas à Boston (USA), e nos ensinamentos de Mary Baker Eddy, fundadora da seita norte-americana Ciência Cristã.

Mary Baker Eddy negava a realidade da doença. Dizia que era o ser humano que formava as doenças através de uma postura mental errada. Para ela uma atitude mental que considerasse a doença uma realidade, poderia agravar o quadro do doente:

Compreender que a doença é formada pela mente humana, não pela matéria, nem pela mente divina, acaba com o sonho de moléstia. É tratamento mental errôneo fazer da doença realidade – considera-la como algo que se vê e se sente – e depois tentar curá-la pela mente. Não é menos errôneo acreditar na existência real de um tumor, de um câncer, ou de pulmões afetados, enquanto argumentas contra a sua realidade, do que teu paciente sentir esses males segundo a crença física. A prática mental, que considera a moléstia uma realidade, fixa a doença ao paciente, e esta talvez apareça sob uma forma mais alarmante.

No momento oportuno, explica aos doentes o poder que suas crenças exercem sobre seus corpos. Dá-lhes compreensão divina e sadia para poderem combater seus conceitos errôneos e assim apagar da mente mortal as imagens de doença. Quando um sofredor se convence de que não há realidade na sua crença de dor – porque a matéria não tem sensação, e por isso a dor na matéria é uma crença errônea – como pode ele continuar a sofrer?[1]

Conforme explica o Dr Alan Pierat (O Evangelho da Prosperidade) a cosmovisão prevalecente no movimento da prosperidade baseia-se em dois pressupostos: “Primeiro, pressupõe-se que o mundo material está debaixo do controle de forças espirituais. Segundo, ensina-se que essas forças podem ser manipuladas e controladas por meio da fé.” A Ciência Cristã ensina que os pensamentos humanos podem controlar as forças espirituais, ou seja, as leis espirituais são regidas pela vontade humana. Desta forma, a saúde e as riquezas estão ao alcance de todos os crentes.

A fé é o elemento primordial, responsável por apoderar-se das forças do mundo invisível e projetá-los no mundo visível. Kenneth Hagin chega até mesmo dizer que a fé do crente é do mesmo tipo da fé que Deus possui. Deus disse “Haja luz; e houve luz”; “Haja firmamento; e houve firmamento”; “Haja luzeiros no firmamento; e houve luzeiros no firmamento”. Da mesma forma o crente deve confessar, por meio da palavra, o sucesso financeiro e a saúde física. Afirma,também, ser errado dizer a Deus na oração “se for da tua vontade”, pois isso demonstra dúvida.

Ocorre, porém, que por sermos humanos, limitados, não oniscientes, não sabemos o que nos acontecerá daqui a um segundo, por isso confiamos em Deus e submetemos a Ele as realizações da nossa vida futura. Ouvi, numa escola dominical, um professor (Dr Elizeu de Souza) dizer que uma criança, por exemplo, sabe o que quer, mas não sabe que não pode ter ou fazer o que quer. Deu o seguinte exemplo: uma criança sabe que quer colocar o dedo numa tomada, mas não sabe que não deve colocar o dedo na tomada. Assim somos nós diante de Deus: sabemos o que queremos, mas, não sabemos o que é melhor para nós. Aliás, talvez o que queremos seja até mesmo perigoso (como o caso da criança colocar o dedo na tomada). Não é errado orar para que Deus faça Sua vontade. Não foi isso que Jesus ensinou na oração do Pai nosso: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como nos céus”. Entendemos que a vontade de Deus prevalece até mesmo no céu, que dirá na terra!

O ensino da Confissão Positiva pressupõe que aquilo que está apenas na mente é trazido à existência, ao mundo físico, por meio de um pensamento certo e uma confissão correta. Nada de pensamento negativo, e até mesmo uma ponderação razoável é descartada. Ainda que Kenneth Hagin não negue absolutamente a realidade das doenças, porém, seu entendimento de que é necessário entender corretamente as dores e doenças (uma questão de reflexão e postura mental) acaba por negar que elas sejam reais. É assim que o crente conquista riquezas e saúde. Num de seus livros Kenneth Hagin afirma:

Quando você faz uma confissão positiva da fé, é criada uma realidade na sua vida. E então, você caminha na realidade das bênçãos de Deus... Se confessamos fraquezas, fracassos, e doenças, destruímos a fé... Quando conservamos firme nossa confissão, trazemos Deus para o cenário. Nossas confissões nos governam. Essa é uma lei espiritual que poucos de nós percebem... Eu falo para as pessoas o tempo todo: “Se você não está satisfeito com o que tem na vida, então mude o que você está dizendo. Você criou o que tem em sua vida com suas próprias palavras”.

Entretanto, o pastor Paulo Romeiro no livro Super Crentes (p.26) exemplifica a passagem bíblica (Gn 42.36) onde os irmãos de José ao regressarem do Egito sem a presença de Simeão diz o seguinte: “Tendes-me privado de filhos: José já não existe, Simeão não está aqui, e ides levar a Benjamim! Todas estas coisas me sobrevêm”. Note que ele disse algo negativo “José já não existe”. Contudo, isso não provocou a morte de José no Egito, e, portanto não se constituiu em maldição. É óbvio que não é bom o crente viver a vida reclamando, se subestimando, maldizendo, mas, não é porque suas palavras materializarão maldição, mas porque temos convicção que Deus está no controle de todas as coisas, não só no mundo todo como também nos pequenos detalhes da nossa vida.

Ensinam também, os pregadores da prosperidade, que até mesmo os conselhos médicos, apesar de atribuirem importância a ciência médica, não deveriam ser tão necessários aos que atingem uma fé madura. Os crentes que procuram os médicos denotam não terem fé suficiente nem madura para apossarem-se da cura, por isso permanecem doentes. Em outro entendimento, a culpa por estar doente é do próprio crente. Diz Kenneth Hagin:

Não me compreenda mal: não sou contra os médicos. Dou graças a Deus por eles. A ciência médica ajudará as pessoas tanto quanto puder. Se eu tivesse tido necessidade de ir a um médico nestes últimos cinqüenta anos, teria ido — mas nunca foi necessário. Por outro lado, já mandei outras pessoas aos médicos, paguei as contas, e comprei os remédios (muitas vezes, os médicos conseguem manter as pessoas com vida até que possamos colocar dentro delas uma dose suficiente da Palavra para receberem a cura divina total).

Romildo Rodrigues Soares (Igreja Internacional da Graça de Deus – R.R. Soares) até mesmo diz que é errado o cristão procurar ajuda médica, em qualquer circunstancia:

Alguém uma vez me disse: Mas, Deus não colocou os médicos no mundo?... Eu respondi: É verdade. Ele é tão bom que pensou nos crentes incrédulos.[2]

CIÊNCIA CRISTÃ, BOSTON, MASSACHUSETTS
É curioso esse ponto, pois Mary Baker Eddy (fundadora da seita Ciência Cristã) considerava toda a ciência médica sem valor e má:

Por que dar apoio aos sistemas populares de medicina, quando o médico talvez seja um infiel e talvez perca noventa e nove pacientes, enquanto a Ciência Cristã cura todos os cem que lhe competem? Será porque a alopatia e a homeopatia estão mais em moda e são menos espirituais?[3]

SEMELHANÇAS ENTRE O GNOSTICISMO E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE 


A menção de semelhança entre o ensino da Teologia da Prosperidade e o movimento gnóstico é devido à cosmovisão dualista. Em primeiro lugar, está o fato de que na doutrina gnóstica subjaz um conhecimento especial, reservado para quem possuíssem verdadeiro entendimento. Esta era a chave secreta do gnosticismo: um conhecimento reservado aos que possuíssem um entendimento diferenciado, descoberto. Nos ensinos da Teologia da Prosperidade o entendimento é o mesmo. A chave para a posse da saúde e da prosperidade tem de ser descoberta por meio de um conhecimento especial, secreto, por meio da mente. E isso não está à disposição de todos, é por isso que nem todos são ricos ou ainda lutam com doenças. À medida que vão descobrindo o poder latente da mente, por meio da confissão positiva, alcançarão a cura e as riquezas. O segundo ponto, é a negação da matéria, com o entendimento de que ela é má. Se bem que esse ensino tem a ver com a soteriologia (como os gnósticos entendiam a salvação do ser humano), ele possui implicações no entendimento da constituição humana (corpo, alma/ espírito). Diziam eles:

O ser humano, segundo eles, é um espírito eterno que, de algum modo, ficou encarcerado neste corpo. Já que o corpo é cárcere do espírito, e já que nos oculta a nossa verdadeira natureza, o corpo é mau. O propósito último do gnóstico é, então, escapar deste corpo e deste mundo material no qual estamos exilados.[4]

Apesar de aparentar ser tricotomista o entendimento que Kenneth tem da constituição humana não é claro. Para ele a alma está intrinsecamente ligada à mente da pessoa sendo que o espírito humano é superior ao corpo e a alma/mente:

Resumidamente, a natureza tríplice do homem é a seguinte: (1) espírito — a parte do homem que lida com a dimensão espiritual, (2) a alma — a parte do homem que lida com a dimensão mental: seu raciocínio e seus poderes intelectuais; (3) o corpo — a parte do homem que lida com a dimensão física.

Há um homem interior. E há um homem exterior. O homem exterior não é o eu verdadeiro. O homem exterior é apenas a casa que você habita. O homem interior é o eu verdadeiro. O homem interior nunca envelhece. É renovado de dia em dia. Ele é o homem espiritual.

O entendimento é que Deus se interessa apenas pelo espírito em detrimento da alma/mente e do corpo. É por isso que a cosmovisão dualista cristã é perigosa (LEIA AQUI). Ou seja, a mente e o corpo não tem nada a ver com a realidade espiritual. É essa visão errada e estranha da constituição humana que faz Kenneth Hagin pensar que corrigindo a postura mental, podemos materializar aquilo que está no mundo espiritual.

A VULNERABILIDADE DO MOVIMENTO PENTECOSTAL


Aqui está apenas uma parte pequena dos ensinos da Teologia da Prosperidade. Ao longo das lições bíblicas vamos expondo suas heresias. Entendimentos mais graves são aceitos e ensinados por eles. Creio que devemos repudiar veemente seus pensamentos e ensinamentos. Por encontrar terreno fértil no pentecostalismo, por causa das profecias, revelações e visões, é salutar que os pastores, professores de teologia e Escola Dominical, possuam discernimento espiritual e compreendam que a aceitação desse tipo de “teologia” nos afasta gradualmente do modelo teológico, doutrinário da ortodoxia que vem sendo ensinada a mais de dois mil anos.

Em Cristo,


[1] Série Apologética, ICP, Vol VI, p, 31,
[2] SOARES, R.R. Como Tomar Posse da Bênção. Graça Editorial, 1987.
[3] Ciência e saúde com a chave das Escrituras, p. 344.
[4] GONZÁLEZ, Justus. A Era dos Mártires. Editora Vida Nova. Volume 1, p. 96.
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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

RAIZES HISTÓRICAS DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE

Por Alderi Souza de Matos 



O evangelicalismo brasileiro apresenta características apreciáveis e preocupantes. Entre estas últimas está o gosto por novidades. Líderes e fiéis sentem que, para manter o interesse pelas coisas de Deus, é preciso que de tempos em tempos surja um ensino novo, uma nova ênfase ou experiência. Geralmente tais inovações têm sua origem nos Estados Unidos. Assim como outros países, o Brasil é um importador e consumidor de bens materiais e culturais norte-americanos. Isso ocorre também na área religiosa. Um movimento de origem americana que tem tido enorme receptividade no meio evangélico brasileiro desde os anos 80 é a chamada teologia da prosperidade. Também é conhecida como “confissão positiva”, “palavra da fé”, “movimento da fé” e “evangelho da saúde e da prosperidade”. A história das origens desse ensino revela aspectos questionáveis que devem servir de alerta para os que estão fascinados com ele.

Ao contrário do que muitos imaginam, as idéias básicas da confissão positiva não surgiram no pentecostalismo, e sim em algumas seitas sincréticas da Nova Inglaterra, no início do século 20. Todavia, por causa de algumas afinidades com a cosmovisão pentecostal, como a crença em profecias, revelações e visões, foi em círculos pentecostais e carismáticos que a confissão positiva teve maior acolhida, tanto nos Estados Unidos como no Brasil. A história de seus dois grandes paladinos irá elucidar as raízes dessa teologia popular e mostrar por que ela é danosa para a integridade do evangelho.

Essek W. Kenyon, o pioneiro

Embora os adeptos da teologia da prosperidade considerem Kenneth Hagin o pai desse movimento, pesquisas cuidadosas feitas por vários estudiosos, como D. R. McConnell, demonstraram conclusivamente que o verdadeiro originador da confissão positiva foi Essek William Kenyon (1867-1948). Esse evangelista de origem metodista nasceu no condado de Saratoga, Estado de Nova York, e se converteu na adolescência. Em 1892 mudou-se para Boston, onde estudou no Emerson College, conhecido por ser um centro do chamado movimento “transcendental” ou “metafísico”, que deu origem a várias seitas de orientação duvidosa. Uma das influências recebidas e reconhecidas por Kenyon nessa época foi a de Mary Baker Eddy, fundadora da Ciência Cristã.

Kenyon iniciou o Instituto Bíblico Betel, que dirigiu até 1923. Transferiu-se então para a Califórnia, onde fez inúmeras campanhas evangelísticas. Pregou diversas vezes no célebre Templo Angelus, em Los Angeles, da evangelista Aimee Semple McPherson, fundadora da Igreja do Evangelho Quadrangular. Pastoreou igrejas batistas independentes em Pasadena e Seattle e foi um pioneiro do evangelismo pelo rádio, com sua “Igreja do Ar”. As transcrições gravadas de seus programas serviram de base para muitos de seus escritos. Cunhou muitas expressões populares do movimento da fé, como “O que eu confesso, eu possuo”. Antes de morrer, em 1948, encarregou a filha Ruth de dar continuidade ao seu ministério e publicar seus escritos.

Quais eram as crenças dos tais grupos metafísicos? Eles ensinavam que a verdadeira realidade está além do âmbito físico. A esfera do espírito não só é superior ao mundo físico, mas controla cada um dos seus aspectos. Mais ainda, a mente humana pode controlar a esfera espiritual. Portanto, o ser humano tem a capacidade inata de controlar o mundo material por meio de sua influência sobre o espiritual, principalmente no que diz respeito à cura de enfermidades. Kenyon acreditava que essas idéias não somente eram compatíveis com o cristianismo, mas podiam aperfeiçoar a espiritualidade cristã tradicional. Mediante o uso correto da mente, o crente poderia reivindicar os plenos benefícios da salvação.

Kenneth Hagin, o divulgador


O grande divulgador dos ensinos de Kenyon, a ponto de ser considerado o pai do movimento da fé, foi Kenneth Erwin Hagin (1917-2003). Ele nasceu em McKinney, Texas, com um sério problema cardíaco. Teve uma infância difícil, principalmente depois dos 6 anos, quando o pai abandonou a família. Pouco antes de completar 16 anos sua saúde piorou e ele ficou confinado a uma cama. Teve então algumas experiências marcantes. Após três visitas ao inferno e ao céu, converteu-se a Cristo. Refletindo sobre Marcos 11.23-24, chegou à conclusão de que era necessário crer, declarar verbalmente a fé e agir como se já tivesse recebido a bênção (“creia no seu coração, decrete com a boca e será seu”). Pouco depois, obteve a cura de sua enfermidade.

Em 1934 Hagin começou seu ministério como pregador batista e três anos depois se associou aos pentecostais. Recebeu o batismo com o Espírito Santo e falou em línguas. No mesmo ano foi licenciado como pastor das Assembléias de Deus e pastoreou várias igrejas no Texas. Em 1949 começou a envolver-se com pregadores independentes de cura divina e em 1962 fundou seu próprio ministério. Finalmente, em 1966 fez da cidade de Tulsa, em Oklahoma, a sede de suas atividades. Ao longo dos anos, o Seminário Radiofônico da Fé, a Escola Bíblica por Correspondência Rhema, o Centro de Treinamento Bíblico Rhema e a revista “Word of Faith” (Palavra da Fé) alcançaram um imenso número de pessoas. Outros recursos utilizados foram fitas cassete e mais de cem livros e panfletos.

Hagin dizia ter recebido a unção divina para ser mestre e profeta. Em seu fascínio pelo sobrenatural, alegou ter tido oito visões de Jesus Cristo nos anos 50, bem como diversas outras experiências fora do corpo. Segundo ele, seus ensinos lhe foram transmitidos diretamente pelo próprio Deus mediante revelações especiais. Todavia, ficou comprovado posteriormente que ele se inspirou grandemente em Kenyon, a ponto de copiar, quase palavra por palavra, livros inteiros desse antecessor. Em uma tese de mestrado na Universidade Oral Roberts, D. R. McConnell demonstrou que muito do que Hagin afirmou ter recebido de Deus não passava de plágio dos escritos de Kenyon. A explicação bastante suspeita dada por Hagin é que o Espírito Santo havia revelado as mesmas coisas aos dois.

Reflexos no Brasil

Os ensinos de Hagin influenciaram um grande número de pregadores norte-americanos, a começar de Kenneth Copeland, seu herdeiro presuntivo. Outros seguidores seus foram Benny Hinn, Frederick Price, John Avanzini, Robert Tilton, Marilyn Hickey, Charles Capps, Hobart Freeman, Jerry Savelle e Paul (David) Yonggi Cho, entre outros. Em 1979, Doyle Harrison, genro de Hagin, fundou a Convenção Internacional de Igrejas e Ministros da Fé, uma virtual denominação. Nos anos 80, os ensinos da confissão positiva e do evangelho da prosperidade chegaram ao Brasil. Um dos primeiros a difundi-lo foi Rex Humbard. Marilyn Hickey, John Avanzini e Benny Hinn participaram de conferências promovidas pela Associação de Homens de Negócios do Evangelho Pleno (Adhonep). Outros visitantes foram Robert Tilton e Dave Robertson.

Entre as primeiras manifestações do movimento estavam a Igreja do Verbo da Vida e o Seminário Verbo da Vida (Guarulhos), a Comunidade Rema (Morro Grande) e a Igreja Verbo Vivo (Belo Horizonte). Alguns líderes que abraçaram essa teologia foram Jorge Tadeu, das Igrejas Maná (Portugal); Cássio Colombo (“tio Cássio”), do Ministério Cristo Salva, em São Paulo; o “apóstolo” Miguel Ângelo da Silva Ferreira, da Igreja Evangélica Cristo Vive, no Rio de Janeiro, e R. R. Soares, responsável pela publicação da maior parte dos livros de Hagin no Brasil. Talvez a figura mais destacada dos primeiros tempos tenha sido a pastora Valnice Milhomens, líder do Ministério Palavra da Fé, que conheceu os ensinos da confissão positiva na África do Sul. As igrejas brasileiras sofreram o impacto de uma avalanche de livros, fitas e apostilas sobre confissão positiva. Ricardo Gondim observou em 1993: “Com livros extremamente simples, [Hagin] conseguiu influenciar os rumos da igreja no Brasil mais do que qualquer outro líder religioso nos últimos tempos”.

Conclusão

Além de apresentar ensinos questionáveis sobre a fé, a oração e as prioridades da vida cristã, e de relativizar a importância das Escrituras por meio de novas revelações, a teologia da prosperidade, através dos escritos de seus expoentes, apresenta outras ênfases preocupantes no seu entendimento de Deus, de Jesus Cristo, do ser humano e da salvação. A partir dos anos 80, várias denominações pentecostais norte-americanas se posicionaram oficialmente contra os excessos desse movimento (Assembléias de Deus, Evangelho Quadrangular e Igreja de Deus). Autores como Charles Farah, Gordon Fee, D. R. McConnell e Hank Hanegraaff, todos simpatizantes do movimento carismático, escreveram obras contestando a confissão positiva e suas implicações. Eles destacaram como, embora essa teologia pareça uma maneira empolgante de encarar a Bíblia, ela se distancia em pontos cruciais da fé cristã histórica.

No Brasil, três obras significativas publicadas em 1993 -- “O Evangelho da Prosperidade”, de Alan B. Pieratt; “O Evangelho da Nova Era”, de Ricardo Gondim; e “Supercrentes”, de Paulo Romeiro -- alertaram solenemente as igrejas evangélicas para esses perigos. Tristemente, vários grupos, principalmente os que têm maior visibilidade na mídia, estão cada vez mais comprometidos com essa teologia desconhecida da maior parte da história da igreja. Ao defenderem e legitimarem os valores da sociedade secular (riqueza, poder e sucesso), e ao oferecerem às pessoas o que elas ambicionam, e não o que realmente necessitam aos olhos de Deus, tais igrejas crescem de maneira impressionante, mas perdem grande oportunidade de produzir um impacto salutar e transformador na sociedade brasileira.


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A COSMOVISÃO DUALISTA DOS EVANGÉLICOS

Por Gilson Barbosa

Boa parte das Igrejas Assembleias de Deus estudará no 1º trimestre de 2012 assuntos que versam sobre o tema A Verdadeira Prosperidade. São temas polêmicos, pois cada grupo interpreta o assunto arbitrariamente. Até mesmo trechos bíblicos são interpretados diferentes do padrão hermenêutico gerando outro tipo de entendimento a respeito do assunto prosperidade. A qualidade do ensino doutrinário torna-se, então, irrisória e supérflua.

O mundo evangélico enfrenta o desafio de manter a qualidade teológica (ortodoxia), visto que as heresias se alastram como um vírus. Nem todos possuem condições para detectar o que é ou não heresia dentro do cenário evangélico, mas é necessário que alguém tenha. Por isso destaco a importância do estudo teológico. A questão, porém, toma ares confusos, pois o mundo evangélico é, por vezes, enigmático, misterioso.

Uma das barreiras que precisa ser derrubada, para que tenhamos sucesso no combate às heresias, é o entendimento do crente com o elemento sagrado.  Os crentes possuem cosmovisão dicotomizada, distinguindo o sagrado do profano. Até certo ponto isso é correto e certo. Porém, no caso em questão, a importância é relativa, pois, refiro-me a dicotomia entre o espiritual e o não espiritual. Para alguns crentes ir à igreja é sagrado, mas participar de uma confraternização secular, por exemplo, é profano. Outro exemplo: orar é sagrado; o ato sexual (entre cônjuges legalmente casados) é profano. Ou seja, diferenciam espiritualmente os atos seculares dos atos religiosos.

Algum leitor pode estar perguntando, mas o que isso tem a ver com as heresias? No caso dos adeptos do evangelho da prosperidade tem tudo a ver, pois fazem distinção entre o mundo espiritual e o não espiritual, sobrevalorizando aquele em detrimento deste. É claro que há diferenças entre eles, mas os pregadores da prosperidade fazem a distinção com o objetivo de negar a realidade da matéria. Os problemas de ordem física possuem ligações com o mundo espiritual. Por isso costumam denominar os vícios pecaminosos de espíritos. Por exemplo: espírito de mentira, espírito de enfermidade, espírito de inveja, etc. É por isso também que ensinam a decretar, determinar, pois, a confissão no mundo espiritual reflete e altera os desajustes na ordem material.

Há outros que misturam os entendimentos, crendo que, se abster de alguma coisa que gosta (profana) gozará os favores divinos (sagrado). Aqui cabe o exemplo daqueles que se abstém de comer chocolate, por exemplo, tendo em sua mente que Deus se agradará desse “sacrifício”. Sei de crentes que fizeram compromissos com Deus de não brincarem de futebol, para conseguirem alguma benção Divina. Irmãs que abriram mão do uso de calça, joias, e coisas do gênero, com o mesmo interesse. Mas, a contradição está no fato de que permanecem cometendo pecados objetivos (mentiras, fofocas, desonestidades, etc).

Essas atitudes têm mais a ver com paganismo do que cristianismo – a não ser que se entenda por cristianismo, o catolicismo romano. O apóstolo Paulo disse: “Portanto, quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (I Co 10.31). Guardada as devidas proporções, é assim que deve ser. Tudo que viermos fazer (no campo espiritual ou no não espiritual) temos que ter cuidado para que nisso, o nome do Senhor não seja escandalizado.

Voltaremos a falar sobre o assunto.
Em Cristo,
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sábado, 24 de dezembro de 2011

É O NATAL UMA FESTA PAGÃ?

Por Aldo dos Santos Menezes


Na literatura jeovista (Testemunhas de Jeová) havia profusas citações de enciclopédias (religiosas e seculares) que apontavam para a origem pagã do Natal. Assim eu tinha todas às razoes para descartar totalmente a data de 25 de dezembro do meu calendário.

Causa-me tristeza, todavia, ao ver que no meio evangélico muitos irmãos se levantam contra a observância do Natal, apresentando as mesmas razões que eu, como Testemunha de Jeová, apresentava. Diante disto surge a pergunta inevitável: é pecado celebrar o Natal em 25 de dezembro? Antes de responder a esta pergunta, vamos conhecer um pouco da história do Natal.

A ORIGEM DO NATAL

É verdade que a data de 25 de dezembro marcava a celebração de uma festa pagã conhecida como Natalis Solis Invictus (Nascimento do Sol Invencível), em homenagem ao deus Mitra (religião persa) , e que esta festa era estimulada com orgias sexuais e embriaguez. No ano 440 d.C., porém, a data foi fixada para marcar o nascimento de Jesus, já que ninguém sabia a data de seu nascimento.

A questão fundamental é: esta origem pagã depõe contra os cristãos que hoje celebram o 25 de dezembro em homenagem a Jesus? Necessariamente, não! O Natal (mesmo tendo origem pagã) é um evento que deveria ser celebrado por todos os cristãos ao redor do mundo (sem dogmatizar). Mas, por quê? Ora, havia uma festa dedicada a um deus falso, Mitra, considerado o Sol invencível. As atenções eram voltadas para ele (e isto sim, servia aos propósitos de Satanás). Surge, porem, a Igreja com uma mensagem inovadora aos pagãos: o Sol Invencível existe, e não é Mitra (uma entidade mitológica); seu nome é JESUS! Ele foi visto e tocado, pois era real (I Jo 1.1). Dele falou o profeta Malaquias: “Mas para vocês que reverenciam o meu nome, o sol da justiça se levantará trazendo curar em suas asas”. (4.2). A festa mitraica oferecia prazeres terrenos e momentâneos (portanto, efêmeros); ao passo que Jesus oferecia a salvação, a libertação do pecado e vida eterna (valores perenes). “Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17).

Foi o cristianismo paganizado? Nunca! Jamais! Que nome lhe vem à mente quando mencionamos a data 25 de dezembro: Mitra ou Jesus? Mitra já foi esquecido, há muito tempo. O Sol da Justiça veio e venceu, provando que Ele sim, é verdadeiramente o Invencível! Assim, o nome de Jesus foi mais uma vez engrandecido. Onde havia trevas, resplandeceu a luz.

Para entender melhor esta questão, veja os seguintes exemplos abaixo:

NO PRINCIPIO ERA O LOGOS...

Muita antes de Joao escrever que “no principio era o Verbo (do grego logos) e o Verbo estava com Deus e Verbo era Deus” (Jo 1.1), já havia no mundo greco-romano uma concepção particular do que era o logos (o termo, portanto, não era desconhecido para os leitores do apóstolo). Uma das ideias que se propagava entre os filósofos da época era a de que o Deus Supremo era inatingível: nenhuma criatura poderia manter contato com Ele, mas apenas com seres intermediários conhecidos como aeons. O Logos, então, seria um dentre muitos aeons.

Ainda concernente ao logos, acreditavam que por ser constituição espiritual, ele não poderia assumir um corpo humano (para tais filósofos a matéria era inerentemente má).

Tudo isso era um empecilho para que as pessoas não buscassem ter um relacionamento íntimo com Deus, nem aceitassem a ideia de o logos se encarnou, assumindo a natureza humana (sem pecado).

O apostolo João dá, então, um golpe mortal nas concepções errôneas dos filósofos de sua época. Ele diz: “No principio era o Logos, e o Logos estava com Deus, e o Logos era Deus. E o Logos se fez carne, e habitou entre nós. Vimos a sua glória... (Jo 1.1, 14). Joao não negou a existência do logos, mas corrigiu o conceito errado que havia sobre Ele. Era possível ter comunhão direta com Deus através do logos, e o logos não apenas estava com Deus, mas o logos era o próprio Deus (ou seja, tinha a natureza divina); e para espanto de todos, Joao disse que o logos (que era Deus), se fez carne (tornou-se humano) e habitou entre nós. Quem ainda poderia duvidar de que era possível ter comunhão com Deus, se o próprio Deus andou entre nós na pessoa de Jesus de Nazaré, buscando reconciliar o homem consigo mesmo?

Do mesmo modo como a mensagem de Joao sobre o logos veio para corrigir um conceito errado sobre a pessoa de Deus e da própria natureza humana, assim também a igreja agiu no ano 440 d.C, desviando a atenção das pessoas da adoração errônea que se prestava a Mitra, guiando-as ao único que é digno de receber “poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor... para todo o sempre!” (Ap 5.12, 13).

AO DEUS DESCONHECIDO

Este é outro exemplo que nos mostra que onde havia trevas, resplandeceu a luz.

O apóstolo Paulo passeava por Atenas, e diz a Bíblia que ele “ficou profundamente indignado ao ver que a cidade estava cheia de ídolos” (At 17.16). Apesar de sua revolta, ele não saiu pela cidade chutando ídolos, amarrando demônios ou dizendo que tudo aquilo era de Satã. A atitude de Paulo foi sensata e inteligente. Ele disse aos atenienses: “Atenienses! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos, pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio” (vv 22, 23). Paulo usou o ídolo como ponte a fim de transmitir a mensagem do evangelho. Onde havia trevas, resplandeceu a luz, pois diz a Escritura que “alguns homens juntaram-se a ele e creram. Entre eles estava Dionísio, membro do Areópago, e também uma mulher chamada Dâmaris, e outros com eles” (v.34).

EVITANDO OS EXTREMOS

Antes de tudo, é preciso esclarecer o seguinte: o Natal não é um artigo de fé; não faz parte do corpo doutrinário da igreja; é questão de ordem pessoal. É preciso que haja espírito de tolerância para com os que não pensam como nós em aspectos secundários de nossa fé (Romanos 14). Os extremos devem ser evitados. Não se deve dizer a respeito de quem comemora o Natal: “Está em pecado; enganado por Satanás”. Por outro lado, quem não celebra o 25 de dezembro não deve ser “crucificado” por causa disso. Creio, porém, que quem se fecha para essa data, perde uma grande oportunidade, pois nesse dia a maioria das pessoas está sensível a ouvir algo sobre Jesus. Pergunte-lhes o que acham de Jesus ou o que acham do Natal; qual será o seu real significado; será que Natal significa comer e beber, cantar e dançar? Diga que o mundo precisa do Pai da Eternidade (Is 9.6) e não do “papai Noel”. Anuncie para o mundo o que um anjo disse aos pastores ao nascer Jesus: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10, 11).

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MAMOM – A IDOLATRIA EVANGÉLICA

Por Gilson Barbosa



O pastor Paulo Romeiro escreveu um livro interessantíssimo intitulado Super Crentes (Ed: Mundo Cristão). O objetivo é alertar, instruir e informar o povo evangélico em geral sobre o que ensinam os profetas da prosperidade e apresentar uma resposta bíblica ortodoxa. Os falsos mestres da prosperidade ensinam, entre outras coisas, que “Jesus usava roupa de grife, morava numa grande casa e liderava um ministério com muito dinheiro a ponto de ter um tesoureiro” (p. 42). Ainda nesta página 42 (6ª edição) Paulo Romeiro apresenta algumas declarações desses falsos mestres, favoráveis à riqueza na vida do crente, que eu reproduzo abaixo:

João 19 nos diz que Jesus usava roupas de grife... A túnica era sem costura, tecida de cima até embaixo. Era o tipo de vestimenta que os reis e os mercadores ricos usavam (John Avanzini)

Deus quer que seus filhos usem a melhor roupa. Ele quer que eles dirijam os melhores carros e quer que eles tenham o melhor de tudo... simplesmente exija o que você precisa (Kenneth Hagin)

Esta Bíblia é um livro de prosperidade! ... A única vez em que as pessoas foram pobres na Bíblia foi quando elas estiveram sob maldição. E a única razão de terem estado sob maldição é porque não ouviram e não fizeram o que Deus lhes dissera que fizessem (Robert Tilton)

Jesus estava administrando muito dinheiro, pois o tesoureiro que ele tinha era um ladrão. Agora, você não vai me dizer que ministério com um tesoureiro ladrão pode operar apenas com poucos centavos. Era necessário muito dinheiro para operar aquele ministério, pois Judas estava roubando da bolsa (John Avanzini)

Algumas características nos pregadores da prosperidade são: ambição de enriquecimento, retórica refinada, sempre justificam seus pedidos de oferta dizendo estarem realizando uma “grande obra” à Deus, capacidade de articular respostas (quando indagados), facilidade de  se tornarem extremamentes coléricos (quando questionados), habilidade de liderar e influenciar pessoas, exímios administradores (financeiros), esbanjamento de simpatia, são muito sarcásticos, possuem senso aguçado das coisas (principalmente para amealhar e arrecadar dinheiro) e são muitíssimos inteligentes.

É claro que isso não são necessariamente requisitos deles, mas quase todos possuem essas características ou fazem uso desses elementos. A meu ver, a causa de todos esses elementos inerentes neles ou não, é porque buscam desenfreadamente as riquezas terrenas. E nessa ânsia de enriquecer, conscientes ou não, tornaram-se adoradores (idólatras) do deus Mamom.  

 A nota da Bíblia King James (Mt 6.24) comenta o que segue sobre o termo Mamom: “Jesus escolhe uma palavra aramaica Mamom para personificar um dos mais poderosos deuses de todos os tempos: o Dinheiro. O adjetivo Mamom, deriva do verbo aramaico aman (sustentar) e significa amor às riquezas e dedicação avarenta aos interesses mundanos. Jesus orienta seus seguidores a investir suas vidas na conquista de bens espirituais agradáveis ao Senhor e adverte para a impossibilidade de servir com lealdade a Deus e ao mesmo tempo amar o deus Dinheiro. Isso não quer dizer que Jesus seja contra os ricos e prósperos, mas sim que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (Gn 13.2; Ec 3.13; 5.10-19; 10.19; I Tm 6.10). O dinheiro é para ser usado e as pessoas,  amadas. A inversão desses valores tem sido a razão de muitas desgraças (Is 52.3; 55.1; Rm 4.4; I Tm 5.18)”.

O Novo Dicionário da Bíblia (Ed: Vida Nova) salienta o fato de que “Jesus vê nas riquezas uma cobiça egocêntrica que se apossa do coração do homem e assim o aliena de Deus (Mt 6.19 vv): quando um homem ‘possui’ alguma coisa , em realidade essa coisa o possui”.

É bom que fique claro: não é errado um crente ser rico, nem ter comércio, indústria ou obter lucros. Deus não reprova o rico por causa das suas riquezas. Na parábola do Lázaro e do rico, seus destinos eternos nada tiveram a ver com suas condições financeiras. Em algumas parábolas contadas por Jesus inferem-se o estímulo aos bancos e lucros ou negócios, por exemplo, Lucas 19.11-23 (a parábola das dez minas) e Mateus 25.14-30 (a parábola dos talentos). Abraão era rico, e amigo de Deus (Gn 13.2). José de Arimatéia, discípulo de Cristo, era rico (Mt 27.57). Zaqueu recebia uma porcentagem de todos os impostos coletados, portanto, muito rico, mas foi considerado digno de ser chamado de “filho de Abraão” (Lc 19.9). Sou a favor da prosperidade financeira ou que um crente seja rico, pelas vias normais (meios) que existem, que nada mais é do que o trabalho, o investimento num negócio, o estudo, o profissionalismo, a promoção de cargos, etc, pois acredito que Deus pode usar essas situações para abençoar seus servos, se Ele quiser.  

Porém, é fato que as riquezas apresentam perigos espirituais. Jesus disse acerca disso sobre o jovem rico: “Eu ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Mt 19.24). Paulo exortou a Timóteo que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentam com muitas dores” (I Tm 6.10). Jesus reprovou a avareza do homem que pediu sua intervenção numa repartição de uma herança familiar: “E lhes proferiu ainda uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produziu com abundância. E arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? E disse: Farei isto: destruirei os meus celeiros, reconstrui-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te . Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será ? Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lc 12.16-21).






A Bíblia diz em Mateus 6.21 que “onde estiver o seu tesouro, ali também estará o seu coração”. Se os objetivos de uma pessoa (no caso, um crente) – fama, status, riqueza, popularidade, poder, prestígio – for algo que pertença a essa terra, então o seu coração será absorvido por esse objetivo secular e mundano. Têm crentes amando tanto o presente século, desejando tanto as riquezas e os prazeres e sensação de bem estar advindos dela, que nem pensam, nem anseiam mais pelo arrebatamento da igreja ou vinda de Cristo. Pra quê ir para o céu se a situação tá muito boa (e pode melhorar mais ainda!) aqui na terra.

Até mesmo a boa vida e as boas condições (em vários sentidos) que o ministério tem oferecido aos pastores integrais (bons salários, plano de saúde, previdência privada, cartões corporativos, viagens com despesas totalmente pagas) tem sido uma tentação para alguns obreiros. Acomodam-se nas boas condições que o ministério lhes oferece e não atentam para os pobres, as viúvas, os órfãos e os necessitados.  Há pastores com salários e condições de vida muito melhores do que presidentes de empresas nacionais de ponta. Outros obreiros, por estarem fora do mercado de trabalho por vários anos, são obrigados a afinarem-se pelo diapasão do líder-mor (porque se não já viu, né?).

Ocorre que na questão da satisfação dos anseios da carne (prazeres terrenos) o mandamento Divino não aceita ambiguidade: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará outro, ou se devotará a um e desprezará o outro. Vocês  não podem servir a Deus e a Mamom” (Mt 6.24). O texto bíblico é claro: não há como devotar lealdade a dois senhores. Não tem como amar as riquezas e amar a Deus simultaneamente. Jesus ensina que não há meio termo.

Concluo com as palavras comentadas (Comentário de Mateus) por William Hendriksen: “Se alguém ama a Deus, então comprovará isso por meio de uma vida devotada a ele, colocando tudo – dinheiro, tempo, dons, etc – a seu dispor, servindo-o. Portanto, é evidente que amar a Deus não é simplesmente uma questão de emoções, senão que envolve o coração, a alma, a mente e forças (Mt 22.37; Mc 12.30). Assim posto, é por demais evidente que essa lealdade suprema, auto sacrificadora e entusiástica não pode ser prestada a duas partes diferentes. Aquele que devota essa lealdade torna-se um adorador, e aquele a quem ela se entrega passa a ser o seu deus. Além disso, uma vez que só existe um Deus verdadeiro, depreende-se que o culto a Mamom é idolatria”.  

Diante de tantas buscas desenfreadas por riquezas e vida mansa (quase sempre essa busca não parte dos membros, que na sua maioria são pobres, e os que são ricos ou bem sucedidos são pelos meios normais), pergunto: Estaríamos diante de uma idolatria evangélica? Que o Senhor nos guarde disso! O principio do Decálogo que diz “Não terás outros deuses diante de mim” continua vigente ainda hoje (I Jo 5.21): “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos”. É por isso que muitos preferem pregar sermões triunfalistas: é daí que bancam seus luxos.

Um conselho aos amantes das riquezas: é melhor abandonar Mamom do que cair na mesma condenação do Diabo! 


Em Cristo,
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sábado, 17 de dezembro de 2011

O PROBLEMA DOS CASAMENTOS MISTOS (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

No Antigo Testamento Deus proibiu Israel de fazer acordo ou associar com nações estrangeiras: “Acautele-se para não fazer acordo com aqueles que já vivem na terra; pois quando eles se prostituírem, seguindo os seus deuses e lhes oferecerem sacrifícios, convidarão você e poderão levá-lo a comer dos seus sacrifícios” (Ex 34.15). A expressão prostituirem é uma metáfora usada com respeito à adoração de falsos deuses (os deuses destas nações).  A intenção principal é a obediência irrestrita ao segundo mandamento do Decálogo (Ex 20.3): “Não terás outros deuses além de mim”. Israel deveria ser propriedade exclusiva de Deus, saber que só há um ÚNICO Deus verdadeiro e não poderiam misturar-se com as práticas pagãs dos vizinhos. As nações não possuíam modelos nem exemplo (que agradassem a Deus) na questão espiritual, civil e moral. Para a preservação de Israel como nação, Deus lhes deu leis. O que é uma nação sem leis? E estas leis visavam aspectos religiosos e civis e, às vezes se mesclavam.

A lição deste domingo (18/12) é extremamente útil, em seus ensinamentos, aos que estão para se casar. Este assunto (matrimônio) não ficou relegado e suas implicações religiosas importavam muito. No texto bíblico (Neemias 13) o tema faz parte da quinta seção de versículos (1-3; 4-9; 10-14; 15-22; 23-29; 30,31). Neemias relembra os judeus que o SENHOR não admite casamentos mistos. Os clãs das tribos deveriam ter cuidado para não escolher para os seus filhos mulheres dentre as filhas deles (uma menção aos matrimônios com estrangeiros). A razão Divina era porque quando elas se prostituírem, seguindo os seus deuses, poderão levar os seus filhos a se prostituírem também (Ex 34.16). O Senhor proibia alianças, quer nacionais, quer domésticas, com o povo de Canaã, porque semelhantes alianças tenderiam a comprometer a lealdade de Israel ao Senhor (v. Dt 7.2-4). A prostituição aqui também é uma metáfora para a adoração a falsos deuses.

INFLUÊNCIA DAS DIFERENÇAS NO CASAMENTO

É salutar que os que estão para se casar atentem para as diferenças que podem minar toda a paz e bem-estar matrimonial. O pastor Eliezer Lira (em Família Cristã) lista algumas diferenças:

a) na questão da fé e religião – O mandamento expresso é que os que são cristãos casem-se com cristãos. Apesar da liberdade que o (a) jovem ou viúvo (a) tem para contrair matrimonio com quem quiser, é preferível quem a outra parte também pertença ao Senhor (I Co 7.39). Agora, esse pertencer ao Senhor, a meu ver, diz respeito também às diferenças denominacionais (não que a outra parte não pertença ao Senhor). Por exemplo, vejo problemas em casamentos onde uma parte é pentecostal e outra tradicional, pois há muitos fundamentos doutrinários em questão. Penso ser muito difícil a manutenção do respeito e maturidade. Acho que com o tempo haverá atrito. Se é desta forma internamente, que dirá de casamento entre uma pessoa crente e a outra um católico romano, ou espírita, ou testemunha de Jeová, ou mórmon, etc. Esgotando a paciência na área religiosa (pois haverá muitos desentendimentos em termos de crenças) as outras áreas certamente serão afetadas. O conselho é: não case com pessoas que professam crenças diferentes. Você terá problemas no futuro.

b) no caráter – Não que o não crente não tenha caráter. Aliás, potencialmente todo o ser humano possui qualidades que o podem fazer agir com nobreza, prudência, elegância, respeito e moral. Porém isso não anula sua condição de pecador nem de possuir natureza pecaminosa. O caráter é “um dos fatores integrantes da personalidade total que imprime ao indivíduo uma forma de conduta, e que resulta de uma progressiva adaptação do temperamento constitucional às condições do ambiente natural, familiar, pedagógico e social” (Enciclopédia Barsa). Exige-se de um verdadeiro cristão caráter reto e santo, o que não coaduna com o caráter tortuoso daquele que não crê em Cristo e ainda não o recebeu como Salvador. No Sermão do Monte Jesus mostrou que os seus verdadeiros discípulos devem ser exemplo de vida santa e boa conduta para sociedade: “Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5.13, 14).

Os que não temem ao Senhor não possuem os mesmo modos, hábitos e costumes dos que o temem. Palavrões, vícios, jogatinas, imoralidades, idolatrias, entre outros, são aceitos normalmente. Como agirá o cônjuge crente nessa situação? É melhor evitar contrair tal matrimônio!

c) consequências futuras nos filhos – Neemias (13. 23, 24) informa que os filhos de alguns judeus perderiam a identidade como povo do Senhor, pelo fato de receberem influencias estrangeiras: “naqueles dias vi alguns judeus que haviam se casado com mulheres de Asdode, de Amom e de Moabe. A metade dos seus filhos falavam a língua de Asdode ou a língua de um dos outros povos, e não sabiam falar a língua de Judá”. Esdras havia tratado esse problema vinte e cinco anos antes, mas ele permanecia sendo um desafio aos judeus (Ed 9.1). A linhagem santa não deveria misturar-se com a ímpia. Isto caracteriza infidelidade ao Senhor.

Infelizmente conheço historias de que moças ou moços crentes namoram com descrentes. Muitos desses namoros se desdobrarão em casamento e o perigo e prejuízo espiritual serão enormes. A (o) jovem pensa que no futuro convencerá a outra parte a se “converter” ao evangelho – o que não é impossível, ainda que difícil. É melhor não arriscar a “sorte”.

Por outro lado, as consequências nos filhos podem ser espiritualmente devastadoras no futuro. Ouvi de um pastor que o estado caótico em que se encontra a Europa, no aspecto  religioso, é o reflexo da negligencia de muitos pais que não ensinaram a fé reformada ou as crenças cristãs ortodoxas aos filhos. Não conseguiram passar a herança das suas crenças adiante, e a tendência é a geração seguinte desconhecer ou não se importar mais com o aspecto religioso. Isso pode acontecer até conosco. Se não ensinarmos nossos filhos sobre nossas crenças, que futuro terá a pregação do evangelho de Cristo e a qualidade da fé cristã?

O fato de que alguns filhos dos judeus não falavam mais a língua de Judá (o hebraico) era sinal de que não estavam sendo educados na tradição judaica, mas sim nas culturas pagãs das suas respectivas mães.

A REAÇÃO DE NEEMIAS

Neemias estava inconformado com estes casamentos e agiu com severidade. O texto bíblico diz que ele contendeu com os maridos e os amaldiçoou. O ato de maldizer significa que Neemias os estava colocando (deixando) sob o julgamento divino, por causa da infração legal. Não tem nada a ver com palavras negativas carregadas de ódio. Deuteronômio 28.15-68 enumera vários castigos aos que desobedecessem aos mandamentos do Senhor. Tem muita gente que atribuem todos os acontecimentos ruins na vida a ação do Diabo. Precisamos analisar devidamente se não é o Senhor que nos prova por causa da nossa desobediência ou das nossas atitudes erradas.  

Diz também o texto bíblico (Ne 13. 26) que Neemias lhes aplicou castigos públicos e humilhantes. Entres estes estavam os açoites com vara (Dt 25.1-3; Pv 10.13) e arrancar os pelos da barba (Is 50.6; um... isso deve doer hein!) Para nós pode parecer estranho, mas Neemias, como governador, utilizou a força para obrigar o povo acatar a Lei. A intenção de Neemias era impedir uniões ilegítimas no futuro. Ele obrigou os homens fazerem um juramento baseado em Deuteronômio 7.3. Ainda que fosse um juramento forçado, pensava Neemias que, pelo menos por causa dos castigos advindos da desobediência, eles temeriam.

O [MAL] EXEMPLO DE SALOMÃO

Os homens foram advertidos pelo exemplo negativo de Salomão. Salomão desobedeceu ao mandamento de que o rei (o chefe político) não deveria ter muitas mulheres, conforme Deuteronômio 17.17: “Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie”. Sabemos que as muitas mulheres de Salomão perverteram seu coração e ele desviou-se do ideal Divino.

O texto bíblico de I Reis 11.1-8 informa-nos sobre a idolatria de Salomão. O versículo 1 diz que ele amou “muitas mulheres estrangeiras” (atitude esta proibida em Dt 17.17; Ex 34.16; Dt 7.1-4; Js 23.12, 13). Estas, lhe perverteram o coração (Dt 7.4) e ele passou a seguir a Astarote (deusa fenícia do amor e da fertilidade – os gregos chamavam-na de Astarte) a Milcom (deus nacional dos amonitas – também conhecido como Moloque) chegando ao cúmulo de levantar um santuário ao deus Quemos (deus nacional dos moabitas (II Rs 3.26, 27).

EVITANDO O JUGO DESIGUAL

O Novo Testamento mantém o mesmo principio acerca do casamento misto. Ainda que o contexto seja outro, todavia aplica-se o texto de II Coríntios 6.14, 15 à mesma situação: “Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente?”.

A Bíblia de Estudo NVI nota que neste versículo o apóstolo “Paulo tem em mente a proibição das “misturas” do AT, e.g., a de Dt 22.10. Se os crentes de Corinto cooperarem com os falsos mestres, que na realidade são servos de Satanás, por mais encantadores e persuasivos que sejam, ficarão em jugo desigual, sendo destruídas a harmonia e a comunhão que os unem em Cristo”. Conforme nossa lição assim como água e óleo não se misturam, pois são substâncias heterogêneas, assim sucede com o casamento misto, e as perguntas que constam na orientação pedagógica arrazoam: Como andarão dois juntos se não professam a mesma fé? Qual educação religiosa prevalecerá em relação aos filhos? Em que tipo de fé serão ensinados?

Que os jovens em fase de casamento, assim como outros que estão para casar, possam ponderar e refletir sobre essa questão. Isso fará que no futuro não venham a sofrer constantes frustrações e tentem achar um culpado (o que certamente farão, e alguns culparão até mesmo Deus por seu casamento estar arruinado). Pense nisso!

Em Cristo,

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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

PROJETO FAMILIA SOB DEUS E FESTIVAL GLOBAL DA PAZ (Rev Moon)

Veja esse video do filho do rev. Moon e seu projeto de paz mundial. O bispo [Manoel Ferreira] aparece em trechos do video. Essa paz é do anticristo a quem o filho do rev Moon esta representando.


O projeto Família Sob Deus nada mais é do que uma estratégia camuflada do Rev Moon, causa abraçada por seu filho, para convencer as pessoas que sua religião é moralmente aceitável e espiritualmente correta. Nada mais do que uma falácia religiosa.

Segue abaixo texto já postado aqui neste blog (faço questão de reproduzí-lo) sobre o entendimento e ensino do Rev Moon sobre a queda do homem. Segundo ele Jesus falhou na sua missão não constituindo uma família para si. No caso ele deveria se casar. Ensino mais estapafúrdio, sob o ponto de vista bíblico e ortodoxo. Por isso eles realizam um evento onde dezenas ou centenas de casais publicizam a devida cerimônia. Num destes eventos o próprio pastor Manoel Bezerra ora "abençoando" os casamentos.

Pb Gilson Barbosa
 
 
 
O primeiro Adão e a queda do homem

Quando Deus criou Adão e Eva e os colocou no Jardim do Éden, Ele teve a intenção de que eles se casassem e, por intermédio de sexo normal, estabelecessem a família perfeita na terra. O plano divino foi frustrado por Eva, pois ela deixou-se seduzir por Satanás, mantendo com ele relações sexuais, nascendo de tal união Caim:

Depois de fornicar com a serpente (Lúcifer) Eva manteve relações sexuais com Adão, da qual nasceu Abel:

Assim, Moon e seus seguidores justificam a presença do mal no mundo. Por esta razão, Moon interpreta a queda em duas etapas a queda espiritual e a queda física.
A queda através da relação de sangue entre o anjo Lúcifer e Eva foi a queda espiritual e a relação de sangue entre Eva e Adão foi a queda física. Contato entre um espírito e um homem terrestre – afirma o “Princípio Divino” – é perfeitamente normal, não sendo diferente daquele entre dois seres humanos.

Contrariando o ensino fantasioso do “Princípio Divino” de que a queda chamada de espiritual se deu como resultado da relação de sexo entre a serpente e Eva, o texto de Gênesis 4.1 afirma: E conheceu Adão e Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do Senhor um homem. E logo no v.2, lemos: E deu à luz mais a seu irmão Abel; e foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. Logo, Caim e Abel eram filhos do casamento de Adão e Eva. Nega assim o “Princípio Divino” a verdade bíblica de que a queda se deu por uma desobediência (Rm 5.9). Considerando como um mito a descrição de Gn 2.15-17 e Gn 3.23-24.

A causa da expulsão de Adão e Eva do Paraíso é atribuída à simples desobediência ao mandamento divino, ao prometido desafio a Deus, ao orgulho, à rebelião, à busca atrevida do conhecimento, ao desejo do homem de se tornar divino, ou a um ato de luxúria. A interpretação sexual da Queda é uma das muitas perspectivas advogadas por comentaristas rabínicos, escritores do Apocalipse, sectários cristãos primitivos, e diversos estudiosos modernos da Bíblia. Existem também numerosos indícios, a partir dos antigos padres da igreja grega, sugerindo que a explicação sexual do pecado de Adão estava razoavelmente difundida, durante o período de formação do movimento cristão (“Teologia da Unificação”, p. 129).

Esse ensino da teologia da unificação liga intimamente o pecado às relações sexuais. Esta é, sem dúvida, uma razão porque os casamentos na Igreja da Unificação são arranjados e abençoados por Moon, seguindo-se depois do casamento um período de abstinência sexual entre os cônjuges.

O homem pensa no paraíso que existiu e no que há de vir. Assim, a Bíblia combina o mito de uma era dourada no passado com a esperança messiânica de uma era de milênio no futuro. Seguindo a via da tragédia e do heroísmo, o homem transita do Éden original, no qual se desconhece a liberdade, para um paraíso em que há um conhecimento da liberdade. O paraíso será alcançado por meio da criatividade humana. Dessa forma, a revelação cristã é em primeiro lugar, e principalmente, uma mensagem do reino de Deus, o fim dos tempos, um novo céu e uma nova Terra (“Teologia da Unificação”, p. 113).

Afirmar crer na Bíblia e atribuir a descrição da queda como um mito em Gênesis 2.15-17 a 3.1-8 é invalidar a Palavra de Deus (2 Pe 3.16).
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