quarta-feira, 27 de abril de 2011

CENTENÁRIO DA AD NO BRASIL: COMEMORAÇÃO SOMBRIA

Por Geremias do Couto

Ao lado de diversos companheiros, fui um dos mentores da campanha aqui no blog pela unidade no Centenário das Assembleias de Deus. Trocamos com entusiasmo algumas ideias e logo a iniciativa tomou vulto. Uma logomarca foi imediatamente criada pelo Elian, do Philadelfia - Evangelismo e Louvor, e, em determinado dia e horário, a campanha foi lançada, com a adesão inicial de mais de 80 blogs. Por muito tempo todos ostentamos a logo, enquanto tratávamos de reforçar a mensagem, que, segundo informações recebidas dos bastidores, chegara com força entre a liderança responsável por organizar as celebrações.
Finalmente, chegamos em 2011, ano do Centenário, e estamos às portas da comemoração. Se, por um lado, a campanha aparenta não ter sido bem-sucedida em seus objetivos, por razões que passarei a expor, por outro mostrou que, se soubermos usar bem as ferramentas virtuais, podemos, sim, ter influência e, ao menos, deixar claro se concordamos ou não com a forma como as coisas são conduzidas. Em relação aos 100 anos da Assembleia de Deus, ficou registrado com todas as letras nos anais dos nossos blogs que a forma como foram organizadas as comemorações ora previstas não era a que propugnávamos. Tenho a sensação que a maioria dos assembleianos concorda conosco.
Nosso desejo, como ficou explícito no documento publicado, era que o Centenário unisse a CGADB, a Igreja-Mãe e a CONAMAD e se tornasse um momento apoteótico em nossa história, que poderia, quiçá, mudar os nossos rumos cambaleantes. Isso implicaria em criar, naquele momento, uma comissão tripartite responsável por organizar uma comemoração assembleiana que contemplasse os anseios denominacionais. Algo para jamais ser esquecido. Cheguei a conversar com o presidente da CGADB, durante a AGO realizada em Serra, Espírito Santo, em abril de 2009. Ele se mostrou simpático à ideia. Disse-lhe sem nenhum rodeio que não haveria sentido comemorar a data de outra maneira.
Mas os fatos começaram a mostrar que tanto a CGADB como a Igreja-Mãe caminhariam em direções opostas, cada uma a estabelecer os próprios caminhos. Falava-se, inclusive, em evento paralelo promovido pela primeira, em Belém, PA, com o apoio da Convenção Estadual, na mesma semana em que a segunda promoveria os seus eventos. Não percebi, de ambos os lados, até onde sei, nenhuma disposição de sentar-se à mesa para dar-se às mãos e promover uma só festa: a de todos os assembleianos.
Se havia o interesse da CGADB em manter a coordenação sob o seu controle, também o pastor Samuel Câmara escrevia em seu blog, por outro lado, que a única igreja no Brasil a comemorar 100 anos era a Igreja-Mãe, numa atitude, a meu ver, de aparente arrogância e excludente. Enquanto isso, a CONAMAD aguardava a decisão na arquibancada. Na verdade, desconheço se ela preparou alguma programação no âmbito de sua jurisdição para lembrar o Centenário.
O que logramos alcançar, se é que isso pode ser creditado à nossa campanha, foi a decisão de a CGADB antecipar a "abertura" dos festejos uma semana antes, em Belém, PA, restrita aos líderes no dia 9 e no dia 10 aberta ao publico como Conferência Pentecostal do Norte, deixando a semana seguinte, das comemorações oficiais, para que as igrejas em todo o Brasil, incluindo-se aí a Igreja-Mãe, façam a própria programação. Não é muito, mas é alguma coisa. Todavia, muito, mas muito aquém mesmo, do que almejava a maioria dos assembleianos.
Soube que o pastor Samuel Câmara afirmou em Cuiabá que estará presente juntamente com a Igreja-Mãe na programação da CGADB prevista para a semana anterior. Iniciativa louvável. Mas não poderiam antes ajustar para que houvesse uma só programação? Agora, a pergunta é: estará a liderança da CGADB na semana seguinte, participando da programação elaborada pela Igreja-Mãe? Segundo email recebido nos últimos dias, foi protocolado junto à Secretaria-Geral da CGADB, no dia 28 de setembro de 2010, convite da Igreja-Mãe ao pastor José Wellington para ser um dos preletores das comemorações naquela semana e que até agora não teria sido respondido.
No entanto, algumas coisas me chamam a atenção no convite: 1) a sua natureza tardia (setembro de 2010); 2) a forma como se dirige ao presidente da CGADB, convidando também as igrejas "sob a vossa liderança", como se o pastor de Belém, PA, não fizesse parte da mesma entidade, e 3) a insistência em deixar implícito o sentimento excludente de que o Centenário é da Igreja-Mãe. Ou seja, se erra a CGADB em não ter procurado (até onde eu sei) buscar o entendimento para uma só comemoração, erra o pastor Samuel Câmara (também até onde eu sei) em impor-se como a igreja do Centenário e querer que "todos os peregrinos se dobrem a Roma". Parece-me uma luta entre dois Golias.
Falo com conhecimento de causa por ter coordenado a comemoração dos 80 anos em Belém, PA, simultanemente à realização da Conferência da Década da Colheita, com todas as comemorações realizadas em parceria entre a CGADB, Igreja-Mãe e Convenção Estadual, representados na época pelo pastor José Wellington, Firmino Gouveia e Gilberto Marques. Será que essa família não poderia pôr de lado, agora, os interesses pessoais e repetir o feito? Era isso que queríamos quando propomos a unidade no Centenário, incluindo aí a CONAMAD. Mas pelo andar da carruagem, o que teremos é uma comemoração fragmentada, multifacetada e sem nenhuma alegria para a maioria de nossos irmãos assembleianos em virtude do momento crítico que estamos vivendo.
A razão disso se resume em três palavras: luta pelo poder. Sem entrar no mérito, mas apenas para constatar, enquanto a CGADB formaliza em seus quadros o recebimento de três novas convenções estaduais (certamente comprometidas com a atual gestão), a presidida pelo pastor Samuel Câmara é deixada à margem. Qual a motivação? Interesses do Reino? Acredito que não. É que a polarização no âmbito da CGADB chegou a tal nível a ponto de transformar tudo num "balaio de gatos", com toda a riqueza que a metáfora representa.
Para agravar o quadro, as questões pendentes da CGADB na área financeira continuam ainda na justiça. Dirá alguém que o processo já teve trânsito em julgado, foi extinto, e a juíza que o julgou determinou o seu arquivamento. Essa é uma parte da verdade. Há o outro lado da moeda: a juíza entendeu que aquela não era a via própria para a petição, sem, no entanto, discutir-lhe o mérito, aduzindo que os recorrentes poderiam buscar outros meios para fazer valer os seus direitos. E foi o que fizeram. Os requerentes protocolaram no dia 12 de abril uma nova ação, agora de caráter criminal, no Ministério Público do Rio de Janeiro, solicitando as mesmas investigações nas contas da CGADB desde 2004 (confira aqui).
É nesse ambiente sombrio que estará sendo comemorado o Centenário das Assembleias de Deus no Brasil. A quem, hoje, me pergunta se estarei em Belém, PA, a minha resposta é não. Não participarei das comemorações promovidas pela CGADB, nem das comemorações promovidas pela Igreja-Mãe. Mas aonde eu estiver, darei graças a Deus pelos pioneiros que semearam a semente, andando e chorando, para que outros, no decorrer dos anos, pudessem com alegria trazer os molhos da bendita e farta colheita. Lembrar-me-ei de muitos nomes, entre os quais pude desfrutar da amizade de alguns. Por outro lado, estarei a chorar por ver a cidade desolada, os muros destruídos, as pedras queimadas e o povo desmotivado pelos males que muitos, sem valorizar o sofrimento dos nossos pioneiros, trouxeram sobre a herança de Deus.
Mas não acredito que os escombros permanecerão para sempre, embora este seja o desejo voraz dos Tobias e Sambalates. Outro Neemias será levantado para trazer de volta a glória do Senhor sobre a cidade. Creio nisso.
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terça-feira, 26 de abril de 2011

OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

Por Gilson Barbosa

Antes de qualquer coisa, é importante enfatizar que esta abordagem expressará, de maneira simples, os pontos de vista pentecostal e tradicional acerca dos dons do Espírito Santo. Excepcionalmente nesta postagem não tenho a intenção de ser tendencioso com nenhuma das duas posições. Neste post, meu comentário é apenas expositivo.

Definição

Podemos dizer que os dons do Espírito Santo, manifestados especificamente entre os crentes da igreja primitiva (conforme a posição tradicional) ou  manifestados nos dias atuais (conforme a posição pentecostal), são habilidades e talentos dados a alguém pela influência interna do próprio Espírito Santo (1Co 12.4-11).

Os dons espirituais não devem ser confundidos com habilidades ou talentos naturais. A pessoa nasce com certas disposições que podem ser ampliadas. Dons espirituais não são, desta forma, um produto de nascença, inata ao cristão, mas do poder do Espírito Santo.

Regulamento dos Dons

Observamos que os dons espirituais foram dados para o benefício do corpo de Cristo (a Igreja), e necessitaram ser regulados, para que o seu objetivo fosse alcançado.Esta regularização era para que não houvesse confusão, orgulho e arrogância espiritual (V. 1Co 14).

Os estudiosos pentecostais classificam os dons descritos em 1Coríntios 12.1-11 em três grupos: os dons de revelação, os dons de poder e os dons de elocução. Vejamos:         

Ponto de vista pentecostal

Os dons de revelação

Segundo este ponto de vista, os dons de revelação são: palavra de sabedoria, palavra do conhecimento e discernimento de espíritos. Vejamos:

O dom da palavra de sabedoria

Este dom não é produto do esforço da sabedoria humana em conhecer a sabedoria divina, mas é um dom vindo diretamente de Deus. Segundo os estudiosos pentecostais, este dom é de extrema importância para os obreiros (não que não esteja à disposição de todos, indistintamente) ou àqueles que tenham responsabilidades na obra do Senhor. Por meio deste dom é revelada a solução para uma situação ou um problema insolúvel de extrema importância, capacitando, assim, a pessoa agir de maneira adequada, não desconsiderando, é claro, toda a orientação já existente na Bíblia Sagrada (At 6.3,10).

O dom da palavra do conhecimento

Também é conhecida como palavra da ciência. Por meio deste dom, a pessoa consegue enxergar além da esfera material e física. Passa a tomar conhecimentos de fatos que jamais saberia por meios naturais. Este dom dá condições à pessoa de não cair em situações difíceis e se origina na onisciência de Deus. Este fato se deu no Antigo Testamento, com o profeta Eliseu: “E disse um dos servos: Não, ó rei meu senhor; mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas no teu quarto de dormir” (2Rs 6.12).

O dom de discernir espíritos

Por meio deste dom, a pessoa tem condições de fazer distinções das várias fontes de manifestações espirituais, identificando a natureza e o caráter dos espíritos. Num mundo cheio de imitações e falsidades (falsos profetas) doutrinárias, este dom visa discernir se tais procedimentos se originam realmente em Deus, beneficiando, assim, a Igreja grandemente. Este fato ocorreu com Paulo: “E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu” (At 16.18).

Os dons de poder

Os dons de poder são: dom da fé, dom de curar e o dom de operação de maravilha. Vejamos:

O dom da fé

Em algum aspecto, toda a fé é dom de Deus, mas há também a fé como dom do Espírito. Não é a fé intelectual nem a fé salvadora, mas a fé de se confiar em Deus de forma sobrenatural. Este tipo de fé é um recurso que Deus, pelo seu próprio poder, proporciona ao crente. Nem todos possuem este tipo de dom. É a capacidade sobrenatural de crer no impossível. Vemos esta fé no episódio de Mateus 17.20: “E Jesus lhes disse [...] em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível”.

O dom de curar

Não obstante o esforço médico ser reconhecido pela Bíblia, este tipo de dom nada tem a ver com este fato. Neste dom, qualquer pessoa pode ser usada para tal tarefa. Este dom visa atuar sobrenaturalmente sobre o corpo humano, livrando-o de todo e qualquer tipo de enfermidade. Ela (a cura divina) faz parte da obra redentora, levada a efeito por Cristo na cruz do Calvário.

O dom de operação de maravilhas

Este dom proporciona à igreja a oportunidade de realizar sinais, milagres e obras portentosas, pela capacitação sobrenatural. Podemos ver a manifestação deste dom na ressurreição de mortos, nos castigos – como, por exemplo, no caso de Ananias e Safira – e na intervenção das forças da natureza – como, por exemplo, se deu com Pedro, quando ele sobre as águas: “E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus” (Mt 14.29).

Considere, também, o que Lucas relata acerca de Paulo: “E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam.” (At 19.11,12; grifo do autor).

Os dons de elocução

Os dons de elocução são: dom da profecia, dom de variedades de línguas e dom de interpretar as línguas. Vejamos:

O dom de profecia

Em certo sentido, a pregação é também uma mensagem profética, porém, da forma como este dom sinaliza, seria a habilidade de transmitir a mensagem de Deus diretamente pela inspiração do Espírito Santo. Neste caso, segundo o apóstolo Paulo, a profecia tem três finalidades: “Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação” (1Co 14.3). O dom de profecia não tem autoridade canônica, não serve para governar ou administrar a igreja. Também não é o mesmo ministério nos moldes do Antigo Testamento.

O dom de variedades de línguas

É o falar em idiomas jamais conhecidos ou estudados pela pessoa. É salutar entender, segundo o ponto de vista pentecostal, que estas línguas podem ser humanas ou desconhecidas. Quem ouve este tipo de manifestação pode não entender o que está sendo dito, pois é uma palavra proferida pelo Espírito Santo. Não quer dizer que se uma pessoa tem facilidade de aprender uma língua ela exerce este dom, pois o mesmo é uma manifestação do Espírito Santo.

O dom de interpretação das línguas

Este dom é necessário para interpretar as várias línguas estranhas, quer seja humana (em outro idioma) quer seja desconhecida. Neste sentido, as línguas têm a função de mensagem profética para a Igreja: “E eu quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis; porque o que profetiza é maior do que o que fala em línguas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação” (1Co 14.5).

“E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete” (1Co 14.27).

Ponto de vista tradicional


Segundo este ponto de vista, os dons do Espírito, relatados em 1Coríntios 12, foram temporários, e não permanentes. O que aconteceu no dia de Pentecostes foi um evento singular, quando os dons não eram das pessoas, mas, sim, do Espírito, para o benefício da Igreja de Cristo e para a glória de Deus. 

Um dos motivos que levou a cessação dos dons, segundo esta ótica,  foram os inúmeros empregos distorcidos dos mesmos, no início da igreja primitiva. O mesmo não ocorre com o fruto do Espírito, que é permanente e, por isso, deve ter a primazia em relação aos dons.

Esta ênfase interpretativa deve-se ao fato de que algumas pessoas testemunham ter sido batizadas com o Espírito Santo, mas, infelizmente, não apresentam o fruto do Espírito, gerando um contra-senso insustentável à luz das Escrituras.

As profecias do Antigo Testamento, sobre o derramamento do Espírito Santo, se cumpriram somente no dia de Pentecostes e no início da Igreja Primitiva, quando Pedro identificou a experiência do Pentecostes com Joel 2.28, que registra: “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões”.

No Novo Testamento, os dons espirituais foram dados a todos os que cressem, sendo estes dons empregados na igreja: “Estavam todos reunidos no mesmo lugar [...] E todos ficaram cheios do Espírito Santo”. O Espírito Santo é dado para sempre a todos os que crêem, como bem afirmou Calvino: “uma vez selado com o Espírito Santo, para sempre selado”. 

Analisemos a interpretação do que ocorreu no dia de Pentecostes segundo esta linha de interpretação.
Dia de Pentecostes

“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles”      (At 2.2,3).

O importante neste episódio não seria as línguas em si, mas o revestimento com o Espírito Santo. O fervor não foi produzido por aquelas pessoas que estavam ali, como ocorre em alguns meios carismáticos, mas veio diretamente do céu. Este episódio da descida do Espírito é entendido como o nascimento da Igreja primitiva.
As línguas

Não foram línguas “estranhas”, mas inteligíveis, visto que a Bíblia relata que no meio da multidão que visitavam Jerusalém “cada um os ouvia falar na sua própria língua” (At 2.6b). O propósito destas línguas era anunciar a todas as raças e nações presentes a grandeza do evangelho de Deus. Havia ali pessoas de várias localidades: “Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos? Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia, e Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (At 2.8-11).

É significativo dizer que os que falaram em línguas eram todos galileus, porém, suas línguas eram entendidas por pessoas de outras localidades.
Os dons

Havia em Corinto muitos deuses e religiões misteriosas que também testemunhavam manifestações espirituais muito estranhas. Pessoas eram possuídas por entidades, as artes adivinhatórias eram constantes, rituais extravagantes e havia um clima de profunda emoção nas pessoas. É neste contexto da cidade de Corinto que Paulo pregou à igreja, conduzindo-a quanto ao procedimento com relação aos dons: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co 12.1).

Emprestando algumas considerações do comentário bíblico da Bíblia de Estudo de Genebra, podemos inferir os seguintes ensinos, implicando em dizer que:

a.)  O dom espiritual é uma habilidade para expressar, celebrar, demonstrar e,  portanto, comunicar Cristo de um modo que edifique e fortaleça a fé em outros cristãos e faça a igreja crescer.

b.)  Os dons espirituais podem de modo geral ser classificados em dois grupos: habilidades para falar e habilidades para prestar ajuda prática com amor.

Em Romanos 12.6-8, a lista de dons, elaborada pelo apóstolo Paulo, alterna-se entre estas categorias:
Dons de fala: profecia, ensino e exortação.
Dons de auxílio: serviço, doação, direção e demonstração de misericórdia.

c.)  Não há cristão que não tenha algum dom de ministério: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil”. É de responsabilidade de cada crente a responsabilidade de descobrir, desenvolver e usar plenamente quaisquer que sejam as capacidades para o serviço que Deus lhe deu.

d.)  A manifestação dos dons tal qual é narrada em 1Coríntios 12 cessou (data aproximada – 70 d.c). Não há mais a necessidade destas manifestações: “O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá” (1Co 13.8).

Sobre este texto, alguns comentaristas tradicionais entendem que Paulo provavelmente mencionou estes três dons (profecia,  línguas e ciência) como representantes de todos os dons espirituais, apontando para sua função temporária. Ainda outros estudiosos tradicionais interpretam que estes três dons específicos foram mencionados por Paulo por terem uma função reveladora que chegou ao fim ao se completar o cânon do Novo Testamento.

e.)  As manifestações dos dons foram necessárias na época apostólica para que o povo pudesse crer e a igreja se expandisse.

f.)   Dos dons espirituais considerados importantes, o evidente e supremo é o dom de profecia, sendo que o mesmo não é derivado do poder sobrenatural do Espírito (como os pentecostais e carismáticos entendem), mas é a Palavra de Deus pregada fielmente: “porque o que profetiza é maior do que o que fala em línguas, a não ser que também interprete para que a igreja receba edificação” (1Co 14.5).

Respeito ambas as posições e entendo que o fruto do Espírito deve ser objeto de estudo interpretado em harmonia pelas duas correntes teológicas e de extrema importância para a vida cristã.

No amor de Cristo,


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ADVENTISTAS ALTERAM O DECÁLOGO

Por Natanael Rinaldi

Quem diria que um dia isso fosse acontecer? Os adventistas, que sempre se ufanaram ser os exclusivos defensores da guarda do sábado semanal, por fim, viessem a alterar os dez mandamentos e acrescentar mais dois mandamentos a eles de modo que não se pode falar mais em decálogo?  Pela suposta guarda do sábado se identificam os adventistas como integrando a igreja remanescente, aquela igreja exclusiva que possui duas características principais: a guarda do sábado e possuir “o espírito de profecia” localizado na sua papisa Ellen Gould White.  

O QUE ACONTECEU?

Jó escreveu, “Porque aquilo que temia isso me sobreveio; e o que receava me aconteceu”. (Jó 3.25) Vou contar o que aconteceu. Os evangélicos sempre ensinaram que a Bíblia fala de dois concertos. O primeiro concerto teve como mediador Moisés e era de abrangência exclusiva do povo israelita. Estes prometeram solenemente guardar os preceitos do concerto estabelecido com eles logo na saída do Egito, quando acampados no Monte Sinai.

”E subiu Moisés a Deus, e o SENHOR o clamou do monte, dizendo: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. Então todo o povo respondeu a uma voz, e disse: Tudo o que o SENHOR tem falado, faremos. E relatou Moisés ao SENHOR as palavras do povo.”(Ex 19.3-6,8)

Este concerto foi ratificado posteriormente por Moisés: “Veio, pois, Moisés, e contou ao povo todas as palavras do SENHOR, e todos os estatutos; então o povo respondeu a uma voz, e disse: Todas as palavras, que o SENHOR tem falado, faremos. Moisés escreveu todas as palavras do SENHOR, e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte, e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel; E enviou alguns jovens dos filhos de Israel, os quais ofereceram holocaustos e sacrificaram ao SENHOR sacrifícios pacíficos de bezerros. E tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o SENHOIR tem falado faremos, e obedeceremos.” (Êx 24.3-5,7)

 Ocorre que, embora tenha demonstrado tanta disposição de obedecer a tudo o que Deus mandara por meio de Moisés, o povo israelita violou a lei. Fabricaram um bezerro de ouro e se prostraram diante dele tecendo louvores e praticando imoralidades (Ex 32.7-10). Deus então, por meio de Jeremias 31.33-34, prometeu um novo concerto esclarecendo, textualmente, que não seria igual ao primeiro concerto. O texto é bem claro: “Não conforme o concerto que fiz com seus pais... porque eles invalidaram o meu concerto, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.” (Jr 31.32). Não afirma o texto que a mudança de um concerto para o outro seria apenas de lugar: das tabuas de pedras para as tabuas de carne do coração. (2 Co 3.6-14)  Obviamente deveria ocorrer mudanças de mandamentos.

O QUE DIZ PAULO

Paulo, se reportando ao primeiro concerto e expondo sua substituição pelo Novo Concerto declara o seguinte: “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento,não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica. E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória, Como não será de maior glória o ministério do Espírito? Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça. Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória. Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece. Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar. E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório. Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido.” (2 Co 3.6-14) 

Paulo entra em minúcias acerca das mudanças ocorridas entre o Antigo Concerto e o Novo e aponta as seguintes diferenças: “Portanto ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, os dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” (Cl 2.16-17).

 Enfaticamente Paulo aponta certas ordenanças que foram cravadas na cruz (Cl 2.14) e, dentre elas, algumas são destacadas como sucumbindo na sua vigência dentro do Novo Concerto. Os adventistas se sublevam e teimam em afirmar que a palavra “sábados” do v. 16 não se refere ao sétimo dia da semana, ou seja, o sábado semanal. Esforçam-se denodadamente em justificar que se trata dos sábados anuais ou cerimoniais de Levitico 23.4-43. Damos a palavra ao um adventista de renome, reconhecida autoridade bíblica entre os próprios adventistas. Reconhece ele que o Antigo Concerto abrangia: “preceitos, holocaustos, ofertas, formalidades sacerdotais, ritual do santuário, festas anuais, luas novas, abluções, manjares, sábados”.(Subtilezas do Erro, p. 70 – Edição 1965 - CASA).

OPINIÃO DE SAMUELLE BACCHIOCHI SOBRE COLOSSENSES 2.16,17


O sábado em Colossenses 2.16: O tempo sagrado prescrito por falsos mestres referem-se como sendo ‘um sábado festival’ ou a lua nova ou um sábado. – ‘eortes e neomnia o sabbaton.’ (2.16). O consenso unânime de comentaristas é que estas três expressões representam uma lógica e progressiva seqüência (anual, mensal e semanal). Este ponto de vista é válido pela ocorrência desses termos... Um outro significativo argumento contra os sábados cerimoniais ou anuais é o fato de que estes já estão incluídos nas palavras ‘dias de festa...’Esta indicação positivamente mostra que a palavra SABBATON como é usada em Colossenses 2.16 não pode se referir aos sábados festivais, anuais ou cerimoniais”.

Determinar o sentido de uma palavra baseando-se exclusivamente em conceitos teológicos em prejuízo de evidências lingüísticas e contextuais é estar contra as regras de hermenêuticas bíblicas. Ademais, a interpretação que o Comentário Adventista dá à palavra ‘sábados’ de Cl 2.16 é difícil de ser sustentada, desde que temos visto que o sábado pode legitimamente ser tido como ‘sombra’ ou símbolos preparatórios de bênçãos da salvação.”

O NOVO TESTAMENTO NÃO REPETE O QUARTO MANDAMENTO
Não há dúvida de que o Novo Testamento cita mandamentos do Velho Testamento. Cita mandamentos indistintamente de toda a Lei de Moisés, mas não repete o quarto mandamento em nenhum lugar. Façamos uma comparação dos dez mandamentos dentro do Novo Testamento:


VELHO TESTAMENTO
1. mandamento - Ex 20.2,3
2. mandamento - Ex 20.4-6
3. mandamento - Ex 20.7
4. mandamento - Ex 20.8-11
5. mandamento - Ex 20.12
6. mandamento - Ex 20.13
7. mandamento - Ex 20.14         
8. mandamento - Ex 20.15
9. mandamento - Ex 20.16
10. mandamento - Ex 20.17                  
NOVO TESTAMENTO
1. At 14.15
2. 1 Jo 5.21
3.  Tg 5.12
4.   Não existe
5. Ef 6.1-3
6.  Rm 13.9
7.  1 Co 6.9,10
8.  Ef 4.28
9. Cl 3.9
10.  Ef 5.3
                                                



DÉCIMO PRIMEIRO MANDAMENTO

Recebi, sem me tornar assinante, a revista adventista ADOS edição n. 4, de julho/agosto – 2002 e na página 8 tomo conhecimento, pela primeira vez, que agora já temos onze mandamentos, em lugar de dez como consta de Êxodo 20.1-17. Sabe qual o 11o. mandamento? Santificar o inverno. Sim santificar o inverno. Na ânsia de encontrar uma justificativa para apoiar a vigência do quarto mandamento dentro do Novo Concerto os adventistas se viram obrigados a recorrer a Mateus 24.20, que consta: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado”.

Ora, qualquer pessoa que leia o texto em apreço entenderá que ele aponta dois tempos mencionados por Jesus: o inverno e o sábado. Obviamente se um se torna obrigatório, sem dúvida nenhuma o outro também. Os adventistas no seu afã de tentar justificar o que Paulo, em Colossenses 2.14-17, deixou bem claro: a não obrigação de o cristão, que vive dentro do Novo Concerto, ou sob a lei de Cristo (1 Co 9.21) de guardar os dias festivos da lei mencionados em Levíticos 23, tentam sustentar a validade da guarda do sábado e acrescentaram a guarda do inverno. Lembrem-se todos: o inverno deve ser santificado. Foi Jesus quem disse!


MATEUS 24.20

A fuga a que Jesus se referia deu-se historicamente no ano 70 A D. Jesus não tinha em vista a guarda do sábado, mas, manifestava ele, preocupação com a segurança dos seus seguidores em duas situações. 

Observando o contexto de Mateus 24.20 notamos que Jesus dá orientação para eles fugirem para os montes (v. 16); aconselha-os a não entrarem na casa (v. 17); não retornarem à cidade de Jerusalém (v. 18); fala Jesus ainda do sofrimento das mulheres que eventualmente estivessem amamentando (v. 19) e, por fim, para orarem para que a fuga da cidade não ocorresse nem no inverno e nem no sábado (v. 20) E por que esse cuidado de Jesus com os seus seguidores no inverno? Porque, fugindo no inverno, poderiam morrer de frio nos campos. Da mesma maneira, fugindo no sábado, encontrariam as portas da cidade fechadas, impossibilitando a sua fuga e, conseqüentemente, morreriam na cidade. Agora, o que os adventistas não podem deixar de reconhecer é que Jesus previne contra dois perigos – o perigo do inverno e o perigo do sábado. Se alguém interpreta com isso que o sábado deve ser guardado deduzindo tal situação das palavras de Jesus, deve ser coerente: admita também que o inverno deve ser santificado. Dessa conclusão não se pode escapar. Logo, deve ser acrescentado ao Decálogo o mandamento de Jesus para santificar o inverno.  O que fica óbvio: 10+1= 11.

ONZE OU DOZE?

Mas agora mais uma surpresa: no surpreendente esforço de provar biblicamente que o sábado deve ser guardado, eis que um prócer adventista que se intitula professor (Azenilto G. Brito), falando em nome dos adventistas mandou-nos um e-mail tentando provar a validade da guarda do sábado na nova terra com Isaías 66.23.

Diz ele textualmente: “Assim, na Nova Terra, quando não houver mais pecados e pecadores, pois ali ‘habita a justiça’ (2 Pe 3.13) o sábado continuará sendo um dia especial, juntamente com alguma comemoração mensal ‘a lua nova’, ambos os eventos festivos aplicados às novas circunstâncias.”  (e-mail datado de 7 de dezembro de 2002, 17h14). Ora, se alguém cita Isaías 66.23 como prova da guarda do sábado na nova terra e o sábado vem agregado à lua nova, então ambos são preceitos permanentes. Não poderia Deus manter o sábado citado em Cl 2.16 e excluir as luas novas mencionadas no mesmo texto. Seria isso muita parcialidade!

ANÁLISE DE IS 66.23

Qualquer pessoa que ler o texto sem preconceitos adredemente em mente, jamais poderia chegar à conclusão de que o texto em tela antecipa a guarda do sábado na nova terra. O que se tem em mente é continuidade da adoração, sem intervalos de semana em semana ou de mês em mês, a Deus. Se alguém dissesse que iria visitar sua noiva de sábado a sábado, ou de lua nova à lua nova, isso implicaria que iria visitá-la diariamente e não apenas no dia de sábado ou da lua nova. Logo, a interpretação correta é que, no futuro, não iremos adorar a Deus em épocas especiais, mas permanentemente, sem interrupção.

Pronto: agora não se pode mais falar em Decálogo. São doze os mandamentos. Os dois novos mandamentos são: santificar o inverno e guardar as luas novas mensais. Temos: 10+1+1= 12.

Tenhamos presente, entretanto, o solene aviso de Apocalipse 22.18: “Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro.” (Ap 22.18)  Acréscimo à palavra de Deus traz maldições.


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sexta-feira, 22 de abril de 2011

O ESPÍRITO SANTO COMO AGENTE CAPACITADOR E SANTIFICADOR

Por Gilson Barbosa
A lição em estudo, objetiva ensinar sobre santificação e serviço. Não devemos nem podemos aceitar que momentos carismáticos sejam a essência da vida cristã controlada sob o Espírito Santo. Há muito tempo atrás o saudoso pastor Estevam Ângelo alertava que “uma das tragédias dos círculos pentecostais é o fato de que muitos crentes tem considerado o batismo com o Espirito Santo o fim de uma tarefa. Julgam haver atingido o clímax. Consideram o batismo um evento capaz de solucionar todos os seus problemas, quase que automaticamente. Mostram-se contentes, como quem passou a figurar no rol dos privilegiados. Deixam de buscar a Deus e, gradualmente, vão perdendo o vigor espiritual, a medida que vão ficando privados do contato com deus em suas vidas”.[1]
Definição teológica
A santificação do crente não é uma alternativa, mas algo objetivo e um alvo a ser buscado: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (I Pe 1.15). De acordo com o Dicionário Teológico (CPAD) santificação é a “separação do mal e do pecado, e dedicação ao serviço do Reino de Deus” e santidade “é o estado de quem se destaca pela pureza”.
Contudo, essa santificação do crente não é absoluta, mas como descreve a Bíblia Pentecostal trata-se de uma “retidão moral de um caráter imaculado, demonstrada na pureza do crente diante de Deus, na obediência à sua lei e na inculpabilidade desse crente diante do mundo (Fp 2.14,15; Cl 1.22; 1Ts 2.10; cf. Lc 1.6).
Três etapas da santificação do crente
O pastor Antonio Gilberto fala que a santificação do crente é tríplice: posicional, progressiva e futura. A santificação posicional acontece quando recebemos a Cristo como nosso Salvador. Nesse caso, a santificação tem forte ligação com a doutrina da salvação: “Pelo cumprimento dessa vontade fomos santificados, por meio do sacrifício do corpo de Jesus Cristo, oferecido uma vez por todas” (Hb 10.10 – NVI). Deus nos considera santo em Cristo e por meio Dele. A santificação progressiva tem a ver com a ação prática e diária do cristão. O apóstolo Paulo exorta que, nesse caso, a santificação deve ser aperfeiçoada: “ORA, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (II Co 7.1). Já a santificação futura é o estado final e completo do crente salvo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo” (I Ts 5.23).
As obras do Espírito Santo na vida do cristão
O Espírito Santo promove naqueles que aceitam a Jesus uma nova vida; chama-os para um ministério específico na Igreja no exercício de funções. O Espírito Santo concede ao cristão santificação, autoridade, consolação, eficiência etc. Portanto, o Espírito Santo é imprescindível para todo o cristão – tanto o novo convertido quanto os que já estão há algum tempo na igreja.
Vejamos as obras do Espírito Santo na vida dos cristãos:
Sentir-se pleno do poder do Espírito Santo
Isto não significa que o cristão deva cometer exageros, mas, sim, deixar-se ser dominado pelo poder do Espírito a ponto de ter sua antiga forma de vida mudada, trocada por Deus, ou seja, o cristão não praticará mais os velhos hábitos pecaminosos. Antes, porém, temos de entender que é o Espírito Santo quem convence do pecado. Ser pleno do Espírito Santo é “ser controlado, governado e guiado pelo Espírito”. Uma pessoa pode muito bem falar em línguas, profetizar, mas, mesmo assim sua vida cristã não ser plena do poder do Espírito.
Convence do pecado
Isto ocorre quando o “homem” reconhece seus pecados e se arrepende. Sem arrependimento, o homem jamais poderá desfrutar do plano de salvação. A consciência do ser humano, morta por seus pecados, passa a funcionar, levando-o à compreensão de que tem uma natureza pecaminosa, que precisa ser abandonada. Ao deixar a velha natureza, “homem” passa por um processo de regeneração.
Regeneração
É o Espírito Santo o protagonista desta fase na vida do “homem”. Nicodemos teve de aprender isso. Jesus lhe respondeu: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3.5). Jesus, ao perceber a dificuldade de Nicodemos em entender a questão, diz: “Tu és mestre de Israel, e não sabes isto?” (Jo 3.10). A pessoa, ao aceitar a Cristo, recebe o Espírito Santo, que é quem produz a santificação contínua na vida do ser humano.
Santificação
Não estou referindo, com isto, às atitudes legalistas das pessoas que interpretam mal esta doutrina e apresentam seus próprios conceitos, cuja intenção é substituir o papel santificador do Espírito Santo. Antes, estou referindo à atitude que leva o cristão a viver separado do sistema que o mundo oferece, com seus deleites e prazeres. Em Romanos 8.6-9, está registrado: “Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.
O Espírito Santo no serviço de cristão
A presença do Espírito Santo é uma grande bênção na vida do crente e os ajuda a:
1 – Prover respostas quando houver oposição à pregação do evangelho – A oposição dos saduceus, do capitão da guarda do Templo e dos sacerdotes não intimidaram os apóstolos Pedro e João logo após o milagre da cura do coxo (At 4.1). Prenderam Pedro e João e depois os conduziram diante do Sinédrio para inquirirem “em nome de quem e com que poder” operaram tão estupendo milagre, fazendo andar o coxo. A Bíblia diz que Pedro ao ter a oportunidade de falar perante o Supremo Tribunal Judaico estava cheio do Espírito Santo: “Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Principais do povo, e vós, anciãos de Israel”. O Pedro que negara seu Mestre por três vezes, aproveita a oportunidade e perante as autoridades religiosas de Jerusalém oferece respostas contundentes e prega a Cristo. A pregação foi tão maravilhosa que todo o povo passou a louvar a Deus pelo milagre ocorrido: “eu Mas eles ainda os ameaçaram mais e, não achando motivo para os castigar, deixaram-nos ir, por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera” (At 4.21).
2) Incitar as pessoas à Cristo – O crente pleno do poder do Espírito Santo não tem medo de pregar com ousadia a Palavra de Deus. O resultado será sempre almas (pessoas) se rendendo aos pés de Cristo, por meio da operação do Espírito Santo: “Mas muitos dos que tinham ouvido a mensagem creram, chegando o número dos homens que creram a perto de cinco mil” (At 4.4). O próprio Jesus havia dito aos seus discípulos que não ficassem desesperados, desorientados e amedrontados, quando fossem levados diante das autoridades e tivessem de dar explicações, pois o Espírito Santo falariam neles ou por eles: “Quando, pois, vos conduzirem e vos entregarem, não estejais solícitos de antemão pelo que haveis de dizer, nem premediteis; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai, porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo” (Mc 13.21). Esse encorajamento efetuou nas pessoas a salvação em Cristo: “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé” (At 6.7).
3) Comunicar com intrepidez a pregação do evangelho – Não se trata aqui de desprezar, omitir ou negligenciar os estudos bíblicos, teológicos, a meditação devocional, a leitura bíblica e de livros, mas entender que foi somente após receberem o batismo com Espírito Santo no Pentecostes é que saíram com ousadia a pregar a Palavra de Deus: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). Enquanto não recebessem esse poder do alto não deveriam sair de Jerusalém: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.44).
“Cheios do Espírito”
O apóstolo Paulo aconselhou aos crentes efésios (5.18) para que deixassem o Espírito Santo preencher todos os espaços das suas vidas quando disse: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. Segundo o pastor Elienai Cabral (Efésios - CPAD) “Paulo apresenta uma fonte e uma causa de prazer muito mais forte e saudável que o encher-se de vinho. Ele apresenta um vinho superior, capaz de dar um tipo de alegria permanente, que é a alegria do Espírito. Os adeptos de Baco criam que esse falso deus podia encher-lhes de sua força e influência. Por isso, Paulo lhes apresenta o Deus verdadeiro, o único Deus poderoso, capaz de encher-lhes de sabedoria e de toda a alegria. Alegria que jamais outro deus poderia dar-lhes. ‘Enchei-vos do Espírito’ é um convite e uma ordem para os crentes efésios”.
Paulo contrasta a pessoa sob os efeitos da bebida alcoólica com aquela sob os efeitos do Espírito Santo. A outra é controlada pela insensatez (resultado da bebida), mas esta é controlada pela sobriedade (resultado do Espírito Santo). O pastor Augustus Nicodemus Lopes diz que “é evidente que Paulo, nesse momento, está ordenando que nos submetamos ao domínio do Espírito Santo de forma tão completa que todas as áreas da nossa existência fiquem sob seu domínio, e que o fruto do Espírito – alegria, amor, paz, gozo, domínio próprio, enfim, santidade – encha nossa existência, como um vaso é enchido até em cima”.[2] 


[1] SOUZA, Estevam Ângelo de. Lições Bíblicas. Ed: CPAD, p.37, 1989
[2] LOPES, Augustus Nicodemus. Cheios do Espírito. Ed: Vida, 2007, p.22
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