terça-feira, 31 de janeiro de 2012

BIG BROTHER BRASIL: UMA VERGONHA NACIONAL

Por Gilson Barbosa



Hoje em dia os desejos carnais, os apetites sensuais são incentivados constantemente por todos os meios midiáticos. A teologia reformada denomina essa realidade de depravação total da natureza humana. Louis Berkhoff expressou que essa depravação é: “(1)... uma corrupção inerente que se estende a cada parte... da natureza [humana], a todas as faculdades e capacidades tanto da alma como do corpo; e (2) que não há nenhum bem espiritual... no pecador, mas somente perversão” (Teologia Sistemática). O apóstolo Paulo informou os irmãos efésios (2.3) dessa realidade: “Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (meu grifo).

Essa triste realidade é constatada nos programas televisivos que tem levado à exaustão os desejos lascivos e perniciosos inerentes à natureza humana. Para a efetivação desses tipos de pecados, não há idade, classe social, profissão, pudor, censura, etc. Nada freia os ditos desejos carnais e os apetites sensuais. Recentemente comprovamos isso no programa Big Brother Brasil 12, exibido pela Rede Globo e operado em suas plataformas midiáticas (internet, telefonia, televisão). No dia 17 de janeiro de 2012 os jornais anunciavam o suposto estupro dentro da casa. A Folha de São Paulo, na sua capa, trazia a noticia abaixo:

A Rede Globo anunciou a eliminação do modelo Daniel Echaniz, 31, do 12º “Big Brother Brasil”. Ele será investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por suposto estupro que teria cometido contra a estudante Monique Amim, 23.

No entanto, tem sido frequente no programa Big Brother os casos de estupros, gravidez, violência, embriaguez, entre outras coisas desse gênero. As mídias noticiam que edições do programa por 40 países colecionam casos de abusos, expulsões e até uma gravidez gerada na casa. O Big Brother, na versão australiana, teve a intervenção do primeiro-ministro que solicitou a extinção do programa – o caso foi agressão de dois jovens contra uma garota. Pode-se dizer com muita convicção que esse programa é uma vergonha internacional. E, no caso do Big Brother Brasil, uma vergonha nacional. Penso ser importante os leitores entenderem essa distinção.

A ENDEMOL E A ORIGEM DO BIG BROTHER

O programa Big Brother foi criado por um produtor de televisão, holandês, chamado John de Mol, em 1999. Ele juntou-se a outro produtor, Joop van den Ende, e juntos criaram a empresa Endemol, em 1994. O autor Rodrigo Boldrin informa que em 2001 a Endemol formou uma joint-venture[1] com a Rede Globo de Televisão, a Endemol Globo S/A, a fim de viabilizar a produção do Big Brother nacional. A primeira edição do Big Brother brasileiro, foi exibida de 29 de janeiro a 2 de abril de 2002. 

A Endemol é uma produtora de entretenimento audiovisual e seu negócio visa estabelecer associação com as principais emissoras ou produtoras de outros países a fim de comercializar seus produtos. O autor Rodrigo Boldrin em sua Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Ciências e Letras – Unesp/Araraquara, informa o seguinte sobre a origem do Big Brother:

O programa foi criado por John de Moll, um dos proprietários da Endemol, que se inspirou num projeto cientifico, realizada nos EUA, chamado Biosfera 2. O projeto foi construído no Arizona e consistia em uma redoma de vidro com 12 mil metros quadrados em que oito cientistas ficaram confinados, entre os anos de 1991 a 1993. O objetivo era simular como seria a vida em outro planeta, mas fracassou. O nome do programa foi inspirado no livro 1984, de George Orwell.
 
ELEMENTOS DO BIG BROTHER

O formato do programa é conhecido como reality-show. Esta denominação se justifica por ter como principal atração a participação de pessoas anônimas, submetidas a situações pretensamente reais. É uma mistura de ficção e realidade. Os idealizadores partem de certo conceito de realidade, ou seja, intencionam mostrar a realidade dos fatos, “a vida como ela é”. No entanto, o que se tem notado não é nenhuma novidade com respeito à natureza humana, entre as quais está o estímulo ao voyeurismo[2], a curiosidade de saber o que os outros fazem e como fazem, a comprovação e identificação do público quanto aos sentimentos de ódio, vingança, amor, ciúmes, amizade, etc).    

Rodrigo Boldrin afirma que de acordo com a produtora Endemol, o formato do programa Big Brother inicialmente foi centrado sob quatro elementos: 1) o ambiente de retorno ao básico[3], em que os participantes vivem; 2) o sistema de eliminação através dos quais os participantes deixam a casa, a partir da escolha da audiência em casa; 3) as provas, propostas pela produção do programa, nas quais os participantes devem completar semanalmente; 4) o confessionário, no qual os participantes devem falar sobre como estão se sentindo, suas frustrações, pensamentos e suas indicações.  

ASPECTOS DO BIG BROTHER

Na questão social, o Big Brother serve para alavancar audiências de público, lucros financeiros e o mais interessante e importante é a possibilidade de extrair certas informações do público. Rodrigo Boldrin diz que

as novas tecnologias – e o Big Brother, por utilizar-se de algumas dessas novas tecnologias, pode ser também incluído aqui – aparentam ser mais meios de controle, de reconhecimento e identificação do que meios de comunicação. Na realidade, podemos afirmar que elas são meios técnicos de espionagem, meios de ‘verificação’, de ‘monitoramento’ das atividades do cidadão. Não é a toa que o mote do Big Brother Brasil é ‘espiar’. Este programa suscita diversas implicações. As ideias de controle e monitoramento estão intimamente relacionadas com a concepção do programa. Não apenas dos participantes, que se submetem a estarem sob a vigilância das câmeras, mas de todos aqueles que estão trancados em frente ao aparelho de televisão. Na verdade são eles os controlados, os que são espiados. Como apontado anteriormente, ao interagir com o programa, o indivíduo transmite informações. A emissora passa a conhecer a massa dos espectadores, quais atitudes aprovam, quais desaprovam. Isso permite, por exemplo, que ela produza novos produtos ou programas que atendam estas tendências.

Esta informação é extremamente relevante, pois denota ser um elemento primordial para os objetivos das redes de televisão envolvida com os reality-shows: espiar, controlar, influenciar, discernir e descobrir quais sãos os pensamentos sociais. Enquanto os telespectadores pensam que estão se entretendo, na verdade, estão fornecendo informações às emissoras de televisão, que a partir dela buscarão atender a demanda do público.

No aspecto cristão, não é saudável uma pessoa que teme ao Senhor envolver-se com esses tipos de programas televisivos. Aliás, até mesmo penso que um autêntico servo de Cristo não terá nenhum desejo de acompanhar esses tipos de reality-shows, pois visam atender os anseios carnais, entreter-nos dissolvendo o precioso tempo que temos, que poderia ser mais bem utilizado na leitura da Bíblia, de bons livros evangélicos, na prática da oração. Paulo escrevendo aos tessalonicenses (I Ts 5.22) os exortou: “Abstende-vos de toda a aparência do mal”. É claro que o contexto paulino é outro, mas todo o tipo de mal deve ser evitado, ainda mais quando se trata de um mal moral, ou estritamente falando, de programas televisivos que propagam a imoralidade e a perversão, desmoralizando as famílias, pessoas, desrespeitando o outro e envergonhando nossa nação.

Em Cristo,  
 


[1] Associação de empresas, que pode ser definida ou não, com fins lucrativos, para explorar determinados negócios, sem que percam sua personalidade jurídica. A expressão joint-venture, significa “união de risco”.
[2] Essa palavra traduz o prazer que alguns sentem em apenas espiar, observar o outro nu ou no ato sexual, sem participar e sem que o outro saiba disso.
[3] A idéia de retorno ao básico era um dos elementos mais fortes das primeiras edições do programa, mas que foi se modificando com o passar dos anos, permitindo cada vez mais o acréscimo de itens de luxo, como se vê agora.
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sábado, 28 de janeiro de 2012

AS BÊNÇÃOS DE ISRAEL E O QUE CABE À IGREJA (Subsidio EBD)


Por Gilson Barbosa

Israel se constitui motivo de controvérsias no entendimento teológico e doutrinário dos grupos denominacionais evangélicos. A teologia oriunda da Reforma não faz distinção entre Israel e a Igreja, diferenciando-se dos chamados dispensacionalistas. Para aqueles a Igreja é o Novo Israel. O autor Hermes C. Fernandes (A formação do Novo Israel) escreve:

Podemos considerar a Igreja a continuação do verdadeiro Israel. Os santos que viveram sob a Antiga Aliança e os que viveram, vivem ou viverão sob a Nova Aliança formam um só povo. Dizer que Deus possui dois povos distintos na Terra, é, no mínimo uma incoerência.

Noutro aspecto temos os pregadores do Evangelho da Prosperidade que se apegam ferrenhamente as condições pactuais de Deus com Israel na esfera material e terrena. Intencionalmente ou não, deixam de observar que até mesmo na aliança que Deus fez como o povo de Israel, acerca de dar-lhes a terra de Canaã, haviam condições a serem obedecidas sob pena de alguns não herdarem a terra. Ou seja, a condição da aliança era a obediência. Deus colocaria Israel na terra prometida, mas, os membros individuais da nação poderiam perder seus direitos à aliança pela desobediência.

Acerca desse assunto temos o episódio bíblico, em Números 13.25 – 14.45, onde o relatório dos espias, que retornaram de espiar a terra de Canaã, fora recebido com incredulidade pelo povo. Os israelitas apóstatas murmuraram e intencionaram lapidar Moisés; segundo a decisão Divina morreriam no deserto (Nm 14.1-4, 10, 29 – 38). Embora seja difícil entender, esse é um tipo de promessa simultaneamente condicional e incondicional. Os incrédulos e murmuradores se revelaram verdadeiros apóstatas, por isso perderam (?) seus direitos a essa promessa por causa da desobediência. Os que permaneceriam fiéis ao pacto e obedeceriam ao Senhor, por crerem na promessa, possuiriam a terra por herança (vv 24, 30, 38).

Em contraste, o pacto com Abraão foi incondicional: “Ora disse Jeová a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai para a terra que te mostrarei; farei de ti uma grande nação, e te abençoarei e engrandecerei o teu nome. Sê tu uma bênção: abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei aquele que te amaldiçoar; por meio de ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12:1-3 – grifo meu). A primeira clausula do acordo que Deus fez com Abraão é que seria oriundo dele uma grande nação. A segunda cláusula os judeus ignoraram. Citando ainda Hermes Fernandes, Israel não entendera o propósito de ser um canal de bênçãos a todas as nações:

Achavam-se os detentores das Bênçãos Abraâmicas, e não se dispunham a abrir mão desse monopólio. Eles não haviam entendido que o propósito de Deus não era fazer deles uma cisterna, e sim um canal de bênçãos para todas as nações.

Na segunda cláusula da aliança abraâmica está compreendida que Jesus seria o abençoador destas famílias - segundo passagem cruzada com Gálatas 3.16: “Ora a Abraão foram feitas as promessas, e à sua semente. Não diz: E às sementes, como falando de muitos; mas, como de um: E à tua semente, a qual é Cristo”. Ou seja, Cristo é a fonte das bênçãos, nós somos os beneficiários, conforme comprova Gálatas 3.29: “Mas se vós sois de Cristo, então sois semente de Abraão, herdeiros segundo a promessa”. No entanto, para que a primeira cláusula (“farei de ti uma grande nação”) pudesse ser desenvolvida havia necessidades terrenas e materiais, tais como a provisão Divina e gratuita da alimentação, a derrota física dos inimigos de Israel, a certeza geradora de confiança comprovada pelas inúmeras promessas de prosperidade ao povo.  
  
Nas bênçãos Divinas prometidas a Abraão está a unificação salvífica entre judeus e gentios, conforme comprova o apóstolo Paulo quando diz aos efésios “que os gentios são co-herdeiros e membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do Evangelho” (Ef 3:6). A Bíblia de Estudo de Genebra anota neste versículo:

Embora o Antigo Testamento ofereça vislumbres ocasionais de uma raça unificada, é somente à luz do sacrifício de Cristo que o plano de Deus se torna claro: em um único e grandioso ato, Deus removeu a inimizade entre ele mesmo e a humanidade.

A bênção prometida a todas as famílias da terra, por meio de Abraão, é espiritual e não material ou terrena – como querem os pregadores da prosperidade: é a paz, a harmonia, o livramento da culpa do pecado, a salvação, a vida eterna. Em Efésios 2.11 – 14, o apóstolo informa que pela cruz de Cristo gentios e judeus são unidos:

Por isso lembrai-vos que outrora vós, gentios em carne, que sois chamados incircuncisão pelo que é chamado circuncisão em carne, feita por mãos, estáveis naquele tempo sem Cristo, alienados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus vós que antes estáveis longe, vos aproximastes pelo sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, ele que dos dois fez um e derrubou o muro da separação, a inimizade.

A contradição da teologia da prosperidade é gritante! Somente pessoas incautas, que não priorizam o estudo bíblico e teológico não percebem isso. Jesus ensinando sobre a questão de renunciarmos nosso “eu” ou abrirmos mão de alguns privilégios que o “mundo” oferece, para “ganharmos” a vida eterna, disse: “Que aproveita a um homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? Que daria um homem em troca da sua vida?” (Mc 8:36, 37). O texto de Marcos 8.34-38 trata sobre as exigências do discipulado e seguir a Jesus é estar num relacionamento pessoal e íntimo com ele. Este, não implica em riquezas e isenção ou anulação de sofrimentos, mas em descobrirmos, por meio de Cristo, que o caminho do discipulado requer “autonegação”. O autor Dewey Mulholland (Comentário expositivo sobre Marcos – Série Cultura Bíblica) escreve:

Seguir a Jesus requer “autonegação”. Isso envolve: primeiro, mudar o centro de gravidade da visão concentrada no “eu” para a completa adesão à vontade de Deus; segundo, uma vontade contínua de dizer “não” a si mesmo a fim de dizer “sim” para Deus; e, em terceiro lugar, uma denúncia radical a toda auto- idolatria. Em oposição à auto-afirmação, a autonegação inclui também o abrir mão das prerrogativas de “direitos humanos” (cf. 1 Co 9.12, 15).

Pergunto: Os pregadores e os adeptos da teologia da prosperidade estão dispostos a mudarem o centro da gravidade concentrada no seu “eu”? Estão prontos a dizerem “não” a si mesmo? Teriam coragem de abrirem mão das prerrogativas de “direitos humanos”? Pronto, falei! Está feito o desafio. Duvido que façam isso, pois são como sanguessugas: vivem de sugar algo de alguém (no caso deles, as rendas e riquezas dos ricos, e o suado dinheiro dos crentes pobres). Bem escreveu o sábio: “A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam; sim, quatro que nunca dizem: Basta!” (Pv 30.15). Nunca estão satisfeitos. É necessário sempre criar algo, uma necessidade, uma justificativa, para extorquir financeiramente a Igreja de Deus.

Na verdade, a “pregação” dos evangélicos da prosperidade é essencialmente utilitarista, ou seja, se uma escolha produz felicidade para as pessoas, então é correta. Em certo sentido, o próprio conceito a respeito de Deus não deixa de ser também utilitarista, pois o que Ele quer é ver seus filhos felizes - resultado comprovado pelas aquisições de carrões de marca, mansões, saúde perfeita, roupas caríssimas, jatinhos, almoços em restaurantes caros, etc. Para toda essa discrepância cristã busca-se uma interpretação bíblica capaz de justificar a sede por uma vida, que no final não passa de egoísmo pessoal, busca de poder terreno e sede de prazer material. Alguém poderia afirmar que todos buscam estas coisas. O próprio pastor Silas Malafaia tem deixado bem claro que os que “criticam” seu procedimento teológico na questão financeira são hipócritas.

Há três erros básicos nesta afirmação (de que todos querem as riquezas, a fama, o status, etc). Primeiro, a generalização, pois, é muita presunção humana dizer que “todos” buscam riquezas, fama, poder e bem-estar. O problema está na categorização das riquezas e do bem-estar pessoal, pois, no caso deles, são frutos de uma busca desenfreada e ambição doentia. O segundo erro, está na busca de respaldo bíblico para sustentar a ideia de que todos procuram aquelas coisas; pois, principalmente o Novo Testamento não aplica às riquezas terrenas a possibilidade de ser uma fonte de relacionamento positivo diante de Deus. O terceiro erro é que a afirmação produz uma teologia intencionalmente defensável para substanciar uma doutrina estranha e arbitrária ao cristianismo.

O CARÁTER E OS TIPOS DE PROMESSAS DIVINAS


Infelizmente, no pentecostalismo quando um crente afirma que tem promessa de Deus para sua vida está se referindo ao fato de se tornar um pregador itinerante, um pastor integral, um (a) cantor (a) de sucesso – de preferência com agenda anual, despesas pagas e muitas vendas de CDs ou DVDs. Nada mais supérfluo! Quase sempre tem a ver com finanças. Abaixo cito o pastor Geremias do Couto, onde afirma o seguinte sobre o caráter das promessas de Deus:

- Elas são um ato da sua vontade: Devemos reconhecer que o plano de Deus para a humanidade vai muito além de nossas expectativas. “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55:8,9). A soberania de Deus há de prevalecer sempre.  

- Existem classes de promessas de Deus: algumas são incondicionais, tais como a vinda do Messias (Gl 4.4), a volta de Cristo (II Pe 3.4), o julgamento dos pecadores impenitentes (At 17.30,31), o triunfo da igreja sobre os poderes malignos (Mt 16.18). Outras são condicionais ao ser humano – principalmente na questão da obediência (tais quais as condições dos termos pactuais entre Deus e os israelitas).

- As promessas de Deus independem das circunstâncias: A realização das promessas de Deus não está sujeita as circunstâncias e nem limitadas pelas intervenções contrárias, seja do homem, do próprio Diabo, no intuito de impedir a ação de Deus (Is 43.13).

Ainda, as promessas de Deus podem ser gerais, como no caso a promessa de salvação. Podem ser promessas individuais, mas, não deve ser entendida no sentido carismático onde um “profeta” no culto revela (adivinha?) uma pessoa e passa a “profetizar” bênçãos na sua vida. Ela pode ser mais bem categorizada como promessas gerais, pois Deus não falará conosco no mesmo sentido como a Abraão, Noé, Ana e muitos outros. Existem as promessas específicas à Israel. E, existem promessas específicas à Igreja. Ainda que haja verdade nessas distinções de promessas, penso ser melhor entendermos como uma única promessa geral, distinguindo apenas suas implicações.

Por que os pregadores da prosperidade não ensinam sobre as promessas de Deus e sua soberania? “Pois o Senhor dos exércitos o determinou, e quem o invalidará? A sua mão estendida está, e quem a fará voltar atrás?” Is 14:27; sobre a promessa da salvação? “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” Gn 3:15; sobre a promessa da paz interior? “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” Jo14:27; sobre a promessa da verdadeira prosperidade? “Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” Mt 6:33; sobre a promessa de um lar feliz? “para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o Senhor, com juramento, prometeu dar a vossos pais, enquanto o céu cobrir a terra” Dt 11:21; sobre a promessa de uma velhice feliz e frutífera? “Na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes” Sl 92:14; sobre a promessa de segurança num mundo inseguro? “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Todo-Poderoso descansará” Sl 91:1; sobre a promessa da segunda vinda de Cristo? “os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” At 1:11; sobre a promessa de nossa entrada no céu? “Mas a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo” Fp 3:20.

As bênçãos de Deus para este mundo perdido e carente de salvação, com certeza não virá por meio da pregação do Evangelho da Prosperidade, pois, estes confundem o transitório com o eterno, o material com o espiritual. Que os crentes trabalhem, estudem, sejam honestos nos negócios, e, se alcançarmos alguma prosperidade material,  a Deus seja a glória!

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo” Ef 1:3

Em Cristo,

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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

CARTA A BISPA EVÔNIA*



[*Nota – é mais uma carta ficticia, gênero que uso como maneira de tornar as minhas idéias mais interessantes para o leitor. Minha esposa não tem (ainda) nenhuma amiga que virou bispa.]

Minha cara Evônia,

Minha esposa me falou do encontro casual que vocês duas tiveram no shopping semana passada. Ela estava muito feliz em rever você e relembrar os tempos do ginásio e da igreja que vocês frequentavam. Aí ela me contou que você foi consagrada pastora e depois bispa desta outra denominação que você tinha começado a frequentar.

Ela também me mostrou os e-mails que vocês trocaram sobre este assunto, em que você tenta justificar o fato de ser uma pastora e bispa, já que minha esposa tinha estranhado isto na conversa que vocês tiveram. Ela me pediu para ler e comentar seus argumentos e contra-argumentos. Não pretendo ofendê-la de maneira nenhuma – nem mesmo conheço você pessoalmente. Mas faço estes comentários para ver se de alguma forma posso ser útil na sua reflexão sobre o ter aceitado o cargo de pastora e de bispa.

Acho, para começar, que você ser bispa vem de uma atitude de sua comunidade para com as Escrituras, que equivale a considerá-la condicionada à visão patriarcal e machista da época. Ou seja, ela é nossa regra, mas não para todas as coisas. Ao rejeitar o ensinamento da Bíblia sobre liderança, adota-se outro parâmetro, que geralmente é o pensamento e o espírito da época.

E é claro, Evônia, que na nossa cultura a mulher – especialmente as inteligentes e dedicadas como você – ocupa todas as posições de liderança disponíveis, desde CEO de empresas a presidência da República – se a Dilma ganhar. Portanto, sem o ensinamento bíblico como âncora, nada mais natural que as igrejas também coloquem em sua liderança presbíteras, pastoras, bispas e apóstolas.

Mas, a pergunta que você tem que fazer, Evônia, é o que a Bíblia ensina sobre mulheres assumirem a liderança da igreja e se este ensino se aplica aos nossos dias. Não escondo a minha opinião. Para mim, a liderança da igreja foi entregue pelo Senhor Jesus e por seus apóstolos a homens cristãos qualificados. E este padrão, claramente encontrado na Bíblia, vale como norma para nossos dias, pois se baseia em princípios teológicos e não culturais. Reflita no seguinte.

1. Embora mulheres tenham sido juízas e profetisas (Jz 4.4; 2Re 22.14) em Israel nunca foram ungidas, consagradas e ordenadas como sacerdotisas, para cuidar do serviço sagrado, das coisas de Deus, conduzir o culto no templo e ensinar o povo de Deus, que eram as funções do sacerdote (Ml 2.7). Encontramos profetisas no Novo Testamento, como as filhas de Felipe (At 21.9; 1Co 11.5), mas não encontramos sacerdotisas, isto é, presbíteras, pastoras, bispas, apóstolas. Apelar à Débora e Hulda, como você fez em seu e-mail, prova somente que Deus pode usar mulheres para falar ao seu povo. Não prova que elas tenham que ser ordenadas.

2. Você disse à minha esposa que Jesus não escolheu mulheres para apóstolas porque ele não queria escandalizar a sociedade machista de sua época. Será, Evônia? O Senhor Jesus rompeu com vários paradigmas culturais de sua época. Ele falou com mulheres (Jo 8.10-11), inclusive com samaritanas (Jo 4.7), quebrou o sábado (Jo 5.18), as leis da dieta religiosa dos judeus (Mt 7.2), relacionou-se com gentios (Mt 4.15). Se ele achasse que era a coisa certa a fazer, certamente teria escolhido mulheres para constar entre os doze apóstolos que nomeou. Mas, não o fez, apesar de ter em sua companhia mulheres que o seguiam e serviam, como Maria Madalena, Marta e Maria sua irmã (Lc 8.1-2).

3. Por falar nisto, lembre também que os apóstolos, por sua vez, quando tiveram a chance de incluir uma mulher no círculo apostólico em lugar de Judas, escolheram um homem, Matias (At 1.26), mesmo que houvesse mulheres proeminentes na assembléia, como a própria Maria, mãe de Jesus (At 1.14-15) – que escolha mais lógica do que ela? E mais tarde, quando resolveram criar um grupo que cuidasse das viúvas da igreja, determinaram que fossem escolhidos sete homens, quando o natural e cultural seria supor que as viúvas seriam mais bem atendidas por outras mulheres (Atos 6.1-7).

4. Tem mais. Nas instruções que deram às igrejas sobre presbíteros e diáconos, os apóstolos determinaram que eles deveriam ser marido de uma só mulher e deveriam governar bem a casa deles – obviamente eles tinham em mente homens cristãos (1Tm 3.2,12; Tt 1.6) e não mulheres, ainda que capazes, piedosas e dedicadas, como você. E mesmo que reconhecessem o importante e crucial papel da mulher cristã no bom andamento das igrejas, não as colocaram na liderança das comunidades, proibindo que elas ensinassem com a autoridade que era própria do homem (1Tm 2.12), que participassem na inquirição dos profetas, o que poderia levar à aparência de que estavam exercendo autoridade sobre o homem (1Co 14.29-35). Eles também estabeleceram que o homem é o cabeça da mulher (1Co 11.3; Ef 5.23), uma analogia que claramente atribui ao homem o papel de liderança.

5. Você retrucou à minha esposa na troca de e-mails que nenhuma destas passagens se aplica hoje, pois são culturais. Mas, será, Evônia, que estas orientações foram resultado da influência da cultura patriarcalista e machista daquela época nos autores bíblicos? Tomemos Paulo, por exemplo. Será que ele era mesmo um machista, que tinha problemas com as mulheres e suspeitava que elas viviam constantemente tramando para assumir a liderança das igrejas que ele fundou, como você argumentou? Será que um machista deste tipo diria que as mulheres têm direito ao seu próprio marido, que elas têm direitos sexuais iguais ao homem, bem como o direito de separar-se quando o marido resolve abandoná-la? (1Co 7.2-4,15) Um machista determinaria que os homens deveriam amar a própria esposa como amavam a si mesmos? (Ef 5.28,33). Um machista se referiria a uma mulher admitindo que ela tinha sido sua protetora, como Paulo o faz com Febe (Rm 16.1-2)?

6. Agora, se Paulo foi realmente influenciado pela cultura de sua época ao proibir as mulheres de assumir a liderança das igrejas, o que me impede de pensar que a mesma coisa aconteceu quando ele ensinou, por exemplo, que o homossexualismo é uma distorção da natureza acarretada pelo abandono de Deus (Rm 1.24-28) e que os sodomitas e efeminados não herdarão o Reino de Deus (1Co 6.9-11)? Você defende também, Evônia, que estas passagens são culturais e que se Paulo vivesse hoje teria outra opinião sobre a homossexualidade? Pergunto isto pois em outras igrejas este argumento está sendo usado.

7. Tem mais, se você ainda tiver um tempinho para me ouvir. As alegações apostólicas não me soam culturais. Paulo argumenta que o homem é o cabeça da mulher a partir de um encadeamento hierárquico que tem início em Deus Pai, descendo pelo Filho, pelo homem e chegando até a mulher (1Co 11.3).[1] Este argumento me parece bem teológico, como aquele que faz uma analogia entre marido e mulher e Cristo e a igreja, “o marido é o cabeça da mulher como Cristo é o cabeça da igreja” (Ef 5.23). Não consigo imaginar uma analogia mais teológica do que esta para estabelecer a liderança masculina. E quando Paulo restringe a participação da mulher no ensino autoritativo –que é próprio do homem – argumenta a partir do relato da criação e da queda (1Tm 2.12-14).[2]

8. Você já deve ter percebido que para legitimar sua posição como bispa você teve que dar um jeito neste padrão de liderança exclusiva masculina que é claramente ensinado na Bíblia e na ausência de evidências de que mulheres assumiram esta liderança. Não tem como aceitar ser bispa e ao mesmo tempo manter que a Bíblia toda é a Palavra de Deus para nossos dias. E foi assim que você adotou esta postura de dizer que a liderança exclusiva masculina é resultado da cosmovisão patriarcal e machista dos autores do Antigo e Novo Testamentos, e que portanto não pode ser mais usada em nossos dias, quando os tempos mudaram, e as mulheres se emanciparam e passaram a assumir a liderança em todas as áreas da vida. Em outras palavras, como você mesmo confirmou em seu e-mail, a Bíblia é para você um livro culturalmente condicionado e só devemos aplicar dele aquelas partes que estão em harmonia e consenso com nossa própria cultura. Eu sei que você não disse isto com estas exatas palavras, mas a impressão que fica é que você considera a Bíblia como retrógrada e ultrapassada e que o modelo de liderança que ela ensina não serve de paradigma para a liderança moderna da Igreja de Cristo.

Quando se chega a este nível, então, para mim, a porta está aberta para a entrada de qualquer coisa que seja aceitável em nossa cultura, mesmo que seja condenada nas Escrituras. Como você poderá, como bispa, responder biblicamente aos jovens de sua igreja que disserem que o casamento está ultrapassado e que sexo antes do casamento é normal e mesmo o relacionamento homossexual? Como você vai orientar biblicamente aquele casal que acha normal terem casos fora do casamento, desde que estejam de acordo entre eles, e que acham que adultério é alguma coisa do passado?

Sabe Evônia, você e a sua comunidade não estão sozinhas nessa distorção. Na realidade esse pensamento é também popularizado por seminários de denominações tradicionais e professores de Bíblia que passaram a questionar a infalibilidade das Escrituras, utilizando o método histórico crítico, ensinando em sala de aula que Paulo e os demais autores do Novo Testamento foram influenciados pela visão patriarcal e machista do mundo da época deles. Só podia dar nisso... na hora que os pastores, presbíteros e as próprias igrejas relativizam o ensino das Escrituras, considerando-o preso ao séc. I e irremediavelmente condicionado à visão de mundo antiga, a igreja perde o referencial, o parâmetro, o norte, o prumo – e como ninguém vive sem estas coisas, elege a cultura como guia.

Termino reiterando meu apreço e respeito por você como mulher cristã e pedindo desculpas se não posso me dirigir a você, em nossa correspondência pessoal, como “bispa” Evônia. Espero que meus motivos tenham ficado claros.

Um abraço,

Augustus

NOTAS

[1] Esse encadeamento hierárquico se refere à economia da Trindade e trata das diferentes funções assumidas pelas Pessoas da Trindade na salvação do homem. Ontologicamente, Pai, Filho e Espírito Santo são iguais em honra, glória, poder, majestade, como afirmam nossas confissões reformadas.

[2] Veja minha interpretação desta passagem e de outras no artigo da Fides Reformata “
Ordenação Feminina”.
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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ministério Público Federal impede Discriminação patrocinada pelas Testemunhas de Jeová


Reportagem e entrevista exibidas no dia 02/08/2011 no jornal Diário da Manhã, da TV Diário de Fortaleza, na qual a Procuradora da República Nilce Cunha explica como as Testemunhas de Jeová são ensinadas pelos líderes da organização a praticar o crime de discriminação religiosa, desestruturar famílias e denigrir a imagem do ex-membro que não acredita mais nos ensinamentos difundido pelo grupo de homens chamado Corpo Governante, que cria as leis supostamente divinas diretamente dos EUA.

Faça o Download e leia a Ação Civil Pública na íntegra no link
http://www.4shared.com/document/sjWdhCI3/MPF.html

Objetivo do MPF é: A presente ação tem por esteio o procedimento administrativo nº 1.15.000.000171/2011-11, que segue em anexo, instaurado a partir de representação de Sebastião Ramos de Oliveira, servidor público federal, em que relata a ocorrência de graves violações aos seus direitos fundamentais pertinentes à igualdade, à liberdade de informação, à inviolabilidade de consciência e de crença, assim como à proteção à família patrocinadas pela ASSOCIAÇÃO TORRE DE VIGIA DE BÍBLIAS E TRATADOS, que representa as Congregações das Testemunhas de Jeová no Brasil, bem como pela ASSOCIAÇÃO BÍBLICA E CULTURAL DE FORTALEZA, entidade que representa, no Estado do Ceará, a dita congregação, situada na Rua João Cordeiro, Nº 2379, Fortaleza-CE.

Quero ver agora quem vai ser a Testemunha de Jeová fanática que vai vir aqui desmentir a procuradora. Tudo o que ela falou pode ser comprovado nas publicações da Torre de Vigia, portanto, cuidado com os desaforos aqui.

Link para o fórum de Ex-Testemunhas de Jeová, onde o assunto é debatido:
http://www.extestemunhasdejeova.net/forum/portal.php
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sábado, 21 de janeiro de 2012

A PROSPERIDADE NO NOVO TESTAMENTO (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

Os adeptos do Evangelho da Prosperidade afirmam que os cristãos têm direito as riquezas materiais. Se não estão prosperando financeiramente existem três razões: o desconhecimento deste direito, não estão confessando positivamente que serão ricos ou estão em pecado. É importante dizer que quando a Bíblia menciona pessoas ricas não percebemos nenhuma indicação de que suas situações financeiras positivas eram de ordem espiritual. Nisso está implícito o quê os pregadores do Evangelho da Prosperidade ensinam: pessoas ricas eram bem sucedidas financeiramente por causa da maneira como serviam a Deus. Porém, o Senhor nunca estipulou que a situação financeira de alguém fosse padrão, requisito, norma ou regra para alguém estar “de bem com Ele” e até mesmo comprovar sua salvação. Ninguém será salvo por ser rico ou condenado por ser pobre – ou vice-versa. Ninguém desfruta de um relacionamento e atendimento vip de Deus por ser rico.

Se fôssemos aderir o ensino do Evangelho da Prosperidade teríamos de admitir que Nicodemos (pertencente ao grupo dos fariseus) e José de Arimatéia além de piedosos e tementes a Deus estavam espiritualmente em melhor situação que os discípulos de Jesus. É verdade que a Bíblia menciona José de Arimatéia ser homem bom e justo, mas, mesmo assim foi necessário crer em Cristo e recebe-lo como seu Salvador. Por outro lado, os discípulos de Jesus deveriam ser os mais ricos dos homens, porém, a realidade comprova o contrário. Não quero ser acusado de “especulador grosseiro”, mas é fato que profissionalmente os discípulos de Jesus trabalhavam arduamente e mesmo assim foram selecionados por Jesus para comporem o grupo apostólico. Por que Jesus não vocacionou, para estar entre os doze, Nicodemos ou José de Arimatéia ou qualquer outro cidadão rico e bem sucedido profissionalmente em Israel?

Mateus fora coletor de impostos, uma profissão indigna a qualquer cidadão judeu. Ele não era um architelontes (coordenador, chefe dos coletores de impostos), mas um telontes (um simples cobrador de impostos).  Os coletores de impostos (os publicanus) eram associados a pecadores (Mt 9.10-13), meretrizes (Mt 21.31,32) e pagãos (Mt 18.15-17).  André e Simão Pedro, Tiago e João (filhos de Zebedeu) eram pescadores. Apesar de relativo sucesso profissional (arrisco a dizer que os quatro eram sócios - Lucas 5.7-10) eles tiravam do mar o sustento com muita dificuldade. Não tinham o luxo de comandarem dezenas de funcionários a partir do seu “escritório”, pois deviam estar em alto-mar pescando.

É certo também que os discípulos, à medida que eram chamados por Jesus, abandonavam seus ofícios e priorizavam em suas vidas o discipulado aos pés do Mestre. Porém, não observo em nenhum momento Jesus dizer a eles que agora que teriam deixado suas profissões e obedeceram a seu chamado, seriam ricos e não mais enfrentariam enfermidades. Nunca li um versículo onde Jesus tenha dito à eles que bastava terem conhecimento de que Deus não aprova a pobreza ou as doenças na vida dos que O servem e que confessando positivamente a prosperidade física ou financeira, de fato era isso que aconteceria.

Não é porque Deus é dono do “ouro e da prata”, como dizem alguns, que os que O servem também deve ser. Nós não somos donos de nada – nem da nossa própria vida. Deus tem abençoado muitos crentes com uma boa profissão, outros com heranças, com promoções no emprego, com oportunidades e condições financeiras de cursarem nível superior. Mas existem leis naturais e universais envolvidas nesse processo. Essa história de que Deus quer dar aos seus filhos os melhores carros, os melhores postos políticos ou empregatícios, as melhores roupas, as melhores casas, não passa de “conversa pra boi dormir”, “palavras jogadas ao vento”. Kenneth Hagin chega às raias do absurdo e da contradição quando diz que Jesus andou no Cadillac dos seus dias – um jumento. Sobre isso, preste atenção no que diz o Dr Alan Pieratt:

A ingenuidade da doutrina da prosperidade pode ser vista com total clareza na tentativa ridícula de Hagin no sentido de justificar a busca das riquezas, quando diz que Jesus andou no Cadillac de seus dias — um jumento. É difícil acreditar que ele não saiba que um jumento, ainda mais emprestado, estava muito abaixo da dignidade e do luxo conferidos por um cavalo ou uma carruagem. É a mesma coisa que chamar cimento de ouro.

TEXTOS BÍBLICOS USADOS PELOS PREGADORES DA PROSPERIDADE


Os pregadores da Prosperidade “usam e abusam” da má interpretação bíblica para enganar os crentes. Citam, por exemplo, os textos abaixo:

Também eu vos digo: Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, acha; e ao que bate, se abrirá. (Lc 11.9,10).

Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa. (Jo 16.24)

E tudo o que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis. (Mt 21.22)

se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível. (Mt 17.20)

Em verdade, em verdade, vos digo: o que pedirdes ao Pai, ele vos dará em meu nome. (Jo 16.23)

E o que pedirdes em meu nome, eu o farei a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se me pedirdes algo em meu nome, eu o farei. (Jo 14.13, 14).

Todos estes versículos possuem uma interpretação sadia e correta e devem estar em concordância com o que Deus pensa sobre o tema.

Sobre Lucas 11.9, 10 o enfoque está em que não devemos desistir de orar por algo – temos de persistir. Isso nada tem a ver com pensamento positivo ou poder da mente. Também não está especificado no texto que são as riquezas ou a saúde física que serão prontamente atendidas ou terão uma resposta absolutamente positiva da parte de Deus. Leon Morris (Vida Nova, p. 185) interpreta que “Jesus não diz, e não quer dizer que, se orarmos, sempre obteremos o que pedimos. Afinal das contas ‘Não’ é uma resposta tão específica quanto ‘Sim’. Está dizendo que a verdadeira oração não deixa de ser ouvida ou de ser atendida. É sempre respondida na maneira que Deus considera melhor”.

João 14.13, 14 tem sido interpretado como se Deus pagasse um “cheque em branco”. O texto diz que Jesus faria “tudo” o que fosse pedido. É bênção ilimitada – dirão os defensores do Evangelho da Prosperidade. Porém, o texto estabelece dois limites concretos: em meu nome [no nome de Jesus] e para que o Pai seja glorificado. A primeira expressão significa pedir como Cristo pedia quando estava na terra e como pediria se estivesse em nosso lugar. Jesus sempre pedia coisas que glorificavam ao Pai e nunca para satisfazer seus desejos arbitrários e ilícitos. Ele sempre dizia “seja feita a Tua vontade”. Orar pedindo em nome de Jesus não significa tomar seu nome como se fosse uma fórmula mágica, um “abracadabra evangélico”, tendo a garantia Dele que Deus dará exatamente o que estamos pedindo. Portanto, qualquer coisa tais como mundanas, triviais, egoístas, para acalentar nossos interesses pessoais, está fora de cogitação em João 14.13, 14.

O texto de João 16.23 refere-se em primeiro lugar ao fato de que após a vinda do Espírito e depois do Pentecostes eles teriam acesso direto ao Pai, com base em Sua união com o Cristo glorificado. Isso pode ser entendido da expressão “naquele dia”.  Jesus está dizendo que suas orações teria eficácia. Porém, segue o mesmo sentido de João 14.13, 14, que deveriam orar pelas mesmas coisas que Jesus orava; orar com a mesma atitude que Jesus orava, isto é, com reverência, dependência e submissão a vontade de Deus-Pai e orar tendo como base a obra realizada por Cristo na cruz. Nada de pedir riquezas, carros, mansões, absoluta saúde.

Em Mateus 17.30 Jesus reclama da pouca fé dos discípulos. A expressão “direis a este monte” trata-se de um exagero literário para indicar que, por mais que alguém tenha o mínimo de fé ainda assim pode mover coisas grandes ou resolver grandes dificuldades. No entanto, a expressão “nada vos será impossível” deve ser entendida e interpretada dentro do contexto das promessas de Jesus e de suas condições correspondentes. O nada ser impossível deve estar de acordo com a vontade de Deus, a oração sendo feita em nome de Jesus, para a glória de Deus e partir de um coração puro. O texto de Mateus 21.22 também tem o mesmo sentido.

A RIQUEZA NO NOVO TESTAMENTO

No Novo Testamento as riquezas não constitui um alvo a ser buscado e alcançado. Muito pelo contrário ela foi alvo de críticas e apresentada como um perigo. Jesus disse, em Mateus 6.24, que não devemos tê-la como senhor das nossas vidas: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”. A Bíblia de Estudo Pentecostal anota o seguinte sobre o significado da expressão “Mamom” e explica o seguinte sobre as riquezas:

No original é mamom, um termo aramaico significando dinheiro ou outros bens terrenos valiosos. Jesus deixou bem claro que uma pessoa não pode ao mesmo tempo servir a Deus e às riquezas. (1) Servir à riqueza é dar-lhe um valor tão alto que: (a) colocamos nela nossa confiança e fé; (b) esperamos da parte dela nossa segurança máxima e felicidade; (c) confiamos que ela garantirá o nosso futuro; e (d) a buscamos mais do que o reino de Deus e sua justiça. (2) Acumular riquezas é um trabalho tão envolvente, que logo passa a controlar a mente e a vida da pessoa, até que a glória de Deus deixa de ter a primazia em nosso ser (Lc 16.13).

Jesus também disse na parábola do semeador que há um tipo de terreno onde a palavra de Deus e o evangelho lançado não prevalecem perfeitamente: é aquele em que a semente que caiu entre os espinhos. “e a que caiu entre espinhos, esses são os que ouviram, e, indo por diante, são sufocados com os cuidados, e riquezas, e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição”. Os cuidados pessoais, os deleites, as riquezas, asfixiaram a semente e ela não pode produzir fruto com perfeição. Tornaram-se obstáculos. Isso os pregadores da prosperidade não dizem, não ensinam e nem pregam.

O apóstolo Paulo condenou com veemência (I Tm 6.9,10) os que anseiam por dinheiro: “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. Disse também (Fp 4.11-13) que era maduro o suficiente para enfrentar as dificuldades da vida quanto a sua situação social, ao pregar o evangelho: “Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido me sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas nas coisas naquele que me fortalece”. Paulo está dizendo que apesar das circunstâncias ele está satisfeito. O contentamento dele está em Cristo e não no que as coisas materiais poderiam trazer-lhe. O apóstolo diz que aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação (v. 11), isto é, possuía suficiência espiritual para enfrentar as dificuldades. Então, no versículo 13 diz que a Pessoa, a fonte, que lhe ensinou como agir desta forma foi o Senhor Jesus, por isso que podia fazer todas as coisas, ou seja, tudo quando era necessário ao estar em Cristo. 

NÃO FAÇO APOLOGIA DA POBREZA

Dito essas coisas a respeito das riquezas, quero deixar claro que a pobreza não é sinal da aprovação de Deus, não é sinal de espiritualidade, não deve ser incentivada, não deve se constituir em algo para ser vivida em toda a extensão da vida humana, não devemos nos conformar com ela.  A pobreza, de fato não é conveniente nem boa. Muitos crentes vivem uma situação financeira extremamente difícil por serem pobres. Não creio que isso agrada a Deus. O Dr Alan Pieratt diz o seguinte:

Na cosmovisão da Bíblia nem a pobreza nem a prosperidade são virtudes, mas, entre as duas, um acesso relativo à prosperidade constitui o ideal bíblico. É isso que João desejou para seus leitores de 3 João 2. A prosperidade contra a qual a Bíblia prega é aquele acúmulo de bens que vem com a riqueza e que engana a mente e a alma, fazendo com que se sintam auto-suficientes, pensando que não devem nada a Deus ou aos homens. A prosperidade é um bem, se for concebida no sentido de uma vida ordeira e decente, sem uma preocupação excessiva com pagamento de contas, consumo e educação, onde sobra o necessário para ajudar o próximo.

Conheço muitos irmãos ricos que não colocam seus corações nos bens que possuem, são abnegados servos de Deus, e utilizam suas riquezas para auxiliarem os necessitados. Por outro lado, também, conheço crentes pobres que não temem a Deus, não são piedosos e são orgulhosos. Perante Deus não há pobre nem rico, preto ou branco, homem e mulher, mas todos são um só. A questão que interessa está em temermos ao Senhor, O colocarmos em primeiro lugar em tudo na nossa vida, observarmos a Sua Palavra e obedecermos a seus preceitos, e não em sermos pobres ou ricos.

Que o Senhor nos guarde e nos preserve em humildade!

Em Cristo,
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sábado, 14 de janeiro de 2012

OBEDECER: DEVE SER SEMPRE A REGRA (Subsidio EBD)


Por Gilson Barbosa

Obedecer é submeter-se à vontade de outrem e executá-la. Parece ser algo tão simples, mas ao mesmo tempo extremamente complexo. Temos dificuldades e obstáculos na execução da obediência. Por vezes não nos submetemos à solicitação, vontade, pedido ou ordem de outra pessoa.

Por outro lado, temos de analisar se a obediência que prestamos a alguém não é cega, escravizada, destituída de bom senso, irracional, imoral, contraditória, e se o que a outra pessoa nos pede é lícito ou moralmente correto de ser executado, pois a obediência não é algo que acontece de maneira mecânica; demanda o uso da razão, dos sentidos, da emoção, da sensatez.

O primeiro registro bíblico onde o SENHOR pede obediência está em Genesis 2.15-17: “E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. O que o casal deveria fazer? Obedecer! Mas, todos sabem o que aconteceu. O resultado dessa desobediência foi a morte espiritual (no sentido da separação no relacionamento com Deus) e a introdução deles na rota da morte física.

Da ordem que Deus deu a Adão depreende duas coisas. Em primeiro lugar, o ser humano deve responder livremente por seus atos e estar pronto para receber os resultados deles. Ele não é uma máquina, mas alguém criado com liberdade de escolha. Em segundo lugar, ele é responsável diante de Deus por suas ações. A desobediência traz consigo uma consequência clara e grave: a morte (física, espiritual e eterna). O apóstolo Paulo comentando sobre o aspecto espiritual e eterno da morte, no ser humano, que é resultado de uma vida sem santificação disse: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).

Aqui está um caso interessante. Obedecer a Deus é praticar a santificação, no sentido de separação para o serviço dele e de atender suas exigências. Isso significa que um meio utilizado por Deus para comunicar sua Justiça (justificação pela fé diante Dele) é a busca da santificação apartando-nos do pecado. Um cristão desobediente aos mandamentos do SENHOR está numa esfera de risco. Segundo o entendimento paulino se alguém não consegue manter em santificação, apartado do pecado (no caso, leia-se desobediência), não pode ter convicção de que é um regenerado por Deus e, portanto, não usufrui da justiça de Cristo. Seu estado é de morte. Assim estão muitos crentes hoje em dia. Não vivem vida espiritual abundante, pois não obedecem aos mandamentos do SENHOR.

Mas cabe uma pergunta: Obedecer a Deus é absolutamente garantia de prosperidade financeira e cura para o corpo físico? Kenneth Hagin, o divulgador do Evangelho da Prosperidade, diz que a doença é resultado da desobediência da lei. Ele identifica a maldição da lei em Gálatas 3.13, 14, com as maldições proferidas por Moisés, no Monte Ebal, em Deuteronômio 28.15-68.

Percebemos facilmente nesses versículos bíblicos que a enfermidade é uma maldição da lei. As doenças horríveis enumeradas aqui — e, na realidade, todas as demais enfermidades e pragas, de acordo com o v. 61 — fazem parte do castigo pela quebra da lei de Deus.[1]

Nesse caso não se admite, em hipótese alguma, um crente adoecer, pois estaria ainda debaixo da maldição da Lei. Mas, quanto ao entendimento cristão, sabemos que a maldição de Deus sobre a raça humana não advém da quebra da Lei mosaica, mas da queda de Adão no Éden. O pensamento de Kenneth Hagin, muito errado por sinal, é que se CRISTO nos resgatou da maldição da lei quando morreu na cruz do Calvário, conforme Gálatas 3.13, então o crente não pode adoecer. Mas, o que o texto de Gálatas 3.13 nos ensina é que a maldição da Lei não está sob nós, pois, uma vez que CRISTO a levou, na expiação realizada quando morreu na cruz do Calvário, temos paz com Deus. A condenação, então, que paira sobre a humanidade está no campo espiritual, da eternidade, e não do terreno, físico. Em diversos ensinamentos de JESUS percebemos o princípio de que o correto é nos preocuparmos com a eternidade, muito mais do que somente com esta vida.

O leitor pode pensar que os que obedecem a Deus sempre terão garantia de sucessos, riquezas materiais, ausência de perseguições ou serão impassíveis de doenças. Em certo sentido, sim. Mas não é uma regra, nem uma lei absoluta. Quando recebemos a CRISTO como nosso SENHOR e SALVADOR nosso caráter é regenerado e passamos a agir de maneira equilibrada, sensata, ordeira. Uma vida simples e obediente a ELE nos alçará naturalmente a um estado de paz e serenidade tão excelente que evitaremos os exageros, o consumismo impulsivo, o mau relacionamento, a violência, os vícios que degeneram a saúde física.

O principio que devemos buscar em Deuteronômio 28.1-12, é que em geral é melhor seguir os caminhos de Deus do que os nossos; é muito melhor acatar as decisões Divinas, do que as humanas. Isso, não significa que os justos não sofrerão na jornada cristã ou terrena.

O apóstolo Paulo era obediente ao SENHOR, mas mesmo assim não teve garantia de que não seria acometido de nenhuma enfermidade por conta disso. Muito pelo contrário, quando por três vezes orou para que DEUS o curasse obteve resposta negativa: “E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (II Co 12.7-9).

Quanto à Israel DEUS tinha um pacto, uma aliança. Este plano não estava apenas na questão espiritual, mas na formação de uma nação onde SEU nome pudesse ser notório e conhecido entre os povos, onde os objetivos eternos pudessem encontrar algo natural de acontecer. Deus não desceria do céu para demonstrar sua própria existência às nações, às pessoas. Os milagres que aconteceram na história da nação hebraica e todo o contexto em que estavam inseridos comprovam a realidade de algo muito mais que físico existencialmente.  Jesus deixou isso claro quando dialogava com a mulher samaritana: “Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus”. (Jo 4.22). Os judeus nos legaram a salvação, o Messias e a Bíblia Sagrada.

Em Gálatas 3.8 notamos que a promessa de salvação aos gentios (todas as outras nações – exceto Israel) fora feita primeiramente a Abraão (pessoa historicamente importante aos judeus): “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti”. A bênção era sem sombra de dúvida espiritual: a salvação. A pergunta é: Como Deus transformaria um povo com mentalidade de escravos em pessoas audaciosas, corajosas e destemidas? Como os hebreus teriam senso de cidadania? Aonde estabeleceriam seu próprio modo de vida? O que deveriam obedecer e acatar? Quem os conduziria a um local aonde iniciariam a sua existência (de Israel) como nação? Que garantias teriam de DEUS de que teriam sucesso na conquista da sua própria existência?

Era óbvio de que para um propósito tão excelente, a um povo em formação, haveria cláusulas maravilhosas com efeitos maravilhosos. Pra mim, isso é suficiente para entender porque DEUS fez tantas promessas de sucesso e prosperidade a Israel. Para essa ocasião elas eram justas e necessárias. Conforme o tempo foi passando as promessas se transportam da esfera material para a espiritual. Podemos observar isso em Jeremias 31.31-34: “Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, porquanto eles invalidaram o meu concerto, apesar de eu os haver desposado, diz o SENHOR. Mas este é o concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: porei a minha lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.  E não ensinará alguém mais a seu próximo, nem alguém, a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior, diz o SENHOR; porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados”.

Por fim temos de nos precaver para não fazermos da nossa obediência uma moeda de troca com o SENHOR. É isso que fazem os adeptos do Evangelho da Prosperidade quando dizem que devemos decretar, exigir, declarar a cura e o sucesso financeiro em nossa vida, pois conhecemos nossos direitos. Não é incomum ouvirmos testemunhos de crentes que, quando estão em situações difíceis na vida, indagam a DEUS se ELE não está “vendo” que são crentes fiéis, santos, dizimistas, obedientes, etc. Esse tipo de relacionamento com DEUS está errado, pois deixa de considerar a soberania DELE quanto aos pormenores da nossa existência, alça o ser humano sempre a uma posição de mérito, pode o tornar mal agradecido e murmurador se não tiver o que quer, e faz do relacionamento com o SENHOR uma barganha sem considerar a essência da obediência.

A desobediência pode ser a causa da maldição, conforme está registrado nos OBJETIVOS da lição, mas não pode ser entendido no sentido estrito e absoluto, senão temos de ensinar que se um crente adoece, se é pobre financeiramente, ou não é próspero em sua vida, é porque está em pecado ou em desobediência contra Deus, contrariando a afirmação bíblica (Jo 16.33) que neste mundo seríamos constantemente provados: “Tenho-vos dito isso, para que nem mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”.

Identifico alguns princípios importantes nesta lição: o pecado traz consequências nefastas ao crente que insiste em desobedecer ao SENHOR; nem sempre a causa de situações difíceis em nossa vida é de origem satânica; em alguns casos nós mesmos somos os únicos responsáveis pelo que nos acontece; é melhor obedecer ao que o SENHOR manda do que fazermos o que bem entendermos; não é porque nossa posição diante de DEUS é de Justos que não estamos passíveis ao sofrimento; é sempre melhor e mais gratificante, com melhores resultados, o obedecer; a importância do discernimento quando algo está não está indo bem em nossa vida.

Que sejamos obedientes ao SENHOR em todo o tempo!

Em Cristo,


[1] HAGIN, Kenneth. Redimidos da Miséria, da Enfermidade e da Morte. Graça Editoria, 1998. 
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sábado, 7 de janeiro de 2012

A PROSPERIDADE NO ANTIGO TESTAMENTO (Subsidio EBD)


Por Gilson Barbosa

Preciso fazer uma confissão: estou cansado, saturado e enojado de ouvir “sermões” de auto-ajuda com “respaldo bíblico”.  Expressões tais como “onde você pisar a planta do teu pé será teu” ou “Deus te colocou por cabeça e não por cauda”, “faça prova com Deus”, “os sonhos de Deus são pra você”, “toque o coração de Deus com sua adoração”, “Dê e Deus dará pra você”, “todas as promessas de Deus na sua vida se cumprirão”, etc, demonstram ou a falta de preparo teológico ou a insinceridade dos pregadores atuais. Pelo andar da carruagem a segunda opção deve ser a certa.

Tipos de Promessas

Certos ensinadores e pregadores precisam reler o Antigo Testamento com a lente da cosmovisão neotestamentária cristã. Nós não somos judeus, somos cristãos. Desse entendimento e compreensão temos a implicação que nem tudo que é bíblico é prescrição aos crentes da Nova Aliança. Muitas promessas bíblicas, destinadas à Israel, tem sofrido uma reinterpretação ou uma aplicação errada. Nós não somos o Novo Israel, pois Deus ainda não desistiu do Seu legítimo povo e muitas promessas feitas a eles ainda terão seu cumprimento.  Israel tem com o Senhor mais do que algo meramente espiritual; tem uma história.

O pastor Geremias do Couto (As Promessas de Deus para Sua Vida, 2007) informa que há pelo menos quatro tipos de promessas: gerais, individuais, para Israel e para a Igreja. Quanto às promessas a Israel ele diz: “Embora sejamos abençoados pelo fato de a nação judaica ter desempenhado papel proeminente na história da salvação (Jo 4. 19-24), não é biblicamente correto tomar promessas específicas de Deus para Israel, muitas das quais terão cumprimento futuro, e aplica-las à Igreja. Isso ocasiona sérios desvios doutrinários. Ler At 3.25; Gl 3.14-18; Hb 6.12-15; 7.6)”.

O que alguns fazem hoje (com a aplicação das passagens bíblicas), quando leem os livros da Bíblia Hebraica (o Antigo Testamento), comprova a razão da confusão doutrinária que paira sobre centenas (ou milhares?) de igrejas evangélicas. Até mesmo ensinadores hábeis tem sido vítima de uma interpretação e aplicação errada de textos bíblicos do Antigo Testamento. Certa vez, numa lição bíblica, o comentarista orientando que devemos orar pelas madrugadas, cometeu o crasso erro de citar Provérbios 8.17 “Eu amo aos que me amam, e os que de madrugada me buscam me acharão” (Revista e Corrigida); na Nova Versão Internacional está “Amo os que me amam, e quem me procura me encontra”; na Almeida Corrigida Fiel “... e os que cedo me buscarem me acharão”. Uma leitura mais atenta indicará que quem busca a sabedoria ainda na sua tenra juventude adquire uma riqueza superior a todas as riquezas materiais existentes no mundo. Outros há que criam ministérios de dança, como parte da liturgia do culto, com base nas danças de Miriã ou de Davi. Até mesmo cantores ou músicos têm sido denominados de levitas (expressão que particularmente não cabe).

O que é ser próspero, segundo Jesus!

Ser próspero é muito mais que adquirir riquezas financeiras, ter boa saúde, ou uma promoção profissional. Ser bem sucedido, segundo o exemplo e ensino deixado por Cristo, não significa isenção ou anulação de aflições, dores, enfermidades, privações, mas sermos obedientes ao Senhor ainda que com tudo isso. O sermão do Monte não faz parte dos sermões de muitos pregadores, pois espanta as pessoas e esvazias as igrejas. Segundo o Líder do cristianismo, bem-aventurado não é o que não adoece, ou os que sonham os sonhos de Deus, ou os que não “são cauda”, ou os que terão restituição de tudo o que “perderam”. Jesus afirmou (Mt 5.11): “Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa, os insultarem, os perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês”. Alguém aí está a fim de ser insultado, perseguido ou caluniado por causa do evangelho ou do Senhor Jesus? Alguém aí pode dizer “amém”?

Ele conclui dizendo que a recompensa do cristão não é terrena, mas celestial: “Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês” (Mt 5.12). Os pregadores e ensinadores parece não ter tanto desejo assim: serem recompensados no porvir. Querem a recompensa de servir a Cristo, aqui e agora!

A expiação de Cristo e a cura física

Aliás, eles ensinam que na expiação (a morte de Cristo) Jesus teria levado todas as nossas dores e que os efeitos dela resultam numa vida próspera em todos os sentidos (menos no sentido de que é possível o cristão sofrer qualquer “inconveniência” em servir a Cristo).

Alguns textos que os defensores da cura na expiação de Cristo (sua morte), gostam de citar:

Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Isaías 53.4

... para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas  enfermidades e levou as nossas doenças. Mateus 8.17

levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. I Pedro 2.24

Alguns comentaristas não concordam com o ensino de que Jesus levou nossas dores e enfermidades quando da sua expiação, pois, se assim fosse o crente de fato não poderia adoecer – o que está em desacordo com a realidade. O texto de Mateus 8.17, então, deve ser entendido no sentido de que no momento em que Jesus efetuava as curas se cumpria Isaías 53.4, até porque a expressão usada pelo escritor do Evangelho é “para que cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías”. Já no texto de I Pedro 2.24 não está claro se as feridas saradas são doenças ou enfermidades. Outros comentaristas admitem que a expiação de Cristo possa concordar com os benefícios espirituais e físicos do ser humano. Porém não concordam que a cura do corpo seja plena nesta vida. O Dr Alan Pieratt (O Evangelho da Prosperidade) afirma:

Esta citação de Isaías 53.4, 5 é interpretada da perspectiva da doutrina da prosperidade e considerada como prova de que a redenção inclui a promessa de saúde perpétua para o cristão. Não pode haver dúvida de que Mateus (veja também 1 Pedro 2.24) está se referindo aos benefícios físicos e espirituais da expiação. Mas a questão não é se a redenção envolve o homem como um todo. É claro que sim. Tanto o corpo quanto a alma serão um dia redimidos (Rm 8.23). A questão é se essa redenção aplica-se completamente aqui e agora, nesta vida. Ela será discutida com mais detalhes na próxima divisão. Por ora, basta observar que, nesse versículo, a expressão "para que se cumprisse" não significa que a profecia foi completamente cumprida naquela época ou no tempo vivido hoje pela igreja, sendo que nada mais resta. Tanto em sua execução quanto em seus benefícios, a redenção é um processo, e nem todos esses benefícios já foram alcançados.

Se ser próspero, do ponto de vista dos adeptos do evangelho da prosperidade, é absolutamente não adoecer, parece que a Escritura Sagrada não endossa seus ensinos.  Invoco novamente o Dr Alan Pieratt:

Os pregadores da prosperidade cedem um pouco a essa réplica da Bíblia, admitindo que o cristão pode passar por problemas na vida, mas estes nunca envolverão qualquer doença. Em contrapartida, respondemos que a Bíblia está cheia de exemplos de homens e mulheres fiéis que sofreram doenças de vários tipos. Alguns poucos exemplos serão suficientes para provar o que dizemos.  Por exemplo, em 2 Reis 13.14, 20, vemos a morte de Eliseu provocada por uma doença não identificada, embora ele continuasse sendo porta-voz de Deus até o fim. Em Atos 7.9-11, a tribulação se refere ao desconforto mental sofrido por José, enquanto era escravo no Egito, e aos sofrimentos físicos decorrentes da fome. Em 2 Coríntios 1.3-11, Paulo fala de uma tribulação sofrida na Ásia, usando palavras que lembram uma enfermidade física. Em Gálatas 4.13, Paulo diz que estava doente. Em outras passagens, escreve que seus colaboradores na obra, Epafrodito, Timóteo e Trófimo, adoeceram em uma ou outra oportunidade. Filipenses 2.30 afirma que Epafrodito quase morreu. Timóteo tinha uma doença estomacal crônica (1 Tm 5.23), e parece que Trófimo teve de ser deixado para trás por causa de uma doença séria (2 Tm 4.20).

Promessas de prosperidade a Israel

Entendo que na Aliança que Deus fez com Israel estava, entre outras bênçãos, a prosperidade financeira e a saúde física. Mas isso tinha a ver com todas as etapas históricas por quais Israel teria de passar. Deus de fato disse a Abraão que daria uma terra a Israel, conforme Gênesis 12.1, 7; 13.14-18; 15.17-21; 17.8. Disse que seriam curados se O obedecessem: “E disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR, teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o SENHOR, que te sara.” [grifo meu]. Contudo, sabemos que até mesmos os homens de Deus que foram bem sucedidos na sua jornada, adoeceram e morreram e os que se tornaram ricos não fizeram das suas riquezas um cavalo de batalha, uma moeda de troca ou uma forma de sucesso com Deus. Abrão, por exemplo, deu oportunidade para Ló escolher “sua nova propriedade” (Gn 13.8-13). Fosse Abraão um teólogo da prosperidade seu legado mais importante seria suas riquezas e a forma como Deus o abençoava. Mas, mesmo o próspero Abrão não ficou sem problemas. Haverá momentos que os bem sucedidos estarão alegres, saudáveis, ricos, já em outros estes mesmos se encontrarão tristes, enfermos e, mesmo sendo ricos. A nota de Gênesis 12.10, na Bíblia Pentecostal atesta isso:

Obediência a Deus não significa que nunca enfrentaremos problemas e duras provações. (1) Mal Abrão chegou ao seu destino, enfrentou coisas desagradáveis. Seus problemas incluíam uma esposa estéril (11.30), a separação da sua parentela (12.1) e uma fome que estava levando-o à privações e forçando-o a sair do país. (2) Conforme nos ensina o exemplo de Abrão, o crente que está procurando servir a Deus e obedecer à sua palavra, não deve estranhar ao se deparar com grandes obstáculos, adversidades e problemas. Costuma essa ser a maneira de Deus treinar aqueles que Ele tem chamado para obedecer-lhe. Nesses casos, devemos prosseguir com obediência, e confiantes de que Deus continuará agindo em nosso favor e pelo bem dos seus propósitos (ver Mt 2.13 nota).

Distinção entre o Israel do Antigo Testamento e a Igreja do Novo Testamento

Para finalizar concluo dizendo que temos de entender que há distinção entre o Israel do Antigo Testamento e a Igreja do Novo Testamento, e nisso está incluso a maneira como Deus prosperava Seu povo e como a Igreja dos nossos dias deve entender a questão da prosperidade. Um leitor da Revista Ultimato fez a seguinte pergunta:

Pastor, meu nome é Leonel e gostaria de saber se estou errado em interpretar passagens como Salmos 1.3 e Isaías 55.8-9, e testemunhos bíblicos como os de José no Egito e Jó, que teve tudo em dobro, como promessas de prosperidade para a minha vida. Os pastores estão errados em pregar esse tipo de promessas em suas igrejas?

A incumbência de responder a pergunta “caiu” sobre os ombros de Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. Sua resposta muito me agradou, compartilho do mesmo pensamento e por isso reproduzo abaixo:

Caro Leonel, a utilização dos textos para dar fundamento à chamada teologia da prosperidade, também conhecida por confissão positiva, se explica pelo equívoco hermenêutico de não se fazer distinção entre a nação de Israel do Antigo Testamento e a Igreja de Jesus do Novo Testamento. Os propósitos e promessas de Deus para Israel não se aplicam à Igreja de Jesus. A nação de Israel se resumia a um povo (etnia) numa terra, Canaã, que seria protegido e abençoado por Deus sempre que permanecesse fiel à Lei de Moisés. O texto de Deuteronômio 28 é o mais emblemático de todos. Já a Igreja de Jesus é a comunhão de pessoas de toda tribo, raça, língua e nação, espalhadas por todos os lugares até alcançar os confins da Terra, vivendo sob a perseguição e o ódio do mundo. Basta perceber que, no Antigo Testamento, quanto mais fiel a Deus era o povo, maior era a sua prosperidade. No Novo Testamento, quanto mais fiel a Jesus é o povo, maiores as suas dificuldades: “Se o mundo os odeia, tenham em mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas eu os escolhi, tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia. Lembrem-se das palavras que eu lhes disse: nenhum escravo é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também perseguirão vocês. Se obedeceram à minha palavra, também obedecerão à de vocês. Tratarão assim vocês por causa do meu nome, pois não conhecem aquele que me enviou” (Jo 15.18-21). Os apóstolos assim ensinaram todos quantos desejaram seguir a Jesus: “É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus” (At 14.22), pois “todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3.12). As recompensas de Deus para Israel estavam relacionadas à prosperidade material na história, enquanto as recompensas de Deus para a Igreja são espirituais e se consumam na eternidade: “Bem-aventurados serão vocês quando, por minha causa os insultarem, perseguirem e levantarem todo tipo de calúnia contra vocês. Alegrem-se e regozijem-se, porque grande é a recompensa de vocês nos céus, pois da mesma forma perseguiram os profetas que viveram antes de vocês” (Mt 5.11-12). Ariovaldo Ramos resume essa distinção entre Israel e a Igreja dizendo que Israel tinha a missão de trazer o Messias para a história, e a Igreja tem a missão de levar testemunho a respeito do Messias até os confins da Terra. Propósitos distintos, promessas distintas, recompensas distintas.

Que o Senhor continue prosperando vidas, da forma correta e adequada, e dando sabedoria para pregadores e ensinadores discernirem quais são os princípios veterotestamentários que podemos aplicar para nossa vida ou para a prática da Igreja cristã. Lembre-se: nem tudo que é bíblico é cristão; nem tudo no cristianismo é do jeito que estão pregando e ensinando por aí.

Um retorno ao estudo teológico pode ajudar e muito!

Em Cristo,
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