Depois de analisar as várias
correntes religiosas e ou filosóficas sobre a identidade e natureza do ser
humano, podemos estar seguros de que a Escritura Sagrada oferece resposta
conveniente e admissível sobre o tema. O ser humano é muito mais do que um amontoado
de átomos ou produto da evolução, coisa que o pensamento filosófico e religioso
(não todos, obviamente) pretende afirmar. Ele possui aspirações, desejos,
intuições, religiosidade, espiritualidade, sonhos, etc; essa gama de
complexidade o faz um ser altamente sofisticado e misterioso concomitantemente.
Por exemplo, o filósofo “Aristóteles, ao tratar da vida contemplativa, falou de
um ‘elemento divino’ do Homem, que, na mesma medida em que excede no todo que
constitui o Homem, torna o Homem virtuoso e bem-aventurado” (Dicionário de
Filosofia Nicola Abbagnano). O salmista ficou tão impactado diante da grandeza
das obras de Deus a ponto de perguntar: “Que é o homem para que com ele te
importes? E o filho do homem, para que com ele te preocupes?” (Salmos 8:4).
Essa indagação retrata a importância do ser humano aos olhos de Deus, pois logo
em seguida ele mesmo responde: “Tu o fizeste um pouco menor do que os seres
celestiais e o coroaste de glória e de honra” (Salmos 8:5). O Criador
proporcionou ao ser humano uma justa oportunidade de viver uma vida abundante,
pois o criou inerentemente bom e sem pecado, conforme afirmação do mestre ou
pregador, em Eclesiastes (7:29a): “Deus fez os homens justos”. Há uma frase que
precisa ser bem entendida: “Errar é humano, perdoar é divino”. Se a ideia for
de que o erro faz parte da criação da natureza humana, então esse provérbio se
equivoca, pois Deus não criou um ser humano degenerado, corrompido,
inerentemente mau. A teologia cristã arrazoa que a fonte do erro humano encontra
seu fundamento na escolha pecaminosa de Adão e sua esposa Eva. Esse fato também
foi registrado pelo mestre ou pregador em Eclesiastes “... mas eles foram em
busca de muitas intrigas” (7:29b).
O entendimento inadequado sobre a
identidade e natureza humana tem produzido mazelas terríveis objetiva e
subjetivamente. Entre as várias propostas de compreensão deste complexo tema
está o humanismo. Contudo, a filosofia
humanista não pode ajudar nesse tema, pois suas declarações não apontam a
solução adequada para o problema. Ela afirma: “O humanismo considera o homem
como centro de todas as coisas. Ele exalta as potencialidades do homem e afirma
sua dignidade. Valoriza o homem como um ser em busca de si mesmo e de seu
desenvolvimento, como um ser livre e autônomo, que é critério de si mesmo, que
faz suas escolhas e define o seu sentido. Para o humanismo, o valor do homem é
infindável” (Reflexões sobre a filosofia
humanista como fundamento da psicoterapia humanista). Toda essa valorização
humana e autonomia não faz do ser humano uma pessoa melhor e resolvida
existencialmente. Cremos que somente Deus, por meio da Escritura Sagrada,
oferece respostas plausíveis sobre o assunto.