sexta-feira, 27 de julho de 2012

FALTA DE AMOR?


Por Augustus Nicodemus Lopes


Tornou-se comum evangélicos acusarem de falta de amor outros evangélicos que tomam posicionamentos firmes em questões éticas, doutrinárias e práticas. A discussão, o confronto e a exposição das posições de outros são consideradas como falta de amor.

Essa acusação reflete o sentimento pluralista e relativista que permeia a mentalidade evangélica de hoje e que considera todo confronto teológico como ofensivo. Nossa época perdeu a virilidade teológica. Vivemos dias de frouxidão, onde proliferam os que tremem em frêmito diante de uma peleja teológica de maior monta, e saem gritando histéricos, "linchamento, linchamento"!

Pergunto-me se a Reforma protestante teria acontecido se Lutero e os demais companheiros pensassem dessa forma.

É possível que no calor de uma argumentação, durante um debate, saiam palavras ou frases que poderiam ter sido ditas ou escritas de uma outra forma. Aprendi com meu mentor espiritual, Pr. Francisco Leonardo Schalkwijk, que a sabedoria reside em conhecer “o tempo e o modo” de dizer as coisas (Eclesiastes 8.5). Todos nós já experimentamos a frustração de descobrir que nem sempre conseguimos dizer as coisas da melhor maneira.

Todavia, não posso aceitar que seja falta de amor confrontar irmãos que entendemos não estarem andando na verdade, assim como Paulo confrontou Pedro, quando este deixou de andar de acordo com a verdade do Evangelho (Gálatas 2:11). Muitos vão dizer que essa atitude é arrogante e que ninguém é dono da verdade. Outros, contudo, entenderão que faz parte do chamamento bíblico examinar todas as coisas, reter o que é bom e rejeitar o que for falso, errado e injusto.

Considerar como falta de amor o discordar dos erros de alguém é desconhecer a natureza do amor bíblico. Amor e verdade andam juntos. Oséias reclamou que não havia nem amor nem verdade nos habitantes da terra em sua época (Oséias 4.1). Paulo pediu que os efésios seguissem a verdade em amor (Efésios 4.15) e aos tessalonicenses denunciou os que não recebiam o amor da verdade para serem salvos (2Tessalonicenses 2.10). Pedro afirma que a obediência à verdade purifica a alma e leva ao amor não fingido (1Pedro 1.22). João deseja que a verdade e o amor do Pai estejam com seus leitores (2João 3). Querer que a verdade predomine e lutar por isso não pode ser confundido com falta de amor para com os que ensinam o erro.

Apelar para o amor sempre encontra eco no coração dos evangélicos, mas falar de amor não é garantia de espiritualidade e de verdade. Tem quem se gabe de amar e que não leva uma vida reta diante de Deus. O profeta Ezequiel enfrentou um grupo desses. “... com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro” (Ezequiel 33.31). O que ocorre é que às vezes a ênfase ao amor é simplesmente uma capa para acobertar uma conduta imoral ou irregular diante de Deus. Paulo criticou isso nos crentes de Corinto, que se gabavam de ser uma igreja espiritual, amorosa, ao mesmo tempo em que toleravam imoralidades em seu meio. “... contudo, andais vós ensoberbecidos e não chegastes a lamentar, para que fosse tirado do vosso meio quem tamanho ultraje praticou? Não é boa a vossa jactância...” (1Co 5.2,6). Tratava-se de um jovem “incluído” que dormia com sua madrasta. O discurso das igrejas que hoje toleram todo tipo de conduta irregular em seus membros é exatamente esse, de que são igrejas amorosas, que não condenam nem excluem ninguém.

Ninguém na Bíblia falou mais de amor do que o apóstolo João, conhecido por esse motivo como o “apóstolo do amor” (a figura ao lado é uma representação antiquíssima de João) Ele disse que amava os crentes “na verdade” (2João 1; 3João 1), isto é, porque eles andavam na verdade. "Verdade" nas cartas de João tem um componente teológico e doutrinário. É o Evangelho em sua plenitude. João ama seus leitores porque eles, junto com o apóstolo, conhecem a verdade e andam nela. A verdade é a base do verdadeiro amor cristão. Nós amamos os irmãos porque professamos a mesma verdade sobre Deus e Cristo. Todavia, eis o que o apóstolo do amor proferiu contra mestres e líderes evangélicos que haviam se desviado do caminho da verdade:

- “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1Jo 2.19).

- “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2.22).

- “Aquele que pratica o pecado procede do diabo” (1Jo 3.8).

- “Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo” (1Jo 3.10).

- “todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo” (1Jo 4.3).

- “... muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo... Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus... Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más” (2Jo 7-1).

Poderíamos acusar João de falta de amor pela firmeza com que ele resiste ao erro teológico?

O amor que é cobrado pelos evangélicos sentimentalistas acaba se tornando a postura de quem não tem convicções. O amor bíblico disciplina, corrige, repreende, diz a verdade. E quando se vê diante do erro seguido de arrependimento e da contrição, perdoa, esquece, tolera, suporta. O Senhor Jesus, ao perdoar a mulher adúltera, acrescentou “vai e não peques mais”. O amor perdoa, mas cobra retidão. O Senhor pediu ao Pai que perdoasse seus algozes, que não sabiam o que faziam; todavia, durante a semana que antecedeu seu martírio não deixou de censurá-los, chamando-os de hipócritas, raça de víboras e filhos do inferno. Essa separação entre amor e verdade feita por alguns evangélicos torna o amor num mero sentimentalismo vazio.

O amor, segundo Paulo, “é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Coríntios 13.4-7). Percebe-se que Paulo não está falando de um sentimento geral de inclusão e tolerância, mas de uma atitude decisiva em favor da verdade, do bem e da retidão. Não é de admirar que o autor desse "hino ao amor" pronunciou um anátema aos que pregam outro Evangelho (Gálatas 1). Destaco da descrição de Paulo a frase “O amor regozija-se com a verdade” (1Coríntios 13.6b). A idéia de “aprovar” está presente na frase. O amor aprova alegremente a verdade. Ele se regozija quando a verdade de Deus triunfa, quando Cristo está sendo glorificado e a igreja edificada.

Portanto, o amor cobrado pelos que se ofendem com a defesa da fé, a exposição do erro e o confronto da inverdade não é o amor bíblico. Falta de amor para com as pessoas seria deixar que elas continuassem a ser enganadas sem ao menos tentar mostrar o outro lado da questão.

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quinta-feira, 26 de julho de 2012

AS AFLIÇÕES DA VIUVEZ (Subsídio EBD)

Por Gilson Barbosa

Refletir sobre a viuvez é um enorme desafio para a igreja evangélica moderna – se ela de fato busca se conduzir conforme a Escritura Sagrada. O apóstolo Tiago (1:27) chega a ponto de colocar o cuidado com as viúvas como um dos critérios que endossa a verdadeira religião: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo”. São pelo menos três as preocupações de Tiago: que não sejamos meros observadores dos mandamentos da Palavra de Deus, mas, praticantes; a importância do envolvimento da igreja nas questões sociais; e o dever da igreja de cuidar dos dois aspectos da vida cristã (espiritual e material).

Estamos vivendo em nossos dias uma grande contradição do verdadeiro evangelho. Enquanto uns poucos se enriquecem a custa da oferta das viúvas (Lucas 21:1-4), não as amparam nas suas necessidades.  A igreja evangélica moderna parece não se atentar para o fato de que no Antigo Testamento havia a prática do dízimo tri-anual, cuja finalidade era prover alimento para os levitas, órfãos, viúvas e estrangeiros. Segundo o antigo mandamento bíblico (vigente ainda hoje) uma das formas de ser abençoado, ao dizimar, era fazê-lo em favor dos que não tinham o básico e necessário para sua sobrevivência.   
   
Ao fim de cada três anos, tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano e os recolherás na tua cidade.

Então, virão o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem. (Dt 14:28,29).

Quando o agricultor fosse recolher o produto do seu trabalho no campo, não deveria se preocupar em colher os produtos que ficassem pelo chão, para que os necessitados (os grupos listados em Deuteronômio 14:29) tivessem o que comer.

Quando vocês estiverem fazendo a colheita de sua lavoura e deixarem um feixe de trigo para trás, não voltem para apanhá-lo. Deixem-no para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva, para que o Senhor, o seu Deus, os abençoe em todo o trabalho das suas mãos.   

Quando sacudirem as azeitonas das suas oliveiras, não voltem para colher o que ficar nos ramos. Deixem o que sobrar para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva.

E quando colherem as uvas da sua vinha, não passem de novo por ela. Deixem o que sobrar para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva.

Lembre-se de que vocês foram escravos no Egito; por isso lhes ordeno que façam tudo isso. (Deuteronômio 24:19-22 – versão NVI).

É evidente a preocupação de Deus com as classes menos favorecidas em Israel. No livro poético dos Salmos (68:5) está registrado: “Pai dos órfãos e juiz das viúvas é Deus em sua santa morada”. A igreja evangélica moderna não deve ficar passiva diante da viuvez das pessoas, como dá a entender a verdade prática da lição, mas buscar alternativas e empreender ações no sentido de atenuar essas aflições, como comprova o item da lição o amparo da igreja (tópico II. 1,2). A igreja precisa se esforçar na construção de lares, abrigos e espaços, no atendimento às pessoas nesta condição – isso é praticar a justiça e agradável ao Senhor.  

A Igreja Cristã Primitiva herdou do judaísmo a preocupação em cuidar das viúvas. O primeiro conflito e desconforto entre os cristãos tiveram a ver com arranjos que deveriam ser feitos a respeito do sustento das viúvas, na igreja incipiente: “Ora, naqueles dias, multiplicando-se o número dos discípulos, houve murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas deles estavam sendo esquecidas na distribuição diária”. (Atos 6:1). Certamente elas eram sustentadas pela igreja, pois não podiam trabalhar para se sustentar e não tinham parentes para ajudá-las com o mínimo necessário. Eram viúvas, provavelmente, oriundas da dispersão judaica que retornaram para encerrarem seus dias em Jerusalém.

Como a Igreja Primitiva tratou esse assunto? Apesar do cuidado com as pessoas nesta condição houve a necessidade de se estabelecer critérios no atendimento para não sobrecarregar a igreja primitiva (I Timóteo 5:16). O texto bíblico que aborda detalhadamente essa questão é I Timóteo 5:1-16, mas, note que a discussão não era se a igreja cuidaria ou não das (os) viúvas (os), mas, quem deveria e poderia ser sustentada por ela, ou seja, fazia parte da administração da igreja esse trabalho. Apesar de o texto mencionar somente a viúva (mulher), sua aplicação estende-se ao homem nesse estado também. 
  
Parece que havia uma ordem ou classe de viúvas na igreja primitiva. Depreendemos assim, visto a necessidade delas serem inscritas no programa da igreja, conforme o versículo 9 e 11. Alguns comentaristas bíblicos dizem que elas cooperavam de alguma maneira com os serviços sociais e espirituais da igreja. Não eram todas as viúvas que seriam sustentadas pela igreja, mas, somente as que enquadrassem no critério estabelecido pela liderança. Alguns deles são:

          - que tivessem acima de sessenta anos de idade (v.9);
          - que fosse casada apenas uma vez (v.9);
          - que de fato não tivesse nenhum amparo (v.4, 5a, 16);
          - que fosse exemplar nos afazeres domésticos (v.10);   
          - que demonstrasse sinais de vida piedosa (v.5. b).

As viúvas que tinham parentes deveriam ser sustentadas por estes (v.3): “Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus”. Significa que a princípio os familiares não podiam abandonar uma viúva desamparada e relegá-la aos cuidados da igreja. Os judeus, no tempo de Cristo, pensavam que era responsabilidade total da instituição religiosa sustentar os idosos em necessidade:

Entretanto, ainda havia pessoas que as [viúvas] espoliavam. E alguns dos que mais faziam isso eram justamente os que se passavam por mais religiosos. Jesus acusou diretamente os fariseus de agirem assim, pois montavam esquemas dentro da estrutura religiosa com a finalidade de “devorar” as casas das viúvas (Mc 12.40). Além disso, eles se recusavam a sustentar a mãe idosa, apelando para o “corbã”. Diziam que haviam contribuído para o templo, e que, portanto, o templo é que devia sustentar seus pais (Mc 7.11).[1]

Delegar à igreja os cuidados com idosos ou pessoas em viuvez, quando na verdade os familiares possuem condições de proverem o sustento, é infringir o mandamento bíblico: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá” (Êxodo 20:12); “Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra” (Efésios 6.2,3). É isso o que o apóstolo Paulo deixa claro a Timóteo no versículo 4.

O apóstolo Paulo trata de dois tipos de viúvas: a verdadeiramente viúva e a que não era uma autêntica viúva. Ou seja, as que eram realmente necessitadas de ajuda, pois, se enquadravam dentro do critério estabelecido, e as que possuíam meios de sobrevivência. Estas, por serem ainda jovens podiam casar-se novamente e evitar sobrecarga à igreja: “Quero, portanto, que as viúvas mais novas se casem, criem filhos, sejam boas donas de casa e não dêem ao adversário ocasião favorável de maledicência” (v.14).

Mas, olhando atentamente para o critério das viúvas jovens, parece haver contradição entre o versículo 11 e 14, pois, naquele a viúva jovem é censurada por desejar novo casamento, mas neste Paulo aconselha o casamento (leia atentamente esses versículos). Na verdade não há contradição. O que há, é uma preocupação da liderança em não incluir no sustento da igreja as viúvas jovens por elas não serem espiritualmente dignas de tal ação e assim prejudicar o andamento do programa da igreja no trato com as viúvas piedosas e tementes ao Senhor e sobrecarregando tarefas à igreja. É assim que deve ser entendido o versículo 11: “Mas rejeita viúvas mais novas, porque, quando se tornam levianas contra Cristo, querem casar-se, tornando-se condenáveis por anularem o seu primeiro compromisso”. Há outra razão pela qual as viúvas jovens não deveriam constar na lista das que deveriam receber ajuda da igreja: “Ao mesmo tempo também aprendem a andar ociosas, indo de casa em casa, e não só ociosas, mas também tagarelas e intrometidas, dizendo coisas que não deveriam [dizer]” (v.13). É que diferente das viúvas piedosas e tementes ao Senhor elas mais traziam problemas a igreja do que solução - não que todas as viúvas jovens fossem impiedosas e que todas as idosas fossem piedosas ao Senhor.

Por fim não devemos responsabilizar somente a igreja pelo cuidado e sustento das viúvas, mas, caso determinada viúva (o) tenha familiares que possam ajudar, abrirá espaço para as que realmente necessitam de ajuda – e neste caso a igreja deverá sustentá-la: “Se alguma crente tem viúvas em sua família, socorra-as, e não fique sobrecarregada a igreja, para que esta possa socorrer as que são verdadeiramente viúvas”.   

Para algumas pessoas o estado de viuvez é muito angustiante; outras conseguem adaptar-se bem a essa condição. No aspecto econômico muitas recebem pensão do governo e vão sobrevivendo (algumas até muito bem); outras não têm a mesma sorte e estão sofrendo aflições. A igreja deve empreender esforços para saber quem são essas pessoas e buscar inteirar-se a respeito das condições delas. É uma maneira de honrá-las oferecendo carinho, proteção e sustento.  

Em Cristo,


[1] Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, p. 38. 
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terça-feira, 24 de julho de 2012

CIENTOLOGIA: A RELIGIÃO DOS FAMOSOS EM BUSCA DA SAÚDE MENTAL

Por Gilson Barbosa



Nas ultimas semanas a notícia do divórcio do ator Tom Cruise e Katie Holmes atraiu a mídia para a especulação de que um dos motivos da separação foi a religião de Tom: a Igreja da Cientologia. 


A Cientologia é conhecida como a religião dos famosos norte-americanos (Mimi Rogers, Chick Corea, John Travolta, Tom Cruise, Will Smith, etc)Foi fundada em 1954 por Lafayette Ron Hubbard (1911-1986). A expressão “cientologia” foi cunhada por Hubbard e vem da palavra latina scio que significa “saber no sentido mais lato da palavra”, e da palavra grega logos que significa “estudo de”. Significa saber como saber. Cientologia define-se também como “o estudo e tratamento do espírito em relação a si mesmo, universos e outras formas de vida”.[1]

Segundo informações “A origem do sucesso da cientologia é o livro Dianética: a Moderna Ciência da Saúde Mental, publicado em 1950 por Hubbard. O livro permaneceu na lista dos mais vendidos do The New York Times por 28 semanas consecutivas. Mesmo depois de banida pela Associação Americana de Psicologia, a dianética serviu de base para a fundação da Igreja da Cientologia”.[2]

A expressão “dianética” vem do grego “dia”, através, e “nous”, razão, mente. A dianética é uma das principais crenças da Cientologia cujo objetivo é promover a saúde mental; é um conjunto de ideias e práticas relativas à relação metafísica entre a mente e o corpo. Primeiro Hubbard escreveu o livro Dianética, e, após a condenação do livro pela Associação Americana de Psicologia, e perto da ruína financeira, viu na nova crença sua salvação. Certa vez ele disse a um amigo: “'Eu gostaria de fundar uma religião. É aí que está o dinheiro”.

O Dicionário de Religiões, crenças e ocultismo, página 95, informa que um conceito fundamental da Cientologia é que “a mente é dividida em duas partes básicas: a analítica e a reativa. A primeira percebe, lembra e conduz os processos do raciocínio. A segunda registra os engramas[3]. A mente é vulnerável aos engramas durante os momentos traumáticos, principalmente nos estágios pré-natais e no nascimento. Essas experiências, que muitas vezes são extremamente dolorosas, não são lembradas pela mente analítica; portanto, não estão aparentes no nível da consciência. A chave para se alcançar a saúde mental é submeter-se ao exame e ao tratamento de um auditor[4]”.

A iniciação do adepto da Cientologia é condicionada a participar das sessões de terapia (denominada de audições) para a purificação dos engramas (que seriam como cicatrizes, marcas tristes, traumáticas e profundas do passado). A mente reativa deve ser limpa para que a mente analítica tenha saúde e paz. Desta forma a Cientologia “promete aos seus adeptos melhorar sua capacidade de comunicação e diminuir seus sofrimentos, ensinando-as a lidar com as pessoas e seu meio”.[5] As sessões terápicas possuem vários níveis e todas são pagas (e bem pagas!) até que o adepto esteja totalmente “limpo”. A Revista Época acrescenta:

Ao ingressar na cientologia, o fiel tem de passar por sessões de 'audição', uma espécie de psicoterapia em que um membro mais experiente da igreja estimula o novo adepto a enfrentar suas angústias. O resultado é avaliado por meio de um aparelho conhecido como eletropsicômetro, que funciona mais ou menos como os detectores de mentira, captando alterações nas pequenas correntes elétricas do corpo. Além de expor sua vida pessoal, o fiel também precisa pôr a mão no bolso.

O conceito hamartiológico  da Igreja da Cientologia é que o homem é basicamente bom, o que precisa mesmo é tão somente purificar, limpar sua mente por meio de método humano e tecnológico. O cristianismo bíblico afirma o contrário:

Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. (Romanos 3:12)

... e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro. (I João 2:2).

Para a Cientologia o homem é a encarnação de seres extraterrestres. “De acordo com os cientologistas, há 75 milhões de anos o maligno Lorde Xenu comandava 75 planetas superpovoados em galáxias próximas da Terra. Para resolver o problema, ele mandou 13,5 trilhões desses ETs para cá e os atirou sobre vulcões. Lá, eles se transformaram em espíritos chamados thetans, que hoje habitam os corpos dos seres humanos. Mais de 10 milhões de pessoas, espalhadas por 159 países, acreditam nessa história, segundo os representantes da igreja. A Cientologia tem mais de 6 mil templos, sedes e missões espalhados pelo mundo, instalados em imóveis avaliados em alguns bilhões de dólares”. [6] Para o cristianismo bíblico o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, diretamente por sua mão:

E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. (Gênesis 1:27, 28).

O conceito de Deus, na Cientologia, é expresso como a Oitava Dinâmica[7] — o impulso para a existência como infinito. Isto também se identifica como o Ser Supremo. Enquanto a Oitava Dinâmica, o conceito de Deus em Cientologia repousa no ápice da sobrevivência universal. A ideia básica é que Deus é um ser impessoal, uma “força de vida”, é a totalidade de tudo (uma espécie de confusão entre Deus como o Criador e as demais coisas criadas, entendendo ambas como uma fusão). O universo contem muitos deuses e existem divindades até mesmo acima deles, crê o cientologista. No cristianismo bíblico Deus é um Ser pessoal, que se relaciona com seu povo. O cristianismo cristão afirma o monoteísmo, a triunidade e a singularidade de Deus.


     Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. (Dt 6:4)

De sorte que, [Jesus] exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. (Atos 2:33).

Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. (Isaías 44:6)

Existem outros pontos divergentes entre a Cientologia e o cristianismo bíblico. Jesus, por exemplo, é apenas um “mestre”, um “exemplo de fé, moral e conduta”. É como se Jesus se encontrasse no último estágio apregoado pela Cientologia: uma sombra limpa, detentor da saúde mental. Para nós, no entanto, Jesus foi enviado por Deus para salvar a humanidade dos seus pecados (que os cientologistas negam), verdadeiro Deus e homem, mediador entre Deus e o homem. Se Jesus tivesse apenas seu exemplo moral para nos oferecer não teria poder para resgatar a humanidade dos seus pecados e oferece-las vida eterna. Aliás, é bom que saibam que a Cientologia mistura elementos de várias religiões, como hinduísmo, budismo e cristianismo.

Por fim vejo a Cientologia como uma religião de autoajuda. Misturam elementos da religião, ciência e filosofia na tentativa de estudar o espírito e entender a relação de cada pessoa consigo mesma, o universo e outras formas de vida. No entanto, para o cristão ela nada tem a oferecer, pois contradiz pontos fundamentais da fé que defendemos. Ela também não trabalha o conceito de eternidade, negando a realidade do inferno e do céu. Na verdade, os cientologistas estão como alguns dos famosos judeus nos dias de Jesus: não querem vir a Cristo para terem verdadeiramente vida. (João 5:39).


Em Cristo,
         

[1] Explicação extraída do próprio site da igreja no Brasil.
[2] Revista Época, edição nº 411, 31/03/2006.
[3] Eventos negativos que ocorrem na vida de um indivíduo são registrados na mente reativa em forma de engramas. Essas forças negativas não estão disponíveis à mente analítica, mas a afetam por meio de imagens mentais que emergem ocasionalmente.
[4] Pessoa treinada na cientologia para administrar o tratamento terapêutico aos pacientes ou iniciantes da Cientologia.
[5] Mensageiro da Paz, outubro de 2006, p. 16.
[6] Revista Época, edição nº 411, 31/03/2006.
[7] A Cientologia trabalha com a ideia de 8 dinâmicas. As dinâmicas são certos princípios fundamentais que podem ser amplamente utilizados para melhorar qualquer condição das pessoas. Deus, no caso, é a oitava dinâmica. 
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quinta-feira, 19 de julho de 2012

VIOLÊNCIA SOCIAL (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

É inegável que vivemos um tempo de extrema violência. Crimes, guerras, escravidão, terrorismo, abortos, revoluções políticas, a “sagrada inquisição”, são alguns retratos da violência social. Porém, ela não é um fenômeno dos tempos atuais. Logo no início da humanidade, antes do Dilúvio, a Bíblia afirma que “havia violência por toda a parte” e que a terra naquela época estava “cheia de violência” (Gênesis 6:11, 13 – versão na Linguagem de Hoje). A violência daquela época não se caracterizava apenas pela agressão física, mas, por todo o tipo de impiedade. Outras versões da Bíblia Sagrada anota, no texto bíblico acima citado, a palavra corrupção em vez de violência. Muitas pessoas entendem a violência ou a conhecem apenas como agressão física, mas, há muitas tipologias de violência.

Não é tarefa fácil conceituar a violência, pois, segundo Gro Harlem Brundtland, Diretora Geral da Organização Mundial da Saúde no ano de 2002, “A violência é um problema complexo, relacionado a padrões de pensamento e comportamento que são formados por uma multidão de forças dentro das nossas famílias e comunidades, forças essas que, ainda, podem transcender as fronteiras nacionais”.

Em 2002 foi elaborado o “Relatório Mundial sobre Violência e Saúde”, onde a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a violência como “um dos principais problemas mundiais de saúde pública”.  

Mesmo sendo difícil definir a violência, creio que a melhor é aquela que define tanto a intencionalidade quanto o ato em si da violência. Ameaças, privações, uso abusivo e distorcido do poder, negação, caracterizam a intenção do agente causador provocando danos psicológicos. Já o uso da força física causará lesão e morte. Desta forma opto pela OMS que a define como:

O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.

Recentemente o público brasileiro passou a aceitar com normalidade o Mixed Martial Arts – MMA. Evidentemente é uma estratégia do presidente do UFC (Ultimate Fighting Championship, uma organização americana de artes marciais mistas ou MMA - Mixed Martial Arts.), Dana White, das empresas patrocinadoras, e das Comunicações Globo, alavancar a luta no Brasil, atrair público e com isso aumentar seus ganhos financeiros. Mas, o que quero destacar dessas lutas são a brutalidade e violência que se leva para dentro do ringue, octógono, palco, etc. Ainda que muitos simpatizantes chamem-na de esporte, na verdade não passa do despejar da ira, raiva e violência dos que se gladiarão até que o sangue apareça na face do combatente, causando lesão e porque não dizer até mesmo morte. Como cristãos não devemos apoiar nem nos simpatizar com essa violência toda perpetrada nessas lutas. É certo que existem “regras”, mas, não importa, é violento do mesmo jeito.

A violência pode ser dividida em três grandes categorias: a auto-infligida, a interpessoal e a coletiva. A violência auto-infligida se traduz em comportamento suicida, automutilação, autoflagelação, autopunição. É aquela onde a pessoa se auto violenta. A violência interpessoal acontece nas relações com o outro. Pode ser no âmbito familiar ou externo. Aqui ela poderia ser subdividida em violência moral, patrimonial e verbal. Já a violência coletiva está presente no âmbito social, político e econômico. Os estudiosos falam na institucionalização da violência. Nesse sentido nada mais é do que o abuso do poder, negligência, maus-tratos e omissão das instituições sociais, políticas e econômicas. Encontramos muito desse tipo de violência, por exemplo, nos hospitais públicos (Leia Aqui) ou na maneira como a polícia aplica sua força no combate à própria violência.   
    
Quanto à natureza dos atos violentos elas podem ser de ordem física, sexual, psicológica, maus tratos e abandono. Segundo o Ministério da Saúde[1] muitas são as formas e naturezas das violências apontadas por vários estudiosos. Destacam-se:

• Física: São atos violentos com uso da força física de forma intencional, não acidental, com o objetivo de ferir, lesar, provocar dor e sofrimento ou destruir a pessoa, deixando, ou não, marcas evidentes no seu corpo.

• Psicológica: É toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, isolamento, desrespeito, cobranças exageradas, punições humilhantes e utilização da pessoa para atender às necessidades psíquicas de outrem. É toda ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação do indivíduo ou qualquer conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação, ou que coloque em risco ou cause dano à auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Esse tipo de violência também pode ser chamado de violência moral. Um dos tipos de violência psicológica ou moral é o “assédio moral”, que ocorre a partir de relações de poder entre patrão e empregado ou entre colegas de trabalho.

• Sexual: É qualquer conduta que constranja, a presenciar, manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça coação ou uso da força; comercializar ou utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade; impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que force um matrimônio, à gravidez, ao aborto, à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos. Tal pratica é considerada crime, mesmo se exercida por um familiar, seja ele, pai, mãe, padrasto, madrasta, companheiro(a), esposo(a), irmão(ã).

• Negligência/abandono: Decorre de uma omissão ou ação. É deixar de prover as necessidades e cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social da pessoa. O abandono é considerado uma forma extrema de negligência.

Quanto às causas da violência os estudiosos atribuem à personalidade animalesca e primitiva do homem (como a teoria da evolução). Nesse sentido o homem nada mais é do que resultado da evolução animal. Não há nada de especial no homem e em alguns casos ele agirá conforme seus instintos mais inferiores. Outros atribuem ao determinismo biológico do ser humano. O determinismo biológico é a ideia que afirma que todo agir humano é determinado por fatores inerentes à sua natureza. Ou seja, suas ações e vontades não são livres e sim o resultado de mecanismos biológicos.

No caderno teológico IX, do Curso de Teologia do Instituto Cristão de Pesquisas, o autor nos informa algo interessante sobre o que acontece ao crermos no determinismo biológico:

Hoje, não só o adultério, mas a violência é explicada em termos de herança animal, como sequelas advindas das épocas em que o homem grunhiam e rosnavam. O famoso cientista Carl Segan em artigo publicado na Revista Superinteressante relaciona o comportamento no esporte, mesmo no esporte violento, como originado geneticamente: “Mas, se nossa paixão pelo esporte (violento) é tão profunda e tão difundida, é possível que esteja arraigada em nós – não em nosso cérebro, mas em nossos genes”.  

Longe de declararmos que Deus é o autor do mal, e, por conseguinte da violência, algo de ruim aconteceu ao ser humano quando desobedeceu a ordem Dele. Agora ele passa a conhecer o bem e o mal. E como a natureza humana, por causa da transgressão do representante da humanidade (Adão), é inclinada a impiedade e maldade, não demorou em que a inveja, ambição, medo, ódio e orgulho humano, se transformassem em agressão física e, esta em morte. É o que vemos retratado no “primeiro homicídio” da história humana (Gênesis 4:8-11):

E falou Caim com o seu irmão Abel: e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou. E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei: sou eu guardador do meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra. E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.

Apesar do desenvolvimento cultural, no início da civilização do mundo bíblico, ela não serviu para frear, diminuir ou evitar o ímpeto da violência. Os educadores elaboram relatórios, reúnem-se para discussão, realizam pesquisas e encontros, (e nisso há louvor) com o objetivo de evitar a violência, mas, infelizmente os resultados não são tão assim positivos. É como se o dilema da violência tivesse sua causa nas desigualdades sociais, na pobreza, na falta de acesso à educação e cultura e não na natureza intrínseca do ser humano. Não creio que todos os casos de violência e morte (nacional e mundial) têm base, justificativa e explicações nestes elementos.  

Antes de concluir quero dizer aos leitores que alguém disse ser a Bíblia um livro repleto de violência, e, portanto, sua leitura nao deveria ser incentivada ou mesmo recomendada. Porém, a Bíblia nunca aprovou a violência. Seus relatos apenas mostram do quê a natureza humana corrompida é capaz. E parece que um dos desejos pecaminosos mais cruéis dos personagens é tirar a vida do próximo, mediante os violentos atos. É por isso que o Senhor ordena no sexto mandamento: “Não matarás”. Deus está protegendo e pedindo que protejam a integridade física do ser humano.

Como servos do Senhor não podemos nem devemos ser agentes ou propagadores da violência. Todos (os crentes) estão sujeitos a sofrer ou infringir violência a outros. Infelizmente sabemos do uso da força física até mesmo em reuniões locais de pastores, quando o clima entre os “santos” não está nada bom. Nas Convenções de pastores (não em todas, é claro) sabemos que quando as tensões aumentam alguns dos “piedosos” homens de Deus partem para a violência física. Que vergonha e mau exemplo!

Que o Senhor nos guarde, ajude e que sejamos “mansos e pacificadores”. Não esqueça que a agressão física não é o único tipo de violência. Ameaças, pressões psicológicas, omissões, xingamentos, métodos coercivos e ocultos de manifestação de poder humano, também são violências. Há pessoas que não agridem fisicamente seu próximo, mas, o ato de caluniar, mentir, difamar, tramar, xingar, trapacear, contribui para o esmagamento moral e violento do caráter do outro.

Cuidado! Se já agiu ou estás agindo assim, neste teu comportamento vil podes estar entesourando para ti mesmo a ira Divina: “Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus; o qual recompensará cada um segundo as suas obras” (Romanos 2:5, 6).

Em Cristo,


[1] As formas e naturezas descritas neste artigo são uma compilação textual do Ministério da Saúde. 
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sábado, 14 de julho de 2012

A MORTE PARA O VERDADEIRO CRISTÃO (Subsídio EBD)


Por Gilson Barbosa

A “morte” foi expulsa das nossas conversas cotidianas porque nossa sociedade é materialista. Ela nega e não se conforma com a finitude humana. Mas, o certo é que cedo ou tarde, todos morreremos. Por não aceitar a realidade da morte é que ela se torna tão intragável.

A autora Maria Fernanda Vomero disse o seguinte sobre esse tema:

 “A morte pode ser vista como um mistério incompreensível. Ou como um absurdo inaceitável. A morte pode até ser tratada como um tabu. Mas, seja como for, aceitemos isso ou não, a morte é uma realidade inexorável. Por mais que queiramos nos esconder dela, deixar de existir é tão natural quanto existir. Na verdade, a morte é provavelmente a única coisa certa na sua existência ou na minha: é certo que todos nós vamos morrer um dia.

Pode-se aceitar a inevitabilidade da morte e olhá-la de frente. Ou pode-se negá-la, fugir dela, imaginar que não pensar na morte possa fazer com que ela deixe de acontecer com você ou com a sua família. Mas todos nós estamos programados para nascer, crescer e morrer – uma obviedade esquecida por boa parte da sociedade ocidental contemporânea, que teima em ver a morte como um evento inesperado e injusto. Sobretudo, costumamos vê-la como um evento exclusivo, pessoal, que isola quem sofre uma perda de todo o resto do mundo. Mas não há nada menos exclusivo do que morrer”. 

A primeira razão porque a morte impõe medo é que “o maior desejo do homem é a imortalidade”, segundo a psicóloga Ingrid Esslinger, da Universidade de São Paulo (USP). O que frustra o homem é que apesar de toda a tecnologia científica ainda não se descobriu (nem se descobrirá) uma maneira de deter a morte. No entanto, a Bíblia afirma que a imortalidade do homem dependia da sua obediência ao mandato Divino, o que não aconteceu: “E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:15-17).

O teólogo Louis Berkhof diz o seguinte sobre o fato de o homem ser criado imortal:

Outro elemento da imagem de Deus ainda, é a imortalidade. Diz a Bíblia que só Deus tem imortalidade, 1 Tm 6.16, e isto pareceria excluir a idéia da imortalidade humana. Mas é mais que evidente, pela Escritura, que o homem também é imortal, nalgum sentido da palavra. O sentido é que somente Deus tem imortalidade como uma qualidade essencial, tem-na em Si e de Si próprio, ao passo que a imortalidade do homem é uma dádiva, é derivada de Deus. O homem foi criado imortal não apenas no sentido de que sua alma foi dotada de uma existência interminável, mas também no sentido de que ele não levava dentro de si as sementes da morte física, e em sua condição não estava sujeito à lei da morte. Foi feita a ameaça da morte como punição do pecado, Gn 2.17, e que isso incluía a morte corporal ou física, está patente em Gn 3.9. Paulo nos fala que o pecado trouxe a morte ao mundo, Rm 5.12; 1 Co 15.20, 21, e que morte deve ser considerada como o salário do pecado, Rm 6.23.

A segunda razão porque a morte impõe medo é a supervalorização da vida. Numa sociedade materialista e consumista é difícil o desapego ao bem estar terrestre que a prosperidade proporciona. Não é do cristianismo bíblico a preocupação sórdida com as benesses terrenas. O pastor Geremias do Couto disse que economicamente e financeiramente prevalece no ateísmo o princípio de que os bens materiais simbolizados pelo dinheiro são a coisa mais importante em detrimento da busca de Deus (Sl 14.1-4). O pastor Elienai Cabral comentando sobre o materialismo disse que este não admite as coisas espirituais. Do ponto de vista dos materialistas tudo é matéria. Os materialistas afirmam que a geração e a corrupção das coisas obedecem a uma necessidade natural, não sobrenatural, nem ao destino, mas às leis físicas. Portanto, o sentido espiritual da morte não é aceito pelos materialistas. Há crentes materialistas? Se entendermos que na igreja de Cristo há trigo e joio, detectaremos naturalmente que o joio é materialista. No meu entender, em algum sentido a Teologia da Prosperidade induz ao materialismo. Para mim alguns crentes são até mesmo ateus.

A terceira razão porque a morte impõe medo é a ilusão de eterna beleza e jovialidade. Não é errado nem pecado exercitar-se fisicamente ou usar cosméticos que produzem aparência jovial. Mas, a excessiva preocupação com a aparência física, apenas esteticamente, tem conduzido muitos a uma tímida negação da morte.   

No Novo Testamento há três palavras que designam morte: thanatos, anairesis e teleute. “Thanatos” pode ser usada como a separação do homem de Deus e a separação da alma do corpo, ou seja, o último cessar de funções e a volta para o pó. Em ambos, o sentido é de separação. A morte é tão triste justamente por causa disso: separa-nos temporariamente ou eternamente dos nossos entes queridos. Bem disse o salmista: “A duração da nossa vida é de setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos”. “Anairesis” significa tomar para cima ou para fora, como por exemplo, tirar a vida (no caso da morte de Estêvão): “E Saulo consentia na sua morte. Naquele dia, levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria” (Atos 8:1). “Teleute” é fim, limite, ou seja, o fim da vida, morte, usado para descrever a “morte” de Herodes: “e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio do profeta: Do Egito chamei o meu Filho” (Mateus 2:15).

Outros sentidos de morte são: saída ou partida. Neste caso refere-se ao episódio onde Moisés e Elias aparecem no Monte da Transfiguração e numa conversa com Cristo tratam da sua partida ou saída deste mundo terreno, em outras palavras, da sua morte: “E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e o seu vestido ficou branco e mui resplandecente. E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém” (Lucas 9:29-31); cessação da existência da vida animal, física. Este termo é usado pelo anjo do Senhor a José no retorno do Egito para a Palestina: “Tendo Herodes morrido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e disse-lhe: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que atentavam contra a vida do menino” (Mateus 2:19,20); rompimento das relações da vida material. Neste sentido a reencarnação não passa de um sofisma. Podemos observar esse princípio na morte do filho de Davi com Bate-Seba: “Então, Natã foi para sua casa. E o SENHOR feriu a criança que a mulher de Urias dera à luz a Davi; e a criança adoeceu gravemente. Buscou Davi a Deus pela criança; jejuou Davi e, vindo, passou a noite prostrado em terra. Então, os anciãos da sua casa se achegaram a ele, para o levantar da terra; porém ele não quis e não comeu com eles. Ao sétimo dia, morreu a criança; e temiam os servos de Davi informá-lo de que a criança era morta, porque diziam: Eis que, estando a criança ainda viva, lhe falávamos, porém não dava ouvidos à nossa voz; como, pois, lhe diremos que a criança é morta? Porque mais se afligirá. Viu, porém, Davi que seus servos cochichavam uns com os outros e entendeu que a criança era morta, pelo que disse aos seus servos: É morta a criança? Eles responderam: Morreu. Então, Davi se levantou da terra; lavou-se, ungiu-se, mudou de vestes, entrou na Casa do SENHOR e adorou; depois, veio para sua casa e pediu pão; puseram-no diante dele, e ele comeu. Disseram-lhe seus servos: Que é isto que fizeste? Pela criança viva jejuaste e choraste; porém, depois que ela morreu, te levantaste e comeste pão. Respondeu ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se o SENHOR se compadecerá de mim, e continuará viva a criança? Porém, agora que é morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim” (II Samuel 12:15-23).

A morte impõe medo e angustia, mas, os eleitos salvos em Cristo não devem se desesperar diante dela. O apóstolo Paulo não temia a morte: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor” (Filipenses 1:21-23). Para ele a morte não era perda e sim lucro, pois, seu desejo era estar com Cristo, que ele afirma ser “ainda muito melhor”. A morte para os eleitos em Cristo é triste apenas para quem fica, pois ao Senhor é aprazível à morte do justo: “Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos” (Salmos 116:15).

Como disse o pastor Eliezer Lira, comentarista da lição: “para o crente a morte não é o fim, mas o início de uma extraordinária e plena vida com Cristo”. A morte não deve amedrontar os eleitos do Senhor, pois Cristo na cruz a venceu: “Aconteceu que, perplexas a esse respeito, apareceram-lhes dois varões com vestes resplandecentes. Estando elas possuídas de temor, baixando os olhos para o chão, eles lhes falaram: Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Lucas 26:4-6).

Em Cristo,

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quinta-feira, 5 de julho de 2012

A ENFERMIDADE NA VIDA DO CRENTE (Subsidio EBD)


Por Gilson Barbosa

O comentarista desta lição abordou com muita propriedade o tema tentando evitar deixar espaço a entendimentos infundados.  As doenças e os sofrimentos existiram e existirão, no intercurso da vida dos que servem fielmente a Deus. Porém, os pregadores da Teologia da Prosperidade não admitem que os salvos em Cristo sejam acometidos de enfermidades:

A doutrina da prosperidade afirma que o cristão tem direito a uma saúde completa e perpétua e que deve esperar viver uma vida plena, isenta de doenças, e adormecer com a idade de 70 ou 80 anos, sem dor ou sofrimento. Aqueles que ficam aquém dessas expectativas não entenderam seus direitos ou deixaram de reivindicá-los com fé suficiente. (PIERATT, O Evangelho da Prosperidade)

Pode ser que a confusão seja uma interpretação inadequada de textos que associam a cura com a obra da expiação de Cristo, na cruz do Calvário. O texto de Isaías 53:4 diz que “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido”. Os adeptos da prosperidade da saúde física dizem que se Cristo levou nossas enfermidades na cruz então não as teremos mais. As respostas que dão aos crentes que sofrem com doenças é que: 1º) não sabem o direito à saúde física que possuem; 2º) não sabem usar a fé; 3º) precisam declarar, confessar, a cura.

A pergunta é: quando Cristo levou sobre si “nossas enfermidades e dores”? Se foi na cruz, então, de fato não deveríamos adoecer, pois, se Cristo nos garantiu a salvação na cruz, nos garantiria também a cura das doenças. No entanto observamos vários casos de enfermidades acometidas as pessoas que temiam ao Senhor, após a morte vicária de Cristo e sua ressurreição. Como explicar isso?

Bem: Temos de interpretar corretamente o texto de Isaías 53:4 a luz do seu contexto geral. O escritor Mateus fez menção do cumprimento desta profecia em 8:16,17: “Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os espíritos e curou todos os que estavam doentes; para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças”. O entendimento é que naquele exato momento, e não muito tempo depois na sua morte de cruz, enquanto Jesus expelia os demônios e curava os doentes a profecia de Isaías estava se cumprindo.

Cumpria-se em Cristo a profecia messiânica, pois, sabemos que o Messias deveria preencher requisitos proféticos que nenhuma outra pessoa teria. Mas, o que fazer com o texto de I Pedro 2:24?

... carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.

Se lermos as cinco seções que compõem o versículo 24 (1-8; 9, 10; 11,12; 13-17; 18-25) não encontraremos nada que se assemelhe ao tema de doenças físicas. Portanto, “Cristo sofreu a maldição do pecado, aceitando a punição que os nossos pecados mereceram e provendo perdão e liberdade”[1], e essa deve ser a correta interpretação do versículo 24. O sentido do texto é espiritual e não material. Mas, ainda que alguém insista que esses textos devam ser entendidos no sentido de que a expiação de Cristo se estende a cura física, a expiação teria sido parcial e não total. Somente na eternidade com Cristo é que seremos livres de toda a dor do sofrimento: “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4).

Deve se destacar, na vida do salvo em Cristo, as duas origens das enfermidades: a queda de Adão e as doenças como provação Divina. Deus havia avisado a Adão sobre os efeitos de sua desobediência: “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gênesis 2:16,17). É claro que Adão não morreu fisicamente no mesmo em que desobedeceu ao Senhor, mas, morreu espiritualmente (no sentido de separação da comunhão com Deus) e iniciou-se em sua vida física um processo de degeneração das suas células, o que culminaria na morte física. Nesse sentido o crente adoece da mesma maneira como adoece um ateu, espiritualista, cético, sectário, etc, pois, ainda regenerado e alcançado pelo sacrifício vicário de Cristo, continuamos carregando em nós o vírus do pecado de Adão: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (I João 1:7-9).

Outra origem é que Deus nos prova, e muitas vezes o elemento usado é uma enfermidade. Eu sei que não é agradável ouvir e falar sobre isso, mas, é bíblico. O apóstolo Paulo tinha um “espinho na carne” que o incomodava muito: “E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de me não exaltar” (II Coríntios 12:7). O “espinho na carne” de Paulo foi permitido por Deus (“foi-me dado”) para que ele não se exaltasse pelas excelências das revelações que Deus lhe havia concedido, registrado nos versículos 1-4.

Alguém diz que Deus atende todas as orações dos salvos concedendo “bênção” e “vitória”, mas não aconteceu assim com Paulo: “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (II Coríntios 12: 8,9).  Alguns comentaristas pensam que o problema físico de Paulo estavam nos olhos; são sugeridos os versículos abaixo:

Qual é, logo, a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível fora, arrancaríeis os vossos olhos, e mos daríeis. (Gálatas 4:15)

Vede com que grandes letras vos escrevi por minha mão. (Gálatas 6:11)

Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto dele que o ferissem na boca. Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá, parede branqueada: tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a lei, e contra a lei me mandas ferir? E os que ali estavam disseram: Injurias o sumo sacerdote de Deus? E Paulo disse: Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo. (Atos 23:2-5)

Temos de analisar, também, os casos bíblicos onde Deus não efetuou a cura nos seus servos. O profeta Eliseu foi um poderoso instrumento nas mãos de Deus. Por meio dele o Senhor efetuou diversos milagres e sinais miraculosos. Porém, no final da sua vida amargou uma enfermidade e morreu dela. O texto de II Reis 13:14,20 informa sua morte: “E Eliseu estava doente da enfermidade de que morreu...” [...] “Depois morreu Eliseu, e o sepultaram”. Os diligentes obreiros Timóteo e Trófimo também não foram curados: “Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago, e das tuas freqüentes enfermidades” (I Timóteo 5:23); “Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (II Timóteo 4:20).

Tem muito crente dizendo que não aceita derrota na sua vida, e, uma destas “derrotas” são as doenças. Porém, acima de tudo deve estar à glória de Deus. Ele será glorificado na vida ou na morte. Mesmo homens piedosos, que dedicaram sua vida pregando sobre cura e “curando” em nome de Jesus milhares de pessoas, morreram de constantes enfermidades – é o caso dos fundadores das Assembleias de Deus no Brasil, Daniel Berg e Gunnar Vingren. Nós temos de ser sábios e entendermos os decretos eternos de Deus, Sua soberania e providência. Ademais em Salmos 41:1 está escrito: “O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; tu renovas a sua cama na doença”.  

Há ainda outras origens à causa das doenças. Em primeiro lugar, ela pode ser um descuido pessoal com uma alimentação saudável. Hoje em dia a correria é tanta que passamos a desconsiderar que devemos balancear nossa alimentação adequadamente. Muitos cristãos comem mal, não no sentido de não fazer as refeições, mas, de abusar de uma alimentação não saudável. É necessário nos alimentarmos de maneira correta, pois de outra forma poderá nos trazer males prejudiciais a nossa saúde física. Em segundo lugar existe a ausência de exercícios físicos. Infelizmente muitos crentes pensam que é pecado praticar exercícios físicos. São cheios de maus hábitos, não fazem caminhada, não praticam nenhum tipo de esporte que visa auxiliar no combate às doenças. Depois não adianta reclamar com o Senhor, a culpa pode ser totalmente nossa. Em terceiro lugar algumas enfermidades são genéticas. São casos onde há um histórico familiar de certos tipos de doenças que passam aos descendentes. Cuidado! Esse fato nada tem haver com maldição hereditária.

Antes de concluir preciso pontuar dois fatos no texto bíblico da lição. O primeiro está no que disse Ezequias: “E disse: Ah! Senhor lembra-te, peço-te, de que andei diante de ti em verdade, e com coração perfeito, e fiz o que era reto aos teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo”. Note que o tempo do verbo usado em algumas frases está no passado. Isso não significa dizer que naquele momento o rei Ezequias estava passando por momentos difíceis porque havia deixado de ser fiel ao Senhor ou que havia pecado. Nem era uma espécie de um bom “depósito” que o rei tinha com Deus. Na verdade tratava-se de uma comovente petição que expressava sua lealdade a Deus. Ele reconhecia a grandeza de Deus. Além do mais ele não exigiu, nem decretou ou declarou sua cura, mas, virou o rosto para a parede, e orou humildemente ao Senhor. Quem desejar orar como Ezequias orou deverá ser tão fiel quanto ele foi ao Senhor.

O segundo ponto importante está em pelo menos dois acontecimentos na extensão da vida solicitada ao Senhor: “Vai, e dize a Ezequias: Assim diz o Senhor, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos” (Isaías 38:5). Em primeiro lugar, Deus acrescentou quinze anos de vida a mais ao rei Ezequias, porém nestes, nasceu Manassés, que foi um dos piores reis em Israel. Ele levantou altares a Baal, plantou bosques místicos, adorou os astros do céu, dedicou altares nos dois átrios do Templo e ainda fez passar seu filho pelo fogo. A nota da Bíblia de Estudo de Genebra diz que “Ezequias, ao que tudo indica, estava sem qualquer herdeiro do sexo masculino. Ele viveu mais quinze anos (v.5). Manassés, seu sucessor ao trono, tinha doze anos de idade quando Ezequias morreu (II Reis 20:21 – 21:1)”.  Em segundo lugar, foi no intercurso destes quinze anos também que cometeu “um de seus maiores erros” – mostrar todos os tesouros que possuía a emissários da Babilônia: “E Ezequias se alegrou com eles, e lhes mostrou a casa do seu tesouro, a prata, e o ouro, e as especiarias, e os melhores ungüentos, e toda a sua casa de armas, e tudo quanto se achava nos seus tesouros: cousa nenhuma houve, nem em sua casa, nem em todo o seu domínio, que Ezequias lhes não mostrasse” (Isaías 39:2). Por esta causa, foi repreendido pelo profeta Isaías: “Então disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos Exércitos: Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para Babilônia: não ficará cousa alguma, disse o Senhor. E dos teus filhos, que procederem de ti, e tu gerares, tomarão, para que sejam eunucos no palácio do rei de Babilônia” (Isaías 39:5-7).

Houvesse Ezequias morrido quando deveria morrer não teria passado por essas tristes experiências. Deus sabe o que é melhor para nós. Não reclame das circunstancias em que estás vivendo, prezado leitor. Ore e busque a Deus, mas deixe que a Sua vontade seja feita em sua vida: “Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?” (Isaías 45:9). Na cerimônia de casamento os cônjuges se comprometem a estarem juntos em todos os momentos: na doença ou saúde, na fartura ou escassez. O Senhor Jesus também fez esta promessa e ele é fiel e justo para cumprir: “Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém” (Mateus 28:20).

Da minha parte desejo a você leitor o que o apóstolo João desejou ao irmão Gaio: “Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai à tua alma”. (III João 1:2)

Em Cristo,


[1] BIBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA, nota de 1 Pedro 2.24. 

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