sábado, 25 de abril de 2015

APÓSTOLOS MODERNOS

Resultado de imagem para modern apostles and the prophets benny hinn and othersPresenciamos na igreja evangélica brasileira uma “febre” de líderes se autointitulando “apóstolos e profetas”. Os apóstolos modernos se sentem os verdadeiros ocupantes da cadeira apostólica. Na mente deles este cargo deve ser preenchido, portanto sob nenhuma hipótese pode ficar vazio. Para eles isso é uma questão de origem: se Cristo tinha apóstolos, que por sua vez produziam sinais e milagres (e estes são para os dias atuais), não faz sentido não tê-los hoje. Também buscam recursos da hermenêutica para validar biblicamente suas justificativas. Citam, por exemplo, Efésios 4:11.

O pastor Hernandes Dias Lopes diz o seguinte sobre esse texto:

Jesus tinha muitos discípulos, mas apenas doze apóstolos. Um discípulo é um seguidor, um apóstolo é um comissionado. Os apóstolos tinham de ter três qualificações: 1) conhecer pessoalmente a Cristo (l Co 9.1,2); 2) ser testemunha titular da sua ressurreição (At 1.21-23); 3) ter o ministério autenticado com milagres especiais (2Co 12.12). Nesse sentido, não temos mais apóstolos hoje. Num sentido geral, todos nós fomos chamados para ser enviados (Jo 20.21). O verbo grego apostello quer dizer “enviar”, e todos os cristãos são enviados ao mundo como embaixadores e testemunhas de Cristo para participar da missão apostólica de toda a igreja. Expressamos nossa convicção de que, hoje, uma igreja apostólica é aquela que segue a doutrina dos apóstolos, e não aqueles que dão a seus líderes o título de apóstolos. Francis Foulkes é categórico quando afirma: “A partir da própria definição de apóstolo, é evidente que seu ministério devia cessar com a morte da primeira geração da igreja”.  

A meu ver os apóstolos modernos pensam possuir a terceira qualificação: a produção e realização de milagres. Creio que Deus na sua providencia pode produzir milagres em nossos dias, portanto, creio no milagre da providencia Divina. Mas o milagre ordinário não é mais condição para alguém reivindicar o título de apóstolo. Creio também que o meio usado por Deus na efetuação de milagres é a oração, e não a palavra “profética” proferida pelos lábios seletivos de determinadas pessoas. Desta forma a oração intercessora individual ou coletiva dos crentes pode ser atendida pelo Senhor. Entendo que devemos orar, sim, em favor dos necessitados e dos que estão sofrendo. Mas deve prevalecer a vontade do Senhor e não a decretação profética.

Os apóstolos modernos são extravagantes e apresentam perfis “estranhos” dos apóstolos quando comparados ao de nosso Senhor Jesus Cristo. A começar pelos seus ensinos, tão diferentes. Alguém pode dizer: “Mas eles realizam milagres, certo”? Bom, pra início de conversa os milagres necessariamente não comprovam a veracidade ou proporcionam legitimidade a determinada pessoa ou ministério denominacional. Em segundo lugar, há muita confusão quanto às operações e resultados destes supostos milagres. E por fim estes apóstolos também dizem serem profetas que recebem de Deus a suposta revelação dos problemas das pessoas. O pastor Heber Carlos de Campos afirma que a atitude alguns profetas modernos pode ser de adivinhação, de manipulação mental e, até de hipnose de um público afoito e carente de manifestações espetaculares para crerem.  


Não estou julgando a pessoa dos apóstolos modernos, mas sim os seus comportamentos estranhos quando confrontados com a vida dos verdadeiros apóstolos de Cristo. 

No amor de Cristo,

Compartilhar:

sexta-feira, 3 de abril de 2015

UM CRISTO PECADOR?

Sendo hoje um dia em que se comemora a morte de Cristo (Sexta-feira da Paixão) gostaria refletir brevemente sobre o texto de II Coríntios 5:21, que os profetas da Confissão Positiva distorcem ao seu dispor. Antes coloco o texto de II Coríntios 5:21 para sua lembrança: “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”.

Em primeiro lugar dizem que Jesus foi feito pecador ao assumir na cruz os pecados da humanidade. Desta forma Ele tornou-se a própria essência do pecado. Em segundo lugar dizem que Cristo obteve nossa redenção nas profundezas do Inferno. Ou seja, Cristo morreu espiritualmente. Sua morte física não seria suficiente para redimir a humanidade pecadora. Em terceiro lugar, no Inferno Cristo sofreu nas mãos de Satanás e seu bando maligno. Isto porque sendo Ele identificado com o pecado, Satanás pode governá-lo como se fora qualquer outro pecador. Concluindo: Cristo completou a obra de redenção no Inferno.

Os mestres da Confissão Positiva ou teologia da fé que ensinam esses absurdos são: Frederick K.C. Price, Kenneth Hagin, Kenneth Copeland, Paul Billheimer, Paul Crouch, etc.

1 – Cristo não foi feito pecador. Dizer que Cristo foi feito pecado não é o mesmo que dizer que ele foi feito como um de nós – um pecador. Essa questão toca no ponto central da impecabilidade de Cristo. Cristo ao se encarnar assume a natureza humana, mas sem pecado. Certa vez Ele disse a um grupo de judeus: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (João 8:46). A expressão “o fez pecado por nós” trata-se de uma figura de linguagem conhecida como metonímia e significa que Cristo pagou a pena ou a punição por nós e nesse sentido é uma palavra abstrata, não literal. Afirmar que Cristo levou os nossos pecados não é nada mais do que entender que eles foram imputados ou creditados na conta de Cristo. Por esse meio sua retidão é aplicada a nós. Somente Ele podia aplacar a ira de Deus e nos fazer justos aos olhos Dele. É isso que afirma o final do versículo: “para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”. O apologista Hank Hanegraaf escreve que: “A Bíblia insiste que o sacrifício de Cristo foi uma oferta vicária suficiente, precisamente por constituir um sacrifício sem pecado” (Cristianismo em Crise). Qualquer entendimento fora disso é blasfêmia.

2 – Cristo não efetuou nossa redenção no Inferno. Na cruz do Calvário Cristo efetuou nossa redenção ao bradar: “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (João 19:30). Para os mestres da confissão positiva “entregar o espírito” significa o começo da obra de redenção. O ponto de vista de Kenneth Copeland é o seguinte:

“Está consumado!”, Jesus não se referia ao plano da redenção. Ainda restavam três dias e três noites, pelos quais devia passar antes que pudesse subir ao trono... A morte de Jesus foi apenas o começo da completa obra da redenção.

A origem do pensamento de que Cristo “desceu ao Inferno” parece encontrar apoio nos antigos credos cristãos – o Credo dos apóstolos e o Credo de Atanásio. Não vou entrar nos pormenores da expressão “desceu ao Inferno”, mas, seja o que for que ela signifique, podemos ter certeza do que ela não significa: que Cristo tenha sofrido no Inferno, nas mãos de Satanás. Não há nem mesmo consenso se Cristo tenha descido ao Inferno para proclamar sua vitória.

Quando Cristo morre ele vai ao Paraíso (Lucas 23:43), não ao Inferno. “Três dias e três noites no seio da terra” (Mateus 12:40) refere-se apenas ao tempo passado por Jesus no sepulcro. O registro paulino de que Cristo “tinha descido às partes mais baixas da terra” (Efésios 4:9,10) é uma expressão idiomática para tratar da encarnação de Cristo sobre a Terra. Cristo triunfou sobre o Diabo na cruz do Calvário: “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Colossenses 2:15). Portanto, nossa redenção foi efetuada na cruz do Calvário, não no Inferno.

3 – Cristo não sofreu nas mãos de Satanás. Os proponentes da confissão positiva afirmam que Jesus renasce das profundezas do Inferno ao sofrer nas mãos de Satanás e demônios. Segundo eles esta ação é que teve a eficácia de redimir a humanidade de seus pecados. Porém o fato é que Cristo morreu fisicamente, não espiritualmente. A Bíblia afirma que Cristo foi “mortificado, na verdade, na carne” (I Pedro 3:18). Outra ideia clara da impossibilidade de Cristo ser subjugado por Satanás é o fato de que não há precedentes na sua história. A vitória de Cristo sobre os demônios em seu ministério é algo comum. Certa vez os discípulos se alegraram pelo fato dos demônios se sujeitarem ao nome de Cristo (Lucas 10:17). Satanás sabe e conhece o poder que Cristo tem (Atos 19:15). Portanto concluo: é uma blasfêmia dizer e ensinar que Cristo foi torturado e atormentado no Inferno, para efetuar a redenção da humanidade.

Feliz Páscoa!

Compartilhar:
←  Anterior Proxima  → Inicio