Sendo hoje
um dia em que se comemora a morte de Cristo (Sexta-feira da Paixão) gostaria refletir
brevemente sobre o texto de II Coríntios 5:21, que os profetas da Confissão
Positiva distorcem ao seu dispor. Antes coloco
o texto de II Coríntios 5:21 para sua lembrança: “Àquele que não conheceu
pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”.
Em primeiro
lugar dizem que Jesus foi feito pecador ao assumir na cruz os
pecados da humanidade. Desta forma Ele tornou-se a própria essência do pecado. Em
segundo lugar dizem que Cristo obteve nossa redenção nas profundezas do
Inferno. Ou seja, Cristo morreu espiritualmente. Sua morte física não seria
suficiente para redimir a humanidade pecadora. Em terceiro lugar, no Inferno
Cristo sofreu nas mãos de Satanás e seu bando maligno. Isto porque sendo Ele identificado
com o pecado, Satanás pode governá-lo como se fora qualquer outro pecador. Concluindo:
Cristo completou a obra de redenção no Inferno.
Os mestres
da Confissão Positiva ou teologia da fé que ensinam esses absurdos são:
Frederick K.C. Price, Kenneth Hagin, Kenneth Copeland, Paul Billheimer, Paul
Crouch, etc.
1 – Cristo não foi feito pecador. Dizer que
Cristo foi feito pecado não é o mesmo que dizer que ele foi feito como um de
nós – um pecador. Essa questão toca no ponto central da impecabilidade de
Cristo. Cristo ao se encarnar assume a natureza humana, mas sem pecado. Certa
vez Ele disse a um grupo de judeus: “Quem dentre vós me convence de pecado?”
(João 8:46). A expressão “o fez pecado por nós” trata-se de uma figura de
linguagem conhecida como metonímia e significa que Cristo pagou a pena ou a
punição por nós e nesse sentido é uma palavra abstrata, não literal. Afirmar
que Cristo levou os nossos pecados não é nada mais do que entender que eles
foram imputados ou creditados na conta de Cristo. Por esse meio sua retidão é
aplicada a nós. Somente Ele podia aplacar a ira de Deus e nos fazer justos aos
olhos Dele. É isso que afirma o final do versículo: “para que, nele, fôssemos
feitos justiça de Deus”. O apologista Hank Hanegraaf escreve que: “A Bíblia
insiste que o sacrifício de Cristo foi uma oferta vicária suficiente, precisamente
por constituir um sacrifício sem pecado” (Cristianismo em Crise). Qualquer
entendimento fora disso é blasfêmia.
2 – Cristo não efetuou nossa redenção
no Inferno. Na cruz
do Calvário Cristo efetuou nossa redenção ao bradar: “E, quando Jesus tomou o
vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”
(João 19:30). Para os mestres da confissão positiva “entregar o espírito”
significa o começo da obra de redenção. O ponto de vista de Kenneth Copeland é
o seguinte:
“Está
consumado!”, Jesus não se referia ao plano da redenção. Ainda restavam três
dias e três noites, pelos quais devia passar antes que pudesse subir ao
trono... A morte de Jesus foi apenas o começo da completa obra da redenção.
A origem do
pensamento de que Cristo “desceu ao Inferno” parece encontrar apoio nos antigos
credos cristãos – o Credo dos apóstolos e o Credo de Atanásio. Não vou entrar
nos pormenores da expressão “desceu ao Inferno”, mas, seja o que for que ela signifique,
podemos ter certeza do que ela não significa: que Cristo tenha sofrido no
Inferno, nas mãos de Satanás. Não há nem mesmo consenso se Cristo tenha descido
ao Inferno para proclamar sua vitória.
Quando
Cristo morre ele vai ao Paraíso (Lucas 23:43), não ao Inferno. “Três dias e
três noites no seio da terra” (Mateus 12:40) refere-se apenas ao tempo passado
por Jesus no sepulcro. O registro paulino de que Cristo “tinha descido às
partes mais baixas da terra” (Efésios 4:9,10) é uma expressão idiomática para tratar
da encarnação de Cristo sobre a Terra. Cristo triunfou sobre o Diabo na cruz do
Calvário: “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e
deles triunfou em si mesmo” (Colossenses 2:15). Portanto, nossa redenção foi
efetuada na cruz do Calvário, não no Inferno.
3 – Cristo não sofreu nas mãos de
Satanás. Os
proponentes da confissão positiva afirmam que Jesus renasce das profundezas do
Inferno ao sofrer nas mãos de Satanás e demônios. Segundo eles esta ação é que
teve a eficácia de redimir a humanidade de seus pecados. Porém o fato é que
Cristo morreu fisicamente, não espiritualmente. A Bíblia afirma que Cristo foi “mortificado,
na verdade, na carne” (I Pedro 3:18). Outra ideia clara da impossibilidade de
Cristo ser subjugado por Satanás é o fato de que não há precedentes na sua história.
A vitória de Cristo sobre os demônios em seu ministério é algo comum. Certa vez
os discípulos se alegraram pelo fato dos demônios se sujeitarem ao nome de
Cristo (Lucas 10:17). Satanás sabe e conhece o poder que Cristo tem (Atos
19:15). Portanto concluo: é uma blasfêmia dizer e ensinar que Cristo foi
torturado e atormentado no Inferno, para efetuar a redenção da humanidade.
0 comentários:
Postar um comentário