Presenciamos na igreja evangélica brasileira uma “febre” de
líderes se autointitulando “apóstolos e profetas”. Os apóstolos modernos se
sentem os verdadeiros ocupantes da cadeira apostólica. Na mente deles este
cargo deve ser preenchido, portanto sob nenhuma hipótese pode ficar vazio. Para
eles isso é uma questão de origem: se Cristo tinha apóstolos, que por sua vez produziam
sinais e milagres (e estes são para os dias atuais), não faz sentido não tê-los
hoje. Também buscam recursos da hermenêutica para validar biblicamente suas
justificativas. Citam, por exemplo, Efésios 4:11.
O pastor Hernandes Dias Lopes diz o seguinte sobre esse
texto:
Jesus tinha muitos discípulos,
mas apenas doze apóstolos. Um discípulo é um seguidor, um apóstolo é um
comissionado. Os apóstolos tinham de ter três qualificações: 1) conhecer
pessoalmente a Cristo (l Co 9.1,2); 2) ser testemunha titular da sua
ressurreição (At 1.21-23); 3) ter o ministério autenticado com milagres
especiais (2Co 12.12). Nesse sentido, não temos mais apóstolos hoje. Num
sentido geral, todos nós fomos chamados para ser enviados (Jo 20.21). O verbo
grego apostello quer dizer “enviar”,
e todos os cristãos são enviados ao mundo como embaixadores e testemunhas de
Cristo para participar da missão apostólica de toda a igreja. Expressamos nossa
convicção de que, hoje, uma igreja apostólica é aquela que segue a doutrina dos
apóstolos, e não aqueles que dão a seus líderes o título de apóstolos. Francis
Foulkes é categórico quando afirma: “A partir da própria definição de apóstolo,
é evidente que seu ministério devia cessar com a morte da primeira geração da
igreja”.
A meu ver os apóstolos modernos pensam possuir a terceira
qualificação: a produção e realização de milagres. Creio que Deus na sua
providencia pode produzir milagres em nossos dias, portanto, creio no milagre da
providencia Divina. Mas o milagre ordinário não é mais condição para alguém reivindicar
o título de apóstolo. Creio também que o meio usado por Deus na efetuação de
milagres é a oração, e não a palavra “profética” proferida pelos lábios seletivos
de determinadas pessoas. Desta forma a oração intercessora individual ou
coletiva dos crentes pode ser atendida pelo Senhor. Entendo que devemos orar,
sim, em favor dos necessitados e dos que estão sofrendo. Mas deve prevalecer a
vontade do Senhor e não a decretação profética.
Os apóstolos modernos são extravagantes e apresentam perfis “estranhos”
dos apóstolos quando comparados ao de nosso Senhor Jesus Cristo. A começar
pelos seus ensinos, tão diferentes. Alguém pode dizer: “Mas eles realizam
milagres, certo”? Bom, pra início de conversa os milagres necessariamente não
comprovam a veracidade ou proporcionam legitimidade a determinada pessoa ou
ministério denominacional. Em segundo lugar, há muita confusão quanto às operações
e resultados destes supostos milagres. E por fim estes apóstolos também dizem
serem profetas que recebem de Deus a suposta revelação dos problemas das
pessoas. O pastor Heber Carlos de Campos afirma que a atitude alguns profetas
modernos pode ser de adivinhação, de manipulação mental e, até de hipnose de um
público afoito e carente de manifestações espetaculares para crerem.
Não estou julgando a pessoa dos apóstolos modernos, mas sim
os seus comportamentos estranhos quando confrontados com a vida dos verdadeiros
apóstolos de Cristo.
No amor de Cristo,
0 comentários:
Postar um comentário