quinta-feira, 11 de maio de 2017

SOMENTE CRISTO (SOLUS CHRISTUS)

A Reforma Protestante legou alguns princípios que andam esquecidos em certos ramos do protestantismo brasileiro. Entre eles está o princípio do Solus Christus ou Somente Cristo. No contexto do tempo da Reforma, século 16, isso significava a contraposição de pelo menos três ensinos católicos romanos: a penitência, as indulgências e a reivindicação papal como o vicarius de Cristo. 

O que fazer com os pecados cometidos pelos fiéis da Igreja Romana após o batismo? Foi oferecida duas alternativas: confissão auricular e penitência. Não era suficiente confessar seus pecados ao sacerdote romano, era obrigatório a prática de penitências. Na penitência, as práticas de exercícios espirituais tais como jejuns, esmolas, orações, flagelos, serviam como depósitos de fundos meritórios na vida eterna. Para terem os pecados perdoados bastava acessar esse fundo celestial em caso de necessidades. 

Outra forma da aquisição de perdão de pecados na Igreja Romana era a compra de indulgências (um documento adquirido pelo fiel mediante pagamento). A cantilena na época era: "assim que uma moeda no cofre cai, uma alma do purgatório sai".  As indulgências era também uma forma de abreviar o tempo da penitência por meio do sofrimento no purgatório. As penitências podiam ser parciais ou totais. Somente a compra das indulgências é que podiam plenamente salvar uma alma do purgatório, pois os exercícios das penitências terrenas davam apenas salvação parcial. O desenvolvimento das indulgências pode ser entendido como um progresso da doutrina da penitência, pois só assim a salvação pode ser adquirida por meio de uma relação financeira. 

Fica claro nesses dois ensinos que a salvação, no ensino católico romano, pode ser adquirida por esforço humano. Mas e o sacrifício de Cristo na cruz do Calvário não foi suficiente? O apóstolo Pedro afirmou aos destinatários da sua primeira carta (1:2) que eles haviam sido eleitos pela "aspersão do sangue de Jesus Cristo".  O apóstolo Paulo opõem-se à doutrina de méritos e indulgências ao dizer aos efésios (2:8) que eles "pela graça sois [foram] salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós [não procedia deles); é dom de Deus". 

Não devemos pensar que a sedução de acrescentar potencialidade a salvação exclusiva pelo sacrifício de Cristo é algo apenas do passado. Há hoje no cenário evangélico brasileiro o entendimento que a obediência irrestrita aos usos e costumes humanos  (o repúdio ao uso de maquiagem, ir à praia, não jogar futebol, etc) garantem a eficácia expiadora de Cristo na cruz. Outros grupos ensinam que o ato de ofertar e dizimar dão aos féis garantias e méritos diante de Deus e assim sendo você pode e deve até mesmo exigir de Deus saúde, prosperidade financeira e outras bênçãos terrenas. Isso não é nada mais que a comercialização da fé dentro dos moldes da Igreja Romana no período da Idade Média. Ainda outros entendem que participar nas atividades eclesiásticas é sinônimo de comunhão com Deus. É verdade que devemos ter compromisso com a agenda das nossas igrejas, conforme Hebreus 10:25 orienta os crentes para que não deixassem de congregar, como era costume de alguns. Contudo, não devemos reduzir a vida cristã de comunhão com Deus à participação diária de atividades na igreja. 

Contra todas essas heresias afirmamos que Somente Cristo é necessário para nos salvar e nos aproximar de Deus. Quando o carcereiro de Filipos perguntou à Paulo e Silas o que deveria fazer para ter a salvação em Cristo, não lhe foi apresentado uma lista de condições e imposições, mas apenas a atitude de crer em Cristo (Atos 16:30, 31). Em quem você tem colocado o seu coração? Apenas em Cristo ou em "substitutos" religiosos? Se você pratica algum ato para ser reconhecido diante de Deus como merecedor de algo da parte dele, já está reprovado. 

No amor de Cristo!  

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