terça-feira, 20 de março de 2018

TEMOS ANJO DA GUARDA?

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A crença de muitas pessoas é que Deus designou determinado anjo para velar, cuidar, amparar e proteger cada uma delas. Essa missão dura até o fim da vida. É possível se comunicar, por conversa, com o anjo protetor e, saber qual seu nome pessoal é algo relevantíssimo. Ou seja, há uma relação bem próxima entre o anjo guardião e a pessoa. Ainda que até mesmo crentes salvos em Jesus Cristo simpatizem com essa ideia, contudo, ela revela o lado místico e oculto do ser humano. De fato, esse procedimento trata-se de paganismo puro e não cristianismo; é uma crença popular. Dois textos bíblicos são evocados na tentativa de respaldar essa teoria: Mateus 18:10 e Atos 12:15.  

No caso de Mateus, precisamos primeiro tentar responder quem são os “pequeninos”. Ao ler o primeiro versículo (Mateus 18:1) perceberemos que aponta para os verdadeiros discípulos de Jesus; são pessoas que se tornam como crianças. A elas é dado o direito de entrar no “reino dos céus”. O assunto do texto não é estritamente sobre os doze apóstolos, crianças ou necessariamente “anjo da guarda”. O versículo 6 aponta que levar um discípulo (seguidor) de Cristo a pecar é um grave delito. Novamente, os “pequeninos” são aqueles que creem em Cristo. A expressão “pequeninos” também é usada em Mateus 10:42: “E se alguém der mesmo que seja apenas um copo de água fria a um destes pequeninos, porque ele é meu discípulo, eu lhes asseguro que não perderá a sua recompensa”. Não são crianças, mas seguidores ou discípulos de Cristo. No mesmo sentido deve ser entendido o texto de Mateus 25:40: “o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (NVI - Mateus 25:40). Outras traduções da Bíblia usam o termo “pequeninos”. Certa vez Jesus afirmou que seus verdadeiros irmãos são aqueles que fazem a vontade de Deus (Mateus 12:50) e são estes que entrarão no “reino dos céus” (Mateus 7:21).

Talvez a ideia mais expressiva que cada pessoa tem um anjo da guarda advém de uma leitura de Atos 12:15: “Eles porém lhe disseram: ‘Você está fora de si!’ Insistindo ela em afirmar que era Pedro, disseram-lhe: ‘Deve ser o anjo dele”’. Que um anjo foi enviando por Deus para libertar Pedro da prisão isso a Bíblia corrobora (Atos 11:11). A nota da Bíblia de Genebra sobre o texto lucano afirma que os discípulos “pensaram que era o guardião angélico pessoal dele (Mt 18.10; Hb 1.14). O conceito popular era que tal guardião poderia assumir a aparência da pessoa humana protegida”. Não podemos esquecer que havia muitas crenças equivocadas entre os discípulos de Jesus. As Escrituras apenas insere o registro, sem chancelar ou legitimar crenças pessoais ou coletivas, mormente as crenças lendárias.

Voltando ao texto de Mateus 18:10 a expressão “seus anjos no céu” pode ser entendida no sentido ordinário e comum de que os crentes possuem numerosos e diversos anjos designados por Deus para atende-los em determinados momentos, e não apenas um especificamente (Salmo 37:4). Que os anjos trabalham ativamente em prol do povo de Deus podemos perceber desde o Antigo Testamento (Gênesis 28:12; Juízes 13:3; Salmo 91:11; Daniel 6:22). O texto direto mais expressivo sobre o tema no Novo Testamento é registrado aos Hebreus 1:14: “Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação?”. Podemos sintetizar o texto da seguinte forma: todos os anjos, para todos os cristãos, em todo o tempo da história. Os anjos cumprem a promessa de Deus ao trabalharem para o bem de todos os cristãos.

O texto de Mateus 18:10 nos informa que os anjos servem aos outros. Depreendemos desse fato a conduta inferior dos discípulos ao buscarem o status e a superioridade social ou espiritual (v.1): “Cuidado para não desprezarem um só destes pequeninos”.  E porque não deveriam tratar de maneira depreciativa os que pretendiam seguir a Jesus? A resposta é que “os anjos deles nos céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste”. A ideia pode ser resumida da seguinte maneira: se os anjos que são seres incríveis e fantásticos, que estão sempre diante da presença de Deus, trabalham ativamente para os servos de Deus, desta forma atestam e confirmam a importância das pessoas fora do círculo dos discípulos íntimos de Jesus. Obviamente isso não exalta a posição dos anjos em relação à Trindade Santíssima, mas apenas considera sua superioridade em relação aos seres humanos.  

O fato é que a comitiva angélica, enviada por Deus a cada crente, deveria manter o respeito e a consideração por cada simples seguidor de Jesus. Ela enaltece a posição de cada crente como filho de Deus. Os anjos de Deus sempre veem o Seu rosto no céu, contudo este mesmo batalhão celestial está a serviço de pessoas mortais e simples que são servas deste Deus. A interpretação do texto é que devemos considerar e respeitar todas as pessoas igualmente, por servirem a Deus e por serem servidas pelos anjos, e não que cada criança, pessoa ou seguidor de Jesus tenha um anjo da guarda.  
                  
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