sexta-feira, 24 de junho de 2011

O AVIVAMENTO QUE PRECISAMOS

Por Gilson Barbosa
 
O desejo de Deus sempre foi que seu povo lhe obedecesse e mantivesse um elevado padrão espiritual. Quando entravam em declínio espiritual Ele os punia. Foi assim com os dois cativeiros (Assíria e Babilônia) e no período dos juízes. Neste período, o povo tinha decaído muito na crença em Yahweh. A geração corajosa e guerreira de Josué tinha passado (Jz 2.10) e agora a geração presente em juízes era fraca e obstinada (Jz 2.11-13). Tornaram- se indiferentes entre seus irmãos. Cada um se importava somente consigo mesmo. O patriotismo judaico hebreu nacional se arrefeceu. Ao invés de expulsarem as nações ímpias de Canaã, apenas os subjugavam. Desta forma, foram fazendo alianças com elas e aderindo suas práticas, o que trouxe grandes prejuízos para a nação de Israel.
 
Com isto, os antigos donos do terreno foram se fortalecendo, a ponto de fazerem frente com aos exércitos de Israel e tornarem-se seus inimigos ferrenhos. Dentre eles: os filisteus, os midianitas, os sírios e os moabitas. Enfim, a degeneração de Israel contribuiu para a sua própria condenação, sofrimentos e derrotas. Não obstante a desordem ser mais ressaltada neste período houve também pessoas que obedeciam piedosamente a Deus.
 
O perigo do secularismo
Conforme o tempo passa, parece que o fervor religioso tende a se arrefecer e a institucionalização das estruturas denominacionais tende a se sacralizar. É nesse momento que urge um avivamento espiritual ou até mesmo uma reforma. A conceituação de avivamento, segundo o editorial da nossa lição, é “o retorno de algo à sua verdadeira natureza e propósito”. Hoje em dia os modismos teológicos, provenientes das igrejas neopentecostais, o entendimento errado e inadequado acerca do tema em pauta, a ênfase em elementos periféricos (como os usos e costumes em detrimentos dos fundamentos doutrinários da fé), as heresias evangélicas, tudo isso e muito mais, tem minado a efervescência da chama pentecostal. “Não apagueis o Espírito” (I Ts 5.19) foi a ordem dada pelo apóstolo Paulo à igreja tessalonicense. Essa ordem não foi simplesmente para uma igreja categorizada como pentecostal, mas serve para todos os ramos denominacionais, pois nenhuma delas está livre de se moldarem ao secularismo. Conforme sua natureza, “o secularismo tem como proposta a rejeição de toda forma de fé e devoção religiosas, admitindo como lema de vida apenas os fatos e influencias derivados da vida presente”. 
 
Um modelo bíblico de igreja secularizada é a igreja em Laodicéia (Ap 3.14-20). Deus a descreve espiritualmente como uma igreja nem fria nem quente. Ela se vangloriava de ser uma igreja abastada financeiramente: “Rico sou, e estou enriquecido, de nada tenho falta”. A prosperidade em si não é mal, mas apresenta certos perigos, como a independência Divina, por exemplo. Até mesmo pastores e obreiros integrais na obra do Senhor por vezes são meio que independentes de Deus, em certo sentido, devido aos altíssimos salários que recebem da administração da igreja local. Disso entendemos que a prosperidade material não significa saúde espiritual, nem sinal da aprovação de Deus, pelo contrário, pode até mesmo esconder pecados gravíssimos. No Antigo Testamento o profeta Oséias denunciou o pecado de Efraim: “É um mercador; tem nas mãos uma balança enganosa; ama a opressão. E diz Efraim: Contudo me tenho enriquecido, e tenho adquirido para mim grandes bens; nem todo o meu trabalho não acharão em mim iniquidade alguma que seja pecado”. No entanto, o que Deus requer de nós é fidelidade e não riqueza, obediência e não sacrifícios tolos, pois, para Ele nosso caráter é mais importante do que as nossas posses. 
 
O fato dela ser nem fria nem quente significa que seus crentes eram indiferentes, não adotavam uma posição definida e isto os levou à ociosidade e preguiça. A Bíblia de Aplicação Pessoal redigiu uma nota muito interessante nesse sentido: “Laodicéia era a mais rica das sete cidades, conhecida por seu sistema bancário, manufatura de lã e uma escola de medicina que produzia unguento para os olhos. Mas a cidade sempre tinha enfrentado problemas com o fornecimento de água. Em certa ocasião construíram um aqueduto para transportar água até a cidade, a partir de nascentes de água quente. Mas, no momento que a água chegava, ela não estava nem quente, nem agradavelmente fresca – estava apenas morna. A igreja ali havia se tornado uma comunidade tão branda como a água tépida que servia à cidade”. Conheço igreja pentecostal que sua situação está muito parecida com a igreja de Laodicéia: rica, independente, mas morna (perdeu ou não se preocupa com a saúde espiritual ou o fervor pentecostal) e indiferente.
 
O verdadeiro avivamento
 
Eu não acredito num avivamento que não produza “estudo da Palavra de Deus, oração, adoração (Ne 8.1-18), confissão de pecados (Ne 9.1-38) e o desejo de cumprir e obedecer os estatutos do Senhor (Ne 10.29)” – conforme escreve o comentarista da nossa lição. Alguns crentes por pura ignorância, outros por petulância, outros por serem fundamentalistas, outros por compreensão equivocada, tem interpretado o avivamento de maneira errada. Por isso é relevante escrever o que não é avivamento:
 
Não é o crescimento numérico da igreja
É claro e óbvio que “Deus quer que todos os homens se salvem” e, consequentemente pessoas recebendo a Cristo como seu Salvador haverá um acréscimo destes à comunidade local. Lucas registra nos Atos dos Apóstolos (6.7) que “crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé”, contudo isso não evidencia ou comprova necessariamente a natureza do avivamento – pelo menos não nos nossos dias.
 
O estimado leitor deve lembrar o episódio bíblico onde o profeta Elias desafiou e enfrentou sozinho os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Asera (I Rs 18.19). Não obstante serem muitos os profetas de Baal e de Asera, no entanto, a verdade e o Deus verdadeiro estavam com Elias e não com eles. Dizer que determinada denominação está sendo avivada tão somente pelo aumento de número dos seus adeptos é um padrão de medida extremamente falível. Conforme orienta o apologista Eguinaldo Hélio “a nossa fé não se apoia na adesão de poucos ou de muitos. O prumo das Escrituras ignora resultados numéricos, embora o mundo moderno ame as estatísticas. Seguir multidões não é sinônimo, nem antônimo de seguir a Cristo. A Palavra é a Palavra ‘quer ouçam, quer deixem de ouvir’” (Ezequiel 2.7). Na verdade, uma pequena igreja, mas avivada, é mais útil à Deus do que uma igreja enorme, mas carente de vigor espiritual e improdutiva.
 
Não é o apego aos usos e costumes
Não ignoro a importância de nos portamos bem (em termos de aparência pessoal) diante da sociedade sem Deus, mas daí dizer que o estereótipo do crente resultará em maiores ou melhores e efetivas conversões do pecador, penso ser pura ignorância cristã e bíblica. Muitos até mesmo entendem que um dos critérios para saber se determinada igreja é avivada tem a ver com os usos e costumes da igreja, ou seja, é o fato de que seus jovens não jogam futebol, as irmãs não cortam os cabelos nem usam jóias, o não assistir televisão e coisas do gênero. Estas coisas não produzem avivamento e, o avivamento em si não depende de sermos ou não adeptos dos costumes da igreja que pertencemos, mas da soberania de Deus. Com isso não quero dizer que sou favorável aos exageros na questão da apresentação pessoal (em termos de usos e costumes) à sociedade. Por outro lado, o avivamento também não produz o desejo pelos costumes. Na verdade as imposições do ministério da igreja, nesse assunto, se assemelham muito ao que Jesus disse: “Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens” (Mt 15.9). 
 
Um detalhe importante é que quase sempre é enfatizado mais o aspecto exterior do crente do que seu interior. Crentes que aparentam santidade exteriormente, mas são maldosos, julgam inadequadamente seu irmão, odeiam, mentem, etc. No entanto, por manterem fidelidade às exigências do ministério, quanto a esse assunto, são promovidos, recebem maiores oportunidades e são adjetivados como “verdadeiros crentes”.  Entendo que Deus na sua infinita grandeza e sabedoria não estipularia os usos e costumes como critério para o verdadeiro avivamento – não obstante se descontentar com os escândalos advindos de uma roupa feminina sensual ou de um jovem com seu nariz ou boca perfurado com piercing ou sua orelha com alargador. Os bons costumes em termos de vestes, jóias, hábitos, e outros, são bem-vindos quando entendemos a essência do que é ser um discípulo de Cristo. Por outro lado, conheço uma seita onde os usos e costumes são uma de suas marcas, mas nem precisa dizer nada a respeito não é mesmo? Trata-se da Igreja Apostólica Santa Vó Rosa.
 
Prefiro ficar com aquilo que nosso Mestre disse aos seus discípulos: “Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender? Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem” (Mt 16.20).
 
Passos para o avivamento
Conforme informa o pastor Valdir Bícego, os quatro passos necessários para que o avivamento aconteça em nossa vida ou na nossa comunidade são: volta à palavra, retorno à oração, retomada da missão evangelizadora e assumir o evangelho completo de Cristo. Muitos querem avivamento à margem do estudo e leitura das Escrituras Sagradas – isso é impossível. Na lição em apreço vimos que o avivamento produzido nos dias do rei Josias aconteceu somente após o Livro da Lei ser encontrado (estava perdido) no Templo. Imagine só, o Livro da Lei perdido dentro do Templo – parece até uma similaridade com os nossos dias! A liturgia de muitas igrejas nos dias de hoje é somente e quase unicamente os cânticos e movimentos “pentecostais”. À pregação expositiva (quanto tem) é dada poucos minutos e quase nenhuma importância.  A oração é necessária, pois é a maneira de conversamos com Deus e a forma para pedirmos um grande avivamento: “E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; Porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á” (Lc 11.9,10). Após os discípulos serem revestidos de poder retomaram a missão de evangelizar imediatamente. Estar avivado também significa pregar o evangelho a todos indistintamente.  E por fim, a igreja que necessita de um avivamento deve assumir um evangelho completo. “A salvação é acompanhada de muitas outras coisas (Hb 6.9): o batismo no Espírito Santo (At 1.8); a manifestação do fruto do Espírito (Gl 5.22); os dons espirituais (I Co 12.1-11); a cura divina. São os sinais que Deus manifesta no meio do seu povo; são a confirmação de que precisamos (Rm 15.18,19; I Co 9.2; II Co 12.12)”.
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