terça-feira, 30 de setembro de 2014

PODEMOS JURAR POR DEUS?

Gilson Barbosa



O crente em Cristo sempre deve ter compromisso com a palavra falada. No Brasil estamos na iminência de uma eleição política, e as promessas pronunciadas pelos candidatos não passam pelo crivo da honestidade e sinceridade. São palavras lançadas ao vento sem nenhum compromisso com as mesmas. Somente os simples e ingênuos acreditam nelas, ou no que dizem tais políticos. São palavras ambíguas, imprecisas, falsas, cheias de retórica. Mas falar e não cumprir, não é propriedade exclusiva de políticos ímpios. Grande parte dos políticos evangélicos também age e fala como ímpios.

Aprofundando um pouco mais o assunto temos no âmbito de cultos públicos os profetas carismáticos usando o nome de Deus levianamente. Dizem com orgulho “Assim diz o Senhor”, quando na verdade não foi realmente o Senhor quem ordenou profetizar tal e tal palavra. Penso que isso é tomar o nome do Senhor em vão, pois se trata de usá-lo de maneira imprópria, insincera, frívola, ou com finalidades banais. Qualquer conduta que profane o nome do Senhor é proibida pelas escrituras sagradas. A oração do Pai Nosso ensina que o nome de Deus deve ser santificado pelos seus filhos (Mateus 6:9). Santificar o nome de Deus é positivo e não negativo. Tem haver com santo temor e santa reverencia na conduta cristã e não com a proibição de usar respeitosamente e corretamente o nome do Senhor.

Na primeira tábua da Lei consta o terceiro mandamento: “Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êxodo 20:7). Esse mandamento não proíbe o juramento pelo nome de Deus ou outros juramentos. A Bíblia está repleta de exemplos de servos de Deus que fizeram juramento em “nome de Deus”. Em Deuteronômio 6:13 está escrito: “O Senhor, teu Deus, temerás, a ele servirás, e, pelo seu nome jurarás”. O que Deus proíbe é um juramento falso em seu nome – isto é denominado de perjúrio. Segundo o irmão Hélio Clemente “O perjúrio é o juramento intencionalmente falso, quando a pessoa tem o conhecimento da verdade, mas jura mentirosa e deliberadamente em o nome de Deus, o perjúrio quando diz respeito a Deus é chamado de blasfêmia ou profanação”.

Alguém pode objetar que Jesus dispensou qualquer tipo de juramento quando recomendou que a palavra do crente deve ser apenas “sim” ou “não” (Mateus 5:37). Mas essa é uma leitura superficial do texto. Jesus não proíbe fazer juramentos ao Senhor Deus. O fato é que os judeus juravam pelo céu, pela terra, por Jerusalém, e por sua própria cabeça (Mateus 5:34-36). Diziam que se alguém não jurasse pelo nome do Senhor, estaria desobrigado de cumprir tal juramento, e ainda a pessoa não quebrava a lei. Ou seja, eram pronunciados já com a intenção de serem violados.  

Porém Jesus demonstra que qualquer juramento (pelo céu, pela terra, por Jerusalém ou por sua própria cabeça), mesmo não tomando o nome do Senhor, deve ser cumprido, pois em ultima instancia Deus está sendo invocado. Por isso ele diz que “o céu é o trono de Deus”, “a terra o escabelo dos seus pés”, “a cidade é do grande Rei”, “e que somente Deus pode tornar um cabelo branco ou preto”. O que Jesus está dizendo é que qualquer juramento que façamos no dia a dia deve ser cumprido. Ou seja, a palavra do crente deve estar comprometida com a verdade e ser pronunciada com honestidade (Mateus 5:37).  

Honramos o nome de Deus quando nossa conduta é de acordo com o Seu caráter. Mas isso não significa que os juramentos legais e os votos não são legítimos. A Confissão de fé de Westminster no capítulo 22.1 afirma:

O juramento legal é uma parte do culto religioso em que o crente, em ocasiões próprias e com toda a solenidade, chama a Deus por sua testemunha do que assevera ou promete; pelo juramento ele invoca a Deus a fim de ser julgado por ele, segundo a verdade ou falsidade do que jura.   

Para os crentes presbiterianos “os votos e juramentos exigidos na igreja são o matrimônio, a consagração, a confissão pública, a profissão de fé e a ordenação de ministros. Somente se jura em nome de Deus sobre o que se conhece e crê com sinceridade” (Breve Catecismo De Westminster Comentado).

Mas acima de tudo o cristão deve ser verdadeiro e honesto em suas palavras. A Bíblia autoriza os juramentos. O que ela desautoriza é a banalidade no trato com os juramentos. Quando falar algo ou fizer qualquer juramento trate com seriedade, pois daremos conta de nossas palavras ao Deus Todo Poderoso.


No amor de Cristo,

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