De acordo com o Espiritismo é possível o contato com
espírito de pessoas falecidas. Para o contato acontecer basta consultar uma
pessoa que possua o “dom mediúnico”. Esta pessoa é denominada de médium. Este é um mediador entre o mundo
dos vivos e dos mortos. Uma das razões porque as pessoas consultam um médium é
a grande saudade de entes queridos mortos.
Entretanto, não há razão para um cristão evangélico crer na
possibilidade do contato entre vivos e mortos ser algo natural. Antes mesmo dos
israelitas entrarem em Canaã o Senhor proibiu, entre outras coisas, a consulta
aos mortos: “Quando entrares na terra que o Senhor, teu Deus, te der, não aprenderás
a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará entre ti [...]
nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos”
(Deuteronômio 18:9-11). Tal ato é incompatível com a vontade preceptiva de
Deus. Segundo a ordem de Deus “é não, e
ponto final”.
Mas, é normal pessoas distorcerem as escrituras sagradas no
intento de que a Bíblia afirme o que elas desejam – isso também acontece entre
os próprios evangélicos. No caso do Espiritismo trata-se do texto de I Samuel
28:1-25. Neste texto o rei Saul consulta a médium de En-Dor. O relato é usado
para respaldar o contato entre vivos e mortos bem como para atestar que Deus
permitiu o aparecimento do profeta Samuel por meio de uma médium.
Antes de qualquer coisa devemos atentar para a lei da não
contradição. Esta lei afirma que uma coisa é o que afirmamos que é. Por
exemplo, A é A. Mas se dissermos que A é B ao mesmo tempo em que afirmamos que
A é A isso é uma contradição e não é possível que seja assim. Em Deus
não há contradição. Ele é todo sábio e perfeito. Pois bem, como poderia Deus
proibir a consulta aos mortos e ao mesmo tempo permitir? O profeta Isaías (8:19)
adverte algumas pessoas que procuravam os necromantes para consultar os mortos:
“Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e
murmuram, acaso não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se
consultarão os mortos?”. Assim sendo não somente Deus, mas os escritores
bíblicos também são coerentes em repudiar esta prática.
Em segundo lugar, o relato dos versículos 7-25 foi escrito
por uma testemunha ocular – no caso uma das pessoas que acompanhara o rei Saul
e que no texto bíblico demonstra ser muito supersticioso. Note que quando Saul diz
aos seus servos para que apontassem uma mulher que fosse médium para sua
consulta, um dos servos com convicção: “Há uma mulher em Em-Dor que é médium”
(v.7). É muito provável que esta pessoa cria na possibilidade do contato entre
vivos e mortos. O que pode nos deixar um pouco intrigado é que esta narrativa
entrou para o Cânon Sagrado. Mas isso não deveria ser estranho, pois o Senhor
tem seus planos com este fato.
Russel Shedd apresenta seis argumentos para provar erros na
suposta aparição de Samuel a Saul. Vamos a eles.
1 – Argumento Gramatical.
O texto bíblico afirma, no versículo 6, que o rei Saul consultou ao Senhor,
porém o Senhor não lhe respondeu. Russel Shedd diz que o verbo hebraico é
completo e categórico e na situação de Saul significa que Deus não lhe
respondeu, não lhe responde e não lhe responderá nunca. Entendemos com isso que
jamais o suposto Samuel falaria com Saul movido pelo espírito de Deus, pois o
Senhor Deus estava resolvido a não falar mais com Saul.
2 – Argumento Exegético.
Deus não falava mais com Saul nem por Urim (revelação sacerdotal), nem por
profetas (revelação inspiracional da parte de Deus). Se nos dois casos é Deus
quem fala, e não foi Deus quem falou com Saul na consulta, também não pode ser
Samuel – lembre-se que Samuel era juiz, sacerdote e profeta.
3 – Argumento
Ontológico. Em vida o profeta Samuel era sabedor que Deus é contra a
consulta aos mortos, e que desobedecer a Deus neste ponto é ir contra a
natureza do seu próprio ser e do ser de Deus (I Samuel 15:23). Não será depois
de morto que ele vai desobedecer a Deus! Bom: isso não é nem possível.
4 – Argumento Escatológico.
Para aparecer a Saul, Samuel teria de vir do “seio de Abraão” onde teria
experimentado e recebido conhecimento mais profundo e revelações mais gloriosas
de coisas encobertas a nós. Como então desconsiderar a ordem proibitiva de Deus,
e trazer revelações de outro mundo a Saul?
5 – Argumento Doutrinário.
Se Deus, na Bíblia, condena consultar “espíritos familiares” é porque o
suposto espírito não era o de Samuel. Se fosse possível consultar espíritos de
pessoas falecidas Deus teria regulamentado esta doutrina. Mas não é isso que
acontece.
6 – Argumento Profético.
As profecias do suposto Samuel não passam pelo teste da precisão profética
(I Coríntios 14:29). Neste caso Samuel profetizou falsamente: 1º) a morte de Saul.
Ele não morreu pelas mãos dos filisteus – ele se suicidou; 2º) a morte de todos
os filhos de Saul – pelo menos três filhos de Saul ficaram vivos; 3º) o tempo
exato da morte de Saul – ele morreu cerca de dezoito dias após a previsão e não
no dia seguinte; 4º) o local do destino eterno de Saul – entendendo que Saul
não foi salvo é impossível que fosse para o mesmo lugar (“seio de Abraão”) onde
estava o verdadeiro Samuel. Ou que Samuel estivesse no lugar de condenação eterna!
Espíritos falsos
Se os espíritos dos mortos aparecem numa sessão mediúnica,
estes só podem ser falsos, pois o Senhor não regulamentou este fato como uma
doutrina bíblica e proibiu a consulta aos médiuns. E se são falsos não possuem
o consentimento nem aprovação de Deus, pois Nele não há falsidade nem
dissimulação. Os que creem ser possível a consulta aos mortos não devem se
considerar cristão nem fazer uso da Bíblia Sagrada. Não espaço para esta crença
e prática no cristianismo.
Com amor,
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