Pode soar estranho aos ouvidos, mas é preciso entender que
os pecados não são todos iguais. Todo pecado é pecado, mas alguns atos são mais
pecaminosos que outros. Pense num jovem solteiro viciado em todo o tipo de pornografia;
agora imagine um homem casado e com filhos também viciado em pornografia. Outro
quadro: pense em alguém entre sua família que é dado a pequenos furtos
domésticos; agora pense em certos políticos que furtam os cofres públicos
onerando as despesas públicas e prejudicando a agenda governamental. São todos
pecados, mas visto que as consequências são diferentes subentende que os valores
dos atos também sejam.
Há muitos outros exemplos onde observamos que as atitudes dos que cometem pecados possuem
o mesmo valor, porém os detalhes da prática, suas consequências, a extensão, abrangência,
intensidade e a essência, são diferentes. Alguns levam em conta que a
quantidade de pecado é igual à qualidade. Nesse caso, mentir cinco vezes teria consequências
iguais ao assassinato de uma pessoa? A valoração do ato é a mesma? O tipo e a
qualidade de pecados não são diferentes da quantidade de pecados? O que podemos
depreender disso é que os pecados estão todos inter-relacionados, contudo não
são todos iguais nem possuem o mesmo peso de julgamento. Há maiores pecados e
menores pecados.
Note que a base desse entendimento é bíblica. Segue três exemplos apenas:
1- O próprio Jesus referiu-se a certos pecados como sendo maiores. Diante
da insistência de Pilatos e sua reivindicação de autoridade Jesus lhe
respondeu: “Não terias qualquer poder sobre mim, se não te fosse dado de cima.
Por isso, aquele que me entregou a ti é culpado de um pecado ainda maior” (João
19:11).
2- Pode-se depreender que na própria Lei
mosaica havia o entendimento de que há preceitos mais importantes que outros.
Certa ocasião Jesus afirmou: “Ai de vós, doutores da Lei e fariseus,
hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas tendes
descuidado dos preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a
fé. Deveis, sim, praticar estes preceitos, sem omitir aqueles!” (Mateus 23:23).
3 - No Antigo Testamento as punições deveriam possuir equivalência
ao delito. Esse fato manifesta que há tipos e qualidades diferentes de transgressões:
“Todo o povo saberá do ocorrido e ficará apavorado, e nunca mais se cometerá um
crime desses no meio de ti. Portanto, não considerarás com piedade esses casos:
alma por alma, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé!”
(Deuteronômio 19:20,21). Se uma pessoa cometesse um assassinato intencionalmente
deveria sofrer a pena capital (Gênesis 9:6), mas em casos onde não houve a
intenção o tratamento era diferente (Números 35:6).
Essas e outras ocorrências bíblicas consequentemente podem também nos
auxiliar no entendimento e na aplicação de normas conflitantes. Em circunstancias
polêmicas fazer o melhor ou um bem maior numa situação inevitável pode não
ser necessariamente errado ou pecado. Esse ponto de vista pode livrar alguém de
viver a vida inteira se sentindo culpado de algo que praticou ou deixou de
praticar em certos momentos. Um exemplo disso é o caso do aborto por razões
terapêuticas ou um aborto natural. Há outros inúmeros exemplos de ocorrência em
nossa trajetória de vida. Porém, cada caso de conflitos de normas e pecados é
um caso e devem ser tratados com cautela e prudência. Na dúvida busque
orientação pastoral e ajuda divina.
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