sábado, 6 de agosto de 2011

OS CRISTÃOS COMO SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

Por Gilson Barbosa

Apesar do sistema que rege a sociedade estar moralmente influenciada, moldada e comprometida com valores secularizados, ateístas, céticos, liberal, e por fim até mesmo maligno, acredito que a Igreja (por meio dos cristãos verdadeiros) pode se empenhar em transportar os valores cristãos para ela – muito embora os agentes cristãos responsáveis em fazer com que estes valores moldem nossa sociedade corram o risco de se corromper. Mas, adianto que para isso não precisamos remodelar o evangelho, a liturgia, as pregações, os hinos, a estrutura da Igreja. Hoje as igrejas evangélicas inclusivistas fazem sucesso – igreja para tatuados, para homossexuais, para jovens, etc. O modelo tradicional de igreja precisa não somente ser revisto, mas para alguns deve ser extinto e trocado por modelos inovadores. Porém, este pensamento não é correto, pois ser “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5.13) não é modernizar a Igreja, não sinônimo de estar na sociedade de maneira irresponsável, fazendo alianças espúrias, nem compactuando com suas agendas. Alguns pensam que se a Igreja não aliançar com os segmentos da sociedade ela não pode influenciar. O desafio para os cristãos é estar no mundo e não deixar ser levado pelo seu “espírito” dominante. Um dos perigos que a sociedade hodierna e sem compromisso com os valores cristãos apresentam é o relativismo moral preconizado a milhares de anos pelo profeta Isaías quando denunciam o comportamento de alguns da sua época: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem mal; que põem escuridão por luz e luz por escuridão; que põem o amargo por doce e o doce por amargo” (Is 5.20).  
No sermão das bem-aventuranças (Mt 5. 1-12), nosso Senhor Jesus trata do caráter e da benção de ser um cidadão do reino. Ele descreve a atitude que os cristãos verdadeiros devem ter como verdadeiros cristãos. Quando ele fala dos elementos “sal” e “luz”, introduz nas suas mentes que eles (os discípulos de Cristo) deveriam, por meio do caráter pessoal, atrair a atenção da sociedade devido ao seu comportamento.
SAL DA TERRA
O primeiro objetivo do sal é a preservação (anti-séptico). Jesus menciona em Mateus 5.13. Segundo o dicionário Michaelis a substância anti-séptica “impede a atividade e multiplicação dos micróbios e a putrefação”. Em alguns países tropicais, onde não há refrigeração, as pessoas esfregam sal na carne para preservá-lo da deterioração. Da mesma forma os verdadeiros cristãos, quando em contato com a sociedade, combatem constantemente a corrupção moral e espiritual. Tenho convicções profundas que o estado moral e espiritual da nossa sociedade só não é pior por causa dos verdadeiros cristãos, que impõem a ela os valores morais e espirituais que Cristo nos ensinou e ordenou. A cidade de Sodoma possuía um baixo padrão moral, e, pelo texto bíblico sabemos que não tinha ali pelo menos dez moradores justos – tementes e servos de Deus. O testemunho pessoal de Ló e sua família não foram suficientes para conter a putrefação moral e espiritual da sociedade de Sodoma e o resultado disto foi sua destruição.
Quando digo que essencialmente os cristãos deveriam ou devem influenciar a sociedade espiritualmente e não ocupando apenas os espaços em seus vários segmentos é que assim como o sal quando colocado sobre uma ferida traz incômodos, assim a atitude dos verdadeiros cristãos por meio dos seus hábitos e costumes irritarão aquelas pessoas que estão moralmente corrompidas com o sistema mundano.
O segundo objetivo do sal é dar sabor. O estilo de vida e a prática mundana, por fim comprovam esse fato. O mundo está cada vez mais sem “sabor”, apesar dos variados tipos de “pratos” que tem para oferecer. Ele convida para uma vida de glamour, status, fama, riqueza, prazeres, mas depois de alcançado tudo isso, o que sobra é o vazio, a frustação, os resultados catastróficos, a vontade e o desejo de ter mais e mais, e por fim a perda do sentido real da vida. O estilo de vida norte-americano tem sido buscado constantemente pelos adolescentes e jovens. Iludidos por essa propaganda enganosa os jovens cristãos tem mudado seus hábitos e o pensamento cristão tem se tornado ultrapassado. O filho pródigo (Lc 15) experimentou um pouco dos prazeres que o mundo da sua época tinha para lhe oferecer e ao final de tudo sua conclusão foi que nunca deveria ter saído da casa de seu pai.
Por outro lado os cristãos devem dar sabor a esse mundo insípido, ou seja, mostrarem o verdadeiro sentido da vida. A sua influência deve ser no sentido de que mostrando Cristo e as reais vantagens em tê-lo como Salvador e Senhor a vida é muito melhor. Que ser um verdadeiro cristão é manifestar a alegria de Deus em nossa vida. Tenho me deparado com cristãos tristes, melancólicos, murmuradores, depressivos, briguentos, coléricos, por conta de seu insignificante compromisso com Cristo e com os valores do cristianismo. Quando escuto alguns cristãos reclamando que “Deus não me ouve mais”, “o Senhor se esqueceu de mim” tenho pena destes e fico preocupado com o seu entendimento do que é servir a Deus e ser um discípulo de Cristo. Estes tipos de cristãos são os que Jesus qualificou como “            insípidos”. Não promovem mais desejo de mudança, conversão, arrependimento, seguir a Cristo, nas pessoas que ainda não receberam a Cristo como Salvador, pois sua vida é idêntica à delas – vazia. Jesus disse que se o sal for insosso (perdeu o sabor) “para nada mais serve, senão para ser jogado fora e pisados pelos homens”.  
O terceiro objetivo do sal tem a ver com sua função de fertilizar. Segundo especialistas apesar de nos lembramos do sal apenas como “condimento fundamental da cozinha, o qual é responsável pelo sabor salgado dos alimentos: o cloreto de sódio. Contudo, na química, o termo sal tem uma definição mais ampla. ‘Sal’, para os químicos, é todo o composto capaz de se dissociar em água liberando íons, mesmo que em pequena porcentagem, dos quais pelo menos um cátion é diferente de H+ e pelo menos um ânion é diferente de OH” – em outras palavras, serve como adubo. No mesmo sentido do sal funcionando como fertilizante, os  cristãos devem funcionar de uma forma que promova o crescimento daquilo que é bom no mundo. Devem combater o mal e promover o bem. No mundo não há somente coisas más. Aprendemos que na graça comum de Deus, há muito boa no mundo, e os cristãos devem apoiar e promover o que é útil para a humanidade. Por exemplo, os cristãos que estão envolvidos na vida política devem se esforçar para promover políticas que são úteis para as famílias. Historicamente, os cristãos têm defendido muitas causas que promoveram o bem da humanidade.
O quinto objetivo do sal é provocar a sede nas pessoas. Da mesma forma, os cristãos devem levar as pessoas a terem sede de Jesus Cristo e do evangelho. Se vivermos no meio da sociedade como verdadeiros cristãos, o mundo vai nos observar e terá desejo de conhecer Jesus Cristo. Eles dirão “Por que você é diferente”? “O que o faz ter esperança nesse mundo tão difícil”? Isso certamente glorifica a Deus e os atrai para saber qual a razão da nossa fé. Será que estamos promovendo essa sede nas pessoas que ainda não receberam a Cristo como Salvador?
LUZ DO MUNDO
Em certo sentido os cristãos são a “luz do mundo” (Mt 5.14). Cristo é original e essencialmente a Luz do mundo (Jo 8.12), mas ele disse que depois da sua partida essa função seria dos seus discípulos (Jo 9.5).
Nos séculos XV e XVI, muitos antigos escritos gregos foram descobertos, e esse período foi chamado de Renascimento. Até o século XVIII, a autoridade das Escrituras Sagradas revelavam a existência e a suficiência de um Deus Soberano e Criador do universo. Em seguida, a razão, foi entronizada, como modelo alternativo, pois os racionais da época acreditavam que este era o único método aceitável para a explicação de muita coisa neste mundo. O período do racionalismo ficou também conhecido como Iluminismo. Acreditava-se que livres de uma cosmovisão cristã o mundo seria beneficiado com essa iluminação. No entanto, apesar dos avanços, espiritualmente o mundo continuou e continua numa época de trevas.
Homens intelectuais, métodos científicos, avanços tecnológicos não podem promover uma “iluminação” na vida do ser humano. No texto de Mateus 5.14 Jesus deixa claro que somente os cristãos são a luz do mundo. Ele não estava dizendo que a luz é encontrada em Aristóteles, Sócrates, Platão, imperadores, políticos, filósofos, artistas, tecnocratas ou cientistas. Não! Os pobres, os humildes galileus que confiaram em Jesus Cristo e confessaram que ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo e todos os verdadeiros cristãos ao longo da história podem se alegrar de serem colocados por Jesus como a luz deste mundo. A Bíblia diz em Provérbios (4.19) que “o caminho dos ímpios é como a escuridão: eles não sabem em que tropeçam”. Toda a filosofia e todos os livros escritos pelos mais sábios e intelectuais do mundo são diante de Deus, trevas.
Em Efésios 5.8,9 Paulo diz: “Porque outrora vocês eram trevas, mas agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz”. Outrora éramos trevas, mas agora somos luz no Senhor. Em outras palavras todos os seus professores, políticos, filósofos, cientistas, tecnocratas, estrelas de cinema, e gurus religiosos, por mais que possam cooperar positivamente na sociedade, mas sem crer nas Escrituras Sagradas, sem crer em Deus e sem receber a Cristo permanecem ainda nas trevas. Mas neste mundo de trevas profundas, Deus plantou sua igreja como a luz. São pessoas simples, humildes, desprezíveis, mas são estes que Jesus disse ser a luz deste mundo.
Podemos entender o absurdo de alguns cristãos viverem segundo o padrão e regras do mundo. É tolice absoluta! Devemos dizer mentiras, porque as pessoas mentem? Devemos furtar porque as pessoas furtam?  Devemos receber propinas porque alguns aceitam? Não. Devemos estar no mundo, mas funcionar como sua luz, proclamar e praticar o evangelho de Jesus Cristo. Devemos entender que, embora o mundo seja pecaminoso e esteja em trevas, Deus os ama e enviou o seu Filho unigênito para redimi-la. A Bíblia diz em João 3.20 que “todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas”. Isso comprova que muitas pessoas não querem receber o evangelho de Cristo nas suas vidas, pois este exige a renuncia das práticas erradas e reprovam seus procedimentos tornando-os visíveis.
Temos de refletir nesse mundo em trevas a luz de Cristo em nossa vida. E o que é essa luz? É a luz da salvação, a luz da vida eterna, a luz do conhecimento de Deus, a luz da alegria da salvação, a luz da esperança e a luz que brilha nas trevas. É a luz que abre os olhos dos cegos e os faz ver a luz da glória de Deus na face de Jesus Cristo.
Nossa missão é ser luz para o mundo. Quando o Senhor Jesus Cristo comissionou o apóstolo Paulo, disse-lhe: “Eu vos envio para [os gentios] abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus; a fim de que recebam a remissão de pecados, e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (Atos 26.17, 18). E Pedro (I Pd 2.9) nos diz: “Vocês são um povo escolhido, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para declarar as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.
Porém, nós cristãos não devemos pensar que seremos prestigiados em nos posicionarmos como luz deste mundo. Os contemporâneos de Jesus Cristo não aceitaram nem admitiram esta exposição. Eles tentaram se livrar da luz por meio da crucificação de Jesus Cristo. No entanto, mesmo matando a Jesus, não conseguiram apagar a luz. Por quê? Porque Jesus Cristo originou sua igreja, e esta igreja verdadeira é também a luz do mundo.
Estamos sendo sal da terra e luz do mundo? Ou estamos corrompidos (putrefatos) e em trevas. Devemos ter sempre na lembrança que somos representantes de Cristo neste mundo corrompido e em trevas. Se algum de nós não tem sido encontrado como sal da terra e luz do mundo, temos de pedir a Deus misericórdia e que Ele nos conduza para esta finalidade, sem a qual o mundo entrará em colapso moral e espiritual.
Que Deus nos ajude!
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