O título acima, desta postagem,
consta como subtítulo em um dos livros da CPAD (Evangelhos que Paulo jamais
pregaria, p. 102). Não acredito que o autor do livro tenha em mente que tanto a
teologia calvinista quanto a arminiana não são bíblicas, porém é isso que soa. Entretanto,
ainda que não tenha sido Calvino ou Armínio que tenham estabelecido suas
estruturas teológicas, contudo, as mesmas se fundamentam em passagens bíblicas.
A respeito de se inclinar a uma
ou a outra estrutura teológica algumas coisas devem ser ditas. Em primeiro
lugar é necessário que a pessoa decida
livremente de que lado teológico vai ficar. A princípio isso não é nem
negativo nem positivo. Em segundo lugar dependerá muito do livre exame e total
dedicação no estudo das escrituras sagradas e literaturas. Menciono o livre
exame, pois muitos crentes são constrangidos por seus líderes a não lerem
literatura de teologia reformada, por exemplo. É necessário que se estude
particularmente os sistemas calvinistas ou arminianas com profundidade para que
não os julguemos precipitadamente. Em terceiro lugar não é a quantidade de
defensores dos dois sistemas que estabelecem suas verdades. O número de
defensores ou dos que professam as doutrinas arminianas supera ao calvinismo,
mas nem por isso deve ser tida como verdadeira, ou vice-versa. Em quarto lugar
dificilmente os dois estão certos no mesmo sentido, um ou outro não se sustenta
biblicamente.
Mas, é necessário ter a
consciência de que há pessoas tementes ao Senhor e piedosas nos dois sistemas
teológicos. Até certo ponto o fato de não entendermos exatamente as doutrinas
bíblicas ou de termos dificuldades para interpretar uma passagem bíblica não anula
nenhum dos dois sistemas. Porém temos de admitir que um dos dois lados
teológicos interpreta com mais coerência a Bíblia Sagrada, com respeito às suas
estruturas teológicas.
Os teólogos formularam seus
entendimentos das doutrinas em cinco pontos principais. Ficaram conhecidos como
Os Cinco Pontos do Calvinismo ou Os Cinco Pontos do Arminianismo. Uma
forma pedagógica para apresentar as “doutrinas calvinistas” é o acróstico TULIP
(Total Depravity, Unconditional Election, Limited
Atonement, Irrestitible Grace, Perseverance of Saints). Na mesma
ordem e em português assim se traduz: Depravação Total, Eleição Incondicional,
Expiação Limitada, Graça Irresistível, Perseverança dos Santos.
Para que o leitor entenda o que
significa esses pontos transcrevo abaixo alguns contrastes entre as duas
estruturas teológicas (do livro TULIP Os Cinco
Pontos do Calvinismo à Luz das Escrituras, Edições Parakletos).
CONTRASTE ENTRE ARMINIANISMO E CALVINISMO
Quando contrastamos estes Cinco
Pontos do Arminianismo com o acróstico TULIP, que forma os Cinco Pontos do
Calvinismo, torna-se claro que os cinco pontos deste são diametralmente opostos
aos daquele. Para que possamos ver claramente as “linhas de batalha” traçadas
pelas afiadas mentes de ambos os lados, comecemos por fazer um breve contraste
entre as duas posições à base de ponto por ponto.
PONTO 1 - Depravação Total
O arminianismo diz que a vontade
do homem é “livre” para escolher, ou a Palavra de Deus, ou a palavra de
Satanás. A salvação, portanto, depende da obra de sua fé.
O calvinismo responde que o homem
não regenerado é absolutamente escravo de Satanás, e, por isso, é totalmente
incapaz de exercer sua própria vontade livremente (para salvar-se), dependendo,
portanto, da obra de Deus, que deve vivificar o homem, antes que este possa
crer em Cristo.
PONTO 2 - Eleição Incondicional
Arminius sustentava que a “eleição”
é condicional, enquanto os reformadores sustentavam que ela é incondicional. Os
arminianos acreditam que Deus elegeu àqueles a quem “pré-conheceu”, sabendo que
aceitariam a salvação, de modo que o pré-conhecimento [de Deus] estava baseado
na condição estabelecida pelo homem.
Os calvinistas sustentam que o
pré-conhecimento de Deus está baseado no propósito ou no plano de Deus, de modo
que a eleição não está baseada em alguma condição imaginária inventada pelo
homem, mas resulta da livre vontade do Criador à parte de qualquer obra de fé
do homem espiritualmente morto.
Dever-se-á notar ainda que a
segunda posição de cada um destes partidos (arminianos e calvinistas) é
expressão natural de suas respectivas doutrinas a respeito do homem. Se o homem
tem “vontade livre”, e não é escravo nem de Satanás nem do pecado, então ele é
capaz de criar a condição pela qual Deus pode elegê-lo e salvá-lo. Contudo, se
o homem não tem vontade livre, mas, em sua atual situação, é escravo de Satanás
e do pecado, então sua única esperança é que Deus o tenha escolhido por sua
livre vontade e o tenha elegido para a salvação.
PONTO 3 - Expiação Limitada
Os arminianos insistem em que a
expiação (e, por esta palavra, eles significam “redenção”) é universal. Os
calvinistas, por sua vez, insistem em que a Redenção é parcial, isto é, a
Expiação Limitada é feita por Cristo na cruz.
Segundo o arminianismo, Cristo
morreu para salvar não um em particular, porém somente àqueles que exercem sua
vontade livre e aceitam o oferecimento de vida eterna. Daí, a morte de Cristo
foi um fracasso parcial, uma vez que os que têm volição negativa, isto é, os
que não a querem aceitar, irão para o inferno.
Para o calvinismo, Cristo morreu
para salvar pessoas determinadas, que lhe foram dadas pelo Pai desde toda a eternidade.
Sua morte, portanto, foi cem por cento bem sucedida, porque todos aqueles pelos
quais ele não morreu receberão a “justiça” de Deus, quando forem lançados no
inferno.
PONTO 4 - Graça Irresistível
Os arminianos afirmam que, ainda
que o Espírito Santo procure levar todos os homens a Cristo (uma vez que Deus
ama a toda a humanidade e deseja salvar a todos os homens), ainda assim, como a
vontade de Deus está amarrada à vontade do homem, o Espírito [de Deus] pode ser
resistido pelo homem, se o homem assim o quiser. Desde que só o homem pode
determinar se quer ou não ser salvo, é evidente que Deus, pelo menos, “permite”
ao homem obstruir sua santa vontade. Assim, Deus se mostra impotente em face da
vontade do homem, de modo que a criatura pode ser como Deus, exatamente como
Satanás prometeu a Eva, no jardim [do Éden].
Os calvinistas respondem que a
graça de Deus não pode ser obstruída, visto que sua graça é irresistível. Os
calvinistas não querem significar com isso que Deus esmaga a vontade obstinada
do homem como um gigantesco rolo compressor! A graça irresistível não está
baseada na onipotência de Deus, ainda que poderia ser assim, se Deus o
quisesse, mas está baseada mais no dom da vida, conhecido como regeneração.
Desde que todos os espíritos mortos (alienados de Deus) são levados a Satanás,
o deus dos mortos, e todos os espíritos vivos (regenerados) são guiados
irresistivelmente para Deus (o Deus dos vivos), nosso Senhor, simplesmente, dá
a seus escolhidos o Espírito de Vida.
No momento em que Deus age nos
eleitos, a polaridade espiritual deles é mudada: Antes estavam mortos em
delitos e pecados, e orientados para Satanás; agora são vivificados em Cristo,
e orientados para Deus.
É neste ponto que aparece outra
grande diferença entre a teologia arminiana e a teologia calvinista. Para os
calvinistas, a ordem é: primeiro o dom da vida, por parte de Deus; e, depois, a
fé salvadora, por parte do homem.
PONTO 5 - Perseverança dos Santos
Os arminianos concluem, muito
logicamente, que o homem, sendo salvo por um ato de sua própria vontade
livremente exercida, aceitando a Cristo por sua própria decisão, pode também
perder-se depois de ter sido salvo, se resolver mudar de atitude para com
Cristo, rejeitando-o! (Alguns arminianos acrescentariam que o homem pode
perder, subsequentemente, sua salvação, cometendo algum pecado, uma vez que a
teologia arminiana é uma “teologia de obras” — pelo menos no sentido e na
extensão em que o homem precisa exercer sua própria vontade para ser salvo.)
Esta possibilidade de perder-se, depois de ter sido salvo, é chamada de “queda
(ou perda) da graça”, pelos seguidores de Arminius. Ainda, se depois de ter
sido salva, a pessoa pode perder-se, ela pode tornar-se livremente a Cristo
outra vez e, arrependendo-se de seus pecados, “pode ser salva de novo”. Tudo
depende de sua contínua volição positiva até à morte!
Os calvinistas sustentam muito
simplesmente que a salvação, desde que é obra realizada inteiramente pelo
Senhor — e que o homem nada tem a fazer antes, absolutamente, “para ser salvo”
—, é óbvio que o “permanecer salvo” é, também, obra de Deus, à parte de
qualquer bem ou mal que o eleito possa praticar. Os eleitos “perseverarão” pela
simples razão de que Deus prometeu completar, em nós, a obra que ele começou.
Análise dos Cinco Pontos
Se um dos lados da disputa
teológica deve, com certeza, ser mais coerente que o outro se faz necessário assumir
uma posição. Apesar da formatação estrutural dos [cinco] pontos teológicos,
convido o leitor a analisar cada ponto comparando-os com as escrituras
sagradas. Os textos bíblicos obscuros e isolados devem ser trocados pelos mais
claros e em conjunto com outros.
No amor de Cristo,
a coerencia esta no seu ponto de vista pastor...
ResponderExcluirE eu concordo com o Titulo do irmao que escreveu o livro pela CPAD " Calvino, Arminio ou a Biblia? " Sabe, porque temos que escolher um ou outro? Desde quando a interpretação biblica correta esta para um ou outro? Como eu disse pro irmao a coerencia esta para forma de cada hum enchergar a vida, vem de suas vivencias e seus estudos biblicos, doutrinas onde foi ensinado...É claro que existem principios biblicos que sao bem claros e temos que estar debaixo deles, mas outros como o irmao mesmo disse , obscuros... Entao temos que esta fundamentados na biblia nao em Arminio ou Calvino, nao foram eles que inspiraram a biblia... Amém eles trouxeram luz ao entendimento... Mas nao sao detentores da verdade absoluta, só Deus é... ainda bem que tem coisas obscuras ao nosso entendimento na biblia, pois sendo assim nos cristãos ja nos achamos os senhores do saber, imagina se fossenos revelado toda a verdade no sentido de totalidade, sem duvida alguma...
ResponderExcluirGraça e paz!
ResponderExcluirEm primeiro lugar, obrigado por acessar o blog e ler as postagens.
Em segundo lugar, a interpretação das Escrituras obedecem regras gramaticais, históricas e culturais. E isso tanto Calvino quanto Armínio buscaram praticar.
Da maneira que o irmão entende nem mesmo o autor do livro da CPAD merece crédito nas palavras dele, pois é a opinião dele, não é mesmo? Será que ele não é bíblico também?
Temos que escolher um ou outro porque um dos dois é essencialmente mais bíblico que outro.
Com certeza, você tem um pastor. Você não confia nos ensinamentos dele? Ou vai dizer que fica com a Bíblia e não com o que seu pastor ensina!!!
Ninguém é totalmente perfeito nas interpretações bíblicas, mas devo crer no que meu pastor prega sim. Se não for assim por que o Senhor deixou pastores e mestres?
Um abraço,
Na minha concepção (em boa convivência com pensamentos díspares), essa "teologização" de Deus, do Deus de Abraão, Isaque e Jacó, é estéril e completamente dispensável. Penso que os cristãos, NA ACEPÇÃO PURA DO VOCÁBULO, não têm de se preocupar em criar "motes", 'TULIPs', "CINCO SOLAS" ou coisas semelhantes. Sem querer ofender, a Palavra de Deus, EMBORA DE UMA PROFUNDIDADE IMENSURÁVEL, revela-se maravilhosamente e misteriosamente SIMPLES, porque ASSIM O QUIS O CRIADOR. A maioria das pessoas que se declara "Calvinista" (A MASSACRANTE MAIORIA) jamais leu a principal obra (assim reputada) do francês Calvino, conhecida como "Institutas da Religião Cristã". Ademais, esse cidadão (Calvino), ao que deixa sem rodeios transparecer em seu livro, considera-se a si mesmo com O MAIOR ENTENDEDOR DA PALAVRA DE DEUS, ao ponto de escrever coisas impensáveis como aquilo que se lê no prefácio à Edição Francesa, quando Calvino RIDICULAMENTE "divide"(sic) a inspiração para a elaboração das "Institutas" com o próprio Deus!! Não fosse isso suficiente, Jean Cauvin ainda dedicou verdadeiro "poema" a todos os homens, equiparando-nos a QUADRÚPEDES, OU MAMÍFEROS EQÜÍDEOS, OU CAVALOS que podem ser "MONTADOS" por DEUS ou pelo diabo...
ResponderExcluirOlá J. Rubens,
ResponderExcluirRespeito sua opinião. Parece que você já leu as Institutas de Calvino. Pergunto: não extraiu nada de bom dela?
Um abraço.
Caro Gilson Barbosa,
ResponderExcluirDesculpe pelo atraso da resposta. Ressalvo que, assim como você, respeito todas as opiniões, quaisquer que sejam, por que somos livres para pensar como quisermos. Respondendo sua pergunta: Sim, há muitas coisas coerentes, bem abordadas e indiscutivelmente bíblicas nas "Institutas", e, salvo equívoco, a maioria delas guarda consonância com o pensamento de boa parte das organizações religiosas denominacionais cristãs. Mas, sinceramente, em razão das demais nuanças exegético-doutrinárias de Calvino lá contidas (E NÃO SÃO POUCAS), eu jamais seria calvinista. Aliás, mesmo se concordasse integralmente com os pontos de vista do francês, também não me rotularia de calvinista. Prefiro ser CRISTÃO ou CRENTE. Ressalvo que me abstenho de abordar neste comentário outras controvérsias das "Institutas" para não me alongar em demasia. Todavia, na hipótese de você desejar saber a respeito de algum outro ponto, eu me disponho a exprimir minha opinião.
Olá amado irmão J. Rubens!
ResponderExcluirCalvino foi um pensador cristão do seu tempo; assim como o irmão J. Rubens é do tempo presente. Mas, ele foi sobretudo um exegeta e suas obras são reconhecidas e citadas por amigos, adversários e inimigos.
Confesso também que não gosto do rótulo CALVINISTA. Mas sou adepto da confissão reformada da fé cristã e a amo profundamente.
Calvino foi feliz em sistematizar uma ideia que não é menos do que bíblica e ensinada por muitos intelectuais antes dele; daí o mote: Calvino era calvinista? Porém, não quero me estender contigo sobre Calvino, penso que isso não é proveitosos.
Com seus defeitos ou não, considero Calvino um servo do Senhor, assim como você e eu também somos.
Apesar de não dispor de muito tempo, se preferir fale comigo no meu e-mail: gb-barbosa@hotmail.com.
Um forte abraço. "O Senhor te abençoe e te guarde" (Números 6:24).
Caro irmão Gilson,
ResponderExcluirQuando você diz: Calvino foi feliz em sistematizar uma ideia que não é menos do que bíblica e ensinada por muitos intelectuais antes dele.
Temos a impressão de que esse ensinamento antibíblico foi ensinado antes de Santo Agostinho, ninguem antes dele pensava como calvino, veja: http://www.compiladorcristao.com/blog/dicionario-da-igreja-primitiva/l/livre-arbitrio/ - http://www.cacp.org.br/a-igreja-primitiva-e-o-livre-arbitrio/.
Vemos que esses aberrações teológicas inciaram em Agostinho (idade média), e foi sistematizada por Calvino.
Graça e paz irmão Rogério!
ResponderExcluirFico muito agradecido por acessar meu blog e ler as postagens.
Os links enviados referem-se ao livre arbítrio. Não pretendo entrar nesse mérito por enquanto. Porém, minha postagem refere-se aos cinco pontos da teologia reformada e não ao assunto do livre arbítrio. O arminianismo também possui cinco pontos, em oposição ao calvinismo.
Insisto que a doutrina calvinista, não é proveniente de J. Calvino. Se estudar com atenção verá que a Bíblia respalda estes ensinamentos.
Se quiser conversar mais sobre o assunto me mande um e-mail.
Grande abraço.
Muitos estudiosos falam que seu dogmas tem respaldo bíblicos , eu concordo plenamente!!! Quero vê se a bíblia vai sustentar essas aberrações.
ResponderExcluirGraça e paz a todos os santos, estudo as escrituras e como a maioria das religiões são adeptas de Armínio uma pequena argumentação diferente que seja se torna Calvinista, compreendo que Calvino está mais coerente com as escrituras.
ResponderExcluirTodos esses Homens foram importantes e tiveram seu tempo. Mas eles só são referência!!! Mas nós queremos um caminho que nos leva a direção... Eu sou o caminho é a vida. Cristo. César Góes. Estudante dá E.B.D.
ResponderExcluirGraça e paz!
ResponderExcluirConcordo em partes com o irmão, pois, a maioria desses homens do passado histórico, queriam que o povo entendesse melhor a vida, obra e natureza de Cristo.
Um abraço.