por Gilson Barbosa
Muitos irmãos não entendem a
relação entre a oração e a vontade de Deus, o que acaba gerando confusão.
Pensam que a vontade do Senhor pode ser alterada pela oração. Porém, no final
das contas, esse entendimento acaba transferindo automaticamente o mérito da
resposta à pessoa que ora e desconsidera os planos imutáveis do Senhor para
nossa vida. Muitos dizem: “a oração tem poder!”. E é verdade. Mas será que não
estamos afirmando isso somente porque o Senhor diz SIM às nossas orações? E
quando as orações não são respondidas como queremos? Submetemo-nos a vontade do
Senhor, ou ficamos incomodados?
Em primeiro lugar deve ser dito
que a oração é um mandamento. O apóstolo Paulo disse aos irmãos
tessalonicenses: “Orai sem cessar” (I Tessalonicenses 5:17). Ou seja, o crente
deve orar sempre e não apenas nos momentos de dificuldades ou de decisões em
sua vida. Jesus ensinou uma oração modelo (Mateus 6:9). A oração é um dos meios
deixado pelo Senhor aos seus filhos, na concretização dos seus planos. Ela faz
parte da providencia divina. O mesmo Deus que determina o final de um
acontecimento determina o meio para se chegar ao resultado pretendido. Por isso
é que muitas orações não são respondidas – não estão de acordo com a vontade do
Senhor.
Em segundo lugar a oração não
muda a vontade do Senhor para nossas vidas. Parece estranho dizer isso, mas é a
realidade. Segundo Paulo a vontade do Senhor possui três características; ela é
boa, agradável e perfeita: “E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus” (Romanos 12:2). A forma como o
Senhor responde nossas orações é muitas vezes incompreensível a nós. Mas
acontece que Ele tem total direito de responder sim ou não as nossas orações; e
se ele é soberano, pode até mesmo se silenciar. Podemos ler sobre isso em
Isaías 38:1-8. O rei Ezequias diante de uma enfermidade mortal orou ao Senhor
pedindo sobrevida e teve sua oração respondida – o Senhor lhe acrescentou mais
15 anos. Mas precisamos entender que essa sobrevida dada pelo Senhor possui
dois fundamentos: 1º) ela já constava nos planos de Deus para a vida de
Ezequias, e 2º) foi motivada pela atitude de mudança de comportamento do rei.
Não foi porque o Senhor teve pena de Ezequias. Não foi o Senhor que alterou
seus planos, foi Esequias que mudou de postura ao arrepender-se de seus pecados
e pedir misericórdia ao Senhor. Nossa oração não convence o Senhor a fazer algo
que Ele não faria caso não orássemos.
Não podemos jamais desconsiderar
a vontade do Senhor e os seus planos. Segundo afirmou nosso Senhor Jesus, a
vontade de Deus deve prevalecer em nossas vidas, assim como prevalece no
ambiente celestial (Mateus 6:10). O apóstolo Paulo orientou os irmãos efésios
para que se esforçassem em compreender a vontade de Deus, e afirmou que não
entender a vontade do Senhor é ser insensato: “Por esta razão, não vos torneis
insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor” (Efésios 5:17). O
irmão Vagner Barbosa asseverou que “a preocupação de quem ora deve ser a de
procurar harmonizar sua própria vontade e sua oração com a vontade de Deus” –
este é o desafio para cada um de nós.
Em terceiro lugar, não devemos
orar apenas por coisas que não sabemos. Devemos orar por coisas que nos são
óbvias. Devemos orar pela vinda de Cristo, por exemplo. É o que o apóstolo João
registrou em Apocalipse 22:17,20: “O Espírito e a noiva dizem: Vem!”; “Amém!
Vem, Senhor Jesus!”. A expressão “Maranata” trata-se de uma oração. Orar
mencionando as promessas objetivas das escrituras e lembrando os atos poderosos
de Deus é animador e encorajador. Na oração do Pai Nosso o Senhor Jesus nos
ensina a orar pedindo a Deus que o seu reino seja implantado (Mateus 6:10).
Orar pela realização do cumprimento das doutrinas bíblicas em nossa vida faz esquecer
nós mesmos e pensarmos especificamente em Deus e sua grandeza. Todavia, não
devemos nos apossar de promessas bíblicas que já tiveram seu cumprimento ou que
são específicas a um acontecimento histórico.
Em quarto lugar, existem certos
acontecimentos que o Senhor nem permite nem proíbe, e orar por cada um deles
demanda grande atividade mental. Por exemplo, orar para trocar de casa, mudar
de emprego, comprar um determinado carro, fazer uma prova de concurso, etc. São
decisões que estão unidas a um conjunto de disciplinas coletadas e
experimentadas ao longo da vida do indivíduo e que o Senhor pode muito bem não fornecer
nenhum tipo de resposta ou algum sinal. Nem por isso não podemos orar por essas
coisas. Só não podemos ficar atribuindo todos os mínimos detalhes das nossas decisões
ao Senhor, pois pode ser que nossas decisões podem se mostrar equivocadas no
futuro, e como atribuir esse mal resultado a um Deus sábio e perfeito.
Por ultimo, há propósito na
oração. Ela é um meio deixado pelo Senhor para a concretização dos seus planos.
Mas temos que ser sábios e sensatos. Quando o Senhor diz “sim” ou “não” as
nossas orações é porque essa resposta já constava nos seus planos. Deus não muda
o que ele decretou. Se você é daqueles que imagina o Senhor somente aprovando
suas orações e respondendo todas como você quer, cuidado! Você pode ficar
desapontado. Não temos soluções para alguns de nossos dilemas, sinto muito em
lhe dizer isso. O Senhor há muito tempo atrás deixou bem claro por meio do profeta
Isaías (55:8, 9) o seguinte: “Porque os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque,
assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que
os vossos pensamentos”.
Com amor,
0 comentários:
Postar um comentário