por Gilson Barbosa
É curiosa a postura de alguns crentes que
repudiam festejos, comportamentos e padrões culturais de sua nação, mas acabam
por fazer “versões evangélicas” dos mesmos. Não seria essa atitude puro
farisaísmo, hipocrisia ou ignorância? No mundo pós-moderno isso tem acontecido
com muita frequência. Por exemplo, condenamos as festas juninas por estarem
ligadas a alguns santos católicos, mas temos o “arraiá dos evangélicos”. O
quentão virou crentão. Condenamos também com muita força o Carnaval, mas
algumas igrejas criaram blocos carnavalescos evangélicos com a justificativa de
evangelização.
A cultura pagã foi travestida de sagrada
dando outro sentido aos seus elementos. As perguntas são: Por que agir assim?
Qual a finalidade? Somos relevantes, como cristãos, quando oferecemos as
pessoas cópias de festas pagãs? Ou não há nenhum objetivo? Entretenimento
apenas? Estratégias de evangelização?
Sinceramente, não percebo nenhum objetivo
sensato nesses procedimentos. Os evangélicos pós-modernos estão tentando ganhar
as pessoas para Cristo com uma metodologia vã e desnecessária. Parece não
acreditarem mais na pregação pura das escrituras sagradas. Pensam que precisam
cultuar a Deus, no culto público, de forma que os pecadores sejam agradados ou
acariciados. O pragmatismo tem ditado às regras. É tudo o que importa. E as
igrejas e líderes que não seguem esses métodos evangélicos são rotulados de
inúteis e improdutivos.
Os proponentes da promoção desses eventos
culturais na versão evangélica usam o texto bíblico de I Coríntios 9:22 para
justificar suas práticas: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar
os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar
alguns”. Porém, ser sensível a cultura das pessoas não significa assimilar a
cultura que esteja impregnada de paganismo, nem negociar o zelo pela santidade,
ou se acomodar a práticas pecaminosas para alcançar resultados. Se analisarmos
o contexto bíblico veremos que Paulo está afirmando que recusou o suporte
financeiro da igreja por amor aos pecadores. Isso é muito diferente de copiar
uma cultura recheada de paganismo e relativismo.
Já outros crentes não estão nem aí pra nada.
Vão a eventos que sabem ser pagãos e nem ao mesmo se importam com as
recomendações bíblicas que nos ordenam “fugir da idolatria” (I Coríntios 9:14).
Há eventos que são dedicados a santos e ídolos. Desses é melhor o cristão agir
com prudência e cautela, e não participar. Liberdade em Cristo não significa
fazer tudo o que dá na “teia”.
O pastor Hernandes Dias Lopes comenta o
seguinte sobre esse texto:
Havia sempre o perigo do crente convertido e batizado que participava
da Ceia do Senhor ser convidado para ir ao templo do ídolo e participar de
banquetes oferecidos aos ídolos. Paulo diz que se sentar à mesa do ídolo é ter
associação com os demônios. Envolver-se com ídolo é envolver-se com demônios.
A idolatria é algo demoníaco. Quando se oferece um sacrifício a um
ídolo é a demônios que ele é oferecido. Moisés diz: “Sacrifícios ofereceram aos
demônios, não a Deus” (Dt 32.17).
Assimilar a cultura sem nenhum critério é uma
pedra de tropeço para a santidade dos cristãos e um sério impedimento para que
o cristão ou a igreja exerça seu papel de sal da terra e luz do mundo (Vagner
Barbosa).
Não somos mundanos se apreciamos os elementos
culturais de uma nação. Há muitos elementos relevantes e interessantes numa cultura
e não é certo rejeitar toda a cultura como algo mau. Mas em alguns casos somos
obrigados a distinguir o sagrado do profano – é o caso de festas culturais que
contém elementos pagãos. Ao mesmo tempo em que se condenam algumas práticas
culturais certas igrejas “reinventam” a cultura tornando-a numa subcultura
cristã. Não sejamos hipócritas.
No amor de Cristo,
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