Queridos leitores, há um vídeo na internet onde o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, com ar de arrogância,
afirma que o primeiro milagre que Cristo realizou foi insignificante, injusto e
inútil (assista aqui). Em outras palavras transformar água em vinho não faz sentido para ele, não
há nenhuma relevância nisso. É injusto, pois é como se Jesus estivesse
atendendo um grupo social distinto enquanto deveria estar efetuando outros
tipos de milagres que contemplasse todas as pessoas carentes. É inútil, não serviu
para nada. Não trouxe “nenhum benefício ao reino de Deus”.
Essas ideias doidas expostas por
líderes aloprados não me impressionam mais. Contudo, me preocupo com a plateia
que lhe ouve. Em vez de serem alimentados por uma boa comida (doutrina sadia) estão
diante de um prato “saboroso” de capim seco. Suas palavras são graves. Elas
acusam Jesus de inconsequente e de possuir ausência de bom senso. Temo pela
vida eterna deste homem, porque suas palavras desonram a Cristo, e o
evangelista Mateus escreveu que “... de toda palavra frívola que proferirem os
homens, dela darão conta no Dia do Juízo” (Mateus 12:36,37). Será mesmo que o
milagre da transformação da água em vinho foi insignificante, injusto e inútil?
Vamos a eles.
1º Insignificante. Todos os milagres que Cristo realizou servem
como sinais que apontam para uma realidade maior e mais abrangente. Frank
Thielman (Teologia do Novo Testamento, Ed:Shedd) ao comentar sobre a importância
do termo “sinal”, usado bastantes vezes por João no seu evangelho, diz que “quando
João usa o termo ‘sinal’, ele quer dizer algo que aponta de forma alusiva a uma
realidade que ultrapassa a si mesmo – um símbolo”. O biblista escocês Frederick
Fyvie Bruce (F.F.Bruce) afirma que há um sentido espiritual na narrativa da
transformação da água em vinho:
A água, que
servia para a purificação que a lei e os costumes judaicos exigiam, representa toda
a antiga ordem do cerimonial judaico, que Cristo haveria de substituir por algo
melhor. O ato de encher os jarros até à borda indica que o tempo determinado
para as observâncias cerimoniais da lei judaica tinha chegado ao fim; estas
observâncias tinham cumprido seu propósito de modo tão completo que nada mais
restava da ordem antiga por ser feito. Portanto, chegara a hora de inaugurar-se
a nova ordem. O vinho simboliza a nova ordem, assim como a água nos jarros
simboliza a antiga.
Portanto, de maneira sintética
podemos resumir que Cristo jamais realizou um milagre que não tivesse importância
ou relevância. O milagre teve relevância para o casal, seus familiares e amigos
presentes no casamento. Ainda mencionando F.F.Bruce: “o término do vinho antes
do fim seria um sério golpe, que afetaria principalmente a reputação do
hospedeiro”. O evangelista João finaliza essa narrativa querendo que seus
leitores reconheçam neste milagre (assim como nos outros também) a divindade de
Jesus: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais em Caná da Galileia,
manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (João 2:11). Será
que isso não quer dizer que havia um significado específico na realização deste
milagre? Que o bispo responda.
2º Injusto. Para ser honesto o bispo deveria informar seus ouvintes
que este foi apenas o primeiro milagre
de Jesus. Mas não. Ele insinua que Jesus deveria esta curando, salvando e
libertando pessoas, em vez de estar numa festa insignificante de casamento
efetuando um “milagrezinho” sem importância para um grupo seleto.
Jesus operou milagres pelo menos
em quatro áreas específicas: sobre a natureza, milagres de libertação, sobre as
enfermidades e milagres de ressurreição. E ainda promoveu o maior dos milagres –
a regeneração - em centenas ou milhares de pessoas. Mas podemos imaginar o tipo
de milagre que o bispo gostaria que Jesus tivesse feito - é claro, dar muitas
riquezas, prosperidade, promover a ausência de sofrimentos nas pessoas, etc. Isso
é muito parecido com a proposta que Satanás fez a Jesus para que se lançasse do
alto do Templo abaixo visto que nada lhe aconteceria, pois Deus enviaria seus
anjos para lhe guardar (Mateus 4:6). Para muitas pessoas Deus tem a obrigação
de nos promover bem estar. Mas a verdade é que Deus não é injusto quando nos
permite sofrer. Não entendemos porque sofremos, mas “sabemos que todas as
coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28). Quer falar
de injustiça? Injusto é extorquir os bens de pessoas simples ao prometer algo
que cabe ao Senhor fazer ou não.
3º Inútil. O bispo afirma que o milagre não serviu para coisa
alguma. Não trouxe nenhum benefício para o reino de Deus. Não há nenhum
proveito; nenhuma vantagem.
Na verdade, Cristo não realizava
milagres para oferecer vantagens, proveitos ou benefícios a pessoas ou
entidades. Mesmo assim este milagre, no aspecto social, livrou os noivos e seus
familiares de uma situação constrangedora e vexatória. Devemos ter em mente que
o casamento é um dos momentos mais importantes na cultura dos judeus. Os casamentos
judaicos eram celebrados com festas que duravam até sete dias. Se este momento,
tão feliz aos noivos, não tivesse nenhuma importância Jesus não estaria
presente neste casamento. Já que o bispo se importa tanto com as pessoas deveria
aplaudir o fato de Jesus operar essa transformação e evitar situações
embaraçosas.
Aliás, neste casamento Jesus é a
pessoa mais importante. Nada é dito dos noivos, dos familiares, dos convidados,
mas Jesus é colocado no centro do palco.
No aspecto espiritual este
milagre foi útil ao revelar a glória de Jesus e fazer com que seus discípulos,
que estavam iniciando a jornada ministerial, pusessem a fé nele. Será que isso
ainda é pouco para compreendermos a utilidade deste primeiro milagre realizado
por Jesus?
Hereges descarados
Nos causa revolta ouvir este
senhor, teologicamente um pedante, despejar seu veneno mortal sobre milhares de
pessoas incautas. Sabemos o que está por trás dos seus interesses – espoliar os
bens de pessoas, subtrair a qualquer preço o dinheiro suado delas. Mas para
isso não precisava apelar e desqualificar um ato realizado pelo Cristo Criador
e Soberano do universo!!!
Cabe aos que entendem e amam o verdadeiro
evangelho cumprir seus deveres como cristãos e não permitir que falsos mestres
e hereges realizem seus intentos tão descaradamente: “Mas os homens perversos e
impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (II Timóteo 3:13).
No amor de Cristo,
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