Por Gilson Barbosa
Os cristãos evangélicos não
comemoram a Páscoa como os judeus. Mas, para nós essa festa é repleta de
simbolismo e significado; por isso deve ser altamente considerada e respeitada.
Apesar de não comermos a carne do cordeiro, nem pão levedado, nem ervas
amargas, nem tomarmos os quatro cálices de vinho, temos motivos de sobra para festejarmos
também. Sabemos, entretanto, que muitas pessoas distorcem e destratam o
verdadeiro sentido da Páscoa.
Alguns, sem se importar com os
festejos ou significado da Páscoa, aproveitam o feriado para viajar com a
família ou amigos. É óbvio que nem todos que viajam desconsideram essa data. O comércio aproveita a época para vender ovos de chocolate e
outros produtos ligados à comemoração. A crença popular é que os ovos representam
uma nova vida que retorna à natureza na época da Páscoa. Um coelhinho, segundo
o pensamento das crianças, é quem lhes traz os ovos de Páscoa. A origem dessa
crença conforme a Enciclopédia Delta Universal se deu assim: “Uma lenda conta
que uma mulher pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los
a seus filhos como presentes de Páscoa. Quando as crianças descobriram o ninho,
um grande coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o coelho trouxera
os ovos”.
Neste ano (2014) a Páscoa cai no
dia 20 de abril, mas a data não é fixa no calendário cristão. Contudo, sempre
cai no primeiro domingo após a primeira lua cheia depois de 21 de março. A
religião judaica celebra a Páscoa na véspera de 14 de nisan ou abibe – o primeiro
mês do calendário sagrado hebraico (entre março-abril), sendo que abibe é um nome babilônico (Deuteronômio
16:1) e foi alterado posteriormente para nisan
(Neemias 2:1). É possível que tanto a Páscoa quanto a Festa dos pães ázimos
fossem festas agrícolas, pois as grandes festas judaicas estavam ligadas as
estações do ano agrícola de Canaã.
A Páscoa era uma das três grandes
festas em Israel; as outras duas eram a Festa do Pentecostes e dos
Tabernáculos. Eram festas tão solenes a ponto de o senhor ordenar o seguinte: “Três
vezes no ano, todo varão entre ti aparecerá perante o SENHOR, teu Deus, no
lugar que escolher, na Festa dos Pães Asmos, e na Festa das Semanas, e na Festa
dos Tabernáculos; porém não aparecerá de mãos vazias perante o SENHOR”. Os
judeus deveriam apresentar, em associação com a Páscoa, os primeiros molhos de
grãos maduros (Levítico 23:10). A Pascoa era conjugada com a Festa dos Pães
Asmos (Levítico 23:6). Segundo John MacArthur Jr:
As duas festas
eram tão intimamente relacionadas que o período de oito dias era às vezes
chamado a “Páscoa” e às vezes chamado “a Festa dos Pães Asmos”. Porém em termos
técnicos, a Páscoa refere-se ao décimo quarto dia de Nisã e a Festa dos Pães
Asmos refere-se aos sete dias restantes do período festivo, que terminava no
dia 21 de Nisã.
Para sabermos como se deu a instituição
da Páscoa judaica e como os hebreus deveriam proceder devemos ler Êxodo
12:1-14. Em linhas gerais tratava-se de uma prática para comemorar a libertação
de Israel da escravidão do Egito. Porém não devemos esquecer que a libertação de
Israel custou muito caro aos egípcios em geral devido à renitência de Faraó. Se
por um lado presenciamos a graça de Deus, do outro notamos Sua ira sendo
derramada. Ao anunciar a décima praga o Senhor demonstrou a gravidade daqueles
que não alcançam sua redenção: todo o primogênito na terra do Egito morreria. Deus
ordenou que os hebreus protegessem seus primogênitos da morte espargindo o
sangue do cordeiro morto, nas ombreiras e vergas das portas de suas casas. O
cordeiro morria subistutivamente em lugar dos primogênitos. O significado etimológico da palavra Páscoa é “passar
por cima” – uma referencia que o Senhor não executaria seu juízo na casa onde
houvesse o sinal de sangue do cordeiro morto (Êxodo 12:12,13).
O Deus Eterno não alterou seu
plano ou decreto quanto à salvação do Seu povo (I Pedro 2:9). Cristo Jesus ao participar da
ultima páscoa com seus discípulos instituiu a Nova Aliança. O Novo Testamento
estabelece uma conexão remidora direta entre a Páscoa e a morte de Jesus, o
Cordeiro Pascoal por excelência, que foi sacrificado por nós (Bíblia de Estudo
de Genebra). João Batista afirmou que Jesus expiaria o pecado da humanidade
perdida: “No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). O apóstolo João confirma
o plano salvífico do Senhor que contemplaria a morte remidora de seu Filho
amado: “e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes
não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação
do mundo” (Apocalipse 13:8). Na cruz Cristo Jesus morreu em substituição aos
pecadores que certamente seriam alcançados por sua morte: “carregando ele mesmo
em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os
pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados” (I Pedro 2:24).
Que os cristãos evangélicos
tenham a Páscoa como uma festa que deve ser celebrada. Ela retrata para nós a ira
de Deus sendo derramada sobre os pecadores, a graça de Deus alcançando os
escolhidos e os libertando do poder do pecado, a morte substitutiva de Cristo em
favor dos salvos, e o mais glorioso acontecimento, a ressurreição de nosso Senhor
Jesus Cristo. Para os cristãos evangélicos esse é o verdadeiro sentido da
Páscoa. Alegremo-nos e nos regozijemos nisso.
No amor de Cristo,
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