Apesar de
não ficar surpreso com a aprovação do casamento gay, pela Suprema Corte dos EUA
na semana passada, o ocorrido me fez pensar sobre o momento histórico que
vivemos no ocidente. Há décadas a cosmovisão ocidental se inclina a um tipo de
“progresso” onde conceitos sobre família, união conjugal, respeito à vida,
estética, relacionamentos, religiosidade, política, etc, são analisadas de
forma fragmentada e individualista. São muitas as ideologias dominantes em
nossos dias que caracterizam o período histórico conhecido como pós-modernismo:
marxismo, feminismo, relativismo, pragmatismo, pluralismo, multiculturalismo, etc.
Essas ideologias, segundo o teólogo Alister McGrath, afirmam que as propostas
normativas de verdade devem ser censuradas e taxadas de imperialistas e
divisivas. São conceitos que priorizam a vivencia humana sob a busca incessante
de preencher o enorme vácuo do vazio existencial. O momento pós-moderno não é apenas
histórico, mas também conceitual e cultural.
Penso que não
vai demorar muito para que o casamento gay seja legalmente instituído no Brasil,
infelizmente, pois como afirmou o pastor Leandro Antonio de Lima, “quando a
maioria da população em uma democracia é favorável a uma prática, a tendência é
que essa prática venha a ser institucionalizada”. Conforme o jornalista Sérgio
Gwercman escreveu na Revista Superinteressante (julho de 2002) “Desde 1996, o
Congresso tem entre seus projetos uma proposta que autoriza a parceria civil
entre homossexuais no Brasil. Por parceria civil, entenda algo muito próximo de
casamento”. Os valores tradicionais da Era Moderna e a moral judaico-cristã vêm
paulatinamente sendo destronado na sociedade. Nosso momento histórico é crítico
– não apenas à igreja evangélica, mas a própria sociedade. Essa análise sobre
os efeitos perniciosos deste novo tempo é confirmada até mesmo por psicólogos e
terapeutas não cristãos.
Preciso
dizer que não há somente coisas ruins nesta Era Pós-Moderna. O pastor Esdras
Bentho afirma que “atualmente, a Pós-modernidade é entendida em duas
perspectivas: como anti-modernidade e
como sobre-modernidade. A
pós-modernidade como anti-modernidade é um movimento de descontinuidade – uma ruptura
completa com todos os postulados da Era Moderna; considerando os pressupostos e
teses desta como mitos e profetizando sua descentralização e ruína. A
pós-modernidade como sobre-modernidade, entretanto, considera os aspectos
positivos da modernidade, suas conquistas e projetos. Contudo, procura corrigir
seus excessos fazendo uma crítica aos mitos da modernidade, isto é do progresso,
do avanço tecnológico e científico como necessários a uma existência mais feliz
na terra”. Não podemos negar que o avanço no conhecimento humano trouxe muitos
benefícios. Mas no que diz respeito à fé e mensagem cristã o tempo presente
trouxe prejuízos enormes.
No meio da
igreja evangélica atual percebemos nitidamente que conceitos antigos da fé cristã
têm sido substituídos por outros que se ajustam bem aos tempos atuais. Fundamentos
doutrinários já não são mais tão relevantes e podem ser ajustados para atender
a demanda; distorções quanto ao correto sentido de espiritualidade tem
produzido um misticismo alarmante quase como um gnosticismo evangélico; a
preocupação da igreja em ser politicamente correta com a elite da sociedade tem
produzido corrupção dos valores morais em seu próprio meio (o divórcio de
pastores na “cara de pau” e o envolvimento de políticos evangélicos em casos de
corrupção são exemplos); a necessidade de afirmação da igreja moderna diante da
sociedade alterou seu comportamento no que diz respeito à pregação, liturgia,
musicalidade. A pregação é triunfalista, a liturgia é antropocêntrica e a
musica tem a finalidade de entreter. É claro que esse é um retrato geral, pois
há ainda igrejas comprometidas com o autentico evangelho e que não se dobra
diante dos conceitos pós-modernos.
Diante de
tais desafios muitos líderes evangélicos 1º) ficam desesperados, outros 2º) não
sabem como agir e há outros que 3º) “parecem” ou fingem não saber nada do que
está acontecendo no cenário ocidental com respeito aos novos conceitos e
ideologias. Aos desesperados devemos afirmar que Deus não perdeu o controle do mundo
– Ele é Soberano e Senhor da história. Aos que não sabem como agir é tempo de aprofundamento
no conhecimento das estruturas conceituais e culturais pós-moderno em nossa
sociedade e oferecer a ela uma ética centrada nos valores bíblicos. Aos que não
se interessam pelo rumo decadente da moralidade ocidental minha sugestão é que deixem
de vez o individualismo pragmático em seus ministérios e unam forças a propagação
da ética cristã.
No amor de
Cristo,
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