John Wesley |
Você lembra
o dia em que recebeu Cristo como Salvador e Senhor? Lembra-se de como isso
aconteceu? Consegue descrever cada etapa de seu novo nascimento em Cristo?
Talvez alguma coisa consiga lembrar, mas como seu coração foi “invadido” pela
presença salvadora do Espírito, amolecendo seu coração e produzindo
instantaneamente uma nova vida, arrependimento e fé, mudando as disposições de
sua alma; o momento exato do acontecimento dessas coisas é impossível de sabermos.
Qual sua
participação no processo da salvação? Sua vontade estava neutra? Se quisesse
poderia mudar naquele momento sua decisão voltando atrás e não querendo mais
Cristo como seu Salvador? Foi você quem deu o primeiro passo e decidiu por
Cristo? Você se sentia o “dono da situação” no momento da sua conversão? Se a
maioria das suas respostas foram SIM então você pode se orgulhar do seu
arrependimento e da fé na aceitação de Cristo. Você produziu sua própria
salvação.
Sabendo
disso há uma teologia que desenvolveu
o conceito da doutrina de uma graça “que vem antes” da conversão – a Graça
Preveniente. Esta propicia ao pecador condições de escolher ou não a Cristo. Ou
seja, no momento da conversão o pecador está numa situação de neutralidade.
Esta graça foi dada a toda a humanidade (é universal); todo o ser humano a
possui, mas ela não é eficaz na salvação, pois o poder da decisão está com o
pecador. Essa doutrina nada mais do é que uma tentativa de relacionar a
salvação da parte de Deus com a responsabilidade de cada pessoa. A pergunta:
esta doutrina é bíblica?
Não “há
textos bíblicos específicos para tratar da graça Preveniente” (Heber Carlos de Campos). Por isso seus adeptos se apegam aos
versículos que tratam sobre a expiação universal de Cristo, como João 1:9; João
12:32; Tito 2:11. A doutrina da Graça Preveniente é também a tentativa de
preservar a autonomia libertária do ser humano.
É importante
informar que cada ser humano é responsável por seus pecados e está sob
condenação desde a queda de Adão (Romanos 6:23; 3: 11) e não neste EXATO
momento. Afirmar que o livre arbítrio ou livre vontade é necessário para a
aceitação de Cristo como Salvador por causa de sua responsabilidade não se
coaduna com a verdade dos fatos bíblicos. A Bíblia afirma tanto a soberania de
Deus quanto a responsabilidade humana. Em seu discurso aos judeus o apóstolo
Pedro afirmou que a morte de Cristo estava dentro do desígnio de Deus desde a
eternidade, mas mesmo assim tanto os judeus quanto Pilatos e seus funcionários
eram responsáveis por sua morte: “sendo este entregue pelo determinado desígnio
e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos”
(Atos 2:23).
Aceitar que
Deus age soberanamente na salvação do pecador não o faz maligno, pecador ou
maléfico. Quando Adão pecou arrastou consigo toda a humanidade a condenação
eterna. Não fosse a iniciativa de Deus Adão teria recebido a justa condenação.
Você pode indagar: mas qual a parte do pecador no processo da conversão? Essa
pergunta pode ser capciosa. A salvação é uma obra monergística e poderosa de
Deus capacitando instantaneamente o pecador a reconhecer seus pecados
(arrependimento) e voltando-se a Cristo. Dizemos que quando o pecador age em
arrependimento e fé, ele o faz pela ação poderosa de Deus. Deus é injusto ao
conceder no coração de alguns o
arrependimento para a fé em Cristo? Certamente que não. Quando apóstolo Paulo
comenta sobre a rejeição de Israel afirmou: “Que diremos, pois? Há injustiça da
parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de
quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter
compaixão” (Romanos 9:14,15).
Não existe a
tal Graça Preveniente que capacita o pecador para decidir ou não sobre sua
salvação. Se a salvação estivesse em nosso poder estaríamos irremediavelmente
perdido, pois “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9).
Mas se é
Deus quem efetua a salvação, o pecador ainda assim é livre? Sim. Não vimos a Cristo
arrastado ou coagido, pois Deus muda as disposições da nossa alma nos dando
vida espiritual e efetuando nossa conversão. O profeta Ezequiel (36:26,27)
anunciou a restauração de Israel nos seguintes termos: “Dar-vos-ei coração novo
e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos
darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis
nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis”. O Senhor Deus não
disse que enviaria uma graça preparatória e assim eles poderiam escolher. O ser
humano em seu estado natural não busca o novo nascimento, até porque conforme
Jesus disse a Nicodemos que a regeneração procede do alto e não de baixo (João
3:3); do céu e não da terra; de Deus e não do homem: “os quais não nasceram do
sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João
1:13).
Cremos que
somos exclusivamente salvos pela graça de Deus independente de nossas obras.
Isso significa que qualquer poder de decisão da parte do ser humano é uma obra. Não creio na neutralidade do
pecador no momento da sua decisão por Cristo, assim como não creio que entre um
copo de água e um de aguardente já sabemos qual será a escolha do viciado em
bebida alcoólica. O ser humano é viciado e seu vicio chama-se pecado. Somente
uma obra eficaz e poderosa da parte de Deus pode mudar as inclinações da alma
do pecador. A Bíblia diz que estávamos mortos em nossos pecados e delitos
(Colossenses 2:13) e não percebo nada que um morto possa receber antecipadamente
para tornar a viver. Quando Cristo chamou Lázaro à vida sua ressurreição foi
instantânea.
O convite
permanece: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei” ou “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração,
como foi na provocação”.
No amor de
Cristo,
Paz de Cristo como tem passado? Eu vejo a "graça preveniente" simplesmente como termo técnico usado na teologia para se falar que a salvação começa em Deus e é sempre dele a iniciativa de falar com o homem. Assim como o termo "trindade" também não existe na bíblia, mas mesmo sendo um "termo técnico", cremos e ensinamos a trindade, como Paulo disse em Ef. 2 que ele nos vivificou estando nós mortos em ofensas e pecados, ou seja, a iniciativa da salvação e conclusão da salvação é sempre de Deus, o ser humano não participa da salvação porque ela é uma obra exclusiva de Deus, ele simplesmente responde á salvação - Abraços no amor de Cristo
ResponderExcluirIrmão João Eduardo: A paz do Senhor!
ResponderExcluirQue bom tê-lo aqui. Seu entendimento está correto, mas não é exatamente o que ensina o sistema wesleyano/arminiano. Afirmar que o ser humano se encontra neutro no momento da conversão podendo escolher ou não a Cristo não é doutrina bíblica, é apenas teoria.
Grande abraço amado.
Paz de Cristo! Também não concordo com essa teoria de que o ser humano está neutro. A palavra de Deus deixa que estamos mortos em ofensas e pecados, segundo o que aprendi sobre a teologia arminiana, o ser humano é atraído pela graça podendo resistir ou não, mas aí virá a discussão calvinista/arminiana sobre: se a graça é irresistível ou não.
ResponderExcluirComo sou arminiano creio que o ser humano pode resistir á graça, mas respeito o pensamento calvinista e reconheço a importância das obras teológicas produzidas por tais escritores, falo isso porque leio muitos autores calvinistas e gosto muito.
Abraços no amor de Cristo.