Há um grande equívoco no que concerne
ao entendimento da natureza dos milagres bíblicos. A grande maioria dos evangélicos
pensa que mediante o poder do Espírito Santo são eles próprios os realizadores dos milagres. Em primeiro lugar há
algo estranho, pois o Espírito seria apenas o capacitador – cabendo a pessoa
fazer uso da “unção” do Espírito. A estranheza está no fato de que o
Espírito daria apenas o empurrão, cabendo à pessoa a efetivação plena e cabal
do milagre.
Em segundo lugar há incoerência,
pois ou é o Espírito que opera de forma exclusiva o milagre ou é o crente. Ou
então há uma parceria entre o Deus-Espírito e o ser humano. A pergunta que
surge é “sendo assim a glória é de quem quando acontece o milagre?". Deve ser
por causa dessa postura que está em “alta” hoje em dia os que “realizam
milagres”. Na verdade o Espírito aparece como se fosse apenas uma nota de
rodapé num livro, o fato mesmo é que o pastor/pastora ou o irmão/irmã fulano/fulana
de tal é “usado por Deus para realizar milagres”.
Em terceiro lugar há falha na
compreensão da fonte do poder, para a realização do milagre. A questão não é se
o Senhor manifesta seu poder operando milagres hoje, mas se há homens capazes de operar tais milagres. Os
milagres são essencialmente diferentes na sua fonte e em sua realização. Os
milagres realizados por Jesus aconteceram porque residia nele próprio o poder
de curar e restaurar a saúde. Eles apontavam para a Sua divindade. Não há nada
inerente nas pessoas para curar ou realizar milagres. Estes são sazonais,
circunstanciais, e sua realização, no âmbito externo, não depende do querer de alguém.
A fonte do milagre é sempre o Senhor, e não o homem, nem mesmo este sob o “poder
e a unção” do Espírito.
Antes que alguém acuse é
necessário dizer que está muito enganado quem pensa que os cristãos
tradicionais – adeptos da teologia reformada – negam que Deus não continua
realizando hoje manifestações especiais de poder. Como afirmou Walter J.
Chantry (Sinais dos Apóstolos – Editora PES): “Em resposta às orações de seu
povo, Deus está curando, como expressão soberana de Seu poder, a alguns que a
moderna medicina tem desenganado. Alguns teólogos preferem classificar estes
eventos como ‘atos de extraordinária providencia’ e não milagres”.
Um dos textos bíblicos mal
interpretado, para defender que os crentes hoje realizariam milagres é João
14:23 que diz: “Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as
fará maiores do que estas, porque eu vou para o meu Pai”. Na tentativa de
justificar que cada crente individualmente pode realizar milagres hoje, alguém
citou esse texto como prova. Mas, a dúvida que permanece refere-se a respeito
da natureza dos milagres operados por Jesus. Em que sentido os discípulos
fariam obras e ainda maiores que as que Jesus fez? Alguns milagres realizados
por Jesus comprovam o contrário – que não é possível o crente realizar obras
maiores que Cristo realizou. Note só a série de milagres que Jesus efetuou e
veja se é possível alguém fazer melhor do que Ele hoje em dia.
- Milagres na natureza: transformação da água em vinho, a tempestade acalmada, a multiplicação dos pães, a figueira amaldiçoada, o andar sobre as águas, as pescas milagrosas;
- Enfermidades graves: cegueira, mudez, gaguez, paralisia, lepra, etc;
- Ressurreição: dos mortos, a de Cristo mesmo;
- Expulsão de demônios.
Pergunta: Se estas são algumas
das obras que Cristo realizou, como alguém conseguiria fazer obras maiores que
estas? Definitivamente não é essa a interpretação da passagem do escritor João.
Há mais coisas no texto que precisamos saber.
O evangelista João, no epílogo de
seu livro, expressa a extensão dos milagres operados por Jesus. Ele nos
esclarece que os milagres relatados não evangelhos não representam todos os
milagres realizados por Cristo: “Jesus, pois, operou também em presença de seus
discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.30,31).
Quando João Batista estava
encarcerado, ordenou aos seus discípulos que lhe perguntassem se Ele era
realmente o Messias: “És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?” (Mt
11.3); ao que Jesus lhes respondeu: “Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis
e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos
ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt
11.4,5). Será que realmente Jesus queria dizer que os discípulos fariam isto
tudo e muito mais? Ou estaria Ele referindo-se a outro tipo de obra?
Os milagres e maravilhas operados
por Jesus testemunhavam acerca de sua autêntica messianidade: “Respondeu-lhes
Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço, em nome de
meu Pai, essas testificam de mim” (Jo 10.25). Assim como João Batista, alguns
discípulos de Cristo estavam duvidosos e esse sentimento se intensificou em
decorrência da morte de Cristo, como podemos verificar na descrença de Tomé (At
20.24-29). Portanto, era mister que Jesus dirimisse tais dúvidas e
incredulidades, o que fez após ascender ao céu e cumprir as promessas deixadas:
“E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o
Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram” (Mc 16.20).
Temos de considerar que não foram
somente os milagres realizados pelos apóstolos, após a partida de Jesus, que
evidenciaram que Jesus era o Cristo, e tampouco o texto de João 14.12 está-se
referindo somente a isso. Percebermos que as “obras maiores” se referem também
à coletividade, à geografia e à pregação do evangelho.
Vejamos:
- O que Cristo realizou (é necessário definir) em seu curto período de ministério poderia, possivelmente, ser realizado após a sua partida, e isso não somente por 12, 70 ou 120 discípulos, mas por toda a igreja que se formaria, ou seja, coletivamente. A realização não é individual, arbitrária, aleatória, nem independente, mas deve estar submetida a providencia de Deus, o que está implícito também a temporalidade.
- As barreiras geográficas cairiam após a sua ascensão, e o evangelho deveria ser pregado, simultaneamente, em vários lugares: “... e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8).
- Não se tem mensura do número das pessoas convertidas durante o período em que Jesus exerceu seu ministério, mas certamente o trabalho evangelístico realizado pelos discípulos alcançou uma projeção muito maior, em relação aos resultados de almas salvas (At 2.41; 4.4; 5.14,16,42; 6.1,7; etc).
Ademais, os próprios estudiosos
pentecostais discordam que o versículo de João 14:12 apoie a interpretação de
que os crentes fariam milagres maiores que Jesus fez. O pastor Esequias Soares,
autoridade brasileira dentro do segmento pentecostal e erudito nos idiomas
originais da Bíblia Sagrada, ao interpretar a passagem bíblica afirma corretamente
que “as maiores obras diz respeito à quantidade e não à qualidade. A palavra
grega aqui é meizon, grau comparativo
de megas, ‘grande”’ (Lições Bíblicas,
Atos – O padrão para a Igreja da Ultima
Hora, página 16, lição do aluno).
Nenhum crente, quem quer que
seja, deve se arrogar “realizador de milagres”. Somente Cristo, o Messias,
possui inerentemente em si este poder. Os falsos apóstolos estão por aí
enganando os incautos com a intenção de mercadejar a fé cristã. Que o povo do
Senhor mantenha os olhos bem abertos.
Em Cristo,
A Paz,
ResponderExcluirembora assembleiano, gosto muito dos livros de John Piper, John Mcartur,J.J. Parcker e outros.
é difícil negar o que vi com meus próprios olhos ao vdeparar com um cadáver em uma ocorrência de choque elétrico de 1000 volts , com uma hora de morto e todas as características desse estado, e após pedir a Deus por aquela vida este mesmo homem sem nenhuma sequela , uma semanA depois veio ao quartel agradecer-nos.A glória não é minha, Deus continua operando milagres para propósitos definidos. Não creio que encerrou nos apóstolos pois muitos milagres presenciamos na igreja e fora mas me atento aos falsos prodígios que acredito estarem espalhados afinal também são bíblicos o seus aparecimentos. Busco e luto por uma assembléia com programação de momento para estudo e exposição da palavra frente à programação neo petencostal que invadiu nossas igrejas porém, não apoio o encerramento de dons.
uma de minhas filhas presenciei um milagre o qual não posso duvidar. Não busco um Deus que diz sim, não busco um Deus para resolver meus problemas, não quero ganhar essa vida,nem mesmo morar aqui. é eleição da CGADB e no entanto vejo a Assembléia de Deus, com todo respeito aos milhares de membros,Assembléia apenas pois de Deus já estã sendo substituída por campanhas não bíblicas, eventos, entreterimentos diversos e o enraigado evangelho da prosperidade, agora que muitos irmãos de lá ainda "confundem" céticos e teólogos de mais alto gabarito.
Paz
Paz querido irmão Mendes,
ExcluirObrigado por acessar o blog e ler as postagens.
Eu entendi o que disse. E você deve ter entendido que o texto não diz que o Senhor não realiza milagres hoje em dia ou que milagres não existam ou aconteçam. No entanto, nem todo milagre tem a chancela divina. Isso é assunto para uma postagem sobre a contemporaneidade dos dons.
O texto tem a intenção de desmascarar os que pensam que possuem algum tipo de poder em si, para realizar milagres. Se o irmão acha que isso não procede, então deveria averiguar melhor os que vivem correndo atrás dos milagres.
Ah sim... escrevi esse texto após uma conversa com um irmão que dizia ser possível realizar milagres melhores do que Jesus realizou, e que Deus dotou seus servos com esse poder.
No demais amado, obrigado pelo comentário e pelo modo como o fez, com respeito e amor. Deus em Cristo continue abençoando sua vida.
Grande abraço,
Saudações em Cristo! com respeito ao seu texto "Cristo desceu ao inferno para pregar", vc concorda que ele foi lá para anunciar sua vitória cruz?.
ResponderExcluirAbraços - Pb. João Eduardo Silva - AD Min. Belém - Sp.
Conheçamos e Prossigamos,em conhecer o Senhor:como a alva, será a sua saída; e ele a nós virá como a chuva como chuva serôdia que rega a terra. OS.6:3 A Leitura Da Bíblia e a escola Dominical Faz a Diferença No Nosso Dia a Dia. Deus Abençoe Meu querido Irmão em Cristo Jesus. Pelos Laços Eternos Do Calvário.
ResponderExcluir