segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O PERIGO DOS “ACHISMOS” NO DEBATE BÍBLICO

Por Gilson Barbosa

Segundo certa opinião o “achismo” é a tendência em avaliar as situações segundo as próprias opiniões ou intenções, muitas vezes sem justificação. O “achismo” é desastroso numa discussão bíblica, teológica ou doutrinária. Quando fazemos uso deste elemento estamos potencialmente regredindo, voltamos à estaca zero, somos ineficientes, e contribuímos bem pouco (ou nada) para o entendimento bíblico.

Nós, obreiros do Senhor e estudiosos das Escrituras Sagradas, não temos que “achar” nada, mas, respaldarmos nossos argumentos a luz das Escrituras Sagradas. Nesse sentido não podemos estender a discussão nem chegar a um consenso se a hermenêutica sagrada não for “convidada” para entrar na nossa conversa. Contudo também, não basta fazermos uso das ferramentas proporcionadas pela hermenêutica sagrada, é necessário sermos sensatos, imparciais e totalmente bíblicos. 

Expressões tais como “eu acho que”, “penso que”, “o que quero dizer é que”, “minha opinião é que”, geralmente são inúteis num diálogo bíblico e causam mais confusão do que organização. Nestes casos geralmente não há nenhuma menção bíblica para comprovação da opinião, mas somente palavras evasivas. Quando a Bíblia é mencionada esquece-se da correta e fiel interpretação.


Na blogosfera, encontrei uma poesia titulada de Poema contra o achismo, muito interessante:

O achismo tudo sabe. Não tem dúvidas. É autoconfiante. Arrogante. Teimoso. Tira suas próprias conclusões. Não deve satisfações. Não dá ouvido a ninguém. Vive de aparências. O achismo é cego. O achismo seduz, envolve. Engana. Cria suas próprias leis. Não tem fundamento, ética. Julga. Condena. Destrói. Se alimenta da preguiça. Da presunção. Da ignorância. Da ingenuidade. O achismo é parasita.

Os apóstolos, dos quais herdamos preciosas doutrinas bíblicas, nunca fundamentavam suas discussões doutrinárias em opiniões pessoais, transformando-as em soluções infundadas e contraditórias.

Observe o primeiro Concílio realizado pela Igreja Cristã Primitiva (acesse matéria sobre este Concílio aqui). O que motivou a discussão foi à questão se os gentios que estavam recebendo Cristo por meio do evangelho deveriam praticar as mesmas coisas que os judeus praticavam tais como a circuncisão, alimentação, vestuário, cerimoniais, ritos, guarda do sábado, etc. (Leia At 15.5). Lucas anota o seguinte em Atos 15.1: “Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos”. Para resolver esse assunto “resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos” (15.2).

Os apóstolos Pedro, Barnabé, Paulo e Tiago (At 15.7, 12, 13) ao apresentarem seus pontos de vistas e argumentos, não tergiversaram, não foram evasivos, não inventaram alguma doutrina nova, não “acharam” que deveria ser feito dessa ou de outra forma, mas, apresentaram soluções prescritas antecipadamente no contexto bíblico.

Algum ousado pode tentar justificar suas opiniões pessoais colocando o apóstolo Paulo como exemplo, pois, instruindo os irmãos coríntios a respeito da estabilidade da família, disse que caso algum irmão ou irmã tivesse cônjuge descrente que não se apartasse e para tanto usou a expressão “digo eu, não o Senhor” (I Co 7.12). Porém, temos de entender a importância dos escritos paulinos, a canonicidade da carta, sua inspiração pelo Espírito Santo e que ele não estava “achando” que deveria ser feito assim, mas falou divinamente inspirado, e após ter prescrito este preceito ele passou a ter validade e vigência para a solução deste tipo de problema nas igrejas.  
      
É salutar, espiritualmente, para as igrejas, que embasemos toda nossa compreensão doutrinária de modo objetivo (não subjetivo) e com total respaldo das Escrituras Sagradas. É claro que algumas discussões internas entram na questão do principio regulador ou normativo do culto, e, quando isso acontecer não devemos abrir mão da sensatez, mas abstermo-nos de todos os “achismos” nas soluções dos problemas.

Os que gostam de opinar ou de induzir os crentes mais simples ao seu próprio entendimento, mas sem respaldo teológico e bíblico, cabe a sensibilidade de se precaver para receber uma resposta que pode ser publicamente desagradável. É o caso de certos pregadores pentecostais que querem a aceitação de suas pregações em público e para tanto ficam fazendo perguntas ao auditório, que são doutrinariamente e teologicamente descabíveis.

Que o Senhor nos ajude a sermos fiéis intérpretes do texto sagrado, bons aplicadores da sua Palavra e avesso aos “achismos”.

Em Cristo,
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Assassinado Bispo Robinson Cavalcante da Igreja Anglicana no Recife



Morreu neste domingo foi assassinado pelo filho adotivo o bispo da Igreja Anglicana em Recife Robinson Cavalcanti. A sua esposa também morreu neste crime bárbaro.

A noticia foi divulgada nesta madrugada no site oficial da Igreja Anglicana Diocese do Recife. Naquele momento, ainda não se dispunham de detalhes, apenas se informava que o crime ocorreu neste domingo 26/02/2012 por volta das 22h na residência do casal na cidade de Olinda – Pernambuco.


Fonte:Blog Pr.Renato Vargens
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O QUÊ [MAIS] QUEREM OS HOMOSSEXUAIS?

Por Gilson Barbosa

Respeito os homossexuais, mas não sou favorável à homossexualidade. Fazer o que, tenho esse direito não é mesmo? Ou não? Nunca espanquei um homossexual (nem pretendo, não faria isso nem com meus “inimigos” héteros) e nem profiro palavras pejorativas a seu respeito. No ambiente onde trabalho há mais que uma pessoa homossexual, mas nem por isso sinto aversão, medo ou raiva, à pessoalidade deles. Nem os considero menos humano ou mais humano que minha pessoa. Concordo com a frase musical da outrora banda brasileira Mamonas Assassinas, Gay também é gente!

Não é certo desumanizar os homossexuais. Todas as pessoas carregam em si mesmas a imagem e semelhança de Deus, mesmo após a queda do homem. O apóstolo Tiago (3.9), comentando sobre o cuidado que devemos ter com certas palavras que proferimos, evidencia que todas as pessoas, inclusas as regeneradas por Deus ou não, possuem essa imagem Divina: “Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus” (a expressão com ela trata-se da língua). O pastor John Sttot pondera a esse respeito também e diz que os homossexuais são

apenas pessoas humanas feitas à imagem e semelhança de Deus, ainda que caídas, com toda a glória e tragédia que este paradoxo possa implicar. (Grandes questões sobre o sexo, p. 159).

Assassinar homossexuais, desrespeitá-los, discriminá-los, é tão cruel quanto praticar os mesmos atos e atitudes com pessoas heterossexuais. No entanto, assim como não aprovo a infidelidade conjugal, a pornografia, a pedofilia, também não consinto com as atitudes homossexuais. Se esta minha atitude pessoal caracteriza discriminação social, dois fatos podem estar acontecendo: posso não saber muito bem o que significa discriminar alguém ou os homossexuais não respeitam a individualidade e opção heterossexual. No entanto, segundo o significado do próprio termo eu não discrimino nenhuma pessoa, até mesmo os homossexuais. As vezes acho que os homossexuais estão muito atrevidos. Deveriam “baixar a bola”. 

Porém, prefiro não falar sobre homossexuais, mas homossexualidade (apesar das duas estarem relacionadas). Até porquê corro sério risco de ser processado judicialmente, pois um dos orgulhos que deve ter a classe gay é fazer uso constante do direito legal.  É nesse quesito que eles estão se esforçando para assegurarem seus direitos. No meio de tantas leis porque criar leis específicas aos homossexuais? O artigo 5º da Constituição Federal, por exemplo, já desaprova a discriminação de qualquer ato:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes.

Alguns justificam a criação de leis específicas para que sejam levadas mais a sério. Até certo ponto concordo. De fato as autoridades no Brasil não tratam com seriedade as leis que existem.  É verdade também que algumas leis estão ultrapassadas. Contudo, parece que na verdade, os homossexuais querem mesmo é visibilidade, aceitação social, e liberdade para praticarem seus desejos sem serem questionados. Alguns homossexuais não querem nem mesmo que a homossexualidade seja criticada – aí é demais não é?

Fosse só isso até que seria bom, pois, a vontade da classe gay é que as práticas da homossexualidade sejam aprovadas e que toda a desaprovação social seja castigada com punições aos “transgressores”.  Para tanto está em trâmite no Congresso Nacional a PLC 122/06. Leia aqui o projeto de lei e observe a petulância homossexual, os absurdos desta lei, e as terríveis implicações dela, se aprovada.  



Devo dizer que não sou homofóbico, mas não aprovo a homossexualidade. Revelo que não me sinto confortável quando vejo duas pessoas do mesmo sexo se acariciando publicamente. Talvez, porque isso seja anormal? Ou será que é porque eu sou anormal? Ou é o normal que está errado? No entanto, se eu as vir cometendo esse ato público, não as tratarei a socos e pontapés.  

Quanto à homossexualidade ser normal ou não, o assunto é deveras polêmico. Temos informações que as diferentes teorias sobre as causas da homossexualidade somam mais de setenta. A mais comum é dizer que é inata e respaldá-la cientificamente (leia aqui argumento contrário). No entanto, cientistas abalizados evitam “bater o martelo” e endossar as pesquisas. O que sobra é apenas teorias. Para os cristãos, Deus e a sua revelação escrita (a Bíblia Sagrada) se sobrepõem as teorias da ciência moderna.

Simplificando as teorias existentes, três são sugestivas: o determinismo biológico, os fatores psicossociais e a preferencia adquirida. A primeira é contrastada pelo fato de que ninguém nasce homossexual. Comparar homossexualidade com questão racial não tem comprovação cientifica; chega até mesmo ser anti-intelectualismo. Jesus disse certa vez sobre essa verdade:

                                            Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.

A segunda sugestão tem sua validade, mas devido às múltiplas raízes das causas da homossexualidade ela não diz respeito à opção pelo comprometimento com a orientação sexual preferida. A terceira sugestão valida a natureza humana depravada e caída em pecado. Sabemos que área sexual foi muito afetada em sua diversidade por causa do pecado: prostituição, voyeurismo, bestialidade, incesto, pornografia, sexo grupal, trocas de parceiros no ato sexual, entre outros. Por conta disso a Bíblia nos informa, em Romanos 1.26-28, que as pessoas foram entregues, por Deus, as práticas homossexuais:

Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm.

Ter direito a ser homossexual é um direito constitucional que não pode ser negado. Entretanto, querer empurrar “goela abaixo” a homossexualidade e as práticas homossexuais em quem discorda dela é também infringir outros direitos. Os gays ficam furiosos quando pregamos sobre a “cura” da homossexualidade e o retorno ao heterossexualismo, pois conforme dizem ela não doença. No entanto, minha análise é bíblica, e nesta questão o apóstolo Paulo nos informa que havia pessoas na igreja em Corinto que haviam sido homossexuais, ou seja, o processo da regeneração salvífica atinge a área sexual também:

Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.

Espero que se algum homossexual ler essa postagem não seja atacado por uma espécie de chilique heterofóbica e se enraiveça com essas opiniões – até porque tenho direito de expressar livremente meu pensamento.

Em Cristo,
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domingo, 19 de fevereiro de 2012

CARNAVAL, A LIBERAÇÃO DA CARNE!

Por Gilson Barbosa



É interessante notar que enquanto nos países de origem a importância dessa festa diminuiu e arrefeceu, no Brasil ela parece estar apenas começando. Será que é devido à expansividade cultural do brasileiro? Seria sua característica festiva, criativa e alegre? Ou seria interesses financeiros das grandes empresas que lucram patrocinando o carnaval brasileiro? Ou ainda seria a "banalização" e irresponsabilidade do brasileiro face ao trabalho? O feriado carnavalesco trás lucros a que segmento de empresa? Não sei bem qual seria a resposta correta.

Não podemos negar o caráter cultural e folclórico do carnaval, mas, para nós cristãos é bom saber que o carnaval é uma festa pagã. Historiadores nacionais concordam que o carnaval teve origem primeiro no Egito, quando o povo saia de suas casas para comemorar as colheitas. Depois o carnaval sofreu evolução com os gregos e romanos. A enciclopédia Britânica do Brasil informa o seguinte quanto à origem:

                      Quanto à origem, o carnaval também é objeto de controvérsia: frequentemente tem sido atribuído a evolução e à sobrevivência do culto de Isis, das bacanais, lupercais e saturnais romanas, dos festejos em honra de Dionísios, na Grécia, e até mesmo às festas dos “inocentes”,  e dos “doidos” na Idade Média, as quais, mediantes sucessivos processos de deformação e abrandamento, teriam originado famosos carnavais dos tempos modernos, como os de Nice, Paris, Veneza, Roma, Nápoles, Florença, Colônia e Munique. Mas seja qual for sua origem, o certo é que o carnaval já era encontrado na Antiguidade clássica, e mesmo pré-clássica, com suas danças barulhentas, suas máscaras e licenciosidade, traços que seriam mantidos praticamente até hoje.

Apesar de não concordar com as festas carnavalescas, a Igreja Católica Romana “cristianizou” a festa incorporando-a no calendário litúrgico. Devido a forte influencia que essa festa carnavalesca pagã teve ao povo romano, ao invés de censurá-la a igreja romana atribuiu-lhe características católicas.  A essa transculturação discorda a revista Defesa da Fé:


A tentativa da Igreja Católica Romana na cristianização do carnaval e a sua atual justificativa é inconsequente, infeliz e irresponsável. Não existe uma referencia bíblica sequer favorável ao seu argumento. Pelo contrário. Existe todo um contexto explicitamente contrário a essa manifestação popular. Todos os especialistas cristãos sabem muito bem quando devem aplicar a transculturação cristã em determinada manifestação cultural (como por exemplo, o Natal, período em que ocorre a mudança do objeto de culto e a extirpação total da velha ordem, transformação das simbologias e referencias). Sabem também quando à determinada comemoração popular é impossível aplicar quaisquer processos de cristianização.

Somente no Brasil a época da festa é padronizada. Em outras nações, onde o carnaval é comemorado, a data é alternada. Segundo a Enciclopédia Mirador

O carnaval é uma série de folguedos populares promovidos habitualmente nos três dias anteriores ao inicio da Quaresma.

A Quaresma são os quarenta dias que vão da quarta-feira de cinzas ao domingo de páscoa. O carnaval acontece nos três dias que antecedem a quarta-feira. No Brasil há flexibilidade nas festas, pois, as escolas de samba e blocos carnavalescos começam a desfilar no sábado, portanto, no Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro) temos quatro dias de comemorações.  

No período da quaresma inicia-se a abstenção de carne, imposta pela Igreja Romana. A revista apologética Defesa da Fé informa o seguinte:

A palavra carnaval deriva da expressão latina carne levare, que significa abstenção de carne. Este termo começou a circular por volta dos séculos XI e XII para designar a véspera da quarta-feira de cinzas, dia em que se inicia a exigência da abstenção de carne, ou jejum quaresmal. Comumente os autores explicam que este nome a partir dos termos latim tardio carne vale, isto é adeus carne, ou despedida da carne; esta derivação indicaria que no carnaval o consumo de carne é considerado lícito pela ultima vez antes dos dias de jejum quaresmal.

A incoerência lógica está no fato de enquanto há conselhos a abstenção da alimentação de carne, praticando-se assim uma “categoria” de jejum, é nesta época onde a natureza carnal humana mais se sobressai dando asas a libertinagem imoral. Adolescentes engravidam irresponsavelmente, jovens se embriagam causando confusões nas festas, encomendas de grandes quantidades de drogas especialmente para atender a demanda nesse período, enorme aparatos de segurança pública são exigidas para manter a ordem nas festas, alta somas de dinheiro público são injetados nas comemorações. Tudo isso tem trazido mais prejuízos do que benefícios à sociedade. A geração de emprego como justificativa para a promoção do carnaval é fictícia. Muitos trabalhadores são contratados apenas temporariamente nas festas, por exemplo, como seguranças, para operarem aparelhagem de som e carros de sons. É dispensada uma grande quantidade de funcionários públicos, entre os quais preferiam estar com suas famílias ou em viagens. O vídeo abaixo, sob a ótica de pessoa não cristã, atesta o que escrevi acima.



Assim como as antigas festas pagãs, o carnaval de hoje sobrevive e prossegue promovendo todos os elementos que contrariam o mandamento bíblico: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus (Gl 5.19-21). O cristão não deve jamais pensar em admitir o carnaval como algo que não lhe traga prejuízo espiritual. Se alguém entre os crentes se regozija com esse tipo de festa mundana deve seriamente avaliar sua regeneração, pois a Bíblia afirma que esse procedimento não faz parte da nova vida em Cristo: “E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Ef 2.1-3).

Em Cristo,




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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O PERIGO DE QUERER BARGANHAR COM DEUS (Lição 8 - Subsídio EBD)

Por Gilson Barbosa


Antes de começar a ler, por gentileza, assista esse breve vídeo do pastor Paul Washer. Ele nos leva a refletir se estamos sendo omissos ou não, na causa da pureza do evangelho.





Barganha e permuta são expressões correlatas. Basicamente trata-se de um acordo ou troca. O Dicionário Aulete informa que juridicamente é um “acordo pelo qual os contratantes trocam entre si coisas que a eles pertencem”. Supõem-se uma espécie de relação ou interação entre duas ou mais pessoas e também, que, uma das partes possui condições privilegiadas, qualitativas, melhores ou maiores que a outra. Uma exigência da barganha é que as partes tenham algo real, existente e verificável para permutar ou fazer acordo. Isso é o que acontece comumente na economia em geral, nos contratos diversos, nas indústrias e comércios.

Tendo em mente o que foi dito acima, é importante sabermos que os pregadores da Teologia da Prosperidade, bem como seus adeptos, agem da mesma forma com Deus. Não se importando com a Soberania de Deus, com o Ser de Deus, imaginam que sabem mais sobre o que é melhor para si ou sua vida, e no afã de conseguirem o que querem chegam às raias do absurdo de, mentalmente, “colocar Deus na parede”. Trata-se da Teologia da Barganha – ensino da Teologia da Prosperidade.

Um exemplo bíblico de barganha, no Antigo Testamento, aconteceu entre os irmãos Jacó e Esaú (leia Gênesis 25.29-34). Aquele, “esperto” que só, aproveitando-se da fraqueza de seu irmão, propôs um acordo. O incidente ocorreu por uma questão sociocultural, em que o filho mais velho tinha direito: a primogenitura. O autor Samuel Suana (Pentateuco – IBAD) informa o que segue, sobre essa questão:

Primogenitura era a condição estabelecida por direito ao filho primogênito, isto é, o primeiro filho de sexo masculino nascido na família. A ele eram dados alguns privilégios e também algumas responsabilidades. Teria ele a maior parte da herança da família, o direito de uma benção especial e à autoridade, transferida pelo pai, dando status e nome. Era também seu dever assistir seus pais em idade avançada, dando-lhes toda a assistência e amor.

No entanto, a Bíblia (Gn 25.34) relata que Esaú desprezou seu direito de primogenitura ao trocá-la por uma porção de comida: “E Jacó deu pão a Esaú e o guisado de lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e saiu. Assim desprezou Esaú a sua primogenitura”. A Bíblia de Estudo de Genebra diz que Esaú ao desprezar a sua primogenitura desprezou as promessas de Deus: “E ninguém seja devasso, ou profano, como Esaú, que por uma refeição vendeu o seu direito de primogenitura” (Hb 12.16). No aspecto humano Esaú banalizou algo valioso e se deu mal.

Entrementes alguém pode arrazoar a possibilidade de respaldo bíblico para uma espécie de “barganha positiva” e exemplificar o personagem Abraão quando dialogou com Deus sobre a justiça de certos moradores de Sodoma. O fato se deu quando ele rogou pelos poucos justos que habitavam em Sodoma e Gomorra e que por causa do pecado e do baixo padrão moral dessas cidades Deus havia determinado destruí-las:

“Disse-lhe, pois, o Senhor: ‘As acusações contra Sodoma e Gomorra são tantas e o seu pecado é tão grave que descerei para ver se o que eles têm feito corresponde ao que tenho ouvido. Se não, eu saberei”’ (Gn 18.20).

Apesar da oração intercessora de Abraão retratar uma espécie de negociação entre ele e Deus, o acontecimento tem o sentido de ajudar alguém, solicitando o favor Divino. É notório, também, que o acordo foi unilateral, pois, Deus havia ponderado ser positivo e necessário julgar os habitantes das cidades em questão. O que faz Abraão então? Roga a Deus em favor dos justos que estavam em Sodoma e Gomorra. Nessa intercessão ele “negociou” com o Senhor, para o livramento daqueles:

“E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio?” (Gn 18.23).

Então, ele sugere ao Senhor: “e se houver em Sodoma cinquenta justos... quarenta e cinco... quarenta... trinta... vinte... dez...?”.  Infere-se que não havia na cidade nem dez justos, pois Deus a destruiu, e no versículo 32 Ele diz a Abraão que se houvessem dez justos não destruiria a cidade. Caso tivesse dez justos na cidade, fica claro que o Senhor não ouviu a oração de Abraão. Esse tipo de “negociação” com Deus não é errado, pois visa abençoar o próximo. Será que os pregadores da Teologia da Prosperidade “negociariam” com o Senhor o livramento, a salvação de alguém, nos moldes da história de Abraão? Creio que não, pois, suas barganhas e negociações são exclusivamente individualistas, materialistas e interesseiras.

Contudo, as linhas acima sobre a “barganha positiva” entre Abraão e o Senhor Deus é apenas sugestivo, pois, creio que barganhar ou tentar negociar com Deus é geralmente negativo e não positivo, visto que, Deus é Soberano, Onisciente e Poderoso.

O exemplo bíblico negativo está registrado em Mateus 4.1-11, na passagem conhecida como A tentação de Jesus. Satanás tentou, com todo ímpeto, negociar com Jesus fazendo acordo por meio de barganhas.

A primeira tentação propõe que Jesus transforme pedras em pães. Satanás sabe que não é fácil suportar a fome: “Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães” (v. 3). Se Jesus realizasse esse milagre comprovaria de fato ser o Filho de Deus. Por ocasião do batismo Deus havia dito sobre Jesus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). Agora, é como se Satanás dissesse “Você atende meu pedido, comprova sua filiação Divina, e também prova seu poder”. Porém, Jesus se recusa a usar seu poder para aliviar a fome física e responde com autoridade: “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4). O autor Joel R. Beeke diz o seguinte sobre essa conversa inicial:

Jesus fala com autoridade; sua resposta é firme. Diferente de Eva, Ele não debate com Satanás. Ele não chama um exército de anjos para expulsar o diabo. Ele não usa seu divino poder, pois está vivendo no mundo como Servo sofredor de Deus. A única arma que Ele usa é a espada do Espírito, a Palavra de Deus. 

Nada de negociação, nada de barganha! Jesus não precisava provar ou comprovar nada a Satanás. Da mesma forma, Deus não tem que provar nada para os teólogos da prosperidade. Ele não é obrigado a realizar milagres para isso - nem atender suas solicitações, que quase sempre não passam de caprichos pessoais. Jesus poderia operar um milagre da transformação de pedras em pães, mas, estava resolvido a cumprir a vontade de Deus. Era o mais certo a fazer.  Os adeptos do evangelho da prosperidade desconsideram a vontade soberana de Deus quando exigem que Ele responda obrigatoriamente suas orações e atenda detalhadamente suas solicitações. No fundo, a barganha retrata uma natureza egoísta, interesseira, má intencionada, orgulhosa e individualista. John Macarthur, em sua Bíblia de Estudo, comenta o seguinte:

A condicional “se” tem, nesse contexto, o sentido de “uma vez que”. Satanás não tinha dúvida de quem Jesus era, mas o seu objetivo era levar Jesus a violar o plano de Deus e usar o poder divino do qual ele havia aberto mão em sua humilhação humana (cf. Fp 2.7).

Os pregadores da prosperidade querem que vivamos apenas do pão terreno, que desprezemos a vontade de Deus, sua verdade e a suficiência da sua Palavra, revelada nas Escrituras Sagradas. Isso é inadmissível.

A segunda tentação era fazer que Jesus agisse como uma espécie de superstar; que demonstrasse seus sinais e maravilhas para atrair seguidores; que provocasse o sensacionalismo nas multidões. Novamente, seu poder sobrenatural serviria como forma de atitude exibicionista e narcisista:

“Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra” (Mt 4.6).

De modo oposto ao sentido original do texto bíblico (Sl 91.11,12) Satanás diz que os anjos o protegerão, se ele pular do topo do templo abaixo. No entanto, esse texto não endossa a atitude da pessoa que busca testar a Deus, correndo um risco desnecessário, em vez de confiar Nele.  Em termos de interpretação bíblica, os pregadores da prosperidade utilizam o mesmo método do diabo – interpretar um texto fora do seu contexto.

Temos sabido de pessoas que pegam em serpentes, acreditando que a fé em Deus e a crença na sua promessa – baseada num entendimento errado de Marcos 16.18 – os livrarão de serem mortos, caso sejam picados por serpentes. Essa atitude nada mais é que “tentar ao Senhor Deus”. A tentativa do Diabo era que Jesus recebesse exaltação antes do tempo – ele teria que sofrer primeiro - usando meios carnais para atrair seguidores. O comentarista William Hendriksen diz o seguinte: 




A obediência à proposta de Satanás era tentadora, porquanto que homem existe que, ao ser solicitado que comprove um argumento que fizera, não sinta que deve fazê-lo imediatamente sem primeiro perguntar a si mesmo: “Que direito tem o meu incitador de pedir-me que faça tal comprovação?” Jesus, contudo, não cai nessa armadilha. Ele percebe que fazer o que Satanás está pedindo, equivaleria a trocar a fé pela presunção, a submissão à orientação divina pela insolência. Significaria nada menos que arriscar-se à autodestruição. A falsa confiança no Pai, que o diabo exigia de Jesus nesta segunda tentação, não era melhor a desconfiança que lhe propusera na primeira. Equivaleria a fazer experiência com o Pai. (Comentário de Mateus).

A terceira tentação torna evidente que o diabo é mesmo “uma cara de pau”. Por meio de uma visão (segundo comentaristas renomados), o diabo mostra a Jesus “todos os reinos do mundo” e oferece-o em troca de adoração:

“Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares” (Mt 4.8,9).

Numa barganha, as partes, obrigatoriamente, devem possuir algo para negociar e o diabo arrogou ser senhor de direito sobre todos os reinos do mundo. Contrariamente, a Bíblia diz que é Deus o dono deste mundo e é Ele quem o sustenta e o governa: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam” (Sl 24.1). As três tentações foram feitas a fim de que Jesus fugisse da cruz, pois, caso ele cedesse a uma delas, o plano divino sucumbiria.

O diabo tentou barganhar com Jesus, e não devemos praticar esse princípio negativo. A moda ultimamente é pregar sobre sementes e esse tipo de pregação sempre acaba se desembocando numa barganha com Deus. Até mesmo os dízimos tem sido elemento de barganha ou moeda de troca (leia postagem sobre as sementes aqui). Lindolfo Alexandre de Souza[1] no seu texto sobre a teologia da prosperidade diz que,

A lógica da Teologia da Prosperidade, portanto, fundamenta-se nas promessas de sucesso material e financeiro para quem é fiel a Deus. Como consequência, o nível de sucesso depende do valor da contribuição financeira. Assim, seu discurso apresenta uma proposta de troca, de barganha entre o fiel e Deus. Mas como Deus não vem pessoalmente receber as doações, elas devem ser entregues àqueles que se colocam como representantes do divino.

No vídeo que postei no início deste artigo Paul Washer nos adverte, quando comenta sobre o erro da omissão. Ver um ato violento impetrado contra alguém e não denunciar é crime. Da mesma maneira, ver a igreja de Cristo sendo “violentada” por pregadores de heresias, tais como essa de barganhar com Deus, e não denunciar esse falso evangelho, é pecado.

Sobre a questão de fazer prova com Deus, a fim de receber as bênçãos prometidas em Malaquias 3.10, comentarei em outra oportunidade. Porém, se não interpretarmos corretamente esse versículo incorreremos no mesmo erro dos falsos mestres: barganhar com Deus.

Que Deus nos dê animo para combatermos essas e outras heresias!

Em Cristo,



[1] Lindolfo Alexandre de Souza é jornalista, professor da PUC-Campinas e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).
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A IMORALIDADE GLOBAL

Fico pensando em que quantidade o Big Brother Brasil poderia contribuir positivamente para a sociedade brasileira. É óbvio que não há nada positivo ou que se aproveite nele. Até mesmo pessoas não crentes, mas sensatas, reclamam da baixa moralidade do programa. É estranho as pessoas criticarem o papel social das igrejas evangélicas e manterem um reality show tão vil e imbecil quanto este.  Leia a matéria que postei sobre o Big Brother Brasil aqui. A notícia abaixo deu no Jornal Folha de São Paulo.  


"BBB12" exibe sexo entre Laisa e Yuri

16/02/2012 - 02h30

DE SÃO PAULO
O "BBB12" exibiu o casal Laisa e Yuri fazendo sexo no quarto do líder.
A imagem dos dois debaixo do edredon foi exibida para os telespectadores do pay per view e por alguns segundos para os assinantes da internet.
Laisa e Yuri faziam movimentos que claramente mostravam que os dois faziam sexo.
Pouco tempo depois, com o ato já terminado, Yuri comentou: "parece um sonho".
O casal havia deixado a festa pouco mais de meia hora antes.
O assunto logou tomou conta do Twitter, com os usuários do microblog comentando a intensidade da cena e criticando a atitude do casal.
Frederico Rozário/Divulgação TV Globo
Yuri e Laisa, os pombinhos do "BBB12"
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sábado, 11 de fevereiro de 2012

TUDO POSSO NAQUELE ME FORTALECE (Subsídio EBD)

Por Gilson Barbosa



Os irmãos filipenses receberam a carta paulina por mãos de um obreiro chamado Epafrodito. Este havia sido enviado pela igreja local para levar donativos ao apóstolo encarcerado em Roma, conforme Filipenses 4.18: “Mas tenho tudo; tenho-o até em abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus”. Ele também devia informar Paulo acerca da igreja. De maneira geral a igreja ia bem, pois não é apresentado, na carta, algum tipo de problema que pudesse deixar o apóstolo triste ou preocupado – a não ser os casos comuns como perseguição, maus obreiros, talvez desentendimentos entre os irmãos.

A igreja estava preocupada com a situação do apóstolo, encarcerado, e desejava ter informações a respeito (leia Filipenses 1.12-26). Após fundação da igreja em Filipos (At 16.9,10) – a primeira em solo europeu – o apóstolo Paulo retornou a cidade em outras duas ocasiões (At 20.1-6; II Co 2.13). A igreja iniciara com a conversão de uma mulher – Lídia. Temos informações que ela era uma mulher de negócios, vendedora de púrpuras, e, que de alguma forma sua alma anelava conhecer mais a respeito do evangelho de nosso Senhor – talvez tivesse sido criada no paganismo. Tudo indica que era uma mulher bem sucedida no seu comércio, e isso antes de receber o genuíno evangelho. O comentarista William Hendriksen arrisca dizer que Lídia bem poderia ser dona de uma importadora de roupas ou tecidos, pois, a cidade natal dela – Tiatira – era o centro da indústria de roupas de púrpura.  

Foi também em Filipos que o apóstolo Paulo, junto com Silas, fora preso após expulsar um espírito adivinho (demoníaco) de uma jovem. Enquanto no Brasil aconteceu de um pregador da teologia da prosperidade ser preso (nos EUA) por esconder dinheiro ilegalmente dentro da Bíblia, os apóstolos foram presos por pregarem fielmente o evangelho de Cristo. Que enorme e gritante diferença! As acusações contra os apóstolos nada tinha a ver com corrupção ou tentativa de enganar a Receita Federal, mas de libertar, por meio de Cristo, “uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando, dava grande lucro a seus senhores” (At 16:16). Este fato lhes custou à tranquilidade, pois, foram arrastados à praça da cidade, e diante das autoridades e da multidão foram açoitados (At 16.19-22). Se as autoridades os expulsassem da cidade estava bom, mas, infligindo maior sofrimento ordenaram ao carcereiro que os colocasse na prisão e guardasse com toda a segurança. Causa-me impacto saber que Paulo e Silas não blasfemaram, reclamaram ou murmuraram, contra Deus, e nem decretaram, declararam ou fizeram confissão positiva acerca do livramento da prisão, mas, se puseram a orar e cantar. E para tanto, temos de ter uma “medida especial da graça de Deus”. O milagre sobrenatural Divino – a abertura da prisão após um terremoto – resultou na conversão do carcereiro e sua família (At 16.30-34).

Eis, nestas linhas acima, dois relatos importantes do início da igreja em Filipos. Tendo estabelecido a igreja, era imperativo o apóstolo cuidar dela em tudo - assim como fazia com as demais. Incapacitado de estar presente, pela prisão, o apóstolo procurava animar e fortalecer a fé e a alegria dos irmãos. Pessoalmente fortalece minha fé quando leio Paulo dizer aos irmãos o seguinte : que o que tinha acontecido (sua prisão e outros sofrimentos por causa do Evangelho de Cristo) contribuiu para o progresso do evangelho e que eles seriam estimulados no Senhor por “suas algemas” (1.12-14); o cristocentrismo de Paulo é evidente quando afirma que para ele o viver é Cristo e o morrer é lucro (1.21). A expressão o viver é Cristo significa derivar de Cristo sua força espiritual e até mesmo pessoal (4.13); ter a mente, os sentimentos e a humildade que Cristo teve (2.5-11); estar coberto pela justiça de Cristo (3.9); alegra-se Nele (3.1; 4.4); é viver para a glória Dele (II Co 5.15); descansar a fé em Cristo e amar-lhe em resposta de seu amor (Gl 2.20).

No capítulo 2 vemos o apóstolo incentivando os irmãos filipenses a viverem uma vida de unidade, humildade e solicitude:

- unidade: “completai o meu gozo, para que tenhais o mesmo modo de pensar, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, pensando a mesma coisa” Filipenses 2:2
- humildade: “nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade cada um considere os outros superiores a si mesmo” Filipenses 2:3
- solicitude: “não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros” Filipenses 2:4

Paulo diz no versículo 2 que sua alegria só estaria completa se os irmãos praticassem estas três virtudes: unidade, humildade e solicitude. Apesar de a igreja filipense ser motivo de alegria e coroa do ministério apostólico de Paulo eles tinham de buscar as três virtudes acima expostas, pois não poderiam deixar que nenhum tipo de desentendimento ou desunião ocorresse entre eles. É o caso de duas valorosas obreiras do Senhor que foram alvos da exortação paulina: “Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor” (Fp 4:2). É claro que até certo limite as diferenças pessoais, intelectuais, doutrinárias ou teológicas são aceitas, mas não devem minar a unidade, a humildade e a solicitude entre os irmãos em sua comunhão.

Na seção 5-11 (capítulo 2) temos o exemplo de Cristo na humilhação. Paulo deseja que os irmãos imitem a Cristo, pois, a essa é a regra. Concordo com o pensamento que devemos ter alguns dos nossos abnegados irmãos e irmãs, tementes a Deus, como uma referência para nossa vida, mas, isto deve ser exceção, não regra. Devemos ter em mente, também, que a situação e o contexto bíblico que estavam inseridos os irmãos, que servem de modelo para a nossa fé cristã, é outro (Hb 11.4-40; I Co 11.1; Fp 3.17). Por causa do cânon bíblico a posição dos homens e mulheres de Deus, nas Escrituras Sagradas, é singular e ímpar. A Bíblia nos convida a olharmos para Cristo: “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hb 12:2). Acerca disso a Bíblia de Estudo de Genebra anota neste texto:

A nuvem de testemunhas do Antigo Testamento nos inspira, porém o nosso encorajamento principal se encontra na pessoa e obra de Cristo, que nos precedeu como o “Autor e Consumador da Fé” e é exemplo supremo de fé na carreira.

Noutras palavras: Os irmãos deveriam buscar a humildade e praticá-la, pois no texto em questão, Cristo nos deu exemplo de que (Ele) para salvar outros, renunciou a si mesmo. Está na mente do apóstolo ainda os versículos 2-4 – que retrata algumas das virtudes cristãs. Havendo unidade, humildade e solicitude não haveria partidarismo, orgulho, conflitos, discórdias, exaltação humana. Parece ser esse quadro negativo o que acontece hoje em dia na maioria das igrejas. Por falta de unidade, humildade e solicitude, os obreiros-líderes estão naufragando em suas vocações ministeriais. Assim como Cristo se humilhou ao deixar o céu, da mesma forma como abriu mão de alguns dos seus atributos (não da sua Divindade), da mesma maneira como nunca pensava só em si mesmo, os filipenses – e nós hoje – deveriam imitá-lo. Até aqui nada da teologia da prosperidade. É caso de perguntar: Paulo pregava um evangelho de facilidades, sucesso, vitórias? Ele sabia desse método de pregação? Se sim, por que não fez uso dele para “abençoar” os crentes filipenses? Reflita.


Na seção 19-30 (capítulo 2) lemos que Paulo promete enviar Timóteo a Filipos o mais breve possível para ter conhecimento da situação dos irmãos. Ele espera enviar Timóteo antes que o pior aconteça (possivelmente sua morte) – note a expressão “espero no Senhor Jesus” (v.19). Porém, não obstante essa intenção, diz Paulo que julgou necessário mandar aos filipenses o irmão Epafrodito (v.25). Este era um líder espiritual na igreja de Filipos; estava agora com o apóstolo, mas, havia sido enviado pela igreja de Filipos para levar algum donativo a Paulo (4.18); porém, ao cumprir essa missão ficou gravemente enfermo (2.27,30). Pergunto: Por que Paulo não decretou a cura ao irmão Epafrodito? Por que não ensinou aos irmãos filipenses a inaceitabilidade de nenhum tipo de enfermidade, pois estas denotam falta de fé e espiritualidade? É lógico que o motivo é porque Paulo sabia que esse procedimento não fazia parte do fiel evangelho de nosso Senhor.

Preciso dar um salto textual e ir direto ao versículo que está sendo analisado nessa lição bíblica – Filipenses 4.13. Todo o estudante, iniciante de teologia, sabe – se não, logo saberá – que para interpretarmos fielmente um texto bíblico temos de analisar o contexto em que está inserido determinado versículo. O contexto pode ser imediato ou geral. Olhando para o contexto apenas da carta, aos filipenses, não temos nenhuma evidencia ou indicação de que Paulo acredita num ensino semelhante ao evangelho da prosperidade. Por que então o versículo 13, do capítulo 4, poderia ensinar esse tipo de teologia?  

A partir do versículo 10 (capítulo 4) o apóstolo Paulo agradece o donativo enviado pela igreja e se alegra da generosidade deles: “Ora, muito me regozijei no Senhor por finalmente reviver a vossa lembrança de mim; pois já vos tínheis lembrado, mas não tínheis tido oportunidade”. Os irmãos filipenses, de fato, eram muito solícitos:

Como vocês sabem, filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhou comigo no que se refere a dar e receber, exceto vocês; pois, estando eu em Tessalônica, vocês me mandaram ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive necessidade. Filipenses 4:15,16

Alguns veem na expressão de Paulo, “não estou dizendo isso porque esteja necessitado” Fp 4:11, um motivo que respalda a pregação da prosperidade, pois, ele não tinha necessidade de nada. Mas, na verdade, o versículo quer dizer (e diz) que a verdadeira razão e alegria de Paulo não estão no fato de que suas necessidades materiais estão sendo satisfeitas. Ao contrário, apesar das circunstancias, ele está satisfeito. O contentamento dele está na experiência da sua conversão, e, as provações, por amor a Cristo, tinham proporcionado a ele grandes lições e maturidade espiritual. Por isso podia dizer:

Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Filipenses 4:12

Paulo está ciente das lutas, provações, dificuldades, mas, apesar disso está contente. Porém, a fonte desse contentamento não é sua condição financeira, a saúde do corpo, a vida mansa (nada disso estava acontecendo com ele), mas, é Cristo. Ele diz que sabia passar por necessidades (II Co 11.27), ou seja, fome, sede, jejuns, frio, nudez, sofrimentos físicos, tortura mental, perseguição; e sabia padecer necessidades, ou seja, em muitas ocasiões ele não tinha nem o necessário; faltava-lhe muitas coisas, mas, nenhuma dessas ausências lhe privou de contentamento. Possuía uma fé firme, inabalável e convicta.    A grande mazela da pregação da teologia da prosperidade é produzir crentes fracos, inconstantes, infiéis, reclamadores, sem convicção.

Então Paulo irrompe num grandioso louvor: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13). A graça de Cristo é suficiente a ele (II Co 12.10), pois, o Senhor está ao seu lado (II Tm 4.17). Cristo, para ele, é a fonte de ânimo e vigor: “Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2 Co 12:10).  

A expressão tudo posso, do versículo 13, não deve ser entendido como se fosse tenho tudo e também nada tem a ver com saúde física ou prosperidade financeira. O que deve ser entendido é que sob quaisquer circunstancias, tanto gerais como particulares, Paulo havia aprendido o “segredo” do contentamento. É isso que os crentes devem saber também hoje.

É claro que o crente pode confiar no cuidado e na provisão de Deus. O versículo 19 (cap. 4) diz: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus”. Paulo havia experimentado esse amoroso cuidado de Deus em seu ministério: “Mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças, para que por mim a mensagem fosse plenamente proclamada, e todos os gentios a ouvissem. E eu fui libertado da boca do leão” (2 Tm 4:17). O que está declarado nesse texto é a provisão Divina e que ela não é automática ou autônoma, mas, em Cristo. Das muitas maneiras que Deus demonstrava cuidado pessoal com o apóstolo Paulo, uma, foi comover os irmãos filipenses a  abençoarem sua vida enviando donativos a ele. Isso não significa que não seremos privados de alguma coisa nesta vida, mas, que Deus soberanamente está cuidando de nós.

A Ele a glória!

Em Cristo,


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