quinta-feira, 22 de outubro de 2015

RIQUEZA OU POBREZA?


Resultado de imagem para wealth or poverty

Assim como em muitos outros assuntos a Bíblia trata com muita transparência e naturalidade sobre a questão da pobreza ou riqueza e as implicações quanto a ser pobre ou rico. A Teologia da Prosperidade, com sua sede insaciável de conquistas terrenas, distorce os fatos sobre a vontade de Deus para a vida dos seus servos. Enquanto isso existe uma espécie de demonização do dinheiro ou da riqueza que leva os crentes a uma vida sem realizações pessoais, profissionais, econômicas e financeiras. É necessário equilíbrio.

A pobreza ou ser pobre não se traduz em vantagens espirituais sobre a riqueza ou sobre o rico. Não é nisso que consiste a essência da espiritualidade. Da parábola “sobre o rico e o mendigo”, em Lucas 16:19-31, inferimos que aquele não foi condenado ao Inferno por ser rico, nem este a vida eterna no Paraíso por ser pobre. Fosse assim, na vida eterna com Cristo só haveria pobres. As coisas boas para o rico consistia em prazeres materiais, já para Lázaro estava nas “coisas” de Deus. Lázaro cria em Deus para a salvação de sua alma. O versículo 29 nos dá uma ideia de que o rico não atentava para os mandamentos de Deus.

A Bíblia condena a confiança nas riquezas em detrimento da confiança em Deus (I Tm 6:9,17). Paulo disse que o AMOR ao dinheiro e não o dinheiro em si é a raiz de toda a espécie de males (I Tm 6:10). Jesus condenou os que fazem do dinheiro ou das riquezas o seu único deus. É verdade que há muitas advertências sobre o perigo de darmos prioridade às riquezas em detrimento de uma vida piedosa e temente a Deus. Mas a Bíblia não incentiva a sermos pobres ou afirma que somente nessa condição é possível alguém ser espiritualmente sadio. Os seguidores de Jesus eram tanto ricos como pobres.

Viver uma vida de dificuldades financeiras por pensar que o dinheiro enfraquecerá a fé em Cristo não condiz com nossa condição natural e essencial de pecadores. Não somos pecadores por causa das conquistas terrenas, mas por sermos interiormente inclinados ao pecado. Deus não condena a intenção e o ato de querermos ser bem sucedidos na vida, se houver pureza e sinceridade da nossa parte. Devemos glorificar ao Senhor com todo o nosso ser e em tudo que fizermos (I Co 10:31).
Não devemos ser hipócritas ao repudiarmos a Teologia da Prosperidade enquanto se cobra altos cachês para pregar ou cantar em eventos evangélicos ou quando somos veladamente a favor das riquezas ou das conquistas terrenas. Estude, trabalhe, busque o aperfeiçoamento em todas as áreas de sai vida. Que o Senhor nos ajude a encontrarmos moderação nesta questão.  


Compartilhar:

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

LIÇÕES DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

                                           

A independência do Brasil colônia, da metrópole Portugal, não aconteceu sem extremas dificuldades e com um alto grau de improbabilidade. O caminho percorrido para assegurar a liberdade foi longo e penoso, repleto de incertezas, dúvidas, com derramamento de sangue e muito sofrimento. 

O escritor Laurentino Gomes (autor da trilogia 1808, 1822 e 1888) informa que quem observasse o Brasil em 1822 “teria razões de sobra para duvidar de sua viabilidade como nação independente e soberana. De cada três brasileiros, dois eram escravos, negros forros, mulatos, índios ou mestiços. Era uma população pobre e carente de tudo, que vivia à margem de qualquer oportunidade em uma economia agrária e rudimentar, dominada pelo latifúndio e pelo tráfico negreiro. O medo de uma rebelião dos cativos tirava o sono da minoria branca. O analfabetismo era geral. De cada dez pessoas, só uma sabia ler e escrever. Os ricos eram poucos e, com raras exceções, ignorantes. O isolamento e as rivalidades entre as diversas províncias prenunciavam uma guerra civil, que poderia resultar na fragmentação territorial”. 

Os ventos dos ideais da Revolução Francesa (1789) sobre Liberdade, Igualdade e Fraternidade e a Independência dos Estados Unidos (1776) sopraram com algum atraso no Brasil, mas fervilhou o desejo dos brasileiros pelos mesmos ideais. Outros fatores também contribuíram para a implantação dos ideais franceses e norte-americanos, como por exemplo, sua influencia nas áreas da medicina, artes, ciência e tecnologia. Com a invenção das máquinas de produzir papel e impressoras movidas a vapor os brasileiros tiveram acesso aos livros da época que serviam como veículos de ideias inovadoras. 

Pois bem, todas essas circunstancias históricas somada à intrusão das cortes portuguesas e na situação social do Brasil foram entendidas como o momento adequado do Brasil sacudir o jugo português. D. Pedro I era o homem certo no momento certo para proclamar a Independência do Brasil. Isso aconteceu próximo às margens do Ipiranga em São Paulo no dia 07 de Setembro de 1822. 

Algumas constatações podem ser feitas deste incrível momento histórico da nossa nação. Elas também servem de lições para que tenhamos um Brasil melhor. 

1 – D. Pedro e seus colaboradores eram muitos jovens na época de tão importante realização histórica para os brasileiros. Isso deveria embutir nos jovens atuais a chama de se envolverem nas questões históricas, políticas e sociais da nossa nação. Não devemos delegar as decisões políticas da nossa nação de forma arbitrária e irresponsável apenas aos nossos representantes. É necessário que os jovens participem dessas decisões com suas opiniões. 

2 – Nem toda a inviabilidade em nossa história (seja qual for) é garantia de insucesso nas realizações. Como foi dito acima o Brasil colônia possuía muitas barreiras para que sua Independência se concretizasse. Mas movido pela resiliência e persistência de uma pessoa alcançamos a tão sonhada independência. Na vida é assim também. Havemos de enfrentar situações nas quais a improbabilidade do sucesso e das realizações dos nossos sonhos são dados como certos. Diante de tais situações devemos focar na concretização dos mesmos, custe o que custar. 

3 – O ser humano busca a liberdade a qualquer preço. Porém, quando consegue conquistá-la percebe que ainda permanece acorrentado. No Brasil de 1822 entre outras discussões estava o debate sobre qual seria a forma de organização e governo. As opiniões se dividiam entre os republicanos, monarquistas constitucionais e os que queriam a permanência do Brasil como colônia de Portugal. Buscar a liberdade para quê? Essa é a grande pergunta. Ela não se encerra com a conquista da liberdade. Hoje o ser humano ainda está na busca de uma liberdade autônoma onde ele não deva prestar contas da sua individualidade a ninguém. Devemos buscar a liberdade sim, mas isso não nos exime dos deveres e responsabilidades que temos. 

4 – Precisamos avançar com honestidade e boas intenções. Quando se olha o Brasil de 1822 notamos algumas dificuldades que enfrentamos ainda hoje. Inflação, corrupção, impostos e cargas tributárias excessivas, problemas sociais e econômicos. Por que ainda enfrentamos as mesmas dificuldades quase 200 anos depois?

5 – A situação espiritual do Brasil não melhorou muito. Percebemos no Brasil colonial uma espiritualidade incapaz de promover algum tipo de mudança social. No Brasil atual fala-se muito em avivamento espiritual e outros afirmam que o Brasil já teve grandes avivamentos espirituais. Mas um avivamento espiritual, evangélico e genuíno que não muda as mazelas da sociedade deixa muito a desejar. 

Devemos participar das decisões do nosso país. Mas há circunstancias em que orar parece ser a única alternativa. É fato que muita coisa melhorou, mas ainda há muito que melhorar. O caminho é longo. Como cristãos não devemos ser totalmente partidários e deixarmos de orar por aqueles que governam o Brasil. Oremos para que os mesmos tenham mais sensibilidade às causas sociais e não sejam arrastados pela ganância corruptora. Oremos pela situação econômica e pela espiritualidade da nossa nação. Mesmo com todos os males ela ainda permanece como a nossa pátria amada Brasil. 

Compartilhar:

terça-feira, 1 de setembro de 2015

OS PECADOS SÃO TODOS IGUAIS?


                                               

Pode soar estranho aos ouvidos, mas é preciso entender que os pecados não são todos iguais. Todo pecado é pecado, mas alguns atos são mais pecaminosos que outros. Pense num jovem solteiro viciado em todo o tipo de pornografia; agora imagine um homem casado e com filhos também viciado em pornografia. Outro quadro: pense em alguém entre sua família que é dado a pequenos furtos domésticos; agora pense em certos políticos que furtam os cofres públicos onerando as despesas públicas e prejudicando a agenda governamental. São todos pecados, mas visto que as consequências são diferentes subentende que os valores dos atos também sejam.

Há muitos outros exemplos onde observamos que as atitudes dos que cometem pecados possuem o mesmo valor, porém os detalhes da prática, suas consequências, a extensão, abrangência, intensidade e a essência, são diferentes. Alguns levam em conta que a quantidade de pecado é igual à qualidade. Nesse caso, mentir cinco vezes teria consequências iguais ao assassinato de uma pessoa? A valoração do ato é a mesma? O tipo e a qualidade de pecados não são diferentes da quantidade de pecados? O que podemos depreender disso é que os pecados estão todos inter-relacionados, contudo não são todos iguais nem possuem o mesmo peso de julgamento. Há maiores pecados e menores pecados.

Note que a base desse entendimento é bíblica. Segue três exemplos apenas:

1- O próprio Jesus referiu-se a certos pecados como sendo maiores. Diante da insistência de Pilatos e sua reivindicação de autoridade Jesus lhe respondeu: “Não terias qualquer poder sobre mim, se não te fosse dado de cima. Por isso, aquele que me entregou a ti é culpado de um pecado ainda maior” (João 19:11).

2- Pode-se depreender que na própria Lei mosaica havia o entendimento de que há preceitos mais importantes que outros. Certa ocasião Jesus afirmou: “Ai de vós, doutores da Lei e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas tendes descuidado dos preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Deveis, sim, praticar estes preceitos, sem omitir aqueles!” (Mateus 23:23).

3 - No Antigo Testamento as punições deveriam possuir equivalência ao delito. Esse fato manifesta que há tipos e qualidades diferentes de transgressões: “Todo o povo saberá do ocorrido e ficará apavorado, e nunca mais se cometerá um crime desses no meio de ti. Portanto, não considerarás com piedade esses casos: alma por alma, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé!” (Deuteronômio 19:20,21). Se uma pessoa cometesse um assassinato intencionalmente deveria sofrer a pena capital (Gênesis 9:6), mas em casos onde não houve a intenção o tratamento era diferente (Números 35:6).


Essas e outras ocorrências bíblicas consequentemente podem também nos auxiliar no entendimento e na aplicação de normas conflitantes. Em circunstancias polêmicas fazer o melhor ou um bem maior numa situação inevitável pode não ser necessariamente errado ou pecado. Esse ponto de vista pode livrar alguém de viver a vida inteira se sentindo culpado de algo que praticou ou deixou de praticar em certos momentos. Um exemplo disso é o caso do aborto por razões terapêuticas ou um aborto natural. Há outros inúmeros exemplos de ocorrência em nossa trajetória de vida. Porém, cada caso de conflitos de normas e pecados é um caso e devem ser tratados com cautela e prudência. Na dúvida busque orientação pastoral e ajuda divina. 

Compartilhar:

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A MENTIRA DE RAABE


                                                  

Raabe, que era uma estrangeira (gentia) e prostituta alcançou graça e misericórdia da parte de Deus. A misericórdia de Deus foi estendida a ela. Tiago (2:25) reconhece seu feito (o de esconder os espias israelitas) como uma boa obra e afirma que Deus a justificou: “Do mesmo modo, também não foi Raabe, a meretriz, justificada pelas obras, quando recebeu os espias e os fez partir por outro caminho?”. Ao observarmos a genealogia do Messias aprendemos que nos pensamentos de Deus o inesperado acontece, pois Raabe é listada como ancestral de Jesus (Mateus 1:5). O autor de Hebreus (11:31) coloca Raabe na galeria dos heróis da fé junto com outras pessoas ilustres.

Mas, mesmo assim os relatos de Josué 2 nos informa que ela mentiu aos emissários cananitas quando foi indagada, pelo rei de Jericó, a respeito da identidade e do paradeiro dos dois espias israelitas. Ela escondeu os homens num compartimento de sua casa e informou que eles não estavam ali. Ela enganou os emissários do rei de Jericó e desta forma livrou os dois espias de serem mortos. Com este ato ela e sua família alcançaram o favor de Deus e não foram mortos na destruição de Jericó por parte dos israelitas (Josué 6).

A grande pergunta que não se cala é: Como Deus a justificou e teve misericórdia dela não obstante sua mentira? Podemos oferecer três respostas: 1ª) não podemos saber exatamente quais os motivos, mas é certo que Deus é soberano e faz o que lhe apraz; 2ª) Deus a considerou culpada da mentira, mas decidiu perdoá-la mesmo assim; 3ª) Deus não a considerou nem errada nem culpada, pois ela praticou uma norma superior (preservou a vida dos espias).

A primeira resposta não nos oferece oportunidade para argumentar. Passemos então à segunda.

O núcleo principal das circunstâncias é que Raabe enfrentava um dilema moral: mentir e salvar a vida dos espias ou dizer a verdade e entrega-los para serem mortos. A segunda resposta afirma que num dado conflito de normas fazer o menor dos dois males (mentir ou sujeita-los a morte) é desculpável e perdoável por Deus. O menor dos dois males no caso era mentir (obviamente essa decisão pressupõe que existem níveis e gravidades de pecado). Deus a perdoou porque não foi ela quem buscou ou criou essa circunstância difícil, mas foi colocada ali por razões externas que fogem do seu controle.  Ainda que muitos estranhem isso poderíamos dizer até mesmo que foi, em certo sentido, o próprio Deus quem a colocou na circunstância. Portanto, ela errou em mentir, mas fez o menor de dois males, buscou a misericórdia e por isso Deus a perdoou. As consequências da queda (mentira e morte) é uma realidade no mundo e ela não se sente pessoalmente responsável por isso.

A terceira resposta afirma que existem normas e princípios superiores e inferiores e que num dado dilema moral a pessoa não é culpada de quebrar uma norma inferior (a mentira) quando se tem em vista uma norma superior (salvar vidas). O que é evidente nesse caso é o fato de Raabe “salvar” não apenas os dois espias, mas a nação de Israel. Ela não somente evitou o mal maior, mas praticou o melhor do bem. A norma superior à mentira é “não matarás”. Portanto, é como se Deus suspendesse seu efeito punitivo isentando Raabe de incorrer em culpa diante Dele. Na resposta em questão Raabe não mentiu, portanto não é moralmente culpada de mentir.

As duas posições são parecidas e num eventual dilema moral o cristão provavelmente fará uso de uma ou outra. Penso que a segunda posição é bem convincente. Acredito que é errado mentir, mas também que Raabe não deveria entregar os espias à morte. Quanto à culpa do pecado dela o Senhor por sua soberania a perdoou. Até porque os detalhes do relato de Josué 2 subentende o propósito eterno de Deus em entregar Jericó aos israelitas.

Lembre-se, é apenas minha opinião acerca desse dilema moral. E você? Qual sua opinião? Reflita sobre isso.      

Compartilhar:

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O RETORNO DO MISSIONÁRIO À BASE


O quê fazer com o missionário quanto ao seu retorno do campo? Como a Junta Missionaria ou outra entidade deve proceder?

Essa postagem é ao mesmo tempo uma orientação técnica missiológica e uma pertinente preocupação. Um dos assuntos tratado no estudo missiológico é: o quê fazer com o missionário que retorna a sua base. Claro que este fato supõe alguns antecedentes. Ou seja, que o missionário enviado possui vocação, que deixou seus parentes para ir fazer missões em terras “estranhas” à sua, que há uma junta missionária ou uma igreja o enviando (a base), que sua família (esposa e filhos) o apoia e irá também com ele ao campo, que será sustentado pela entidade enviadora, etc. A questão é como proceder quando por forças das circunstancias ele seja obrigado a retornar a seu país de origem. Como a entidade que o enviou deve agir com ele?

Esse é um assunto que suscita polêmicas, visto que nem todas as entidades estão dispostas a dar uma solução viável ao missionário que retorna. É claro que isso pode variar de denominação pra denominação dependendo do tipo de governo estabelecido pela igreja (enquanto instituição) ou da estrutura hierárquica da denominação. Por exemplo: 1ª) há denominações que possuem uma Junta Missionária autônoma e paralela à igreja com poderes supra; 2ª) outras são administradas ou gerenciadas diretamente pela autoridade máxima da denominação.

Quando o segundo caso é o vigente o risco do missionário ficar desamparado após seu retorno à base está muito claro. Muitos missionários ao retornar a base temem por um futuro incerto. Ao falar de desamparo me refiro ao abandono físico e psíquico. Fisicamente ele necessita de meios financeiros para sobreviver (moradia, alimentação, roupas), pois não possui (ou possuía) outra renda. No sentido psíquico, havendo o abandono pela vida do missionário ele sofrerá terríveis transtornos psicológicos. Tudo isso deveria promover nas entidades responsáveis pelo envio do missionário ao campo evangelístico grande senso de responsabilidade. Em alguns casos enviar missionários ao campo, talvez, seja mais fácil do que recebê-lo de volta.

O quê fazer com o missionário que retorna para a base deve ser considerado na mesma intensidade quando no início do seu envio. Sua vocação, família, parentes, seu emprego formal (que ele provavelmente deixou), seu esforço na tarefa de pregar o evangelho, tudo isso e mais, deve ser levado em conta. A Junta Missionária ou qualquer outra entidade responsável pelo envio deve alocar o missionário de forma digna e nobre. Talvez o nomeando para coordenar a entidade missionária da denominação ou pastoreando alguma igreja – as duas nomeações em tempo integral. O que não se deve fazer é abandoná-lo.  


Receber o missionário que retorna a base, com atitudes de nobreza, subentende um ato de boa vontade feito com um senso do dever de ampará-lo fisicamente, psicologicamente e espiritualmente, em um momento tão importante. Abandoná-lo subentende que ele foi “usado” apenas como um meio a outros fins. O missionário não deve ter finalidade subjetiva cujo objetivo de enviá-lo ao campo deu-se apenas como o efeito de ações arbitrárias. Ele não pode ser usado como um meio para alcançar um fim. Isso seria tratá-lo como uma coisa. Seres não racionais são tratados como coisas, mas o missionário não é uma coisa; é uma pessoa. Agir de forma contrária é falta de amor. 

Compartilhar:

sábado, 8 de agosto de 2015

NEM TODO MAL É PROVENIENTE DO DIABO

                                                 

Tudo na vida deve ser pautado pelo equilíbrio. Parece tão fácil dizer isso, mas na prática quase sempre nos inclinamos a pender para um lado ou outro de forma impensada e até mesmo irresponsável. Na fé cristã também devemos manter o mesmo entendimento. Nos últimos tempos percebemos a tendência dos crentes de desprezarem todo o conselho das escrituras sagradas nos diversos temas do cristianismo passando a fundamentar a fé evangélica somente nas experiências espirituais.

Isso não é tratado de forma diferente no entendimento sobre certo tipo de batalha espiritual que enfrentamos. As experiências pessoais têm pautado e fundamentado o tema. Não devemos agir assim, mas analisar o que a Bíblia ensina sobre esse assunto.

Encontramos respaldo bíblico para esse assunto em Efésios 6:10-18. Há sim, principados e potestades malignas que lutam contra o povo de Deus. O apóstolo Paulo informa os efésios que os crentes em geral estão numa luta renhida contra esses principados e potestades (Ef 6:12).  Não é diferente também no mundo espiritual. A Bíblia descreve a luta cósmica entre o arcanjo Miguel contra Satanás e suas hostes malignas em Apocalipse 12:7-12. Segundo alguns estudiosos esse fato aconteceu por ocasião da morte e ressurreição de Cristo.

Alguns crentes que caíram em pecado afirmam que pecaram somente devido à atuação maligna em sua vida. Entretanto, Satanás não coage os crentes a pecarem à força, mas usa a sedução como arma. Tanto que ser tentado não se configura em pecado. Todos nós somos tentados pelo Diabo. Ele possui ciladas e estratégias. A orientação paulina é que não devemos dar lugar, ou ceder às tentativas do nosso adversário. O apóstolo Pedro disse que ele “anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (I Pe 5:8).

Ao lermos as escrituras sagradas devemos ter o cuidado para não fazermos de casos isolados um padrão para a toda a experiência espiritual. Quero dizer com isso que para muitos crentes todo o mal que acontece é proveniente das forças espirituais do mal. Tudo o que acontece de mal é “culpa” do Diabo. Por exemplo: é verdade que certas enfermidades podem ter como fonte a atuação maligna. O evangelista Lucas informa que Jesus curou uma mulher que “estava possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se” (Lc 13:11). Indagado pelo chefe que era dia de sábado a efetuação da cura, Jesus respondeu: “Por que motivo não se devia livrar deste cativeiro, em dia de sábado, esta filha de Abraão, a quem Satanás trazia presa há dezoito anos?” (Lc 13:16). Podemos depreender desse fato que todas as enfermidades são resultados de ação diabólica? Não, não podemos.

Outro caso é a confusão em associar obras da carne com influencias espirituais malignas na vida do crente. Os proponentes da batalha espiritual ensinam que adultério, imoralidade, prostituição, roubos, e todos os tipos de pecados são efeitos de espíritos malignos alojados na vida de pessoas. Mas o ensino bíblico é que esses pecados são obras da carne e não atuações diretas de demônios. O apóstolo Paulo afirma que “as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas” (Gl 5:19-21). Dizem mais, se determinado crente possui certas fraquezas em algumas áreas de sua vida ele precisa expulsar esses espíritos por meio de “declaração ou ordem profética”. Por isso é muito comum em certos cultos ouvir pregadores expulsando o “espírito da mentira, do adultério, da frieza, etc”. Na verdade deveriam advertir os pecadores ao arrependimento de seus pecados. As pessoas precisam de regeneração que resultará simultaneamente em libertação e não o oposto. Nesse sentido sou contrário aos “cultos de libertação” que acontecem em algumas igrejas evangélicas.

Há até mesmo orações ordenando que demônios deixem de agir em certas ruas, bairros, cidades, etc – esses demônios são denominados de “espíritos territoriais”. Que certos demônios atuem diretamente em ruas, bairros, cidades ou nas instituições como a política, educação, cultura ou governo induzido pessoas a corrupção, crime, violência, drogas, sexo, é apenas um entendimento isolado de certas passagens bíblicas.  Satanás não age em coisas, mas sim em pessoas.  O apóstolo Paulo informa os crentes efésios que outrora todos nós andávamos “segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2:3). O padrão de pecar é que pecamos por conta da nossa própria natureza adâmica, inclinada ao pecado. O Diabo apenas nos tenta. É verdade que em certo sentido ele controla este mundo (I Jo 5:19), mas é limitado pela soberania e poder de Deus (Jó 2:6) e não detém o poder da morte eterna: “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo” (Hb 2:14).    

O ser humano não pode fugir da sua responsabilidade ao atribuir todo o acontecimento ruim em sua vida ou no mundo a atuação direta do Diabo e seus anjos. Existem acontecimentos ruins em nossa vida que são frutos do nosso próprio pecado, condutas e escolhas (mal moral). Outros “podem” ter a ação direta do Diabo em “algumas” ocasiões (males circunstanciais). A regra é não ultrapassar o limite imposto pelas escrituras sagradas (I Co 4:6). O que preciso que você entenda é que tudo o que podemos saber sobre principados e potestades do mal e da atuação do Diabo no mundo deve ser proveniente da Bíblia e não de experiências pessoais.


Compartilhar:

terça-feira, 7 de julho de 2015

CUIDADO COM A IDEOLOGIA DE GÊNERO!!


Identidade ou perspectiva de gênero – como preferem denominar seus defensores – é a polêmica mais recente da sociedade moderna. Entretanto não é exagero denomina-la de ideologia de gênero. Essa classificação é pertinente, pois se trata de uma IMPOSIÇÃO de certas ideias, noções e valores com o objetivo de autenticar determinado grupo social. Trata-se de um doutrinamento social imposto à força por intelectuais e simpatizantes do movimento, contando com o Estado como seu grande aliado. Este não somente consente como também por meios de leis intromete-se em questões que não lhe diz respeito, e assim insiste no pensamento de que são os proprietários dos nossos filhos.

A ideologia de gênero tem como objetivo desconstruir a ideia de homem e mulher como seres sexuados afirmando que os mesmos são produtos da cultura, formação e educação da pessoa, rechaçando a possibilidade de reduzi-los a um fato biológico. Desta forma as características biológicas não definem a natureza sexual da pessoa humana. O ser humano é como se fosse uma folha em branco. A história sexual da sua vida deverá ser escrita por ele próprio através de suas escolhas e preferencias. Para tais ideólogos o ser humano ao adentrar neste mundo não é nem homem nem mulher, nem macho nem fêmea, mas apenas produto do meio em que vive. Suas preferencias e escolhas sexuais (ser um homossexual, hétero, bissexual, homem ou mulher) são livres.

A grande questão é: há base científica que comprove tal pensamento? Não, não há! A ciência não respalda essa ideia. Para que uma teoria seja cientificamente comprovada e passe a vigorar como lei universal é necessária que seja testada, analisada e verificada a exaustão. Isso não aconteceu com a teoria da identidade de gênero. É apenas uma teoria utilizada de forma arbitrária pelos defensores dessa ideologia (sociólogos, antropólogos, psicólogos e psicanalistas). Por sua vez, ao tentar incluir “violentamente” a identidade de gênero nas escolas municipais o Estado desrespeita o direito democrático de cada cidadão, pois esse doutrinamento não expressa o sentimento comum da sociedade brasileira, mas serve apenas aos interesses de um grupo particular.

De forma contrária aos ideólogos, a ciência respalda o entendimento bíblico de que homens e mulheres possuem em suas células a impressão da feminilidade e masculinidade. Mudanças ou fatores educacionais, históricos e culturais, não irão mudar aquilo que somos. Afirmar que os padrões de feminilidade e masculinidade são aspectos culturais modelados culturalmente de acordo com cada época histórica e não atributos naturais da biologia deveria ser apenas uma opção, uma teoria. Mas seus ideólogos quer que engulamos essa teoria como uma lei científica.

Segundo o pensamento cristão e bíblico no principio Deus criou homem e mulher, macho e fêmea: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Genesis 1:27). A palavra hebraica para macho é zakar e para fêmea é nêqebah. Não há no entendimento bíblico a noção de neutralidade sexual. O fato é que somos seres biologicamente sexuados e essa sexualidade não é meramente produto da cultura ou desenvolvimento social histórico. Quanto aos propósitos da distinção de gênero homem e mulher não competem hierarquicamente entre si, mas se complementam. Segundo o teólogo Wayne Grudem “a criação do ser humano como homem e mulher mostram a imagem de Deus 1) nas relações interpessoais harmoniosas, 2) na igualdade em matéria de pessoalidade e de importância, e 3) na diferença de papel e autoridade. Por repudiar a hierarquização dos gêneros, as feministas continuaram o enlarguecimento do caminho para as formulações teóricas modernas a respeito das identidades feminina e masculina.

Diante do quadro apresentado os cristãos não devem se omitir a respeito deste assunto tão polêmico, e dizer NÃO ao Estado totalitário e aos intelectuais defensores da ideologia de gênero. São os pais que devem educar os filhos e não devem delegar essa função à Escola ou ao Estado. Vivemos numa democracia, temos o direito de protestar e não é possível que tenhamos de nos submeter a teorias infundadas de grupos que querem no mínimo a desconstrução do conceito tradicional de família e no máximo a “morte do cristianismo”.

Ah sim! Ser contra a ideologia de gênero não significa necessariamente que desrespeitamos ou discriminamos pessoas. Trata-se de um direito pessoal e constitucional que temos de expressar nossa opinião sobre o assunto. Também não significa a proibição de quem deseja viver assim. Cada um faz da sua vida o que quiser, mas não devem impor às pessoas que se opõem a aceitação de tal teoria.

Abraço a todos.      

Compartilhar:

sexta-feira, 3 de julho de 2015

OS EVANGÉLICOS SÃO INTOLERANTES E PRECONCEITUOSOS?


Não deveria ser necessário afirmar aqui que o povo evangélico faz parte de um grupo religioso NÃO perfeito. Nesse sentido é possível que alguns dentro do círculo evangélico sejam intolerantes sim. Contudo, no sentido da análise nessa postagem depende do que se entende por intolerância e preconceito.

Intolerância, preconceito, discriminação, são palavras usadas exaustivamente por indivíduos que realmente são, se dizem, ou se fazem vítimas da exclusão social. Não nego que de fato aconteça esse comportamento por parte de pessoas, nem nego também que haja os excluídos socialmente, mas afirmo aqui que em muitos casos o julgamento feito por aqueles indivíduos é sutilmente uma forma de doutrinamento moral e uma imposição intelectualmente coercitiva.

Observamos que essas mesmas palavras hoje em dia não são mais corretamente conceituadas, e como se tomassem a forma de seres humanos, se transformaram em monstros devoradores da felicidade de mulheres, pobres, homossexuais, negros, desempregados, religiosos, crianças, idosos, pessoas sem os atributos da beleza física, etc. Novamente devo dizer que não nego o infeliz tratamento que esses grupos enfrentam ao serem relegados por parte de qualquer outro grupo ou mesmo de seu próprio grupo. Minha grande questão é identificar a verdade por trás dos comentários e opiniões dos que são ou se dizem vítimas de intolerância, preconceito e discriminação. São sempre sinceros e honestos, desinteressados em impor seu ponto de vista aos outros? Ou será que planejam coagir intelectualmente os que são considerados seus opositores ou inimigos?

Refiro-me ao fato de que intolerância, discriminação e preconceito, não são apenas questão de semântica a certos indivíduos, mas são como deuses entronizados no altar do existencialismo humano. Não se pode mais ter opiniões contrárias à homossexualidade, aborto, feminismo, grupos religiosos, redução da maioridade penal, a partidos políticos, etc, pois no caso é ser preconceituoso e intolerante. Esses indivíduos impõem suas ideias e opiniões como vereditos e quer que as aceitemos como verdades universais. Ou seja, na “gentil” intenção de combaterem a intolerância, preconceito e discriminação, eles se tornam assim também.

Faz-se necessário conceituar corretamente o que é ser intolerante ou preconceituoso, pois os indivíduos excluídos socialmente deram novo sentido e conceito aos termos tornando-os naquilo que não são. O teólogo canadense Donald Carson reproduz do Dicionário de Webster os seguintes significados de TOLERAR: “1. Consentir; permitir; não interferir. 2. reconhecer e respeitar (crenças, práticas dos outros, etc.) sem necessariamente concordar ou simpatizar. 3. Suportar; aturar; como em ele tolera seu cunhado’. 4. na medicina, ter tolerância a (um medicamento específico, etc.)”. Note bem: isso significa que devemos aceitar a existência de perspectivas diferentes. Se alguém se diz tolerante deve aceitar a existência de opiniões contrárias à homossexualidade, feminismo, aborto, politica, religiões e muitos outros assuntos polêmicos. Porém os que se dizem intolerantes na verdade são intolerantes. Basta ver como se comportam em audiências públicas no Congresso Nacional ou nas Câmaras Municipais quando suas ideias são contrariadas por projetos políticos: tumultuam reuniões, achincalham, ofendem e agridem seus opositores. Obviamente isso não é ser tolerante.

Segundo a sociologia o preconceito é conceituado como uma postura de hostilidade desferida contra um indivíduo, pelo simples fato de ele pertencer a um grupo pouco ou nada valorizado socialmente. Mas essa definição também merece análise. Em primeiro lugar, possuir pressupostos, princípios e conceitos antecipados a respeito de assuntos, temas ou grupos estereotipados não se configura necessariamente como intolerância, discriminação ou preconceito – a não ser que de fato sejam. Em segundo lugar, o sentido de hostilizar vai muito além de opiniões contrárias. Refere-se a provocações públicas e não é o mesmo que protestar. É digno de nota que os mesmos indivíduos que sem dizem excluídos socialmente hostilizam todos os que não estão dispostos a consentirem com seus discursos ou comportamento. É só lembrarmos aqui que na parada LGBT de São Paulo os mesmos que lutam contra a “discriminação” homossexual e sexual tiveram subjetivamente ou veladamente a intenção de provocar os cristãos ao se caracterizarem como Cristo crucificado.  

Compartilhar:

terça-feira, 30 de junho de 2015

CONCEITOS PÓS-MODERNO DESAFIAM A ÉTICA CRISTÃ


Apesar de não ficar surpreso com a aprovação do casamento gay, pela Suprema Corte dos EUA na semana passada, o ocorrido me fez pensar sobre o momento histórico que vivemos no ocidente. Há décadas a cosmovisão ocidental se inclina a um tipo de “progresso” onde conceitos sobre família, união conjugal, respeito à vida, estética, relacionamentos, religiosidade, política, etc, são analisadas de forma fragmentada e individualista. São muitas as ideologias dominantes em nossos dias que caracterizam o período histórico conhecido como pós-modernismo: marxismo, feminismo, relativismo, pragmatismo, pluralismo, multiculturalismo, etc. Essas ideologias, segundo o teólogo Alister McGrath, afirmam que as propostas normativas de verdade devem ser censuradas e taxadas de imperialistas e divisivas. São conceitos que priorizam a vivencia humana sob a busca incessante de preencher o enorme vácuo do vazio existencial. O momento pós-moderno não é apenas histórico, mas também conceitual e cultural.  

Penso que não vai demorar muito para que o casamento gay seja legalmente instituído no Brasil, infelizmente, pois como afirmou o pastor Leandro Antonio de Lima, “quando a maioria da população em uma democracia é favorável a uma prática, a tendência é que essa prática venha a ser institucionalizada”. Conforme o jornalista Sérgio Gwercman escreveu na Revista Superinteressante (julho de 2002) “Desde 1996, o Congresso tem entre seus projetos uma proposta que autoriza a parceria civil entre homossexuais no Brasil. Por parceria civil, entenda algo muito próximo de casamento”. Os valores tradicionais da Era Moderna e a moral judaico-cristã vêm paulatinamente sendo destronado na sociedade. Nosso momento histórico é crítico – não apenas à igreja evangélica, mas a própria sociedade. Essa análise sobre os efeitos perniciosos deste novo tempo é confirmada até mesmo por psicólogos e terapeutas não cristãos.

Preciso dizer que não há somente coisas ruins nesta Era Pós-Moderna. O pastor Esdras Bentho afirma que “atualmente, a Pós-modernidade é entendida em duas perspectivas: como anti-modernidade e como sobre-modernidade. A pós-modernidade como anti-modernidade é um movimento de descontinuidade – uma ruptura completa com todos os postulados da Era Moderna; considerando os pressupostos e teses desta como mitos e profetizando sua descentralização e ruína. A pós-modernidade como sobre-modernidade, entretanto, considera os aspectos positivos da modernidade, suas conquistas e projetos. Contudo, procura corrigir seus excessos fazendo uma crítica aos mitos da modernidade, isto é do progresso, do avanço tecnológico e científico como necessários a uma existência mais feliz na terra”. Não podemos negar que o avanço no conhecimento humano trouxe muitos benefícios. Mas no que diz respeito à fé e mensagem cristã o tempo presente trouxe prejuízos enormes.

No meio da igreja evangélica atual percebemos nitidamente que conceitos antigos da fé cristã têm sido substituídos por outros que se ajustam bem aos tempos atuais. Fundamentos doutrinários já não são mais tão relevantes e podem ser ajustados para atender a demanda; distorções quanto ao correto sentido de espiritualidade tem produzido um misticismo alarmante quase como um gnosticismo evangélico; a preocupação da igreja em ser politicamente correta com a elite da sociedade tem produzido corrupção dos valores morais em seu próprio meio (o divórcio de pastores na “cara de pau” e o envolvimento de políticos evangélicos em casos de corrupção são exemplos); a necessidade de afirmação da igreja moderna diante da sociedade alterou seu comportamento no que diz respeito à pregação, liturgia, musicalidade. A pregação é triunfalista, a liturgia é antropocêntrica e a musica tem a finalidade de entreter. É claro que esse é um retrato geral, pois há ainda igrejas comprometidas com o autentico evangelho e que não se dobra diante dos conceitos pós-modernos.  
     
Diante de tais desafios muitos líderes evangélicos 1º) ficam desesperados, outros 2º) não sabem como agir e há outros que 3º) “parecem” ou fingem não saber nada do que está acontecendo no cenário ocidental com respeito aos novos conceitos e ideologias. Aos desesperados devemos afirmar que Deus não perdeu o controle do mundo – Ele é Soberano e Senhor da história. Aos que não sabem como agir é tempo de aprofundamento no conhecimento das estruturas conceituais e culturais pós-moderno em nossa sociedade e oferecer a ela uma ética centrada nos valores bíblicos. Aos que não se interessam pelo rumo decadente da moralidade ocidental minha sugestão é que deixem de vez o individualismo pragmático em seus ministérios e unam forças a propagação da ética cristã.


No amor de Cristo, 

Compartilhar:

domingo, 21 de junho de 2015

O PASTOR E O JORNALISTA


Nessa semana que passou os ânimos de duas pessoas importantes e públicas em nosso país explodiram em palavras chulas, rasteiras, ofensivas e até de baixo calão. Que pena! Um pastor e um jornalista que exteriormente são contra a intolerância se tornaram intolerantes um ao outro. Quero adiantar que em minha opinião ambos erraram objetivamente em seus atos. O jornalista por baixar o nível do “diálogo” e proferir palavrões numa rede nacional de rádio para milhões de pessoas. O pastor por também usar palavras ofensivas, tripudiar seu oponente, desafiá-lo e suscitar sua ira.

Conforme publicado pela imprensa em geral “o motivo da confusão foram os comentários de Boechat [o jornalista] sobre os recentes casos de intolerância religiosa no Rio de Janeiro”. Quase que imediatamente o referido pastor usou o Twitter para criticar a generalização e desafiar o jornalista para um debate.

Penso que a mídia em seu papel de informar não subjuga a tentação de aderir a um tipo de sensacionalismo e passa a emitir opiniões particulares, exclusivistas, preconceituosas e descabidas. Deveriam estender o debate democraticamente, convidar teólogos ou pastores para discutir em conjunto com outros grupos religiosos a questão da intolerância religiosa. Por vezes são unilaterais. É nesse sentido que se enquadra também o jornalista. Emitiu publicamente um parecer sem se importar em saber o que os pastores neopentecostais entendem e pensam sobre o assunto em questão. Logicamente a fúria religiosa e “piedosa” das pessoas que jogaram pedra no grupo religioso atingindo uma menina não representa a atitude nem atos dos evangélicos em geral. O jornalista em questão possui ideias e opiniões que não se coadunam com o senso geral de outras pessoas.  

No caso do pastor em questão ele não errou em fazer uso da liberdade humana para contrapor ao entendimento em que o assunto se direcionava naquele momento entre os jornalistas do programa de rádio. Todos têm esse mesmo direito e muitas vezes calamos diante de opiniões arbitrárias e contrárias ao procedimento que nós evangélicos temos de determinados assuntos. Ou seja, alguns grupos evangélicos são mudos diante de tantas polêmicas.    

Penso que os erros do referido pastor esteja em algumas de suas atitudes tais como: 1º) o volume com que se pronuncia; 2º) a maneira de escrachar seus adversários; 3º) emite suas opiniões como se fossem vereditos; 4º) a relatividade e volatilidade na escolha de seus adversários; 5º) a crença de que sua opinião particular é a mesma do rebanho evangélico no Brasil; 6º) a superexposição midiática; 7º) a despreocupação irresponsável em causar antipatia tanto com relação a sua pessoa quanto aos evangélicos em geral, e muitas outras coisas.

O referido pastor excede muito no volume de seus pronunciamentos. Em outras palavras “fala muito”. Essa necessidade de se pronunciar acaba por gerar certa antipatia. Deve se pronunciar sim, mas de maneira comedida. Dias atrás sugeriu uma campanha para boicotar uma rede de perfumes porque a empresa fez um comercial com inclinação homossexual. É sabido de todos que os evangélicos são contra a prática homossexual, mas há irmãos que não deixarão de comprar os perfumes desta empresa por causa do comercial. Por tanto falar acaba falando coisas fúteis.

Ao tratar com nossos opositores não devemos usar de linguagem mundana, tais como imbecil, idiota, pilantra, "mané", e por aí afora, ainda mais aos que ocupam uma posição tão abençoada como é o caso dos pastores. Não devemos também ser grosseiros e assim incitar à ira do opositor. Devemos “lutar” com as armas da verdade, mas em amor, e não causando uma “guerra” civil. Temos de ceder se estamos sendo ignorantes e ríspidos. Nossas opiniões pessoais não podem servir para atacar ou tentar desmoronar o moral das outras pessoas que não possuem a mesma opinião que a nossa. Elas são as nossas opiniões e não deveriam configurar como vereditos (a não ser que tenha correto fundamento bíblico e goze da simpatia de todos). Têm-se que ter prudência ao mencionarmos atos de pessoas numa pregação feita num púlpito de igreja, quanto mais usarmos redes sociais para comentar sobre elas.

Sabemos que os que não foram iluminados pelo poder do Espírito para o arrependimento e fé no evangelho de Cristo são cegos espiritualmente, carentes do novo nascimento. Portanto, pode ser frustrante um debate com gente obstinada e que não tem a mente de Cristo. Podemos pensar que não somos religiosamente intolerantes, mas talvez sejamos socialmente intolerantes. Se continuar assim é bem provável que a massa evangélica tome pra si as dores do referido pastor e promova uma “cruzada” evangélica contra os “inimigos do evangelho”. Seria o caos.

Nesse sentido, precisamos de um avivamento que promova em nós não orgulho pessoal, espiritual ou denominacional, mas um desejo profundo de dependermos mais de Deus, arrependimento de nossos pecados, buscarmos viver na prática o caráter cristão, utilizar mais os meios da graça – oração e leitura da Bíblia. Devemos ser zelosos com inteligência e não com esbravejamento e gritaria.


No amor de Cristo,

Compartilhar:
←  Anterior Proxima  → Inicio