sábado, 27 de agosto de 2011

PRESERVANDO A IDENTIDADE DA IGREJA

Por Gilson Barbosa

Esta postagem examina a identidade da Igreja de Cristo e pondera sobre a necessidade de preservá-la. “Identidade” significa simplesmente “o aspecto coletivo do conjunto de características pelas quais uma coisa é definitivamente reconhecível ou conhecido”.  O dicionário Michaelis informa que identidade significa “Conjunto dos caracteres próprios de uma pessoa, tais como nome, profissão, sexo, impressões digitais, defeitos físicos etc., o qual é considerado exclusivo dela e, conseqüentemente, considerado, quando ela precisa ser reconhecida”. A verdadeira igreja de Cristo obrigatoriamente deve possuir características que a identificará como única e exclusiva Igreja do Senhor Jesus.
No sentido que abordamos neste post, a identidade da “igreja” não está nos bancos, nem nos músicos, nem nos pregadores, nem no púlpito, nem no prédio, nem no sistema de som ou de tecnologia que determinada comunidade local possui. A igreja, no sentido local, com suas estruturas não é essencialmente igreja. Todo o lugar onde nos reunimos para prestar culto a Deus tornar-se sagrado e Ele recebe nossa adoração.  Lembra-se do que aconteceu quando Moisés estava no deserto, próximo ao Monte Sinai? O anjo do Senhor apareceu a ele e lhe disse que tirasse os sapatos dos seus pés, pois aquele lugar era, naquele momento, terra santa. Ali Deus falou com ele e lhe instruiu.  
I – Marcas de Identificação
Darei um exemplo de como entender a identidade de algo. Como você poderia encontrar um amigo perdido ou que há muito tempo não o vê? Primeiro, você reuniria todas as marcas de identificação dele e, em seguida, iniciaria a pesquisa. Só depois de encontrar a pessoa que combinasse com cada marca de identificação você comprovaria e admitiria como sendo o estava procurando. Por exemplo, se o seu amigo fosse um músico, ou tivesse determinada profissão, ou uma cicatriz no braço, estas marcas o identificam e certamente por elas você teria plena certeza de que a pessoa encontrada era quem você estava procurando.
Da mesma forma, existem muitas igrejas no mundo. Como alguém pode saber qual é a certa? A genuína? Como alguém pode saber qual é a igreja de Cristo? Você deve analisar todas as marcas de identificação. Em seguida, compare as várias igrejas com essas marcas de identificação. Somente depois de encontrar a igreja que corresponde a cada marca de identificação pode ter a certeza de ter encontrado a igreja certa. Mas quais são as marcas de identificação? Onde elas são encontradas? Elas pertencem a uma única denominação? Os detentores delas são as igrejas históricas, os pentecostais? Aquela igreja que recentemente foi fundada no seu bairro, e que você desconhece seus ensinamentos, não pode ser uma igreja verdadeira? A Bíblia é a resposta. Ela nos fornece todas as marcas verdadeiras de como identificar a igreja. Portanto, voltemos a ela para ver o que eles são.
A primeira marca que identifica uma igreja verdadeira é se Cristo, verdadeiramente, é o dono dela. Não basta ter o nome “Jesus” na placa de identificação da igreja ou registrado em cartório. O nome da igreja dos mórmons é Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Porém, o Jesus dos mórmons não pode ser o mesmo Jesus dos cristãos primitivos, e dos genuínos cristãos do século 21. Os mórmons, assim como muitos outros grupos sectários, dizem que a igreja primitiva fracassou, apostatou-se e que, portanto, houve a necessidade de levantar outro grupo (no caso, os mórmons) para reviver e ressuscitar o evangelho verdadeiro. No entanto não acredito em hipótese alguma que Cristo, sendo verdadeiro Deus, não tivesse poder eficaz e suficiente para guardar sua igreja da corrupção mundana. Foi Ele quem estabeleceu a igreja. “E eu também digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (M 16.18). Alguns expositores não aceitam a interpretação corrente e dizem que “as portas do inferno” nesse texto trata-se da sepultura comum e que “minha igreja” refere-se aos justos mortos que se encontravam no Hades, antes da morte e ressurreição de Jesus. Porém, há outros que  interpretam e aplicam esta passagem no sentido de que os poderes do mundo inferior, das trevas, os demônios não detêm nenhum tipo de poder que possa impedir o avanço da igreja.
Paulo diz em Colossenses 1.18 que Jesus é a cabeça do corpo da igreja. Ou seja, Jesus é o líder, o dono da Igreja. É o que comanda o que dirige. As direções e decisões emanam Dele. Uma Igreja verdadeira tem Cristo como o centro das atenções e não o ser humano. Chega a ser constrangedor alguns “hinos” que colocam o ser humano num lugar onde ele jamais deveria estar. Outros, lisonjeiam tanto o seu líder que num culto o nome deste é mais mencionado do que o nome de Jesus. Não é demais lembrar: Jesus é o Dono da Igreja. 
A segunda marca que identifica uma igreja verdadeira é se ela tem a Bíblia Sagrada como único manual de regra de fé e conduta. Fico espantado quando vejo o tipo de tratamento que muitos crentes, líderes, igrejas tem dado a Bíblia Sagrada nos últimos dias. Dizem que ela é tudo para eles, mas, não a leem, não a estudam, não a examinam, não a consideram, não a respeitam, não a seguem fielmente. Então como a Bíblia pode, para estes, ser um manual de regra de fé e conduta?
Há crentes modernos, em nossos dias, que cometem “pequenos pecados” sob uma justificativa pragmática e subjetiva e não consideram que a Bíblia condena até mesmo os “pequenos” pecados. Olham sites pornográficos, assistem programações televisivas perniciosas, fazem sexo antes do casamento, mentem, falam palavrões, xingam, e depois na maior “cara de pau” dizem que Deus é tão grande e imenso que não se preocupa com essas coisas. Aceitar as Escrituras como única regra de fé e conduta é uma das marcas que identificam tanto uma igreja verdadeira quanto um cristão verdadeiro. A Bíblia Viva traz assim o texto de II Timóteo 3.16: “A Bíblia inteira nos foi dada por inspiração de Deus e é útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer compreender o que está errado em nossas vidas; ela nos endireita e nos ajuda a fazer o que é correto”.
Não basta aceitar que a Bíblia é inerrante e infalível Palavra de Deus, pois isso é até possível, sem, contudo viver em conformidade com os ensinamentos dela. Jesus disse aos líderes religiosos, em João 5.39, que eles examinavam as Escrituras porque criam que elas proporcionavam a vida eterna, mas não admitiam que esta vida eterna era dada por Jesus, que falava com eles: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; E não quereis vir a mim para terdes vida”.   Alguém disse que a Bíblia não é apenas um livro de sermões, mas a Santa Palavra de Deus. Quantos pregadores tem a Bíblia apenas como um livro para exortar as pessoas, ou para impactar as pessoas com sua sabedoria aplicativa dela, mas há muito tempo não vive em conformidade com os seus ensinamentos. Outros há que passam por cima e atropelam seus ensinos ido além do que ela prescreve: “E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro” (I Co 4.6).
A terceira marca que identifica uma igreja verdadeira é se ela adora genuinamente a Deus. O Dicionário Michaelis explica que genuíno significa: adj (lat genuinu) 1 Puro, sem mistura nem alteração. 2 Natural. 3 Próprio, verdadeiro. 4 Sincero. Antôn (acepção 1): impuro, adulterado. Adorar a Deus é prestar culto a Ele. Na tradução da Bíblia Almeida Atualizada em Mateus 4.10 quando Jesus responde ao Diabo: “Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto”. Muitas pessoas tem confundido adoração com gritaria, barulho, línguas estranhas, louvorzão, palmas, gestos, cantarolas entre outras coisas do gênero. Jesus, no entanto, disse a mulher samaritana que a adoração não tem nada a ver com um local ou com algo exterior, mas ela é espiritual e verdadeira: “Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”  (Jo 4.23, 24).
Em certos lugares o entendimento de adoração é tão superficial e raso, pois entendem que só passaremos a adorar de verdade quando o grupo de louvor pede para a igreja: “Irmãos, chegou a hora de adorar a Deus, levantemos e cantemos”. Adorar a Deus é um estilo de vida e não um momento do culto. Essa marca de identificação tem sido falsificada por alguns.
Segundo o pastor Esequias Soares da Silva “os dois principais verbos gregos para “adorar”, para o Novo Testamento, são proskneo que significa “adorar, render homenagem” no sentido de prostrar-se e latreuo que significa “servir” a Deus. A luz da Bíblia, podemos definir adoração como serviço sagrado, culto ou reverência a Deus por suas obras. Os principais elementos de um culto são: oração, louvor, leitura bíblica, pregação ou testemunho, oferta e a manifestação dos dons do Espírito Santo”.[1] A adoração tem a ver com um coração reverente e humilde diante de Deus em reconhecimento aos seus atributos e não se traduz simplesmente pela pregação ou pregador, cânticos ou cantor, musica ou tocadores de instrumentos musicais. Não! Muitas vezes o que há nisso é exibicionismo e apresentação, mas nada de reverente temor a Deus. Recentemente aconteceu algo inusitado no momento do culto numa determinada igreja evangélica brasileira. Nada mais do que um Sílvio Santos, adaptado aos interesses daquela igreja, entra em cena e começa a interagir com outro apresentador e com o público presente na igreja. Fico me perguntando e pergunto a você, querido leitor, “isso é adoração a Deus” ou o secularismo vivo na igreja?

A quarta marca que identifica uma igreja verdadeira é se ela preza ou prioriza a ortodoxia doutrinária. Nesse ponto enfatizo o ensino exclusivamente bíblico e correto. Em Atos 2.42 é dito que os crentes da igreja primitiva perseveravam na doutrina, ou seja, no ensino dos apóstolos. A palavra grega empregada para doutrina, nas páginas do Novo Testamento é “didachê, cujo sentido é ‘instrução’, ‘ensino’ ou ‘doutrina’ (Mc 1.22, 27;  11.28; Jo 7.16, 17; Mt 22.33). A igreja cristã primitiva usava o vocábulo didache para referir-se ‘a doutrina dos apóstolos’ (At 2.42) ou a ‘doutrina do Senhor’ (At 13.12), que era, na verdade, a exposição do evangelho de Cristo”’.[2]
As doutrinas dos apóstolos eram simples, bíblica, ortodoxa. Basicamente, tratava-se da promessa do Messias e seu cumprimento em Jesus, promessas bíblicas do Antigo Testamento, vida, obra, morte e ressurreição de Jesus, piedade cristã, santidade de vida, práticas cristãs entre outros. Com o apóstolo Paulo, as doutrinas fundamentais e profundas que estavam implícitas foram tomando corpo e sendo apresentadas aos crentes. Os crentes da igreja cristã primitiva não deveriam ficar na ociosidade da mente, mas aprender quais eram as doutrinas apostólicas e coloca-las em prática.
Não podemos perder de vista a importância da instrução bíblica sólida. Charles Swindoll, no livro A Noiva de Cristo, página 46, diz que certos ministros de Cristo hoje em dia “apresentam o evangelho, oferecem encorajamento, patrocinam eventos, mantém um calendário cheio de atividades, e ajudam os que sofrem... nada errado com qualquer um dessas coisas. Mas elas não devem substituir a instrução do Livro. Ovelhas bem alimentadas tem maior tendência de permanecer saudáveis. Ovelhas esfomeadas e abatidas são presas fáceis para seitas, sem nem falar em sua incapacidade de enfrentar as numerosas batalhas das provações da vida”.  
II – Conselhos
Essas são algumas marcas da verdadeira e genuína igreja cristã e foi analisada a partir do padrão, a Bíblia. Compare a sua igreja com estas e examine se ela se enquadra nelas. Existem outras marcas que identificam uma igreja verdadeira, mas estas são suficientes para ajudá-lo a ver se a igreja onde congrega é genuinamente cristã ou não. Sugiro também que compare outras igrejas com essas marcas de identificação e determine a veracidade delas. Acredito que será capaz de perceber a diferença. Seja honesto com você mesmo. Caso descubra que a igreja onde você é membro não possui essas marcas de identificação ou uma marca ou outra não se encontre ali, ela pode não ser uma igreja verdadeira, conforme o padrão estabelecido na Bíblia Sagrada. Busque com amor outro lugar onde perceba a honestidade e a fidelidade bíblica.
Por outro lado pode ser que a igreja onde congrega seja genuinamente cristã, mas que perdeu sua identidade ao longo do tempo. Entre os perigos que ameaçam a igreja estão 1) a perda e o esfriamento do amor e 2) a perda do temor a Deus. Conheço muitas pessoas competentes, bons líderes, detentores de dons maravilhosos, mas que não fazem mais nada para a obra de Deus, pois foram vítimas do esfriamento do amor. Pergunto a você leitor: Você prega o evangelho? Frequenta os cultos da sua igreja? Você conhece as doutrinas da Bíblia Sagrada? Você é músico na igreja? Tudo isso é muito bom, mas se não amas a Cristo e a sua obra e se não faz a obra de Deus com amor tudo pode não passar de ilusão. Meu conselho é que voltes ao primeiro amor, valorizes o estar a sós com Deus e então coopere na igreja onde congrega, a fim de abençoar o povo de Deus ali e ser útil ao ministério local.
Concluo tomando as palavras do pastor Wagner Gaby: “Conservemos a sã doutrina, pois o inimigo tenta macular a Noiva de Cristo mediante as heresias, modismos e costumes mundanos. Sigamos o conselho de Paulo a Timóteo: ‘Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”’ (I Tm 4.16). Meu conselho é que não vá na onda das igrejas preocupadas simplesmente em promover eventos, festas para entreter as pessoas, shows para “segurar” os jovens e adolescentes, que não desvalorize a importância da Bíblia no culto, que prefira pregações expositivas e não as que simplesmente mexam com os seus sentimentos, que veja Deus como Ele é em seu atributos e não um Pai fraco e inseguro a ponto de sofrer se não nos prosperarmos financeiramente. Que Deus tenha piedade das igrejas que perderam sua identidade, que os líderes delas revejam seus atos à luz da Bíblia e que Deus conceda a graça de preservá-la em nossas igrejas.


[1] SOARES, Esequias. Heresias e Modismos. Ed: CPAD, p. 220.
[2] ANDRADE, Claudionor Correa de. As Verdades Centrais da Fé Cristã. Ed: CPAD, p. 4 (Lição Bíblica – Mestre).
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O QUE É RELIGIÃO?

Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4)

Nesta declaração Jesus nos remete a consideração de que os homens têm algo mais que alimentar além do corpo físico. Há o clamor da alma que não pode se contentar somente com o trigo. Há perguntas que insistem em atravessar os séculos e reclamar respostas. É o espiritual que reivindica o seu espaço no tempo, em meio às diversas culturas e sociedades. A história da religião acompanha a história da sociedade. Onde estiver o ser humano, aí estará, igualmente, a religião.

O sentido da vida e da morte são indagações religiosas antigas, mas que mesmo hoje se mostram influentes e vigorosas, ainda que se apresentem por meio de símbolos secularizados. E a religião é constituída pelos símbolos que os homens utilizam, porém os homens são diferentes e conseqüentemente seus mundos sagrados também, suas religiões são distintas. Os símbolos são variados; altares, santuários, comidas, perfumes, amuletos, colares, livros, todos eles inspiram alguma forma de sagrado. Um sagrado que não se reflete apenas nas coisas, mas também em gestos, em expressões e ações, como o silêncio, os olhares, as renúncias, as canções, as romarias, as procissões, as peregrinações, os milagres, as celebrações, as adorações e até mesmo o suicídio. Edmund Burke chegou a dizer que o homem, em sua constituição, é “um animal essencialmente religioso”.

Apesar disso, como sabemos, não foram poucos os que profetizaram a decadência e extinção do sagrado entre os homens. Que crente jamais se indignou com a famosa declaração de Karl Marx: “O sofrimento religioso é, ao mesmo tempo, expressão de um sofrimento real e protesto contra um sofrimento real. Suspiro da criatura oprimida, coração de um mundo sem coração, espírito de uma situação sem espírito: a religião é o ópio do povo”. Esta é uma das definições de religião, mas foi assiduamente combatida e não é a única. Vejamos outras.  

Definições e classificações da religião

         O vocábulo português “religião” é oriundo do latim religare, que significa “religar”, “atar”. Alguns cristãos se opõem frontalmente à classificação do cristianismo como religião, baseando-se em sua supremacia e distinção em relação às demais crenças. Porém, ao agirmos desta forma, estamos, na verdade, criando a nossa própria definição do termo, cujo significado é inaceitável para os dicionaristas e enciclopedistas, pois acabamos apresentando definições incompletas em si mesmas. Assim sendo, independente desta discussão filosófica e do posicionamento que o leitor defende, é válido considerarmos alguns conceitos do que seria uma religião. Vejamos:

  • Religião é um sistema qualquer de idéias, de fé e de culto, como é o caso da fé cristã.
  • Religião é um conjunto de crenças e práticas organizadas, formando algum sistema privado ou coletivo, mediante o qual uma pessoa ou um grupo de pessoas são influenciados.
  • Religião é um corpo autorizado de comungantes, que se reúnem periodicamente para prestar culto a um deus, aceitando um conjunto de doutrinas que oferece algum meio de relacionar o indivíduo àquilo que é considerado ser a natureza última da realidade.
  • Religião é qualquer coisa que ocupa o tempo e as devoções de alguém. Há nessa definição um quê de verdade já que aquilo que ocupa o tempo de uma pessoa é geralmente algo a que ela se devota, mesmo que não envolva diretamente a afirmação da existência de algum ser supremo ou seres superiores. E a devoção encontra-se na raiz de toda religião.
  • Religião é o reconhecimento da existência de algum poder superior, invisível; é uma atitude de reverente dependência a esse poder, na conduta da vida; e manifesta-se por meio de atos especiais, como ritos, orações, atos de misericórdia, etc.

A partir destas tentativas de definição podemos nos atrever a classificar as religiões em tipos de acordo com a similaridade de suas crenças. Especialistas no assunto destacam pelo menos dez classes de religiões, todavia, como o leitor perceberá, há casos em que a distinção é mantida por uma linha muito tênue, o que sugerirá uma certa mistura de conceitos (tipos) em uma única religião. De fato, os tipos de religiões mesclam-se em qualquer fé que queiramos considerar, e geralmente as religiões progridem de um tipo para o outro, ao longo de sua trajetória. Assim, os vários tipos de religiões alistados a seguir não são necessariamente contraditórios ou excludentes entre si. Acompanhe:

Religiões animistas: Sistemas de crenças em que entidades naturais e objetos inanimados são tidos como dotados de um princípio vital impessoal ou uma força sobrenatural que lhes confere vida e atividade.

Religiões naturais: Este grupo de religiões prega a manifestação de Deus na natureza e, geralmente, dispensa rejeita a revelação divina e os livros sagrados. Segundo esta vertente, toda revelação à parte da natureza não é digna de confiança.

Religiões ritualistas: Estas religiões enfatizam as cerimônias e rituais por acreditar que estes agradariam as divindades. Tais ritos e encantamentos teriam o poder de controlar os espíritos, fazendo-os atuar para o bem das pessoas, e para malefício dos inimigos adoradores.

Religiões místicas: As religiões místicas são também revelatórias, porém seus adeptos acreditam na necessidade de contínuas experiências místicas como meio de informação e de crescimento espiritual. Os místicos regem sua fé pela constante e diligente busca da iluminação.

Religiões revelatórias: Na verdade, as religiões revelatórias seriam uma espécie de subcategoria das religiões místicas. Este grupo de religiões fundamenta-se nas supostas revelações da parte de deuses, de Deus, do Espírito ou de espíritos desencarnados que compartilham mistérios que acabam cristalizados em livros sagrados.

Religiões sacramentalistas: São grupos que têm nos sacramentos meios de transmissão da garça divina e da atuação do Espírito de Deus. Este grupo, geralmente, acredita que o uso dos sacramentos por meio de pessoas “desqualificadas” impede o Espírito de Deus de atuar. Os sacramentos constituem-se como veículo para promoção do exclusivismo.

Religiões legalistas: São religiões construídas sob preceitos normativos, algum código legal que deve governar todos os aspectos da vida de um indivíduo. Este código é usualmente concebido como divinamente inspirado. O bem é prometido àqueles que o obedecem e a punição aos desobedientes.

Religiões racionais: São religiões em que a razão recebe ênfase proeminente e a filosofia é supervalorizada. Nestas religiões, a razão seria algo tão poderoso que nada mais se faria necessário além de seu cultivo bem treinado e disciplinado.

Religiões sacrificiais: São religiões que pregam a salvação por meio de sacrifícios apropriados. O cristianismo é uma religião sacrificial, no sentido de que Jesus Cristo é reputado como o autor do sacrifício supremo necessário à salvação. A suprema palavra do Senhor declara: “E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9.22).

Nem só de pão viverá o homem...

Todos estes princípios de crenças sustentam, cada qual à sua maneira, a religiosidade do mundo em que vivemos. Muitas foram as declarações de filósofos e intelectuais que vislumbraram o desaparecimento destes sistemas, porém a religião esta aqui, ao nosso redor, manifestando-se de diversas formas, em todos os lugares e coisas, em pleno século XXI, tão forte e influente quanto a mais recente descoberta científica. Por quê? Porque o homem não vive só de pão, mas vive também de religião. É ela quem se candidata a responder o “drama da alma humana”, o traço magno de todas as religiões. Um mundo caído sem religião não é concebível. Em sua famosa canção, Imagine, o célebre cantor e compositor John Lennon nos convida a imaginar um mundo ideal, sem coisas ruins, entre as quais ele destaca as religiões, propõe um mundo em que as pessoas pudessem viver em paz e sugere a religião como fonte incentivadora das guerras. Em verdade, não há como negar que o abuso das atitudes religiosas produziram sangrentas guerras entre nós. Entretanto, temos de ponderar que as guerras não nasceram das convicções religiosas, mas, sim, do comportamento errado diante delas, o que é diferente. Se os homens são tão ímpios com religião, o que seriam sem ela? Não é possível desfazer-se das religiões simplesmente tentando ignorá-las.
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A GUARDA DO SÁBADO E O SEU IMPACTO ECONÔMICO E SOCIAL NAS ATIVIDADES ESSENCIAIS (Parte 2)

A QUESTÃO DO IMPACTO ECONÔMICO
A escritora sabatista Ellen G. White  concorda que a obra de aliviar o sofrimento mesmo no dia de sábado foi realizada e exemplificada por Jesus:
Não raro são os médicos chamados no sábado para acudir a enfermos, sendo-lhes impossível tomar tempo para repouso e devoção. O Salvador nos mostrou por Seu exemplo que é correto aliviar o sofrimento neste dia; mas médicos e enfermeiros não devem fazer trabalho desnecessário. Tratamentos comuns, e operações que podem esperar, devem ser deixados para o dia seguinte. Seja conhecido dos pacientes que os médicos precisam ter um dia de descanso.
A medicina era uma profissão imprescindível na época em que viveu a Sr.ª White, não podendo ser negligenciados estudos que envolvessem o profissional de medicina em relação à questão do sábado, pois também médicos aderiam ao adventismo. Talvez profissões indispensáveis hoje, como: Socorristas de emergência, Bombeiros, Forças Armadas, Grupos de Defesa Civil, Polícias, Abastecedores de água e energia elétrica não o fossem na época da Sr.ª White deixando-se assim uma lacuna sobre os procedimentos a serem seguidos pelos diversos sabatistas que hoje exercem tais atividades.
Podemos auxiliar essas pessoas sabatistas sinceras e que ingressaram um dia em uma dessas atividades e hoje se vêem oprimidos por não disporem sempre do dia de sábado para desfrutar da comunhão com os irmãos e com Deus. Por analogia ao referenciado acima pela profetiza, os envolvidos nas atividades que hoje se fazem necessárias e imprescindíveis, pois envolve o bem-estar, proteção ou manutenção das vidas humanas, visados por Jesus e entendido pelos cristãos atuais, podem trabalhar no sábado sem se sentirem culpados, pois a sua atividade encontra-se de acordo com os princípios que Jesus visava.
Há publicações sobre o assunto, mas a maioria dos membros comuns adventistas desconhecem essas normas. Como exemplo temos algumas regras de ordem para a DAS. A 96.215, reafirma o princípio adventistas da correta observância do sábado e registra o resumo do documento da AG de 1990 sobre a observância do sábado (ver DSA 90-639 e 91-609).

A QUESTÃO DO IMPACTO NOS DIREITOS SOCIAIS
Outro ponto a ser mencionado é que ao ingressar nessas atividades todos os sabatistas têm ciência de que nem sempre terão livre o sábado, destarte, não podem faltar nesse dia se escalados, pois tinham conhecimento prévio de causa. Tal pessoa não estará amparada pela Constituição Federal Brasileira e não poderá alegar privação de direitos, pois a nossa Constituição assim exprime em seu item VIII, artigo 5º, capítulo I, título II: “Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”  [grifo nosso].
Católicos, batistas, presbiterianos, metodistas e demais denominações poderiam alegar que não podem trabalhar no domingo, pois, assim como os sabatistas guardam o sétimo dia da semana, precisam guardar o primeiro. Mas isto não ocorre, e vemos cristãos batistas, presbiterianos e de outras denominações que cultuam aos domingos, abdicando desse dia para atuarem em atividades essenciais, pois tal obrigação é a eles imposta. Sendo assim, nenhum sabatista poderá invocar o artigo constitucional acima, pois o trabalho, seja, em qual dia for nessas atividades, é a todos imposto em virtude de lei, cabendo ao sabatista, a alternativa da demissão voluntária.
Muitos são os sabatistas que tiveram que optar entre o emprego e a guarda do sábado, optando eles pelo segundo, gerando impacto social e econômico em suas vidas. Com certeza isso para eles é uma honra, pois entendem que o sábado é o selo de Deus, “Ezequiel diz que o sábado é o sinal, o selo, a identificação e a marca de Deus” , e assim estão sendo perseguidos pela causa do Reino de Deus. Sonham com o dia em que serão impedidos de guardar o sábado  e obrigado a guardar o domingo . Bullón , um renomado pregador adventista assim escreve: “Aqui a profecia indica que chegará um momento na história deste mundo em que quem guardar o sábado não poderá comprar nem vender”. Indaga, também que muitos jovens adventistas não tem o direito de fazer as provas na universidade em outros dias e que nem todas as pessoas podem fazer concursos públicos. Prossegue no velho discurso de que o domingo é a marca da besta e que chegará um dia em que todos deverão guardá-lo.
Tal afirmação não é verdadeira, pois o que vemos em nossos dias de relativismo e globalização é que a humanidade caminha em direção a que se trabalhe todos os dias, de domingo a domingo. Quantos supermercados hoje abrem ininterruptos? Quantos estabelecimentos funcionam dioturnamente? A moda hoje são os estabelecimentos vinte e quatro horas.
Quanto a alegação de que um sabatista não poder realizar concursos públicos, pois eles são realizados geralmente no sábado, já não procede mais. O Vestibular da UFES, não é realizado mais nesse dia. Quanto aos concursos estaduais, a Lei n.º 6.667, da Assembléia Legislativa do Estado do Espírito Santo, coincidência à parte, em vigor desde o dia 04 de maio de 2001, dispõe sobre a liberdade de consciência, convicção religiosa e estabelece a vedação de concursos públicos, vestibulares, aulas e provas no dia escolhido para descanso e atividades religiosas, estabelecendo o período de segunda a sexta-feira, entre oito e dezoito horas, para realização de concursos públicos, assim como o processo seletivo nas instituições de ensino médio . Em âmbito Nacional, temos o PROJETO DE LEI Nº 3703, DE 1997. No caso do estabelecimento educacional ter aulas ao sábados, o sabatista pode requerer atividade acadêmica em outro período, o que torna o problema sanado.
Pode ser que ocorra que uma pessoa venha converter-se a uma denominação sabatista, já sendo funcionário de algum órgão que exerça atividade essencial. Sendo assim, o que fazer após a conversão e o entendimento, (errôneo), que tal profissão é incompatível com as regras da lei?
Esse é um ponto de grande impacto na vida dos sabatistas. Muitas pessoas sinceras chegam a abandonar o emprego, após absorverem a doutrina da guarda do sétimo dia. Vêem-se como mártires da obra de Cristo. Assim como os fariseus do tempo de Jesus, eles possuem seus olhos fechados e não vêem a mínima possibilidade de realizarem trabalho no sábado, mesmo que em benefício do próximo. “Ficam assim alijados da prestação desses serviços pela obrigatoriedade da observação sabática, que deve ir do escurecer da sexta-feira ao pôr-do-sol do sábado”.
Senhor se eles entendessem o que é “Misericórdia quero e não sacrifício” (Mateus 9:13), certamente veriam o Teu amor pelo pobre sofredor, pelo necessitado, pelo doente, pelo ferido, tanto na alma como no corpo, pelo homem pecador”.
Ficamos com as palavras de Milton:
O supremo Criador sabe todas as coisas e conhece o futuro desde a eternidade, por isso sabia que chegaria o tempo em que seria impossível à humanidade parar simultaneamente um só dia na semana para observar a sua guarda. Milhares são as atividades imprescindíveis à vida na sociedade moderna que não podem parar, trabalhando ininterruptamente durante as vinte e quatro horas do dia.
CONCLUSÃO
Concluímos então que atividade essencial é toda aquela que não pode cessar um dia sequer, pois a sua paralisação, implicaria em prejuízos vitais para o homem e que tais atividades não podem deixar de existir, visto à sua importância imprescindível à sociedade humana e que deve ser exercida diuturnamente sem com isso estar indo de encontro aos mandamentos bíblicos.
É certo que o Deus Onisciente, que falou diversas vezes e de diversas  formas ao homem - (Hebreus 1:1) - previu um tempo em que a ciência se desenvolveria, os homens se multiplicariam, as cidades seriam muitas e muitos seriam os necessitados e dependentes de alguém, que pudesse aliviar-lhes o peso da dor, da doença e do risco de vida, sem fazer distinção de dias. Sendo assim, falou-nos hoje por meio de seu Filho, Jesus, o qual possui a visão de que o shabath foi feito para o homem e não o homem para o shabath.
É nesse contexto que entendemos, todos, inclusive a profetiza, que há atividades essenciais, as quais os homens não podem viver sem elas e que realizá-las, mesmo no sétimo dia, não é profanar um mandamento de Deus. Isto, devido ao seu caráter humanitário ensinado por Cristo.
Entendemos, que devido a um entendimento errôneo das Escrituras, pessoas têm sofrido grandes impactos em suas vidas. Impacto econômico e sociais, gerados, ao passo que, tendo a guarda do sábado como fundamental, no alcance do Reino de Deus, deixam seus empregos, pois não é compatível com a pregação de sua nova crença religiosa. Perdem seus empregos devido ao fato de não poderem trabalhar aos sábados, quando as empresas empregadoras, assim desejam. Não conseguem realizar o sonho de ingressar naquele curso superior pretendido, pois não podem estudar nas sextas-feiras à noite e no sábado. Não obtêm êxito naquele emprego dos sonhos, pois na entrevista para o ingresso, foi detectado ser o candidato um guardador do sábado e que traria muito transtorno para a administração da empresa. Quando ingressam em alguma empresa, omitindo serem sabatistas, a permanência se torna um pesadelo, mesmo em atividades essenciais, pois vivem trocando de serviço quando são escalados no período entendido como sábado, e dificilmente trabalharão nesse dia se acaso não conseguirem executar a troca, pois, a maioria não possui instrução sobre em que ocasião poderiam trabalhar no sétimo dia.
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A GUARDA DO SÁBADO E O SEU IMPACTO ECONÔMICO E SOCIAL NAS ATIVIDADES ESSENCIAIS (Parte 1)

Por Jorge Antonio Bertulane
É com intuito de trazer luz a um assunto muito debatido no meio teológico, que me disponho a expô-lo. É bem verdade que pretendo observar por um foco que ainda não foi debatido a fundo. Ainda não se olhou para este assunto através do prisma social, analisando nas entrelinhas, marcas deixadas no sabatista, que influenciam a sua vida no ambiente de trabalho, no ambiente escolar e em sua vida de um modo geral.
O assunto: A Guarda do Sábado e o seu Impacto Econômico e Social nas Atividades Essenciais é fruto da observação do interagir do sabatista que trabalha em atividade essencial, principalmente, no Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo.
Não quero com esse artigo, trazer à tona a antiga questão de que se deve ou não guardar o sábado, embora haverá momentos em que terei de justificar, biblicamente, algumas posições tomadas pelos demais cristãos, que não dependem da guarda do sábado para a salvação.
Com esse artigo certamente ampliaremos um pouco mais a visão humana cristã – gregos, judeus, capixabas, etc. – no tocante a questões sociais que influenciam o povo de Deus, pois este, vive numa sociedade.
Enfocarei e provarei aos leitores que existem atividades humanas, que devido ao seu caráter filantrópico e humanitário, onde, a sua execução visa aliviar as diversas cargas humanas ou preservar a própria vida em si, passam a figurar acima da guarda do sábado, fazendo-nos entender ainda mais o motivo da criação do shabath – porque o sábado foi criado para o homem e não o contrário.
Em fim, é no âmbito das atividades essenciais que proponho análise. É no médico que independente de dia exerce a sua profissão, ministrando o alívio à dor, à angústia e até salvando vidas. É no “soldado do fogo”  que não pode prever em que ano, mês, dia ou hora, aviões serão lançados sobre torres, ceifando milhares de vidas. É no policial que combate o crime diuturnamente. É no “anjo do asfalto” que socorre um moribundo à beira da estrada, podendo ser até mesmo um sabatista, pois também eles dirigem seus automóveis nesse dia para ir para ao templo louvar a Deus no cumprimento do shabath, e dessa forma, estão sujeitos a acidentes.
Para fins didáticos empregados, neste artigo, definiremos atividade essencial, como sendo: “toda atividade desempenhada por Órgãos Públicos ou Privados, que devido ao seu caráter filantrópico, torna-se necessária e imprescindível à segurança, saúde, bem estar físico, mental e psicológico, bem como à manutenção da vida humana, diuturnamente, nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano”.

ATIVIDADE ESSENCIAL NA BÍBLIA
Procuramos definir a atividade essencial, baseando-se na Bíblia e nos ensinos de Jesus Cristo, o qual visava o bem estar do homem, mesmo que isso quebrasse algumas regras bíblicas, como a dos pães da proposição, quebrada por Davi e seus companheiros. Jesus ao citar a quebra dessa regra, no Evangelho de Mateus, no seu capítulo doze, estava exemplificando aos judeus que o bem-estar do homem está acima de certas regras da Lei, inclusive a do descanso sabático, pois este foi feito para o homem e não o contrário. Para suprir a necessidade da fome, Davi quebrou a regra bíblica de Levítico 24:9, e ficou sem pecado. Da mesma forma, Jesus realizava curas e permitiu que seus discípulos saciassem a fome, realizando o que não era permitido no sábado. Colher as espigas de trigo.
No Antigo Testamento como no Novo, havia a “atividade essencial” do serviço sacerdotal. Como citado por Jesus em Mateus 12:5: “Ou não tendes lido na lei que, aos sábado, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?”.
Jesus também exercia uma atividade essencial através do seu ministério terreno. Ele pregou, ensinou as Boas Novas, curou doentes e ressuscitou a mortos, mesmo no sábado. Nada mais essencial que estas atividades.
No Antigo Testamento havia uma atividade essencial, que assim como hoje não cessava. Em 2 Reis, capítulo 11, versículos 5-7 é narrada a proteção de Joás, filho do rei Acazias e o procedimento para com a guarda no dia de sábado:
“E deu-lhes ordem, dizendo: isto é o que haveis de fazer: Uma terça parte de vós, que entrais no sábado, fará a guarda da casa do rei. E outra terça parte estará à porta de Sur; e a outra terça parte à porta detrás dos da guarda; assim fareis a guarda desta casa, afastando a todos. E as duas partes de vós, a saber, todos os que saem no sábado, farão guarda da casa do Senhor junto ao rei”. [grifo nosso].
Champlin, comenta:
No período entre o Antigo e o Novo Testamento, ocorreu uma radicalização na celebração do sábado. Na época dos macabeus, muitos preferiam morrer a deixar de celebrar o sábado. Soldados recusavam-se a defender a si mesmos e ao próprio povo naquele dia (I Macabeus 2:32-38; II Macabeus 6:11). A tradição judaica posterior permitia que o dia deixasse de ser observado sob circunstâncias de vida ou morte. Perigos que ameaçassem à vida poderiam ser encarados de maneira que violassem a manutenção da tradição sabática (Yoma 8:6). Mas nem todas as facções do judaísmo seguiram as diretrizes de liberalização. Materiais encontrados no Qumran mostram que os fazendeiros não podiam realizar no sábado atos que preservassem a vida de animais durante parturições complicadas. Se a mãe ou sua cria morresse, o acontecimento era considerado como um ato de Deus.

ATIVIDADES ESSENCIAIS HOJE
Assim como no tempo de Jesus, nos diversos dias da semana existem hoje, pessoas nos templos religiosos realizando atividades essenciais. Pastores adventistas em nossos dias violam o sábado; Pastores diversos violam o domingo, segunda, etc.
As Forças Armadas são indispensáveis para a defesa da Pátria e, na execução desse serviço, existem homens que não podem se dar ao luxo de reservar um dia em especial, e sempre nele, gozar do descanso e comunhão com Deus. Da mesma forma, quem exerce a atividade de segurança pública não pode separar o sábado para que nele possa descansar e louvar a Deus, pois a sua atividade requer dedicação ininterrupta, pois o inimigo não escolhe dia. Devido ao pecado do homem ocorrem crimes diversos, mesmo no dia de sábado, sendo preciso a presença da Polícia para dar segurança aos que precisam. Um sabatista pode ter sua casa assaltada no sábado e vai precisar do auxílio de uma pessoa que dedica-se a proteger-lhe a integridade física independente de dia.
A energia elétrica em nossos dias é algo tão comum e chega aos nossos lares de forma tão simples. Apertamos um botão e ali está ela, iluminando o ambiente, funcionando aparelhos domésticos e aquecendo a água do chuveiro. Tão comezinha que não refletimos quanto trabalho causou para chegar em nossas casas e nos auxiliar em tarefas que sem ela seriam demais penosas. Num piscar de olhos e ali está ela pronta a nos entreter com som e imagem. Será que quem a produziu trabalhou somente de domingo até sexta-feira à tarde? É sabido que os sabatistas costumam preparar seu alimento antes do “sábado”, logo não acenderá fogo nesse dia , nem utilizará o microondas, contudo, nesse dia ele não acende a lâmpada de sua casa?
Quantos hospitais realizam cirurgias emergenciais do pôr-do-sol de sexta-feira ao pôr-do-sol de sábado. A energia é essencial para manter o coração pulsando na sala de emergência e há que ter alguém realizando trabalho para que isso ocorra, seja qual dia for, há sempre um “shabbos goy”  à disposição.
Assistindo ou lendo às manchetes nos diversos Jornais de nossa Nação, principalmente nesses dias após os atentados contra os Estados Unidos, observamos soldados israelenses em guaritas, às margens de sua fronteira, atentos e prontos a defender seu país de um ataque inimigo. Será que eles realizam essas atividades de domingo a sexta-feira à tarde? É óbvio que não. Essa atividade envolve vidas e deve ser exercida dioturnamente.
É razoável questionarmos sobre esse assunto, pois qual homem em nossos tempos modernos não usufruiu dos benefícios de alguma atividade essencial. Qual mortal, seja ele judeu, cristão, muçulmano, budista ou ateu, nunca foi acometido por uma enfermidade qualquer, tendo que procurar um posto de saúde ou hospital, onde ali se encontrava, em pleno dia de sexta-feira, sábado ou quem sabe domingo, um homem de branco, que abdicando de seu “shabath” o atende, devolvendo vida àquele corpo moribundo que chegou em pleno almoço. Quem nunca ouviu o barulho de uma sirene de um carro vermelho que velozmente se dirige para um incêndio horroroso e dantesco. Que dia foi mesmo? segunda-feira, sábado ou domingo? Domingo não, quem poderia trabalhar em pleno dia de “guarda” do cristão batista?
Notamos então, que os países dependem de ter certos serviços funcionando vinte quatro horas no dia, durante todo o mês e durante todo o ano, pois eles, muitas vezes são parte de uma estrutura indispensável para a realização daquilo que eles se propõem em termos de princípios fundamentais, direitos e garantias, em suas Constituições, e ir de encontro à realização desses trabalhos, mesmo em dia de sábado é causar muito impacto social.
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ESPIRITISMO (Parte 2)

IV) OUTRAS DOUTRINAS BÍBLICAS NEGADAS PELO ESPIRITISMO

A existencia do céu

A felicidade dos Espíritos bem-aventurados não consiste na ociosidade contemplativa que seria, como temos dito muitas vezes, uma eterna e fastidiosa inutilidade [i].

A Bíblia ensina que: a)  O céu é um, lugar, conforme a Palavra de Jesus – João 14.2,3; b)  O céu é um lugar chamado Paraíso ou Terceiro Céu – 2 Co 12.2-4; c)  É a habitação dos salvos na presença de Jesus; d) O céu é também chamado cidade celestial – Fl 3.20,21; e) Dentre as coisas que não haverá no céu, destacamos: Não haverá lágrimas, não haverá pranto, não haverá luto, não haverá dor – Ap. 22.4

Poderá este lugar ser um lugar fastidioso? Não na linguagem e Paulo – 1 Co 2.9

A existencia do Inferno como local de castigo eterno

"Ou Deus é perfeito e não há penas eternas, ou há penas eternas e Deus não é perfeito" [ii].

a.   Deus é perfeito e há penas eternas. Deus é perfeito e quer que todos os homens se salvem – 1 Tm 2.4; 2 Pd 3.9; Ez 33.11
b.   A maior prova de amor de Deus foi dar seu Filho para nos salvar – Jo 3.16
c.    O homem que recusa a salvação é responsável por sua perdição – Mt 7.13,14; Mc 16.15,16
d.   No Novo Testamento a palavra Eterno (aionios, no grego) tem o sentido de duração sem fim, e é neste sentido que ela deve ser entendida.
e.   Esta palavra (aionios), é empregada para referir-se a:

1.    Deus e seus atributos – Rm 16.26; Ap 4.10,11
2.    A Vida dos Salvos, que é vida eterna – Jo 3.16
3.    Ao tormento dos perdidos no inferno – Mt 25.41,46; Mc 9.43-45; Ap 14.10, 21.15.

 A personalidade do Diabo e seus anjos

"Satã, segundo o Espiritismo e a opinião de muitos filósofos cristãos não é um ser real; é a personificação o mal" [iii].

O diabo é uma personalidade. Segundo as Escrituras:

a.   É mencionado entre pessoas espirituais – Jó 1.6, 2.8
b.   Manteve conversação com Jesus no monte – Mt 4.1-10
c.    Planeja, fala, mente, arquiteta insídias – Jo 8.44
d.   Pedro admoesta a que tenhamos cuidado com ele – 1 P 5.8

O Espiritismo não admite demônios no sentido vulgar da palavra, mas amite os maus espíritos [iv].

Os demônios são seres espirituais caídos que executam as ordens o seu chefe Belzebu e povoam os ares – 2 Co 11.14,15; Lc 8.25-33; Ef 6.10-12.

Negam a Deidade de Jesus

"Digamos que Jesus é Filho de Deus, como todas as criaturas, que ele chama a Deus Pai, como nós aprendemos tratá-lo de nosso Pai" [v].

O que Jesus disse a respeito de si mesmo está em João 5.18. Assim, a expressão Filho de Deus na boca de Jesus, significava muito mais do que AK afirma, significava que ele era igual a Deus, o Deus Filho (Jo 20.28), o que os inimigos e Jesus entenderam muito bem, pois pegaram em pedras para o apedrejarem (Jo 8.59).

A Bíblia ensina que: a)  Jesus afirmou ser igual a Deus – Jo 5.16-18; b) Exigiu adoração e recebeu-a – Jo 5.23; Mt 14.33, 15.25, 28.9,17; c)  Tomé declarou que Ele é Deus – Jo 20.28; d)  João afirmou ser Ele Deus – Jo 1.1-3,14; e)  Ele perdoou pecados – Mc 2.5-12; f) Ele é a plenitude da divindade e o Verdadeiro Deus – Cl 2.9, 1 Jo 5.20.

 A eficácia do sangue de Jesus para a purificação dos pecados da humanidade

"Pensamos nós que o ensino protestante da purificação pelo sangue de Cristo ainda se mantém porque a mentalidade humana está no mesmo nível de suas fraquezas morais. Porque o espírito lúcido poderá passar a idéia de que para resgatar as faltas de suas criaturas necessitasse o criador imolar um inocente? E que fraqueza e processo" [vi].

São abundantes na Bíblia as passagens que ensinam a impossibilidade e salvação pelas boas obras e que a salvação e purificação dos nossos pecados se alcança pela graça de Deus, mediante a fé em Jesus, que morreu por nós. Assim, apontamos que: a) As boas obras não salvam – Is 64.6; Ef 2.8-10; b) Cristo tomou livremente sobre si a obrigação e satisfazer o que os homens, por si sós, eram incapazes de fazer, reconciliar-se com Deus – Is 53.4-6 compare com Mt 8.17; Lc 22.37; 1 Pd 1.18,19, 2.24; 1 Jo 1.7,9, 2.1; Ap 1.5.

A autoridade da Bíblia Sagrada

Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O Espiritismo não é um ramos do Cristianismo como as demais seitas chamadas cristãs. Não assenta os seus princípios nas Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. Mas nossa base é o ensino dos Espíritos, daí o nome – Espiritismo [vii].

Nesta afirmação vemos a maior prova de que o Espiritismo e o Cristianismo não são a mesma coisa como o próprio Allan Kardec declarou: O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa [viii].

a.   Cristianismo é Cristo, é a sua Palavra – Jo 5.39,40
b.   Espiritismo é paganismo, é ensino de espíritos malignos – 2 Co 11.13,1
c.    Cristianismo e Espiritismo não têm nada em comum – Dt 18.10-12

Espiritismo e Cristianismo são antagônicos, quem é cristão (At 11.26) não pode ser espírita, pois o espírita não é cristão, muito embora procure se cobrir com pele e ovelha – Mt 7.15,16.


[i] O Céu e o Inferno, Allan Kardec, p.34.
[ii] Mesmo livro citado, p.77.
[iii] O Que é o Espiritismo, Maria Laura Viveiros de Castro, p. 86.
[iv] Mesmo livro citado, p.85.
[v] Obras Póstumas, Allan Kardec, p.149,150.
[vi] À Margem do Espiritismo, p.147.
[vii] Mesmo livro citado, p. 214.
[viii] O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,  p.22.
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