Apologética nas Parábolas
Todos sabem da habilidade de Jesus em contar histórias. A parábola era uma ferramenta que Jesus utilizou com grande maestria. Segundo Vincent Cheung “a palavra grega para parábola é parabole – ela é uma palavra grega que significa ‘colocar de lado’. No uso bíblico, uma parábola compara ou contrasta uma realidade natural com uma verdade espiritual”. É legítimo o uso de histórias para ilustrar verdades; é também uma forma eficaz de penetrar corações endurecidos que não seriam receptivos a uma apresentação direta do evangelho. Apesar da parábola possui caráter histórico e servir como ilustração, Jesus fez uso dela no sentido de reivindicar sua Divindade.
Sua estratégia foi selecionar imagens que no Antigo Testamento eram usadas em referência a Deus e aplica-la a si próprio. Ao aplicar essas imagens a si mesmo Ele indica a sua auto-compreensão como o divino Filho de Deus e comunica esta verdade ao seu público. Seu objetivo é declarar sua Divindade nos Evangelhos. Por exemplo, Jesus ao finalizar seu sermão (Sermão da Montanha) instruiu seus ouvintes a praticarem o que havia ensinado, pois desta forma seriam comparados ao homem que edificou sua casa sobre a rocha (Mt 7.24). Em outras palavras, aqueles que “constroem” suas vidas fundamentadas nos seus ensinamentos, construíram suas vidas “numa rocha”. No Antigo Testamento (Sl 71.3) esta firmeza e segurança estão na rocha, que é Deus: “Sê tu a minha habitação forte, à qual possa recorrer continuamente. Deste um mandamento que me salva, pois tu és a minha rocha e a minha fortaleza”.
No Salmo 23 e Ezequiel 34, Deus é retratado como um pastor. Em João 10 Jesus se identifica como o bom pastor. Em outra parábola, Jesus usa o exemplo de um noivo. Em Isaías 49, 54, Jeremias 2, e Oséias, Deus é retratado como um noivo. Em Marcos 2.19, Mateus 9.15, e Lucas 5.34, 35, Jesus se identifica como o noivo. As parábolas eram histórias poderosas que Jesus usou para comunicar verdades, mas elas também fizeram parte da apologética de Jesus.
O Uso da Razão
Jesus ordenou “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt 22.37). Isso demanda fazer uso inteligente da mente. O pastor José Gonçalves comentando sobre Razão x Racionalismo diz que “o problema está em se confundir razão com racionalismo. O primeiro termo diz respeito a nossa capacidade de julgar, de pensar, de argumentar, etc. Nesse sentido não há como nos desfazermos da razão, simplesmente pela simples razão de sermos seres racionais. Fomos feitos para pensar. René Descartes dizia na introdução de seu Discurso do Método que todos nós nascemos com o bom senso. Por outro lado, o racionalismo é um termo aplicado à escola de pensamento que diz não haver nenhum conhecimento válido fora da razão humana. Em palavras mais simples, aquilo que não puder ser explicado de forma racional deve ser rejeitado”.
Jesus sabia que os seres humanos são dotados da capacidade de razão e racionalidade e aproveitou isso para, em algumas ocasiões, leva-los a raciocinar a fim de descobrirem a verdade. O próprio Deus em Isaías 1.18, convida o povo de Israel a raciocinar: “Vinde então, e argüi-me, diz o SENHOR”. O desejo de Deus era que o povo de Israel usasse sua capacidade de raciocinar e considerar as conseqüências de seu comportamento.
Jesus mostrou ser um brilhante apologista fazendo uso das leis da lógica para revelar a verdade, demolir argumentos, e apontar erros. A comunicação da verdade e a demonstração do erro requer o uso da razão. Um exemplo formidável sobre o uso que Jesus fez da razão, no sentido de demolir argumentos, é encontrado em Lucas 20.1-8:
“Certo dia, Jesus estava no pátio do Templo ensinando o povo e anunciando o evangelho. Então chegaram ali alguns chefes dos sacerdotes e alguns professores da Lei, junto com alguns líderes do povo, e perguntaram: - Diga para nós: Com que autoridade você faz essas coisas? Quem lhe deu essa autoridade? Jesus respondeu: - Eu também vou fazer uma pergunta a vocês. Respondam: Quem deu autoridade a João para batizar? Foi Deus ou foram pessoas? Aí eles começaram a dizer uns aos outros: - O que é que vamos dizer? Se dissermos que foi Deus, ele vai perguntar: ‘Então por que vocês não creram em João? ’ Mas, se dissermos que foram pessoas, esta multidão vai nos apedrejar, pois eles acham que João era profeta. Por isso responderam: - Nós não sabemos quem deu autoridade a João para batizar. Jesus disse: - Pois então eu também não digo com que autoridade faço essas coisas” (Bíblia na Linguagem de Hoje).
Apologética nos Milagres
Para João Batista, bem como para os demais judeus, a vinda do reino de Deus seria caracterizada pela liberdade, mas, aprisionado, ficou confuso e desanimado, pois pensava que a vinda do reino de Deus não tinha chegado. João, então, envia seus discípulos até Jesus para lhe perguntar: “És tu aquele que estava para vir, ou devemos esperar outro?” (Lc 7.20). Jesus respondeu apontando para o testemunho de seus milagres: “Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas notícias são pregadas aos pobres” (Lc 7. 22, 23). Quando indagado por João Batista se era realmente o Messias, Jesus defendeu sua afirmação, apontando para o testemunho de seus milagres. Milagres representam outro componente da apologética de Jesus.
Deus, em todo o Antigo Testamento, fez uso de milagres para confirmar sua mensagem e seus mensageiros. Desta forma, os milagres de Cristo demonstraram que a afirmação sobre si mesmo era verdadeiro e que a real identificação de Yavé estava sendo confirmada na mensagem que pregou. Vários sinais que Jesus realizou - a multiplicação dos pães, a ordem para que o vento e o mar se aquietassem - demonstrou a autoridade divina que possuía sobre todos os domínios da criação.
Estou convicto que Jesus era um apologista (pois fez uso dos elementos da apologética) por excelência e o maior de todos. As quatro funções da apologética são: reivindicar, defender, refutar e persuadir. Observo e concluo que nas páginas dos Evangelhos, Jesus utilizou essas funções da apologética e nós, cristãos do século XXI, devemos seguir seu exemplo.
Em Cristo,
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