quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A GUARDA DO SÁBADO E O SEU IMPACTO ECONÔMICO E SOCIAL NAS ATIVIDADES ESSENCIAIS (Parte 1)

Por Jorge Antonio Bertulane
É com intuito de trazer luz a um assunto muito debatido no meio teológico, que me disponho a expô-lo. É bem verdade que pretendo observar por um foco que ainda não foi debatido a fundo. Ainda não se olhou para este assunto através do prisma social, analisando nas entrelinhas, marcas deixadas no sabatista, que influenciam a sua vida no ambiente de trabalho, no ambiente escolar e em sua vida de um modo geral.
O assunto: A Guarda do Sábado e o seu Impacto Econômico e Social nas Atividades Essenciais é fruto da observação do interagir do sabatista que trabalha em atividade essencial, principalmente, no Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo.
Não quero com esse artigo, trazer à tona a antiga questão de que se deve ou não guardar o sábado, embora haverá momentos em que terei de justificar, biblicamente, algumas posições tomadas pelos demais cristãos, que não dependem da guarda do sábado para a salvação.
Com esse artigo certamente ampliaremos um pouco mais a visão humana cristã – gregos, judeus, capixabas, etc. – no tocante a questões sociais que influenciam o povo de Deus, pois este, vive numa sociedade.
Enfocarei e provarei aos leitores que existem atividades humanas, que devido ao seu caráter filantrópico e humanitário, onde, a sua execução visa aliviar as diversas cargas humanas ou preservar a própria vida em si, passam a figurar acima da guarda do sábado, fazendo-nos entender ainda mais o motivo da criação do shabath – porque o sábado foi criado para o homem e não o contrário.
Em fim, é no âmbito das atividades essenciais que proponho análise. É no médico que independente de dia exerce a sua profissão, ministrando o alívio à dor, à angústia e até salvando vidas. É no “soldado do fogo”  que não pode prever em que ano, mês, dia ou hora, aviões serão lançados sobre torres, ceifando milhares de vidas. É no policial que combate o crime diuturnamente. É no “anjo do asfalto” que socorre um moribundo à beira da estrada, podendo ser até mesmo um sabatista, pois também eles dirigem seus automóveis nesse dia para ir para ao templo louvar a Deus no cumprimento do shabath, e dessa forma, estão sujeitos a acidentes.
Para fins didáticos empregados, neste artigo, definiremos atividade essencial, como sendo: “toda atividade desempenhada por Órgãos Públicos ou Privados, que devido ao seu caráter filantrópico, torna-se necessária e imprescindível à segurança, saúde, bem estar físico, mental e psicológico, bem como à manutenção da vida humana, diuturnamente, nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano”.

ATIVIDADE ESSENCIAL NA BÍBLIA
Procuramos definir a atividade essencial, baseando-se na Bíblia e nos ensinos de Jesus Cristo, o qual visava o bem estar do homem, mesmo que isso quebrasse algumas regras bíblicas, como a dos pães da proposição, quebrada por Davi e seus companheiros. Jesus ao citar a quebra dessa regra, no Evangelho de Mateus, no seu capítulo doze, estava exemplificando aos judeus que o bem-estar do homem está acima de certas regras da Lei, inclusive a do descanso sabático, pois este foi feito para o homem e não o contrário. Para suprir a necessidade da fome, Davi quebrou a regra bíblica de Levítico 24:9, e ficou sem pecado. Da mesma forma, Jesus realizava curas e permitiu que seus discípulos saciassem a fome, realizando o que não era permitido no sábado. Colher as espigas de trigo.
No Antigo Testamento como no Novo, havia a “atividade essencial” do serviço sacerdotal. Como citado por Jesus em Mateus 12:5: “Ou não tendes lido na lei que, aos sábado, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?”.
Jesus também exercia uma atividade essencial através do seu ministério terreno. Ele pregou, ensinou as Boas Novas, curou doentes e ressuscitou a mortos, mesmo no sábado. Nada mais essencial que estas atividades.
No Antigo Testamento havia uma atividade essencial, que assim como hoje não cessava. Em 2 Reis, capítulo 11, versículos 5-7 é narrada a proteção de Joás, filho do rei Acazias e o procedimento para com a guarda no dia de sábado:
“E deu-lhes ordem, dizendo: isto é o que haveis de fazer: Uma terça parte de vós, que entrais no sábado, fará a guarda da casa do rei. E outra terça parte estará à porta de Sur; e a outra terça parte à porta detrás dos da guarda; assim fareis a guarda desta casa, afastando a todos. E as duas partes de vós, a saber, todos os que saem no sábado, farão guarda da casa do Senhor junto ao rei”. [grifo nosso].
Champlin, comenta:
No período entre o Antigo e o Novo Testamento, ocorreu uma radicalização na celebração do sábado. Na época dos macabeus, muitos preferiam morrer a deixar de celebrar o sábado. Soldados recusavam-se a defender a si mesmos e ao próprio povo naquele dia (I Macabeus 2:32-38; II Macabeus 6:11). A tradição judaica posterior permitia que o dia deixasse de ser observado sob circunstâncias de vida ou morte. Perigos que ameaçassem à vida poderiam ser encarados de maneira que violassem a manutenção da tradição sabática (Yoma 8:6). Mas nem todas as facções do judaísmo seguiram as diretrizes de liberalização. Materiais encontrados no Qumran mostram que os fazendeiros não podiam realizar no sábado atos que preservassem a vida de animais durante parturições complicadas. Se a mãe ou sua cria morresse, o acontecimento era considerado como um ato de Deus.

ATIVIDADES ESSENCIAIS HOJE
Assim como no tempo de Jesus, nos diversos dias da semana existem hoje, pessoas nos templos religiosos realizando atividades essenciais. Pastores adventistas em nossos dias violam o sábado; Pastores diversos violam o domingo, segunda, etc.
As Forças Armadas são indispensáveis para a defesa da Pátria e, na execução desse serviço, existem homens que não podem se dar ao luxo de reservar um dia em especial, e sempre nele, gozar do descanso e comunhão com Deus. Da mesma forma, quem exerce a atividade de segurança pública não pode separar o sábado para que nele possa descansar e louvar a Deus, pois a sua atividade requer dedicação ininterrupta, pois o inimigo não escolhe dia. Devido ao pecado do homem ocorrem crimes diversos, mesmo no dia de sábado, sendo preciso a presença da Polícia para dar segurança aos que precisam. Um sabatista pode ter sua casa assaltada no sábado e vai precisar do auxílio de uma pessoa que dedica-se a proteger-lhe a integridade física independente de dia.
A energia elétrica em nossos dias é algo tão comum e chega aos nossos lares de forma tão simples. Apertamos um botão e ali está ela, iluminando o ambiente, funcionando aparelhos domésticos e aquecendo a água do chuveiro. Tão comezinha que não refletimos quanto trabalho causou para chegar em nossas casas e nos auxiliar em tarefas que sem ela seriam demais penosas. Num piscar de olhos e ali está ela pronta a nos entreter com som e imagem. Será que quem a produziu trabalhou somente de domingo até sexta-feira à tarde? É sabido que os sabatistas costumam preparar seu alimento antes do “sábado”, logo não acenderá fogo nesse dia , nem utilizará o microondas, contudo, nesse dia ele não acende a lâmpada de sua casa?
Quantos hospitais realizam cirurgias emergenciais do pôr-do-sol de sexta-feira ao pôr-do-sol de sábado. A energia é essencial para manter o coração pulsando na sala de emergência e há que ter alguém realizando trabalho para que isso ocorra, seja qual dia for, há sempre um “shabbos goy”  à disposição.
Assistindo ou lendo às manchetes nos diversos Jornais de nossa Nação, principalmente nesses dias após os atentados contra os Estados Unidos, observamos soldados israelenses em guaritas, às margens de sua fronteira, atentos e prontos a defender seu país de um ataque inimigo. Será que eles realizam essas atividades de domingo a sexta-feira à tarde? É óbvio que não. Essa atividade envolve vidas e deve ser exercida dioturnamente.
É razoável questionarmos sobre esse assunto, pois qual homem em nossos tempos modernos não usufruiu dos benefícios de alguma atividade essencial. Qual mortal, seja ele judeu, cristão, muçulmano, budista ou ateu, nunca foi acometido por uma enfermidade qualquer, tendo que procurar um posto de saúde ou hospital, onde ali se encontrava, em pleno dia de sexta-feira, sábado ou quem sabe domingo, um homem de branco, que abdicando de seu “shabath” o atende, devolvendo vida àquele corpo moribundo que chegou em pleno almoço. Quem nunca ouviu o barulho de uma sirene de um carro vermelho que velozmente se dirige para um incêndio horroroso e dantesco. Que dia foi mesmo? segunda-feira, sábado ou domingo? Domingo não, quem poderia trabalhar em pleno dia de “guarda” do cristão batista?
Notamos então, que os países dependem de ter certos serviços funcionando vinte quatro horas no dia, durante todo o mês e durante todo o ano, pois eles, muitas vezes são parte de uma estrutura indispensável para a realização daquilo que eles se propõem em termos de princípios fundamentais, direitos e garantias, em suas Constituições, e ir de encontro à realização desses trabalhos, mesmo em dia de sábado é causar muito impacto social.
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Um comentário:

  1. Nós, adventistas do sétimo dia, cremos que "é lícito fazer o bem no sábado!!!" E,vamos além, ao compreender que temos de ser um "imitador" de Cristo... O autor demostra desconhecimento e ignorância! Além disso, fica claro o velho discurso desleal com o fim de "enganar, se possível, os escolhidos"... Esta é obra de satanás que muitos tem levado aos quatro ventos - que prosperará... "Mas se Deus é por nós quem será contra nós?"

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