terça-feira, 9 de agosto de 2011

JUIZO INVESTIGATIVO: ENSINO DE DEUS OU DOS HOMENS?

Pr. Natanael Rinaldi
Uma das chamadas doutrinas fundamentais dos adventistas do sétimo dia é a doutrina conhecida como JUIZO INVESTIGATIVO. Para mostrar a importância dessa doutrina certo escritor adventista assim declara:
“Se a doutrina de 1844 não era bíblica, Ellen White pertencia à mesma classe de Mary Baker Eddy e Joseph Smith.”... “Se o juízo de 1844 não era bíblico, a igreja tampouco o era.”... “A lógica me dizia que se a data de 1844 não fosse bíblica, o adventismo não seria nada mais do que uma seita.” (1844 – Uma Explicação Simples das Principais Profecias de Daniel, p. 9,10, 2ª edição – 1999 - CASA).
Uma pergunta muito intrigante para os adventistas que sustentam essa esdrúxula doutrina: por que será que nenhum adventista aborda a questão do Juizo Investigativo quando tenta ganhar um adepto para o adventismo? Nunca encontrei um adventista que quisesse dialogar sobre o assunto. Com muita freqüência e até insistência abordam a questão da guarda do sábado e se comprazem e polemizar sobre o assunto. Mas, com relação ao juizo investigativo nunca encontrei um que quisesse polemizar sobre esse tema. Se essa doutrina é tão fundamental a ponto de se considerar que a sobrevivência do adventista depende dela, por que tanta falta de conhecimento por parte dos adventistas que não querem perder tempo com seus opositores sobre o assunto?
Ellen Gold White recomenda que se conheça bem a doutrina do Juizo Investigativo, afirmando:
“O assunto do santuário e do juizo de investigação, deve ser claramente compreendido pelo povo de Deus. Todos necessitam para si mesmos de conhecimento sobre a posição e a obra de seu grande Sumo Sacerdote. Aliás, ser-lhes-á impossível exercerem a fé que é essencial neste tempo, ou ocupar a posição que Deus lhes deseja confiar.” ... “É de máxima importância que todos investiguem acuradamente estes assuntos, e possam dar resposta a qualquer que lhes peça a razão da esperança que neles há.” (O CONFLITO DOS SÉCULOS, 491/92)
Para justificar esse ensino estranho às Escrituras, porque a Bíblia fala do Juizo Executivo ou também conhecido como Juizo Final (Mt 25.31,32; Ap 20.11-15), os adventistas do sétimo dia (ASD) tentam justificá-lo com Apocalipse 14.6,7, “Temei a Deus e dai-lhe glória: porque vinda é a hora do Seu juizo.” (O Conflito dos Séculos, p. 435, 24ª edição, 1980) É conhecida essa declaração como a mensagem do primeiro anjo.
A NATUREZA DO JUÍZO DE APOCALIPSE 14.7
Qual a natureza do julgamento indicado em Apocalipse 14.7? Não é certamente nada relacionado com esse ensino espúrio de Juizo Investigativo. Trata-se de juizo de castigo imposto por Deus. Os santos foram perseguidos dos modos mais cruéis e bárbaros (Ap 7.9-15). Quando eles clamaram ao Senhor por justiça e julgamento, foi-lhes dito que deveriam descansar ainda por um pouco de tempo (Apocalipse 6.9-11). Mas, terminado o tempo permitido aos grandes perseguidores, uma grande mudança veio. A hora do juízo de Deus esperada, chegou. O juízo retribuidor de Deus tinha já começado a cair. O anúncio da hora do juízo de Deus em Apocalipse 14.7 é seguido por uma longa série de juízos, atingindo o seu clímax na parte final do capítulo vinte (Veja Ap 17.1; 18.8,10,20; 19.2, 11-20).
Ora, o texto de Apocalipse 14.6,7 fala do juizo de Deus sobre a impiedade e não de Juízo Investigativo. Esse ensino do Juízo Investigativo é apenas um paliativo arrumado para justificar a falsa profecia sobre a vinda de Jesus, que não ocorreu como esperada. Jesus preveniu sobre o surgimento de falsos profetas (Mt 24.5,11,23-25) e a profecia de William Miller sobre a vinda de Jesus em 22 de outubro de 1844 tem essa característica de falsa profecia (Dt 18.20-22). Não gostaríamos de pensar que os amigos adventistas aguardam o juízo de Deus por causa de suas crenças apóstatas (1 Tm 4.1)
WILLIAM (OU GUILHERME) MILLER
Como sabemos, esse ensino foi decorrente do fracasso profético de William Miller ou Guilherme Miller que marcou duas datas para a vinda de Jesus e elas não se cumpriram: a primeira para 21 de março de l843 e a segunda para 22 de outubro de 1844.
Como resultado de seus estudos proféticos no livro de Daniel, notadamente 8.14, chegou ele à seguinte conclusão:
a) que Cristo voltaria de maneira pessoal e visível nas nuvens dos céus cerca do ano de 1843;
b) que os justos mortos ressuscitariam incorruptíveis e os justos vivos seriam transformados para a imortalidade, sendo ambos levados juntos para reinarem com Cristo na nova terra;
c) que os santos seriam apresentados a Deus;
d) que a terra seria destruída pelo fogo;
e) que os ímpios seriam destruídos e seus espíritos conservados em prisão até sua ressurreição e condenação;
f) que o início do milênio ensinado na Bíblia era os mil anos que se seguiam à ressurreição. ”(Fundadores da Mensagem, p. 19)
Um dos membros seguidores de Miller, conhecido como Hiram Edson, não conformado com o fracasso profético conhecido entre os adventistas como o GRANDE DESAPONTAMENTO teve uma visão no dia seguinte a esse fracasso profético.
“Detive-me em meio ao campo. O céu parecia abrir-se-me a vista e vi distinta e claramente que em lugar de nosso Sumo Sacerdote sair do Lugar Santíssimo do santuário celestial para vir à Terra... Ele pela primeira vez nesse dia entrava no segundo compartimento desse santuário; e que tinha uma obra para realizar no Santíssimo antes de vir à Terra.” (História do Adventismo, de C. Mervyn Maxwel, p. 50)
Jesus, ao invés de vir à terra no final dos 2300 dias de Daniel 8.14, interpretado como sendo 2.300 anos proféticos a começar de 457 A C., entrou ele em 22 de outubro de 1844 no lugar santíssimo do santuário celestial para levar a efeito a obra final da redenção. Esse ensino é também conhecido como a redenção incompleta.
ELLEN GOULD WHITE
Embora, como dissemos, a doutrina sobre o Juizo Investigativo tenha se iniciado com Hiram Edson, o homem da visão sobre a entrada de Jesus no Santo dos Santos em 22 de outubro de 1844, Ellen Gould White endossou esse ensino no seu livro O CONFLITO DOS SÉCULOS. Há um capítulo inteiro (de n. 28) desse livro que trata exaustivamente do assunto, intitulado “O GRANDE JUIZO DE INVESTIGAÇÃO (idem, p. 483).
Assim, os ASD tiveram uma profetiza no seu meio que validou o ensino do Juizo Investigativo como também o ensino sobre O SANTUÁRIO CELESTIAL. Ellen Gold White atuou entre eles de dezembro de 1844, quando recebeu sua primeira visão, até sua morte em 1915. Ellen, então uma jovem de 17 anos, estava entre aqueles que participaram do movimento que esperou o retorno de Jesus em 22 de outubro de 1844. Quase dois meses depois, ela teve sua primeira visão. Durante sua vida, ela teve mais de duas mil visões. Os adventistas seguiram sem reservas as orientações dessa jovem.
Vejamos como ela justifica o fracasso profético de Miller:
“Tanto a profecia de Daniel, capitulo 8, verso 14 – ‘Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado’- como a mensagem do primeiro anjo – ‘Temei a Deus e dai-lhe glória; porque é hora de Seu juizo’- indicavam o ministério de Cristo no lugar santíssimo, o juizo investigativo, e não a vinda de Cristo para resgatar o Seu povo e destruir os ímpios. O engano fora, não na contagem dos períodos proféticos, mas no acontecimento a ocorrer no fim dos 2.300 dias. Por este erro, os crentes sofreram desapontamento...” (O Grande Conflito, p. 423/4, 24ª edição, 1980)
“Cristo aparecera, não à Terra, como esperavam, mas, conforme fora prefigurado tipicamente, ao lugar santíssimo do templo de Deus, no Céu.”(idem, p. 424)
“O ministério do sacerdote, durante o ano todo, no primeiro compartimento do santuário, ‘para dentro do véu’ que formava a porta e separava o lugar santo do pátio externo, representa o ministério em que entrou Cristo ao ascender ao Céu. Era a obra do sacerdote no ministério diário...” (Ibidem, 420)
LUGAR ONDE JESUS ENTROU NA SUA ASCENÇÃO
Se há um ensino sobre o qual a Bíblia é clara é o de que, por ocasião da sua ascensão, Jesus entrou diretamente à presença de Deus no santo dos santos.
“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus.” (At 7.55)
“Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu, ou antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.”(Rm 8.34)
“Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos, e pondo-o à sua direita nos céus.”(Ef 1.20)
“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à dextra de Deus.”(Cl 3.1)
Contraditoriamente, Ellen Gold White declara:
“Como sacerdote, Cristo está agora assentado com o Pai em Seu trono (Apocalipse 3.21.)
Ora, como Jesus poderia estar assentado com o Pai em Seu trono e ao mesmo tempo exercer a função de um sacerdote e não de sumo sacerdote se o sacerdote se apresentava diariamente no lugar santo e só o sumo sacerdote comparecia ao santo dos santos uma vez no ano? Como sabemos o Santo dos Santos era o Shekinah que representava o trono de Deus.
Esclarece ela sobre o santuário:
“Além do pátio exterior, onde estava o altar das ofertas queimadas, consistia o tabernáculo, propriamente dito, em dois compartimentos, chamado o lugar santo e o lugar santíssimo, separados por uma rica e bela cortina, ou véu; um véu idêntico cerrava a entrada ao primeiro compartimento.” (ibidem, p.412)
Diz mais ela:
“O serviço do santuário terrestre dividia-se em duas partes: os sacerdotes ministravam diariamente no lugar santo, ao passo que uma vez ao ano o sumo sacerdote efetuava uma obra especial de expiação no lugar santíssimo, para a purificação do santuário.” (ibidem, p.417)
Do exposto, verificamos que Ellen Gold White não ignorava as funções específicas tanto do sacerdote como do sumo sacerdote. Sabia também ela, pela Bíblia, que Jesus exerce as funções, não de sacerdote diariamente no lugar Santo, mas que Jesus é nosso sumo sacerdote. E esta posição de Cristo como sumo sacerdote é repetida muitas vezes na Bíblia no livro de Hebreus.
JESUS COMO SUMO SACERDOTE
“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.” (Hb 4.14,15)
“Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados.” (Hb 5.1) Outros textos: (Hb 5.8; 8.1)
Por outro lado, a expressão ‘dentro do véu’ não se aplicava à porta que separava o lugar Santo do pátio externo, mas separava o lugar Santo do lugar Santo dos Santos ou Santíssimo.
O VÉU DE SEPARAÇÃO DO LUGAR SANTO DO SANTO DOS SANTOS (OU SANTÍSSIMO)
A palavra véu, referindo-se ao templo, é encontrada algumas vezes no Novo Testamento.
“E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo...” (Mt 27.51)
“E o véu do templo se rasgou em dois, d’alto a baixo.” (Mc 15.38)
“Escurecendo-se o sol; rasgou-se ao meio o véu do templo.” (Lc 23.45)
Ellen Gold White conhecia muito bem essa distinção entre os dois lugares: Santo e Santo dos Santos separados por um véu ou cortina:
Diz ela:
“Ao irromper dos lábios de Cristo o grande brado: ‘Está consumado’, oficiavam os sacerdotes no templo.”... “Com ruído rompe-se de alto a baixo o véu interior do templo, rasgado por mão invisível, expondo aos olhares da multidão um lugar dantes pleno da presença divina. Ali habitara o shekinah. Ali manifestara Deus Sua glória sôbre o propiciatório. Ninguém, senão o sumo sacerdote, jamais erguera o véu que separava êsse compartimento do resto do templo. Nêle penetrava uma vez por ano, para fazer expiação pelos pecados do povo. Mas eis que êsse véu é rasgado em dois. O santíssimo do santuário terrestre não mais é um lugar sagrado.” (O Desejado de Tôdas as Nações, p. 564)
“E, além do segundo véu, estava o sagrado shekinah, a visível manifestação da glória de Deus, ante a qual ninguém, a não ser o sumo sacerdote, poderia entrar e viver.” (O Grande Conflito, p. 414)
Em cada lugar onde a expressão “interior do véu” é usada, sempre, sem exceção, refere-se ao Santo dos Santos ou Santíssimo. Onde quer que a palavra “véu” é citada na Bíblia é usada em conexão com os serviços sacrificiais, e isso significa também a cortina entre o lugar Santo e o Santo dos Santos. Contradizendo-se, a Sra. White, para justificar o ensino que Jesus só entrou no lugar Santo dos Santos em 22 de outubro de 1844, procura dar a idéia de que o véu de Hebreus 6.19,20 significa o véu entre o átrio exterior e o lugar santo.
“O ministério do sacerdote, durante o ano todo, no primeiro compartimento do santuário, ‘para dentro do véu’ que formava a porta e separava o lugar santo do pátio externo, representa o ministério em que entrou Cristo ao ascender ao Céu.”...
“Durante dezoito séculos este ministério continuou no primeiro compartimento.” (ibidem, p. 420)
Não ignora a Sra. White que a expressão por ela usada “para dentro do véu” não separava o pátio externo do lugar Santo, como pretende fazer crer, mas a expressão “para dentro do véu” que aparece em Hebreus 6.19,20 aplicava-se ao véu que separava o lugar Santo do lugar Santo dos Santos. Leiamos:
“A qual temos como âncora da alma segura e firme, e que penetra até ao INTERIOR DO VÉU: onde Jesus, nosso precursor entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.” (Hebreus 6.19,20).
O escritor de Hebreus declara que Jesus, como nosso precursor, já havia entrado no interior do véu (o compartimento conhecido como o Santo dos Santos) quando sua epístola fora escrita. Comparemos agora com Êxodo 26.33, “Pendurarás o véu debaixo dos colchetes, e meterás a arca do testemunho ali DENTRO DO VÉU, E ESTE VÉU vos fará separação entre o santuário e o lugar santíssimo.” “Disse pois o Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, PARA DENTRO DO VÉU, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu apareço na nuvem sobre o propiciatório.” (Lv 16.2)
Como vemos o véu fazia separação entre o lugar Santo e o Santíssimo e não entre o pátio externo e o lugar Santo como pretende a Sra. White. É tapar o sol com a peneira.
“O serviço no santuário terrestre dividia-se em duas partes: os sacerdotes ministravam diariamente no lugar santo, ao passo que uma vez ao ano o sumo sacerdote efetuava uma obra especial de expiação no lugar santíssimo, para a purificação do santuário. (Ibidem, p. 417).
O JULGAMENTO SEGUE À SEGUNDA VINDA DE JESUS
Os textos bíblicos básicos em apoio de tal interpretação são os seguintes: 2 Timóteo 4.1; 1 Coríntios 4.5. Essas passagens indubitavelmente identificam o tempo do julgamento com a segunda vinda do Senhor.
“Conjuro-te pois diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino.”( 2 Tm 4.1)
“Portanto nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor.” (1 Co 4.5)
Paulo fala de Cristo, em sua vinda, “trazendo à luz as coisas ocultas das trevas”.
Ainda em Romanos 2.16 ele afirma, “No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.” E no versículo cinco ele refere ao “dia da ira e da manifestação do juízo de Deus” dizendo: “Mas, segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juizo de Deus.”
Não há engano a respeito disso. Nós sabemos quando o dia da ira chegará. É no segundo advento – o tempo quando o povo dirá o que está em Apocalipse 6.16,17: “Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono e da ira do Cordeiro. Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?”
O próprio Cristo colocará as cenas do juízo após a sua vinda. Aqui estão as palavras solenes de Jesus com que ele introduzirá o julgamento: “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas.”( Mateus 25.31,32)
Jesus ensinou a mesma verdade em outras passagens: Mateus 13.24-30, 36-43. Outra vez, há nessa parábola da rede lançada ao mar, onde foram apanhados os peixes bons e ruins, que, em seguida, foram separados. Os bons foram mantidos, mas os maus foram lançados fora. Qual o significado disto? “Os anjos virão” - explica Jesus e separarão os pecadores dentre os justos. E quando isto será feito? Assim será no fim do mundo é outra vez dito por Jesus (Mt 13.47-50)
Na ocasião solene de seu último aviso ao povo judeu, Jesus falou: “E Jesus clamou, e disse: Quem crê em mim, crê, não em mim, mas naquele que me enviou.” Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.”(João 12.44, 48) O julgamento segue o segundo advento. Note que isso é ensinado nos seguintes textos: 2 Timóteo 4.1; 1 Pedro 4.5; Romanos 14.12; 1 Coríntios 3.13; 2 Tessalonicenses 1.5-10; Ap 20.11-15)
NÃO UM JULGAMENTO INVESTIGATIVO
Note que em nenhum estágio do julgamento, nem Deus nem os anjos são representados como conduzindo uma investigação. O juízo de Deus é em todos os casos, anunciado ou revelado e sua vindicação ou cada provação manifestada.
Aquele dia será dia da “... manifestação do juízo de Deus” (Romanos 2.5). “o qual trará também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações” (1 Co 4.5). “Pois todos nós devemos comparar ante o tribunal de Cristo” (2 Co 5.10).
As Escrituras ensinam principalmente e que os homens são julgados conforme seu relacionamento com Jesus Cristo aqui na vida presente: “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado; porquanto não crê no nome do Unigênito Filho de Deus.” (Jo 3.18). Falando aos judeus, Jesus disse: “Na verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida.” (Jo 5.24) Em Romanos 8.1, Paulo declara: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”
ERROS NA INTERPRETAÇÃO DO SISTEMA SACRIFICIAL
Ellen Gold White interpreta o sistema sacrificial de modo incorreto quando ensina que,
“Por esta cerimônia (o sacrifício diário), o pecado transferia-se, mediante o sangue, em figura, para o santuário.” (O Conflito dos Séculos, p.418)
“Esta era a obra que, dia após dia, se prolongava por todo o ano. Os pecados de Israel eram assim transferidos para o santuário, e uma obra especial se tornava necessária para a sua remoção.” ...
“Esta era a obra que, dia após dia, se prolongava por todo o ano. Os pecados de Israel eram assim transferidos para o santuário, e uma obra especial se tornava necessária para a sua remoção.” ...
“Uma vez por ano, no grande dia da expiação, o sacerdote entrava no lugar santíssimo para a purificação do santuário.” (Ibidem, 418)
O erro consiste na suposição de que o aspergir do sangue diariamente no lugar Santo (Nm 28.3) poluía o lugar, enquanto que o sangue do bode aspergido no dia da expiação (Lv 16.1-23) purificava o santuário.
Se o sangue pela oferta pelo pecado, aspergido sobre o altar, servia para transferir a culpa do pecado do ofertante para o altar e assim contaminava o altar, por que o sangue do bode expiatório no dia da expiação purificava o lugar santíssimo? Por outro lado, se a purificação do lugar santíssimo se fazia com o aspergir o sangue do bode expiatório sobre a tampa do propiciatório, por que o sangue derramado diariamente sobre o altar não purificava o altar do sacrifício?
“Uma vez por ano, no grande dia da expiação, o sacerdote entrava no lugar santíssimo para a purificação do santuário.” (Ibidem, p. 418)
Depois de proibir comer sangue, Deus deu a razão dessa proibição “Porque a alma da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma.” (Levítico l7.11)
Uma pergunta pode surgir por parte dos defensores dessa doutrina: se os sacrifícios diários removiam os pecados do santuário, por que as cerimônias do Dia da Expiação? A resposta é simples: a expiação no dia da Expiação era feita por aqueles que durante o ano não tinham oferecido sacrifícios pelos seus pecados. (Seventh-Day Adventism, p. 76,77, Anthony A Hoekema, 1976)
PECADOS PERDOADOS E NÃO CANCELADOS
Diz Ellen Gold White:
“A obra do juizo investigativo e extinção dos pecados deve efetuar-se antes do segundo advento do Senhor. Visto que os mortos serão julgados pelas coisas escritas nos livros, é impossível que os pecados dos homens sejam cancelados antes de concluído o juízo em que seu caso deve ser investigado.” (ibidem, p. 488, 489)
O livro doutrinário da Igreja Adventista torna esse ensino de Ellen Gold White mais claro, na procura da distinção entre pecados perdoados e não cancelados, como se fossem situações diferentes no seu significado.
“Todos aqueles que verdadeiramente se arrependeram e pela fé reclamaram o sangue do sacrifício expiatório de Cristo, terão assegurado o perdão. Quando seus nomes forem chamados a julgamento e se constatar que eles estão revestidos pelo manto da justiça de Cristo, seus pecados serão apagados e eles serão considerados dignos da vida eterna.” (Nisto Cremos, p. 418)
É de se indagar: como admitir que quando alguém aceita a Cristo como Salvador único e pessoal – se esse é o caso que ocorre com os adventistas - que eles tenham assegurado o perdão, mas, ao mesmo tempo, admitir que seus pecados não foram apagados e que isso só se dará por ocasião da conclusão desse juizo investigativo? Quando Jesus disse ao paralítico: “Filho, tem bom ânimo; perdoados te são os teus pecados.” (Mt 9.2) ele queria dizer apenas: teus pecados são perdoados, mas não cancelados? Isso se parece muito com o ensino católico do purgatório, pois, depois de cumprir todas as exigências da confissão auricular, fazer penitências, ainda devem os católicos ir ao purgatório para satisfazer a justiça de Cristo. O adventista como não crê no purgatório, admite que a alma do crente adventista ao morrer, dorme no pó da terra. É o chamado sono da alma. Não podem afirmar com Paulo,“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” (Fp 1.21)
Toda essa distinção entre pecados perdoados e pecados cancelados, é essencial para o ensino do juizo investigativo. Pode um cristão verdadeiro ter pecados perdoados e não cancelados?
“... o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” (1 Jo 1.7)
“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça. ” (1 Jo 1.9)
“Aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados.” (Ap 1.5)

JESUS - JUIZ OU INTERCESSOR?
Diz Ellen Gold White:
“Quando se encerrar o juizo de investigação, Cristo virá, e Seu galardão estará com ele para dar a cada um segundo a sua obra.” (Ibidem, p. 489)
Como aceitar o ensino segundo o qual Jesus está ocupado no céu com a obra do juizo investigativo e simultaneamente aceitar que ele é o nosso intercessor e mediador junto ao Pai?
“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chagam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.”(Hb 7.25)
Como julgar e interceder ao mesmo tempo? Jesus é atualmente nosso advogado e não juiz (1 Jo 2.1)
Diz mais a Bíblia:
“Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós.” (Rm 8.34)
“Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles?” (Hb 7.25)
OBRA DA REDENÇÃO INCOMPLETA
Diz Ellen Gold White:
“O sangue de Cristo, oferecido em favor dos crentes arrependidos, assegurava-lhes perdão e aceitação perante o Pai; contudo, ainda permaneciam seus pecados nos livros de registro. Como no serviço típico havia uma expiação ao fim do ano, semelhantemente, antes que se complete a obra de Cristo para redenção do homem, há também uma expiação para tirar o pecado do santuário. Este é o serviço iniciado quando terminaram os 2.300 dias. Naquela ocasião, conforme fora predito pelo profeta Daniel, nosso sumo Sacerdote entrou no lugar santíssimo para efetuar a última parte de Sua solene obra – purificar o santuário.” (Ibidem, p. 420)
“Pela sua morte iniciou essa obra, para cuja terminação ascendeu ao Céu, depois de ressurgir.” (Ibidem, p. 492)
“Remissão, ou ato de lançar fora o pecado, é a obra a efetuar-se.” (Ibidem, p. 417)
Refutação:
Um erro puxa outro erro. Se a expiação de Cristo não está completa, pois lemos “antes que se complete a obra de Cristo para redenção do homem” - perguntamos: quem pode ter certeza de salvação?
A Bíblia declara que, desde o sacrifício de Cristo no Calvário, os pecados de todo aquele que pôs sua confiança em Cristo foram apagados por completo. Não tiveram que esperar até 22 de outubro de 1844 para receberem o princípio do perdão, nem até o regresso de Jesus para que se complete a obra da redenção.
A redenção é declarada completa e acabada na cruz uma vez por todas. Em Hebreus 9.11,12 declara “Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção.” (o grifo é nosso)
Isso é repetido em Hebreus 1.3 “... havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à dextra da majestade nas alturas.”
Repetido também em Hebreus 10.12-14: “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.”
CONCLUSÃO
A Sra. Ellen Gold White declara que
“os únicos casos a serem considerados são os do povo professo de Deus. O julgamento dos ímpios constitui obra distinta e separada, e ocorre em ocasião posterior.” (Ibidem, p. 484)
“Começando pelos que primeiro viveram na Terra, nosso Advogado apresenta os casos de cada geração sucessiva, finalizando com os vivos. Todo o nome é mencionado, cada caso minuciosamente investigado. Aceitam-se nomes, e rejeitam-se nomes.” (Ibidem, p. 486)
Diz então que o julgamento tem a ver com os casos “do povo professo de Deus” e isto desde “cada geração sucessiva”.
Se o juízo está relacionado com o povo professo de Deus e isto desde cada geração sucessiva, então seria o caso de relacionarmos alguns dos santos de Deus que primeiro passaram por este mundo e cujo registro está na Bíblia.
É só examinar Hebreus 11.4 que se lê acerca de Abel.
“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.”
Perguntamos: Abel necessita ser investigado?
Agora vamos ver um segundo caso, o de Enoque embora saibamos que ele foi arrebatado para não provar a morte (Gn 5.24): “Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus.” (Hb 11.5)
É preciso acrescentar outros nomes como Abraão, de quem se diz que Deus já lhe preparou uma cidade celestial? (Hebreus 11.8-10) Os heróis da fé jamais passarão por esse “juizo investigativo” inventado pela Sra. Ellen Gold White e defendida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia.
É só ler Hebreus 11.13,39: “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.” “E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa.”
Cristo mesmo falou sobre este assunto. Ele avisou aos judeus incrédulos que eles veriam Abraão e Isaque e Jacó e todos os profetas no reino Deus e eles mesmos lançados fora.
“Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas, no reino de Deus, e vós lançados fora.”
“E virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à mesa no reino de Deus. (Lc 13.28, 29)
“E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.” (Mt 19.28)
Poderia Jesus ter assim falado, se antes eles tivessem de passar pelo “juízo investigativo” que se iniciaria em 22 de outubro de 1844?
Paulo falou com confiança referente ao seu futuro, dizendo “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem sua vinda.” (2 Timóteo 4.7,8)
Se Paulo admitisse esse “juízo investigativo” ele teria escrito: “A coroa da justiça me esperará depois que eu tiver passado pelo “juízo investigativo” que se iniciará em 22 de outubro de 1844.”
Quanto aos outros apóstolos, seus nomes estão inscritos no fundamento da Nova Jerusalém
“E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.” (Apocalipse 21.14)
Perguntamos: Nomes tão gloriosamente adornados irão para revisão no julgamento investigativo? Terão que passar por um escrutínio? Certamente que não.
O caso se torna pior quando sabemos que os adventistas admitem a doutrina da Trindade e conseqüentemente aceitam a deidade absoluta de Jesus e daí reconhecer que ele possui todos os atributos de Deus. Um desses atributos é a onisciência. Mas essa onisciência é negada quando Jesus pode ser comparado a um professor que, primeiro, deve corrigir as provas dos seus alunos para, em seguida, saber os que serão ou não aprovados. O Jesus da Bíblia é realmente onisciente.
“Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.” (Jo 10.14)
“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem. E dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (Jo 10.27,28)
“Todavia o fundamento de Deus fica firma, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” (2Tm 2.19)


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