sábado, 31 de maio de 2014

NÃO USE A FÉ COMO AUTOAJUDA

por Gilson Barbosa

Influenciados pelo movimento da “confissão positiva” (popularmente conhecida como “teologia da prosperidade”), inúmeros evangélicos tem se afastado do verdadeiro sentido de fé, nas escrituras.  A fé deles bem pode ser chamada de autoajuda, otimismo, motivação. Preciso dizer que não sou uma pessoa pessimista e afirmo que em certo sentido devemos manter uma atitude positiva em relação a muitas coisas na vida. Porém quando misturamos fé evangélica com questões humanas e seculares, sempre distorcemos o real sentido que a Bíblia atribui à fé.

As empresas, por exemplo, precisam injetar em seus funcionários uma boa dose de otimismo e motivação. Até aí tudo bem. O negócio começa a criar ares de gravidade quando o ser humano é instado a refletir sobre sua condição de quase um semideus. O amor a si próprio, que é legítimo (leia Marcos 12:31), é transformado numa idolatria humana. Tudo isso para que a pessoa se sinta capaz de conquistar metas cada vez maiores e obter sucesso. A pessoa passa da sadia avaliação de sua autoimagem a uma adoração do seu próprio eu. Creio que um crente envolvido nesse contexto deve ter muito discernimento para não aceitar essa metodologia como advinda da parte de Deus. O grande equívoco do ser humano tem sido a de buscar sua própria autonomia. Infelizmente muitas igrejas utilizam os mesmos métodos empresariais de motivação e autoajuda para dinamizar seus membros.

Os líderes da “teologia da prosperidade” dizem até mesmo que não devemos orar tendo como perspectiva a vontade de Deus, pois isso caracteriza falta de fé ou dúvida. Na oração não devemos usar a expressão “se for da tua vontade”. Kenneth Hagin disse o seguinte:

Quando oro uma “oração para receber algo da parte de Deus”, não posso colocar um “se” no meio e ainda esperar que algum dia receberei uma resposta. Nesse tipo de oração, o “se” indica a descrença – “se” é o distintivo da dúvida.

Parece que Hagin não leu sobre a afirmação dos três jovens hebreus (Sadraque, Mesaque e Abede-Nego) diante da ameaça do rei Nabucodonosor de que se não adorassem a imagem construída para sua própria honra seriam lançados na fornalha ardente.  Diante da terrível ameaça de morte eles responderam ao rei usando a condicional “se”:

Se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste. (Daniel 3:17,18)

O próprio Jesus orou ao Pai suplicando que a sua vontade fosse feita: “faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mateus 6:10). É claro que devemos orar com fé, mas a fé tem que ter como fundamento a vontade de Deus. Com essa petição, “faça-se a tua vontade”, o Senhor Jesus está ensinando aos seus discípulos a dependerem inteiramente da graça de Deus. Muitos irmãos exercem a fé na oração apenas no sentido de se beneficiarem das bênçãos materiais que podem advir da parte de Deus. Entretanto, isso pode não estar dentro da vontade de Deus para nós. Ademais, Deus não está preocupado nem interessado em dar carrões de luxo, roupas de grife, mansões com piscinas, ou coisas do gênero, para seus servos. Afirmar isso é uma grande besteira. É só analisar a vida dos apóstolos e profetas e veremos que nunca essas coisas passaram pela mente de Deus.

O Dr. Wendel Lessa declara que “fé no contexto religioso contemporâneo, é apenas um sentimento subjetivo que deve ser confirmado com realizações factuais e concretas no dia a dia”. Ou seja, é algo compreendido no íntimo de cada indivíduo. Ele continua dizendo que “a validade da fé depende do quanto ela é demonstrada objetivamente por meio de ‘bênçãos’ materiais, concretas e numeráveis”. Essa atitude lança culpa nos irmãos que estão passando por diversas dificuldades. O problema está em não possuírem fé suficiente.

Aliás, os proponentes da “teologia da prosperidade” asseveram que devemos ter a fé do tipo de Deus. A “base” para esse entendimento advém da história em que Cristo amaldiçoa a figueira por causa da falta de fruto. Leiamos Marcos 11: 20-23:

E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz. Então, Pedro, lembrando-se, falou: Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou. Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.

O conceito de fé de Kenneth Hagin é: “uma força que cria a realidade”. Segundo ele Deus criou o homem e o mundo, por um ato de sua própria fé. Deus trouxe à existência aquilo que desejava em sua mente por meio da fé. Isso é um absurdo. Em primeiro lugar porque o texto bíblico diz “tende fé em Deus”, e os gramáticos afirmar não ser possível traduzir por “tende a fé do tipo de Deus”. Em segundo lugar causa estranheza dizer que Deus tem fé naquilo que vai fazer. Deus é soberano, todo sábio, onipotente e não faz sentido ter que usar a fé para criar qualquer coisa que desejasse.

Segundo a Escritura Sagrada a fé bíblica “é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hebreus 11:1). A fé não é uma substância. Ele não crê em coisas absurdas que não existem. As expressões são bem claras: “coisas que se esperam”, “convicção de fatos”. O mais importante da fé está no seu objeto. Quem é o objeto da fé? Cristo? Deus? Muitos têm feito da própria fé objeto da fé. É o que os teólogos afirmam ser a “fé na fé”. Esse tipo de exercício não é a fé nas promessas de Deus ou nos seus planos, mas a fé no que eu posso ter, conquistar, realizar. Esse pensamento é tanto extrabíblico quanto antibíblico.

Não sou contra os irmãos que gostam de usar frases positivas, otimistas, que expressam confiança. Sou desfavorável a usarem isso como se fossem doutrinas bíblicas ou que se esqueçam de que Deus nem sempre nos livra de sofrimentos ou dificuldades. Ele nem mesmo tem a obrigação de nos isentar de tais sofrimentos. A obrigatoriedade da fé para a conquista de bênçãos terrenas tem levado muitos irmãos a um sentimento de fracasso espiritual e de culpa. Por outro lado outros se consideram mais espirituais por terem conseguido algo que atribuem a resposta de Deus para suas orações. Nem uma coisa nem outra. O que prevalece é a vontade de Deus. Muitos personagens bíblicos não tiveram suas orações ouvidas ou desejos atendidos pelo Senhor. Pense nisso e não ficará frustrado.

Não apoie sua fé nas circunstancias temporais. Nem por isso desanime ou desista dos seus objetivos. Continue aprimorando suas habilidades para obter sucesso no seu trabalho, na escola e até mesmo na igreja. Continue orando para que o Senhor abra as portas que aparentemente estão fechadas para você. Mas, sobretudo dependa totalmente do Senhor em todas as coisas e atribua louvor a Ele quando tudo concorrer para o seu bem. Não confie em você mesmo. Não use a fé como instrumento de conquistas terrenas.


Com amor, 
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quinta-feira, 22 de maio de 2014

A VONTADE DO SENHOR NA ORAÇÃO

por Gilson Barbosa

Muitos irmãos não entendem a relação entre a oração e a vontade de Deus, o que acaba gerando confusão. Pensam que a vontade do Senhor pode ser alterada pela oração. Porém, no final das contas, esse entendimento acaba transferindo automaticamente o mérito da resposta à pessoa que ora e desconsidera os planos imutáveis do Senhor para nossa vida. Muitos dizem: “a oração tem poder!”. E é verdade. Mas será que não estamos afirmando isso somente porque o Senhor diz SIM às nossas orações? E quando as orações não são respondidas como queremos? Submetemo-nos a vontade do Senhor, ou ficamos incomodados?

Em primeiro lugar deve ser dito que a oração é um mandamento. O apóstolo Paulo disse aos irmãos tessalonicenses: “Orai sem cessar” (I Tessalonicenses 5:17). Ou seja, o crente deve orar sempre e não apenas nos momentos de dificuldades ou de decisões em sua vida. Jesus ensinou uma oração modelo (Mateus 6:9). A oração é um dos meios deixado pelo Senhor aos seus filhos, na concretização dos seus planos. Ela faz parte da providencia divina. O mesmo Deus que determina o final de um acontecimento determina o meio para se chegar ao resultado pretendido. Por isso é que muitas orações não são respondidas – não estão de acordo com a vontade do Senhor.

Em segundo lugar a oração não muda a vontade do Senhor para nossas vidas. Parece estranho dizer isso, mas é a realidade. Segundo Paulo a vontade do Senhor possui três características; ela é boa, agradável e perfeita: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2).  A forma como o Senhor responde nossas orações é muitas vezes incompreensível a nós. Mas acontece que Ele tem total direito de responder sim ou não as nossas orações; e se ele é soberano, pode até mesmo se silenciar. Podemos ler sobre isso em Isaías 38:1-8. O rei Ezequias diante de uma enfermidade mortal orou ao Senhor pedindo sobrevida e teve sua oração respondida – o Senhor lhe acrescentou mais 15 anos. Mas precisamos entender que essa sobrevida dada pelo Senhor possui dois fundamentos: 1º) ela já constava nos planos de Deus para a vida de Ezequias, e 2º) foi motivada pela atitude de mudança de comportamento do rei. Não foi porque o Senhor teve pena de Ezequias. Não foi o Senhor que alterou seus planos, foi Esequias que mudou de postura ao arrepender-se de seus pecados e pedir misericórdia ao Senhor. Nossa oração não convence o Senhor a fazer algo que Ele não faria caso não orássemos.

Não podemos jamais desconsiderar a vontade do Senhor e os seus planos. Segundo afirmou nosso Senhor Jesus, a vontade de Deus deve prevalecer em nossas vidas, assim como prevalece no ambiente celestial (Mateus 6:10). O apóstolo Paulo orientou os irmãos efésios para que se esforçassem em compreender a vontade de Deus, e afirmou que não entender a vontade do Senhor é ser insensato: “Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor” (Efésios 5:17). O irmão Vagner Barbosa asseverou que “a preocupação de quem ora deve ser a de procurar harmonizar sua própria vontade e sua oração com a vontade de Deus” – este é o desafio para cada um de nós.

Em terceiro lugar, não devemos orar apenas por coisas que não sabemos. Devemos orar por coisas que nos são óbvias. Devemos orar pela vinda de Cristo, por exemplo. É o que o apóstolo João registrou em Apocalipse 22:17,20: “O Espírito e a noiva dizem: Vem!”; “Amém! Vem, Senhor Jesus!”. A expressão “Maranata” trata-se de uma oração. Orar mencionando as promessas objetivas das escrituras e lembrando os atos poderosos de Deus é animador e encorajador. Na oração do Pai Nosso o Senhor Jesus nos ensina a orar pedindo a Deus que o seu reino seja implantado (Mateus 6:10). Orar pela realização do cumprimento das doutrinas bíblicas em nossa vida faz esquecer nós mesmos e pensarmos especificamente em Deus e sua grandeza. Todavia, não devemos nos apossar de promessas bíblicas que já tiveram seu cumprimento ou que são específicas a um acontecimento histórico.

Em quarto lugar, existem certos acontecimentos que o Senhor nem permite nem proíbe, e orar por cada um deles demanda grande atividade mental. Por exemplo, orar para trocar de casa, mudar de emprego, comprar um determinado carro, fazer uma prova de concurso, etc. São decisões que estão unidas a um conjunto de disciplinas coletadas e experimentadas ao longo da vida do indivíduo e que o Senhor pode muito bem não fornecer nenhum tipo de resposta ou algum sinal. Nem por isso não podemos orar por essas coisas. Só não podemos ficar atribuindo todos os mínimos detalhes das nossas decisões ao Senhor, pois pode ser que nossas decisões podem se mostrar equivocadas no futuro, e como atribuir esse mal resultado a um Deus sábio e perfeito.

Por ultimo, há propósito na oração. Ela é um meio deixado pelo Senhor para a concretização dos seus planos. Mas temos que ser sábios e sensatos. Quando o Senhor diz “sim” ou “não” as nossas orações é porque essa resposta já constava nos seus planos. Deus não muda o que ele decretou. Se você é daqueles que imagina o Senhor somente aprovando suas orações e respondendo todas como você quer, cuidado! Você pode ficar desapontado. Não temos soluções para alguns de nossos dilemas, sinto muito em lhe dizer isso. O Senhor há muito tempo atrás deixou bem claro por meio do profeta Isaías (55:8, 9) o seguinte: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos”.


Com amor, 

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sexta-feira, 16 de maio de 2014

ELEIÇÃO E REPROVAÇÃO: DOUTRINA QUE ASSUSTA

Por Gilson Barbosa

As doutrinas da eleição e reprovação divinas são bíblicas. Estão contidas em um corpo maior da Teologia Sistemática: a doutrina da providencia de Deus. A grande maioria dos evangélicos na intenção de “livrar Deus da culpa de lançar pecadores no inferno” costumam afirmar que essas doutrinas estão fundamentadas na presciência de Deus. Ou seja, Deus elege ou reprova com base na futura escolha do pecador. Primeiro o pecador aceita ou escolhe a salvação, em seguida Deus o predestina. Obviamente esse entendimento não tem nenhuma base bíblica. Vejamos.

1 – Os planos de Deus, chamado também de Decretos, são fundamentados a) em sua sabedoria, bem como afirmou o salmista (104:24): “Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas”; b) em sua soberania, pois ele não precisa da nossa opinião humana para a realização de sua vontade: “Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?” (Romanos 11:34); c) são realizados no tempo histórico; d) são incondicionais, ainda que o Senhor não dispense os meios para a realização do seu plano.

2 – Desde o início a raça humana foi dividida em dois grupos. Os descendentes da semente piedosa e temente ao Senhor – proveniente de Sete: “Tornou Adão a coabitar com sua mulher; e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim matou. A Sete nasceu-lhe também um filho, ao qual pôs o nome de Enos; daí se começou a invocar o nome do SENHOR” (Genesis 4:25,26). E os descendentes de Caim (leia Genesis 4:17-24).

3 – Deus escolheu a nação de Israel para ser sua propriedade exclusiva. Sabemos que havia outras nações naquele tempo, mas o Senhor em seu infinito poder e soberania elegeu Israel para ser seu povo: “Porque tu és povo santo ao SENHOR, teu Deus; o SENHOR, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos os povos que há sobre a terra” (Deuteronômio 7:6). A escolha do Senhor por Israel não aconteceu por algum mérito desta nação: “Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos” (Deuteronômio 7:7). Mas, o Senhor a escolheu com base em seu amor e sua aliança feita com os patriarcas: “mas porque o SENHOR vos amava e, para guardar o juramento que fizera a vossos pais” (Deuteronômio 7:8).

4 – Indivíduos da linhagem piedosa foram escolhidos para realizar a obra do Senhor.  Fundamentado em quê, Deus escolheu Abrão ainda em Ur dos Caldeus? “Então, Josué disse a todo o povo: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Antigamente, vossos pais, Tera, pai de Abraão e de Naor, habitaram dalém do Eufrates e serviram a outros deuses. Eu, porém, tomei Abraão, vosso pai, dalém do rio e o fiz percorrer toda a terra de Canaã” (Josué 24:2,3). Por que o Senhor não escolheu Ismael como filho da promessa? “Deus lhe respondeu: De fato, Sara, tua mulher, te dará um filho, e lhe chamarás Isaque; estabelecerei com ele a minha aliança, aliança perpétua para a sua descendência. Quanto a Ismael, eu te ouvi: abençoá-lo-ei, fá-lo-ei fecundo e o multiplicarei extraordinariamente; gerará doze príncipes, e dele farei uma grande nação. A minha aliança, porém, estabelecê-la-ei com Isaque, o qual Sara te dará à luz, neste mesmo tempo, daqui a um ano” (Genesis 17:19-21).

Por que, dos filhos de Isaque, Deus escolheu Jacó? “E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú” (Romanos 9: 11-13).  

Notamos ainda que Deus escolheu a tribo de Judá, de onde viria o Messias (Genesis 49:10). José como governador do Egito para preservar o povo do Senhor (Genesis 45:7). Moises para ser o mediador da velha aliança (Êxodo 3:10). Levi para o sacerdócio (Deuteronômio 18:1,5). Saul e Davi para o trono em Israel (I Samuel 10:24; II Samuel 6:21). Paulo como apóstolo e missionário (Gálatas 1:15). Profetas, tais com Isaías (capítulo 6) e Jeremias (capítulo 1).

5 – O Senhor escolhe indivíduos para serem abençoados. Jesus comentou sobre o fato de que o Senhor, por meio do profeta Elias, providenciou alimento apenas para a viúva de Sarepta de Sidom (Lucas 4:25,26) e curou apenas Naamã de Lepra (Lucas 4:27). Dentre muitos outros que precisavam de cura no tanque de Betesda, o Senhor curou apenas um paralítico (João 5: 2-9). 

6 – O Senhor rejeita indivíduos. Na perdição de Judas: “Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura” (João 17:12). No abandono dos gentios: “Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração” (Romanos 1:24). Nos vasos de ira preparados para a perdição: “Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição” (Romanos 9:22). Na escolha de Cristo para servir como pedra de tropeço e rocha de escândalo: “Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos” (I Pedro 2:7,8).

Católicos romanos e arminianos juntos numa mesma antropologia

Em todos esses exemplos Deus é soberano e poderoso em seus decretos. Não temos o direito de questionar os planos do Senhor, por mais que pareça humanamente ilógicos ou absurdos: “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro, para desonra?” (Romanos 9:20,21).

Percebemos também nesses exemplos que não há nenhuma condição imposta externamente para que o Senhor eleja ou reprove indivíduos ou nações. Isso por si desconstrói a tese de que a eleição ou rejeição (também conhecida como preterição) sejam baseadas na presciência de Deus. Em Deus não há contradição nem confusão de seus atributos. Arminianos e católicos romanos enfatizam não uma teologia bíblica, na questão do tratamento de Deus com os homens, mas uma antropologia humanista. Que o Senhor nos ajude para darmos somente a Ele a devida glória.


Com amor, 
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sábado, 10 de maio de 2014

SUGESTÕES PARA APRIMORAR SUAS LEITURAS

Por Albert Mohler Jr. 

Eu realmente não me recordo de um tempo em que eu não apreciasse ler livros. Sei que eu era ávido para aprender a ler e rapidamente me vi imerso no mundo dos livros e da literatura. Isso pode ter sido um tipo de sedução, e o discípulo cristão deve estar sempre alerta para conduzir seus olhos para livros que merecem a atenção de um discípulo de Cristo – e existem muitos desses livros. Como Salomão nos exortou: “Não há limite para fazer livros” (Ec 12.12). É impossível ler tudo o que existe, e nem tudo o que existe merece ser lido. Digo isso com o objetivo de me opor ao conceito de que qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode dominar o conteúdo de tudo quanto lê. Eu leio muito, e boa parte do tempo em que estou acordado é dedicado à leitura. A leitura devocional para o benefício espiritual é uma parte importante do dia, e ela começa com a leitura das Escrituras. Em se tratando de administração do tempo, não sou muito ortodoxo. Para mim, a melhor hora para gastar tempo na Palavra é tarde da noite, quando tudo está quieto e tranqüilo, e estou com a mente alerta e bem acordado. Isso não acontece quando levanto pela manhã e tenho que me esforçar para encontrar cada palavra na página ou fazer qualquer outra coisa. Eu leio muitos livros no decorrer de uma semana. Sou consciente do quanto posso prosperar em erudição e do estímulo intelectual que recebo através da leitura. Como minha esposa e família diria, posso ler quase em todo o tempo, em qualquer lugar, em quaisquer circunstâncias. Sempre carrego um livro comigo, e sou conhecido por separar alguns momentos para ler enquanto o semáforo está fechado. Não, eu não leio enquanto estou dirigindo – apesar de admitir que, às vezes, isto é uma tentação. Eu levava livros para os eventos esportivos do ensino médio, quando eu tocava na banda. (E havia uma porção de vaias e gozações!) Lembro-me dos livros... e você, lembra dos jogos?

Algumas sugestões inicias:

1. Mantenha projetos regulares de leitura. Organizo minhas estratégias de leitura em seis categorias: teologia, estudos bíblicos, vida na igreja, história, estudos sobre culturas e literatura. Sempre tenho alguns projetos em andamento, em cada uma dessas categorias. Seleciono livros para cada projeto, e os leio de capa a capa em um determinado período de tempo. Isso me ajuda a ter disciplina em minhas leituras e me mantém trabalhando em diversas áreas.

2. Trabalhe com porções maiores das Escrituras. Estou terminando uma série de exposições no livro de Romanos, pregando versículo após versículo. Tenho pregado e ensinado diversos livros da Bíblia nos últimos anos e planejo minhas leituras de modo a continuar progredindo. Estou passando para o livro de Mateus, coletando informações e seguindo em frente – ainda não planejei mensagens específicas, mas estou lendo para absorver o máximo possível de obras valiosas a respeito do primeiro evangelho. Leio constantemente obras de teologia bíblica e estudos exegéticos.

3. Leia todos as obras de alguns autores. Escolha com cuidado, mas identifique alguns autores cujos livros mereçam sua atenção. Leia tudo o que eles escreveram, observe como suas mentes trabalham e como desenvolvem seus pensamentos. Nenhum autor pode completar seus pensamentos em um único livro, não importando o quão extenso seja.

4. Adquira uma coleção grande e leia todos os volumes. Sim, invista nas obras de Martinho Lutero, Jonathan Edwards e outros. Estabeleça um projeto para si mesmo e leia toda a coleção. Gaste tempo nisso. Você ficará surpreso em ver que chegará mais longe do que espera, em menos tempo do que imagina.

5. Permita-se ler algo por entretenimento e aprenda a apreciar a leitura através de livros agradáveis. Gosto de muitas áreas da literatura, mas realmente amo ler biografias e obras históricas, em geral. Além disso, aprecio muito a ficção de qualidade e obras literárias conceituadas. Quando garoto, provavelmente descobri meu amor pela leitura através desse tipo de livro. Sempre que possível, separo algum tempo, a cada dia, para fazer esse tipo de leitura. Viva com um pouco de emoção.

6. Faça anotações em seus livros, sublinhe-os; mostre que são seus livros. Os livros são feitos para serem lidos e usados, e não colecionados e mimados. Abra uma exceção para aqueles livros raros dos antiquários, aqueles que são considerados tesouros por causa de sua antiguidade. Não deixe marcas de caneta em uma página antiga, nem use um marcatexto em um manuscrito. Invente o seu próprio sistema ou copie-o de alguém, mas aprenda a dialogar com o livro, com uma caneta na mão. Gostaria de escrever mais sobre este assunto, mas preciso continuar minhas leituras. Retornarei a ele mais tarde. Por agora: Tolle, lege!


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