segunda-feira, 31 de outubro de 2011

TRÊS PONTOS BÁSICOS DA REFORMA PROTESTANTE

Por Gilson Barbosa
A Reforma Protestante comemora hoje 495 anos. Sou extremamente grato a Deus por esse fato histórico, pelo fervor teológico, apologético e piedoso dos homens que foram instrumentos de Deus para o seu acontecimento e pelo seu significado para a Igreja do Senhor na atualidade. Os salvos em Cristo, bem como as igrejas que se denominam cristãs, não podem jamais esquecer os princípios que nortearam a Reforma Protestante e a aprovação destes de maneira objetiva, sistemática e final para a saúde espiritual da igreja.
O período em que ocorreu a Reforma era de densas trevas espirituais, diversos tipos de imoralidades, hipocrisias, desvios teológicos, heresias, abundantes misticismos, e muitas outras práticas repugnantes. Esses procedimentos não se referem à sociedade ímpia e sem Deus, que fazem tudo quanto o desagrada, até mesmo por não terem recebido a iluminação do evangelho da graça de Cristo, mas as práticas que ocorriam no interior de uma igreja que pretensiosamente dizia ser autenticamente cristã, mas que há muito tempo perdera os fundamentos da fé cristã.
Inicialmente os três pontos básicos da Reforma Protestante que motivaram o monge alemão Martinho Lutero, foram: a autoridade final da Bíblia Sagrada, a justificação somente pela fé e o sacerdócio de todos os crentes. Tendo a Bíblia como autoridade final nenhuma tradição denominacional/religiosa ou uma “nova revelação espiritual” deve ser buscada ou acrescentada à ela. É verdade que as instituições religiosas possuem certas tradições (II Ts 2.15; I Co 11.2), mas elas não podem jamais contrariar as Escrituras Sagradas (I Pe 1.18). Há igrejas evangélicas que em nome das suas tradições, da importância demasiada e entendimento equivocado quanto aos usos e costumes, tem até mesmo traído o evangelho de Cristo (Mt 15.6). Certas tradições denominacionais podem gerar ensinamentos contraditórios, prescrições abusivas, doutrinas incongruentes e heresias. As Escrituras Sagradas são suficientes por si só. Todas as tradições existentes devem ser examinadas à luz da Bíblia Sagrada.
Há grupos evangélicos que até escapam das tradições prejudiciais, mas aderiram a um misticismo desenfreado, irresponsável, prática distanciada e divorciada da espiritualidade bíblica, confusa e destrutiva. Nesse caso encontra-se o atual movimento pentecostal. 
Discordo da maneira como líderes pentecostais tem se comportado diante da ocorrência das línguas e dos dons espirituais na igreja. Em muitas igrejas pentecostais predomina certos tipos de comportamento com respeito às experiências do Espírito onde se evidencia a não preocupação em avaliá-las a luz das Escrituras. Em certas igrejas pentecostais essas experiências têm recebido maior atenção do que à exposição da Palavra de Deus. Alguns crentes pentecostais pensam que o fato de falar em línguas ou ter recebido algum dom espiritual, os tornam mais espirituais ou mais santos. Há exageros e muitos equívocos a respeito do verdadeiro sentido e significado das experiências espirituais. Alguns pentecostais moderados dirão que essas ocorrências tem a ver com a postura da liderança pastoral diante do desafio de ensinar os crentes a respeito do recebimento destes dons e seu uso na igreja. Dizem que são desafios que a liderança pentecostal deve enfrentar. 
O segundo ponto importante enfatizado por Martinho Lutero foi à justificação dos crentes somente pela fé. Lutero chegou a essa conclusão lendo o texto bíblico de Romanos 1.17 onde está escrito que o justo viverá por fé. Até chegar a esse entendimento ele considerava a doutrina da justiça divina como a punição de Deus sobre o injusto.  
O entendimento da doutrina da justificação é que ela modifica a situação do pecador diante de diante de Deus. Stanley Horton (CPAD), explica que o “termo justificação refere-se ao ato mediante o qual, com base na obra infinitamente justa e satisfatória de Cristo na cruz, Deus declara os pecadores condenados livre de toda a culpa do pecado e das suas consequências eternas”.
Essa justificação do pecador diante de Deus acontece unicamente pela fé em Cristo independente das obras. Estas, apesar de acompanhar a salvação, não podem salvar o ser humano da condenação eterna (Ef 2.9). O mérito da salvação é totalmente de Cristo. Na Igreja Católica Romana medieval havia o entendimento de que rituais, ordenanças, sacrifícios, tradições, costumes, práticas, poderiam proporcionar ao pecador a libertação dos seus pecados e a salvação eterna. A Igreja Católica Romana ensina que para alguém ser salvo deve fazer obras tais como batizar-se, cumprir as exigências dos sacramentos e outras obras adicionais. Lutero, pelo livre exame das Escrituras e por intermédio do Espírito Santo concluiu que não. 
O terceiro ponto trata-se do sacerdócio de todos os crentes. Nos dias de Lutero os adeptos do romanismo estavam sob o poder de um sacerdote católico (e ainda hoje) e era comum que confessasse seus pecados à ele. Ele era a ponte e a possibilidade de contato entre Deus e os homens. Porém, a Bíblia diz que devemos confessar nossos pecados unicamente a Deus (I Jo 1.9). Isso porque somente Jesus tem o poder de perdoar nossos pecados: “Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 9.27). Só ele pode perdoar pecados (Mc 2.7). Martinho Lutero se opôs veementemente ao poder papal e a instituição da Igreja Católica Romana ao afirmar o sacerdócio de todos os crentes como resultado da fé pessoal em Cristo. Afirmava ele que o fiel tem direito em ir diretamente a Deus através de Cristo. O apóstolo Pedro há centenas de anos havia escrito aos destinatários de sua primeira carta (2.9) que no Novo Pacto eram eles individualmente sacerdotes: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. Há muitos crentes que veem no pastor uma espécie de intermediário, possuidor de certo poder, capaz de mediar sua vida diante de Deus conquistando assim as benesses divinas. Isso é antibíblico. 
`É necessário um retorno à teologia reformada. Que o Senhor nos desperte para um verdadeiro e genuíno avivamento. 
Em Cristo,
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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A CONSPIRAÇÃO CONTRA NEEMIAS (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa
Um dos métodos utilizado pelo Diabo é o da intimidação. Na Lição Bíblica deste domingo, seus agentes fizeram uso dessa arma. Ou alguém nega que por trás da intenção conspiratória do trio (v.1) estava o Inimigo de Deus? Lutar contra o povo de Deus, por vezes é figurativamente retratado na Bíblia como lutar contra o próprio Deus. No Novo Testamento temos um exemplo na conversão de Saulo (At 9.1-9) quando Jesus disse que ele estava lhe perseguindo (“Porque me persegues?”), porém para nós ele perseguia os cristãos judeus ou gentios convertidos ao evangelho de Cristo. O catedrático em exegese do Novo Testamento, I. Howard Marshal, no comentário desse versículo diz:
‘“Porque me persegues?’ é uma pergunta que diz respeito ao propósito imediato de Paulo e indica que, embora este pensasse que estava meramente atacando um grupo de homens por seu modo herético de adorar a Deus, estava na realidade atacando um grupo que tinha um porta-voz e representante celestial; atacar o cristãos era atacar esta figura celestial”.
Da mesma maneira, Neemias e seu grupo não precisavam ficar com medo diante das intenções maldosas e das ameaças, pois em ultima instância seus inimigos estavam conspirando contra um plano que o próprio Deus já havia anteriormente aprovado. A orientação é que não desistamos dos projetos estabelecidos por Deus à Sua Igreja e que trabalhemos com oração e vigilância (4.4,5; 4.15-23). É necessário muito mais do que discussões inúteis e infindáveis de teologia (refiro-me àquelas que não chegam a nenhum lugar), debates sobre usos e costumes ou prescrições estatutárias da igreja local; é preciso pregar o Evangelho ao pecador e arcar a partir disso com suas implicações.
A QUESTÃO DA CONSPIRAÇÃO
O texto bíblico de Neemias 6 se divide em três seções (6.9; 6.10-14; 6.15-19), mas nos deteremos brevemente na primeira, que trata da conspiração dos inimigos de Neemias para intimidá-los, mas antes é importante saber o significado da palavra “conspirar”. Entre outros significa Meditar ou projetar em comum alguma coisa contrária ao interessa de outrem. A conspiração tem por característica principal o “agir em segredo”, com a finalidade de ter sucesso nos objetivos. A palavra em si (conspiração) está ligada exclusivamente as atitudes más, porém o “agir em segredo” para uma determinada causa lícita não significa exclusivamente algo ruim, tudo depende do conteúdo da conversação entre o grupo para que tal ação seja concretizada, que no caso dos escolhidos de Deus, com certeza envolve a moral, a ética, o bom senso, a piedade cristã, a moderação, a prudência, etc. Nesse sentido não envolve impiedade, imposição, intimidação, coerção. No caso das polêmicas internas nas igrejas locais por conta de alguma ação empreendida ou projeto, precisaríamos saber também quais são “os interesses dos outros” envolvidos nas questões e se elas são corretas à luz das Escrituras Sagradas e a partir daí promover reuniões dos líderes para que sejam suprimidas. As lutas brasileiras pela independência do domínio português envolveram certo tipo de conspiração: Guerra dos Emboabas, Guerra dos Mascates, Conjuração Baiana, Conjuração Mineira, entre outros.
CONSPIRAÇÃO E INTIMIDAÇÃO (4.1-9)
O versículo 1 nos informa que os inimigos de Neemias ouviram (souberam) que os muros estavam reconstruído e que nenhuma brecha havia nos muros, apesar das portas não estarem nos seus devidos locais. A Bíblia não informa quem os fez saber; se havia espiões infiltrados (muito difícil, ainda que não impossível) ou um informante do próprio do grupo. Temos que tomar cuidado com os espiões. Não sou favorável a atitudes paranoicas, como alguns que veem o Diabo e oposição em tudo, mas, precisamos entender que temos opositores esperando um vacilo nosso para nos acusar, denunciar, intimidar, chantagear. Nossa conduta santa (santidade cristã), evidenciada na postura diante da sociedade e principalmente diante de pessoas más intencionadas, deve ser prioridade. Ouvir mais e falar menos (leia-se prudência) é uma prática saudável também para nós cristãos. O principal objetivo das intimidações era fazer com que as reconstruções fossem interrompidas (v.9). A nossa desistência é a conquista maldita e sucesso “glorioso” do Diabo. Caro leitor, não desista nunca daquilo que o Senhor colocou em suas mãos para fazer. Quando for afrontado pelo Inimigo ou “inimigos” ore como Neemias: “Agora, pois, ó Deus, fortalece as minhas mãos” (v.9).
Conspirando malignamente contra Neemias os inimigos tramaram distraí-lo com assuntos periféricos, com a finalidade de prejudica-lo politicamente ou fisicamente, talvez: “Vem, encontremo-nos, nas aldeias, no Vale de Ono”. Este, segundo alguns comentaristas, era uma cidade de Benjamim, cerca de 45 km ao noroeste de Jerusalém, provavelmente nas fronteiras persas de Judá. No trecho bíblico, Neemias diz que a intenção deles era fazer-lhe algum tipo de mal (não sei precisamente qual mal seria). 
Na linguagem atual poderíamos dizer que Neemias era um líder muito vivo, espertíssimo. Na linguagem cristã, que ele possuía discernimento dos acontecimentos ao seu redor. Sabedor que a intenção dos inimigos era prejudicar o andamento do projeto ele indaga (v.3): “por que cessaria a obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?”.  Em outras palavras, “não tenho nada para conversar com vocês”, “não tenho nenhum assunto para ser tratado”, sendo assim porque dar ouvidos à eles? Seria perda de tempo: é melhor continuar trabalhando. Caro obreiro do Senhor, enquanto ficas a ouvir os maldizentes, a obra que Deus lhe confiou está parada, estagnada. Caro leitor, não percebes que toda essa “conversa mole”, dos “amigos da faculdade ou do setor onde trabalha”, possui a precípua intenção de distraí-lo na caminhada cristã ou nos projetos de Deus na sua vida?
O convite feito (v.2) implica que Neemias era o governador de Judá por esse tempo (5.14), porém negou-se a participar de algum tipo de reunião ou associação e lhes apresentou à justificativa: “Estou fazendo grande obra, de modo que não poderei descer”. Se, como dizem os comentaristas bíblicos, o Vale de Ono distava de Jerusalém 45 km, pelas condições de transporte da época, seria uma viagem longa e muito perigosa. Percebe-se sagacidade no convite deles. Se fosse verdade que queriam algo lícito ou conforme a lei com Neemias, por que não foram até ele, em vez de convidá-lo?
Na linguagem dos que não temem a Deus, Sambalate poderia ser alcunhado de “pilantra”, pois mesmo após ter seu “pedido” negado por quatro vezes (4.4) ousou enviar uma carta aberta com os seguintes dizeres: “Entre as gentes se ouviu, e Gesém diz que tu e os judeus intentais revoltar-vos; por isso reedificas o muro, e, segundo se diz, queres ser o rei deles” (4.6). Olha a trama aí: “entre as gentes se ouviu”. Em outras palavras dizia ele que um rumor, à pessoa de Neemias, circulava entre os povos. A intenção de Sambalate era ser considerado um elemento neutro na conspiração e ainda por cima mediar uma conversa entre Neemias e Gesém – abusado esse Sambalate!
O rumor, a que se refere Sambalate era muito grave. Acusavam Neemias de ter incentivado os profetas a apregoarem que ele seria rei em Judá (4.6,7). O pano de fundo para tal pensamento era algumas profecias de Ageu e Zacarias sobre a construção do Templo (Ag 2.6-9; Zc 6.9-14) e as antigas promessas quanto à ocupação do trono em Israel (I Sm 9-10; 16.1-3; I Rs 1.32-40; 11.26-40; II Rs 9.1-13). Neemias teria, segundo eles, uma espécie de aspiração messiânica. A que ponto chega o ser humano! A qualquer custo empreende forças e inventa mentiras para destruir seu “oponente” - é a mentira diabólica misturada com fatos verdadeiros. Os que estão (líderes, pastores, empresário, chefe, etc) numa posição de poder enfrentam essa perigosa questão sempre que precisam tomar certas decisões: misturar a mentira com a verdade.
Como Neemias permanecia irredutível, as ameaças foram ganhando mais consistência e a pressão sobre o servo de Deus aumentou sobremaneira. Sambalate disse que o rei (Artaxerxes) ficaria sabendo da má intenção de Neemias (ser rei em Judá) e isso acarretaria sanções a ele (4.7). Sua estratégia era fazer com que Neemias se encontrasse com ele, porém o servo de Deus não esquecera que em outra oportunidade Sambalate tinha zombado e desprezado dele e das pessoas que trabalhavam com ele naquele empreendimento (2.19). Neemias mandou um recado à Sambalate: “tudo o que você está dizendo é invenção da sua cabeça” (6.8). Ele não tinha intenção pessoal de galgar qualquer posto ou posição – era tudo mentira de Sambalate. Assim também, nos dias de hoje, há muitas pessoas que inventam mentiras a respeito dos servos de Deus. Outros há que, incrivelmente, acabam acreditando nas suas próprias mentiras.
TOTAL DEPENDÊNCIA DE DEUS
Neemias manteve-se firme. Após uma breve fala dele, o texto bíblico (4.9) faz uma interrupção. Sua decisão foi orar ao Senhor novamente – ele sempre buscava a solução dos dilemas aos pés do Senhor. Não visava seus próprios interesses; não confiava nos talentos que possuía, não se amparava no seu poder terreno. A nossa confiança não está naquilo que homens podem nos oferecer, na força política, nas estratégias, nos planos de marketing, na filosofia ou até mesmo nas nossas teologias: “Agora, pois, ó Deus, fortalece as minhas mãos”. Neemias reconhecia sua total dependência de Deus. Nesse caso particular lembra-me o ensinamento do Mestre aos seus discípulos em Mateus 5.3: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Para sermos bem sucedidos em todas as áreas da nossa vida, ainda que pessoas conspirem algo contra nós, temos de aprender essa receita: total dependência de Deus. A nossa força está em Deus. “Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17.7).
Em Cristo,
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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A REFORMA PROTESTANTE


Por Paulo Cristiano da Silva
Não há como negar a influência da reforma em nosso século. Qualquer livro de história que aborde o tema “Baixa Idade Média e Início da Idade Moderna” tem obrigatoriamente a necessidade de discorrer sobre um dos principais marcos dessa época que veio a ser conhecido como “A Reforma Protestante”, liderada pelo monge agostiniano Martinho Lutero. Todavia, apesar de tão velho (quase 500 anos) ainda é um tema vivo e em debate hoje em dia.
Mas o que venha a ser “A Reforma Protestante?” Por que começou? Quais foram as suas principais causas? Quem foram seus líderes? Não pretendendo ser prolixo ao analisar este assunto, mesmo porque, existem livros abalizados para tratar de forma exaustiva esse tema, desejamos dar apenas uma sinopse do mesmo.


Monumento Internacional dos Reformadores em Genebra, Suiça: William Farel (1489 – 1565); John Calvin (1509 – 1564); Theodore Beza (1519 – 1605) e John Knox (c.1513 – 1572)
   
Uma época para Reformas

Antes de adentrarmos ao tema proposto, vamos acentuar as razões que levaram à causa.
Os historiógrafos mostram que ao fim da idade média os fundamentos do velho mundo estavam ruindo. Houve várias transformações nessa época, mesmo antes, cuja importância não podem ser alienadas do pano de fundo histórico da reforma. As mudanças foram cada vez mais acentuadas com as descobertas de novos mundos por Colombo e Cabral. A idéia de um estado universal foi cedendo lugar ao conceito de nação-estado. Com a formação das cidades, a economia comercial tomou o lugar da feudal. Isso teve conseqüências sociais, pois o estilo de vida das pessoas começou a ascender formando uma classe média forte - a burguesia. Também no campo da cultura e da arte com o surgimento do Renascimento as transformações intelectuais fizeram que o protestantismo encontrasse apoio para seu desenvolvimento. Urge rememorar que todas essas mudanças afetavam direta ou indiretamente a Igreja Católica Romana. Mas nenhuma delas talvez se fez sentir mais do que as que ocorreram no campo religioso.
Antecedentes da Reforma
 É claro que de acordo com os pressupostos históricos que o historiador vier aplicar na interpretação da reforma, irá determinar a sua causa. Assim, temos várias correntes e escolas pelas quais os historiadores farão sua análise crítica da reforma de maneira puramente racionalista secular, tais como aquelas que só vêem as causas da reforma nos fatores político-sociais, outros no fator da economia e outros ainda vêem a reforma puramente como produto do intelectualismo. Entretanto, uma cosmovisão puramente racionalista tende a distorcer a definição e dar razões incompletas e deficientes à verdadeira origem da reforma. Ora, se analisarmos o assunto somente sob a ótica religiosa, ignorando a corroboração de todos esses fatores seculares e o impacto que tiveram sobre o movimento reformista é tão errado quanto analisar a reforma sem levar em conta a sua principal causa, qual seja, a religiosa. Na verdade, a reforma protestante nada mais é do que o cumprimento de um clamor por mudança religiosa, ainda que de maneira esporádica através dos anos anteriores à própria origem da reforma. Vejamos então:
Nas últimas décadas da Idade Média, a igreja ocidental viveu um período de decadência que favoreceu o desenvolvimento do grande cisma do Ocidente, registrado entre 1378 e 1417, e que teve entre suas principais causas a transferência da sede papal para a cidade francesa de Avignon e a eleição simultânea de dois e até de três pontífices. O surgimento do "Conciliarismo" - doutrina decorrente do cisma, que subordinava a autoridade do papa à comunidade dos fiéis representada pelo concílio - bem como o nepotismo e a imoralidade de alguns pontífices demonstraram a necessidade de uma reforma radical no seio da igreja. Por outro lado, já haviam surgido no interior da igreja movimentos reformistas que pregavam uma vida cristã mais consentânea com o Evangelho. No século XIII surgiram as ordens mendicantes, com a figura de são Francisco de Assis. Outros movimentos reformistas surgiram em aberta oposição à hierarquia eclesiástica. No século XII os valdenses, conhecidos como "os pobres de Lyon" ou "os pobres de Cristo", questionaram a autoridade eclesiástica, o purgatório e as indulgências. Os cátaros ou albigenses defenderam nos séculos XII e XIII um ascetismo exacerbado, considerando a si mesmos os únicos puros e perfeitos. Os Petrobrussianos rejeitavam a missa e defendiam o casamento dos padres. No século XIV, na Inglaterra, John Wycliffe defendeu idéias que seriam reconhecidas pelo movimento protestante, como a posse do mundo por Deus, a secularização dos bens eclesiásticos, o fortalecimento do poder temporal do rei como vigário de Cristo e a negação da presença corpórea de Cristo na eucaristia. As idéias de Wycliffe exerceram influência sobre o reformador tcheco João Huss e seus seguidores no território da Boêmia, os hussitas e os taboritas, nos séculos XIV e XV. Entre essas vozes protestantes estava também a do monge dominicano Jerônimo Savanarola o qual, a mando do papa, foi preso, torturado e enforcado.
Em posição intermediária entre a fidelidade e a crítica à igreja romana situou-se Erasmo de Rotterdam. Seu profundo humanismo, conciliatório e radicalmente oposto à violência, embora não isento de ambigüidade, levou-o a dar passos importantes em direção à Reforma, como a tradução latina do Novo Testamento, afastando-se da versão oficial da Vulgata; ou a sátira contra o papa Júlio II, de 1513.
O estopim para a Reforma
A faísca veio em 1517, ocasião em que a campanha das indulgências para a basílica de São Pedro em Roma estava a todo vapor. Tetzel um padre dominicano, pregava sobre as indulgências com grande exibicionismo: diz que cada vez que cai a moeda na bolsa do frade, uma alma sai do purgatório.
Diante disso, Lutero resolveu protestar fixando suas 95 teses condenando o uso das indulgências. A resposta do papa Leão X, veio na bula “Exsurge Domine” ameaçando Lutero de excomunhão. Mas já era tarde demais, pois as teses de Lutero já haviam sido distribuídas por toda a Alemanha. Lutero então foi chamado a comparecer a dieta de Worms para se retratar. Porém respondeu ele que não poderia se retratar de nada do que disse. Foi na dieta de Spira em 1529 que os cristãos reformistas foram apelidados pela primeira vez de “protestantes”, devido ao protesto que os príncipes alemães fizeram ante o autoritarismo do catolicismo.

Nessa época, os ideais da reforma já estavam estourando em diversas partes como em Zurique sob o comando de Zuinglio, na França sob a liderança de Calvino e nos paises baixos. Em todos estes países houve perseguição aos reformadores e aos novos protestantes. A perseguição veio se intensificar ainda mais com a chamada “Contra Reforma” promovida pelo catolicismo, como método de represália. O movimento de reforma foi seguido de cem anos de guerras religiosas dos reis católicos contra os protestantes. Mas a reforma prosperou, pois não era obra de homem, mas de Deus! Igrejas protestantes foram fundadas em todas as partes do mundo. Hoje graças a Deus, uma grande parcela da população Ocidental é protestante. E o Brasil caminha a passos largos para ser conquistado totalmente pelo protestantismo.









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DEVE O CRISTÃO PARTICIPAR DO HALLOWEEN ?

NOTA: No dia 31 de outubro é celebrado a festa do Halloween. Qual sua origem? Qual o envolvimento histórico ou místico, por trás dessa "brincadeira"? A Bíblia condena a comemoração? Os cristãos podem participar dessas brincadeiras? Uma das lendas sobre essa festa é de procedência celta e conta que os espíritos das pessoas que morreram no ano precedente voltavam nessa data à procura de corpos vivos para possuí-los e usá-los no ano seguinte. Os celtas acreditavam que essa era a única chance de vida após a morte. Como os vivos não queriam ser possuídos, na noite de 31 de outubro apagavam as tochas e as fogueiras de suas casas para que ficassem frias e afugentassem os espíritos. Além disso, colocavam fantasias de monstros e saíam às ruas, para assustá-los. Leia esse interessante assunto na postagem que segue. 

Por Márcio Falcão

Superstições e influências ocultistas de várias culturas uniram-se, através dos séculos, criando o Halloween - Dia das Bruxas. Comemorado no dia 31 de outubro. Deve o cristão participar de tal festa?

A festividade de halloween tem suas raízes nos festivais de outono dos celtas (hemisfério norte). Os celtas viveram há centenas de anos atrás, onde hoje é a Grã Bretanha e o norte da França. Eram idólatras animistas, pois adoravam a natureza e tinham o deus sol como divindade favorita. Seus sacerdotes eram chamados de druidas. Eram influentes guias espirituais e dados a magia e à feitiçaria. Os celtas criam que o ano novo deveria ser comemorado na última noite de outubro, pois o véu entre o nosso mundo e o mundo dos mortos se tornava mais frágil, sendo essa noite o tempo ideal para se comunicar com os que já partiram. Acreditavam que os espíritos dos mortos voltavam ao antigo lar procurando algum contato com entes queridos. Se os vivos não providenciassem alimentos para esses espíritos, coisas terríveis lhes poderiam acontecer; e se não lhes fosse oferecida uma festa nesta data, atormentariam os vivos. Seria uma noite de medo, pois os aldeões, amedrontados, acendiam fogueiras para honrar o deus sol, sacrificando-lhe animais e oferecendo-lhe colheitas, porquanto temiam que os espíritos matassem seus rebanhos e destruíssem suas propriedades. Para confundir os espíritos, os aldeões passavam a se vestir com roupas negras e usavam máscaras. Ofertavam seus sacrifícios em altares adornados com maçã, simbolizando a vida eterna. O vinho era substituído pela sidra ou suco de maçã. Tudo isso misturado com muita música e dança. O halloween está associado a esses rituais pagãos, reminiscências de supertições ocultistas relacionadas ao sawine, ano novo dos druidas.

Nessa mesma época do ano, os povos latinos e em especial os romanos, comemoravam o festival de Pomona, deusa das frutas e dos jardins. Era uma ocasião de festa e alegria, pois estava relacionada com as colheitas. A maçã e as nozes eram tidas como símbolos da armazenagem de frutas para o inverno; eram, então, ofertadas aos deuses romanos em grandes fogueiras como um gesto de agradecimento por causa da boa colheita do ano anterior. Essa celebração tinha também seu aspecto místico, com espíritos e bruxas presentes rondando as festividades. Os romanos, tendo adotado muitas divindades gregas na criação de sua própria mitologia, tentavam aplacar o ódio de Hecate (rainha do mundo subterrâneo) colocando bolos de mel e corações de galinha como oferenda nas soleiras das portas.

Exigências de alimentos são vistas também no baixo espiritismo (Umbanda, Quimbanda e Candomblé) no Brasil. Na umbanda há preferência pelo sangue, já no candomblé as ervas desempenham um papel fundamental. Todas essas oferendas têm uma única finalidade: satisfazer os espíritos para conseguir favores.
 

O USO DE FANTASIAS DE BRUXAS NO HALLOWEEN

Bruxas e feiticeiras sempre foram vistas como adoradoras de demônios e detentoras de poderes mágicos e ocultos. Na Idade-Média eram consideradas perigosas, pois se agrupavam em comunidades anticristãs. As mulheres, de um modo geral, eram vistas como feiticeiras em potencial, embora também pudessem ser recrutados homens ou até mesmo crianças. Segundo crenças remotas, as bruxas e feiticeiras eram cuidadosas em seus métodos para seduzir suas vítimas. Sempre faziam promessas; para os órfãos daria uma casa; para a viúva, um amante; para o fazendeiro aniquilado pela seca, uma nova primavera. Mas após as promessas vinham às ameaças e as exigências da mais absoluta lealdade e obediência, forçando seus candidatos a se comprometerem através de pactos demoníacos. As novas feiticeiras deveriam renunciar a Deus, contraindo laços eternos com o diabo. Daquele dia em diante, as feiticeiras eram encorajadas a atrapalhar a vida dos cristãos. Maleficium era o nome do dia propício para a pratica secreta do mal; e, para que suas feiticeiras se transformassem em fontes poderosas de desarmonia, Satanás lhes conferia poderes sobrenaturais. Estranhamente, o halloween significa dia das bruxas. É por isso que os participantes dessa festa apreciam tanto as bruxas.


As fantasias usadas no halloween são inspiradas na concepção do imaginário da Idade Média sobre as feiticeiras, que se apresentavam com chapéu pontudo, duendes, porções mágicas, corvos, sapos e vassouras voadoras. Cria-se que elas tinham capacidade de manipular poderes sobrenaturais, a fim de alterar o clima, causando uma horrível tempestade; voar na noite de lua cheia, deixar alguém cego etc. O objetivo principal, porém, era o culto à fertilidade, para obter o favor dos deuses para a multiplicação. Eram vistas como instrumento do mal. Essa idéia pavorosa e ameaçadora das bruxas dominou a Europa por muito tempo, sendo um dos principais alvos da perseguição religiosa. Nos séculos XV, XVI e XVII houve uma intensa perseguição às bruxas, levando à morte milhares de pessoas acusadas de bruxaria. Houve grande perseguição por parte da Igreja Católica Romana. Embora ela condenasse esses festivais como Samhain e Pomona, não foi capaz de reprimí-los por completo e então recorreu a um astuto plano. Incorporou o dia desta celebração pagã ao calendário cristão. O grande festival celta em homenagem aos mortos, Samhain, a Igreja incorporou o dia 1º de novembro como Dia de Todos os Santos, celebrando missas em homenagem aos santos e santas que já haviam deixado a vida. É interessante notarmos que aquilo que era proibido para a Igreja Católica Romana foi aculturado e tornou-se dia santo para se cultuar os mortos, o famoso dia dos Finados.

COMO O HALLOWEEN CHEGOU AOS NOSSOS DIAS

A festa de halloween foi introduzida nos EUA pelos imigrantes gauleses. Sua celebração está muito relacionada com a história dos celtas e outras crenças religiosas. Atualmente um dos maiores divulgadores do halloween tem sido o sistema de escolas públicas na América do Norte e Europa, patrocinando as atividades dessa festa, através de concursos de fantasias, danças, carnavais, exposições de arte e artesanatos.

O interesse pelo oculto está mais intenso em nossos dias do que em nenhuma outra época. O misticismo assume novas formas, tornando-se moda. Nas bancas de jornais, encontramos todo tipo de literatura sobre ocultismo. Suas mensagens destinam-se a todas as classes sociais, desde o mais pobre até o mais alto executivo. Existem horóscopos para redução de peso e melhoria do desempenho sexual, pedras que curam ou energizam as pessoas, pais-de-santo eletrônicos que fazem mapa espiritual. A astrologia tornou-se em tema comum de conversação em quase todas as grandes cidades do mundo. Existem grupos de ocultismo que asseguram praticar a autêntica bruxaria. O misticismo, a astrologia, a cartomancia e a necromancia têm conseguido atualmente enorme espaço nos meios de comunicação, como nunca antes. São videntes, magos e místicos dizendo que através das fadas, gnomos, duendes ou cristais podem fazer o impossível: prever o futuro. Com essa grande variedade de práticas ocultistas, consolida-se o irresistível gosto popular pelo halloween.

Existem muitas lojas especializadas em criar trajes cada vez mais espantosos e macabros. Muitos agricultores apóiam o halloween, uma vez que a abóbora é acessório usado, especialmente nos Estados Unidos, pelas famílias como decoração das lanternas de Jack. O tema também é manipulado por Hollywood, haja vista que aproximadamente 20% dos filmes de terror estão associados ao halloween. É a febre do ocultismo, a espantosa colheita esotérica da Nova Era, que crê no fim da Era de Peixes e o ínicio da Era de Aquarius em 2001. No Brasil e no mundo nem as crianças são poupadas pelo ocultismo. O mais novo best seller da literatura infantil é um bruxinho chamado Harry Potter, livro que está disparado como o mais vendido do mundo na categoria infantil.

A origem do halloween está intimamente associada à comunicação com os mortos. Crença espírita que ensina que o morto é um mensageiro e deseja trazer algum recado celestial, um ensinamento ou um aviso. Sabemos que a manifestação de espíritos é real. A pessoa que até mesmo por brincadeira se entrega a esses contatos, deve conscientizar-se de que esses agentes não são os espíritos dos mortos, pois os mortos não estão à disposição de evocações, pois aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo (Hb 9.27). Deus não nos deu esta autorização. A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos? A lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles (Is 8.19,20).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de termos visto a origem, a história e o ressurgimento da festa das bruxas, chegamos à conclusão de que a festa de halloween é contrária às Escrituras. Em nossos dias, cresce a apostasia em grupos religiosos associados à bruxaria, satanismo etc. A Bíblia já nos aletava a esse respieto: mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrina de demônios (1 Tm 4.1).

Alertamos, portanto, os pais cristãos para o perigo desta festa comemorada nas escolas e, principalmente, em bailes noturnos, nos quais se pede que seus participantes se apresentem vestidos como bruxo, vampiro, Frankstein, zumbi, sacerdote de magia negra etc. Essa é uma forma de colocarmos nossas crianças, jovens e adultos em contado com o ocultismo. Essas práticas pagãs, sorrateiramente mascaradas de simples festas e divertimentos da cultura anglo-saxônica, têm levado muitos cristãos a participar implicitamente das antigas práticas e rituais satânicos.

A Palavra de Deus declara: Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12). Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma (1 Co 6.12). Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou irritaremos ao Senhor? Somos nós mais fortes do que ele? Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam (1 Co 10.20-23).
FONTE: Revista Defesa da Fé





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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Como Pregar Sermões Expositivos a Ouvintes que não Foram Educados para Ouvi-los?

Phil Newton
“Toda pregação cristã verdadeira é expositiva”, escreveu John Stott. Embora algumas pessoas considerem a pregação expositiva um método antiquado, sua capacidade de tornar-se um porta-voz do texto bíblico assegura relevância constante. Desde que a responsabilidade do pastor é pregar a palavra, ele deve se esforçar para compreender o texto bíblico e comunicá-lo eficaz e apaixonadamente a sua congregação (2Tm 4.2). A abordagem expositiva almeja deixar que o texto bíblico trate das diversas necessidades de uma congregação, independente do nível educacional da igreja. J. W. Alexander expressou bem isso: “O método expositivo é apropriado para assegurar ao pregador e aos seus ouvintes a maior quantidade de conhecimento sobre as Escrituras”.

Tanto o pregador quanto os ouvintes podem ser auxiliados na pregação expositiva ao lembrar sempre de algumas coisas.

O pregador e a pregação expositiva:

1. Reconheça que o método expositivo pode ser estranho aos seus ouvintes, então, faça todos os anos uma pregação sobre o motivo de você pregar expositivamente. Nessa mensagem você precisa explicar por que o método expositivo é necessário, o que você procura realizar, e a forma como o sermão deve ser ouvido.

2. Ao preparar o sermão, certifique-se de trabalhar o seu vocabulário de forma que este se iguale à compreensão dos ouvintes. Além disso, nunca presuma que seus ouvintes entendem termos que, para você, são comuns. Por exemplo: justificação, santificação e eclesiologia. Uma simples explicação dos termos oferecendo exemplos pode incrementar o entendimento da congregação.

3. Ofereça resumos dos sermões para ajudar as pessoas no momento de ouvi-los. Você também pode pensar na possibilidade de imprimir a mensagem que você escreveu e disponibilizá-la antes do culto, para ajudar os ouvintes a ouvir e compreender. Isso acaba tornando-se uma boa ferramenta para seu povo lembrar do sermão e seguir com o estudo do tema.

4. Encoraje sua congregação a desenvolver a capacidade de pensar e compreender oferecendo um material de leitura adicional para complementar a sua pregação. Para começar, esse material pode ser composto por artigos ou sermões curtos, livretes e, depois, vocês podem prosseguir com a leitura de livros maiores. Providencie guias de leitura da Bíblia inteira a fim de desafiar a congregação nessa disciplina espiritual. Comece aos poucos para não sobrecarregar aqueles que não estão acostumados a ler com regularidade.

5. Tenha momentos de diálogo a fim de que as pessoas possam fazer perguntas relacionadas ao sermão sem medo de embaraços. É importante que você evite uma postura defensiva com relação a perguntas ou comentários. Isso pode ser feito após o culto da noite ou durante os cultos semanais. Cuidadosa e humildemente responda as perguntas direcionando as pessoas ao texto bíblico e usando a oportunidade para fazer algumas sugestões sobre como interpretar as Escrituras.

6. Pense numa “pessoa-alvo” quando estiver preparando o sermão. Essa pessoa seria um representante do nível comum de compreensão na igreja. Visualize a comunicação com essa pessoa conforme você desenvolve seu esboço, suas explicações, ilustrações e aplicações do texto. Busque ocasiões para conversar sobre o sermão com a “pessoa-alvo”. Pergunte francamente quão bem ele ou ela está compreendendo os sermões; pergunte como você pode ser mais claro, o que foi mais proveitoso no sermão, e identifique qualquer coisa que possa ter impedido a compreensão.

Os ouvintes e a pregação expositiva:

Regularmente desafie seus ouvintes a tirar o máximo de proveito de cada sermão considerando o seguinte:

1. Reconheça a autoridade das Escrituras Sagradas e sua primazia na adoração pública. Durante a semana prepare-se para ouvir a Palavra lendo as Escrituras regular e sistematicamente.

2. Peça que o Senhor lhe dê ouvidos que ouçam a Palavra e um coração obediente – lembre a congregação que eles têm a responsabilidade de se preparar para ouvir tanto quanto você tem a responsabilidade de se preparar para pregar.

3. Examine as Escrituras como os bereanos para ver se as coisas expostas são fiéis à Palavra de Deus (At 17).

4. Faça perguntas no sentido de oferecer uma resposta à exposição das Escrituras:

• Agora estou convicto, por meio da Palavra, de que existe uma área de minha vida, de meus pensamentos, de minhas ações e do meu comportamento que precisa ser mudada?
• Existe um pecado, uma desobediência, uma atitude errada ou alguma desculpa que foi repreendida pela verdade das Escrituras e que agora preciso confessar e dos quais preciso me arrepender diante do Senhor?
• Há uma instrução que eu preciso seguir e colocar em prática na minha vida?
• Há uma doutrina que eu preciso estudar mais e aplicar ao meu entendimento da verdade cristã?

5. Reflita no texto e na mensagem. Nesse momento você pode alcançar o maior discernimento que já teve sobre a Palavra de Deus. Faça anotações e analise-as novamente após o sermão.

6. Repita as verdades do texto para outra pessoa, talvez usando essa ocasião como uma chance para testemunhar do evangelho ou encorajar um amigo crente.

Phil Newton é pastor da Igreja Batista South Woods em Memphis, Tennessee.



Leitura recomendada:
J. W. Alexander, Thoughts on Preaching (Edinburgh: Banner of Truth, 1988).

J. I. Packer, Vocábulos de Deus (São José dos Campos: Editora Fiel, 1994).

John Piper, A supremacia de Deus na pregação (São Paulo: Shedd Publicações, 2003).

Charles H. Spurgeon, Lições aos meus alunos. vol. 1-3 (São Paulo: PES, 1990).

[Sugestões do Editor]:
Bryan Chapell, Pregação cristocêntrica (São Paulo: Cultura Cristã, 2002).

Sidney Greidanus, O pregador contemporâneo e o texto antigo (São Paulo: Cultura Cristã, 2006).

D. Martyn Lloyd-Jones, Pregação e pregadores (São Paulo: Fiel, 1984).

Albert Martin, O que há de errado com a pregação de hoje? (São Paulo: Fiel, s/d).

Stuart Olyott, Pregação pura e simples (São Paulo: Fiel, 2005).

Haddon W. Robinson, A pregação bíblica (São Paulo: Edições Vida Nova, 1983).

Traduzido por: Ana Paula Euzébio Pereira

Revisão: Pr. Franklin Ferreira



Copyright
:

© 9Marks

© Editora FIEL 2009.


Traduzido do original em inglês: How do I preach expositional sermons to uneducated hearers? de Phil Newton, com a permissão do ministério 9Marks.

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

OS OPOSITORES DA OBRA DE DEUS (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

Entre os capítulos 4.1 – 6.14 (Livro de Neemias), o trabalho empreendido por Neemias e seus liderados, recebeu oposição e ataques externos. Estes capítulos ressaltam os obstáculos que Neemias enfrentou no seu benéfico projeto. A obra de Deus não será feita sem que haja zombarias, conspirações, ameaças, coações, calunias, transigências, traições, etc. É o “preço” que teremos de pagar para ver os planos espirituais idealizados e concretizados. Parece contraditório, mas, quanto mais perseguem o povo de Deus mais ele se expande, cresce, estrutura-se, estabelece-se, amadurece, mais os crentes devem se regozijarem em Deus, conforme Pedro já havia advertido os irmãos: “Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus” (I Pe 2.20).
Sambalate já havia se desagradado com a intenção de Neemias em fazer o bem aos filhos de Israel (2.10). Agora ele está ardendo em ira e indignado (4.1), talvez com medo de perder seu prestígio, status e fama em Jerusalém. A Bíblia da Liderança, de John Maxwel, informa que Sambalate “sabia que a restauração dos muros de Jerusalém também iria levar de novo importância comercial e política para Jerusalém. Sambalate gostava do status quo que detinha. Por isso, tinha um vasto interesse em que Jerusalém permanecesse na situação deplorável em que se encontrava. Por essa razão, iniciou seus esforços para impedir o trabalho dos judeus”. Infelizmente temos até mesmo obreiros que agem como Sambalate. Com os mesmos temores e receios de Sambalate, boicotam de várias formas outros obreiros para que estes não “caiam na graça” do povo. Sentem-se ameaçados – por mais que os outros obreiros nem tenham o mesmo conhecimento teológico, secular ou cultural que eles têm. Na verdade, não querem compartilhar o poder, o sucesso, o prestígio, pois “todos devem estar debaixo da sombra do líder”. Em outras palavras nenhum dos liderados pode “brilhar” mais do que o Líder Supremo.
A princípio Sambalate (4.2), perante seus familiares, funcionários do seu governo e do exército sob sua autoridade, fez de conta que não estava tão preocupado com o trabalho dos judeus e zombou deles, mas logo sua zombaria e chacota deu lugar à cólera. Sua intenção era deter o avanço do projeto, parar com o trabalho, desestabilizar os judeus – a presença intimidadora do “seu” exército comprova esse fato. Para demonstrar que estava bem riu dos judeus, mas seu coração estava “azedo” e raivoso. Da mesma maneira os opositores da obra de Deus zombam e riem dos “seus irmãos em Cristo” dizendo que o trabalho não vai prosperar, que não vai dar nada certo, que somos fracos, mas, no fundo o que predomina mesmo é a raiva, a ira, a cólera, o ódio. O que eles dizem zombando é fruto desse estado de espírito que caracteriza o ser humano ímpio e sem Deus.

PERGUNTAS RETÓRICAS
 (4.2) - “Que fazem estes fracos judeus? Permitir sê-lhes á isso? Sacrificarão? Darão cabo da obra num só dia? Renascerão, acaso, dos montões de pó as pedras que foram queimadas?”.
(4.7) – “Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, os arábios, os amonitas e os asdoditas que a reparação dos muros de Jerusalém ia avante e que já se começavam a fechar-lhe as brechas, ficaram sobremodo irados” (meu grifo).
Sambalate escarneceu dos judeus com cinco perguntas retóricas (v.2): As duas primeiras demonstram que os judeus não tinham nenhum tipo de capacidade, ainda mais restaurar sua própria muralha. A terceira pergunta talvez faça alusão à (im) possibilidade deles efetuarem sacrifícios na conclusão do trabalho, como uma comemoração importante (12.43). Na quarta pergunta ele insinua que os judeus não tinham noção da magnitude da construção e na quinta zomba deles. Tentavam fazê-los desistir, mas Neemias possuía a mesma convicção anterior (2.20): “o Deus dos céus é quem nos dará bom êxito; nós seus servos, nos disporemos e reedificaremos”.
ORAÇÕES IMPRECATÓRIAS
Abruptamente uma oração imprecatória interrompe o relato bíblico (vs. 4,5). Uma oração imprecatória é aquela que amaldiçoa um inimigo. Nos Salmos temos várias orações assim (Leia, por exemplo, o Salmo 137). Nos versos 7-9 o salmista deixa transparecer sua alma quando amaldiçoa seus inimigos ou os inimigos do povo de Deus: “Contra os filhos de Edom, lembra-te Senhor, do dia de Jerusalém, pois diziam: Arrasai-a, arrasai-a, até aos fundamentos. Filha da Babilônia, que hás de ser destruída, feliz aquele que te der o pago do mal que nos fizestes. Feliz aquele que pegar teu filhos e esmaga-los contra a pedra”. Este ultimo versículo tem sido muito lembrado pelos críticos (céticos, ateus) das Escrituras Sagradas que tentam depreciá-la dizendo que a Bíblia incita aqui a violência. Mas, na verdade, este é o sentimento do salmista e não o desejo e aprovação de Deus. A Bíblia apenas registrou a oração. Ademais, esta parece não ser uma oração correta.
A Bíblia não diz quem orou, mas, pelo contexto concluo que foi Neemias. Na oração ele pede que Deus seja equitativo com a zombaria e cólera dos opositores, até mesmo os enviando cativos para uma terra qualquer. Da mesma maneira como aconteceu com os judeus que acontecesse com os opositores também.  Quero dizer que nem sempre Deus ouve essas orações imprecatórias na atualidade, mas às vezes sim. Lembro-me de quando existia “uma boca de fumo” ou ponto de venda de drogas na rua onde eu morava. Aquilo era um incômodo para todos os vizinhos e moradores do bairro. Mas, para mim a gota d’água foi quando um dos traficantes começou a subir e ficar em cima da laje (usando entorpecentes, conversando alto) onde eu estava construindo minha casa. Isso perdurou por vários dias. Quando já havia esgotado todo o tipo de negociação, fiz uma oração imprecatória para que Deus “desse um jeito” naquele traficante (risos). Alguns meses depois houve desavenças entre traficantes locais culminando em tiroteio e na morte desse traficante, entre outros, infelizmente. Digo infelizmente, pois como servo de Deus não queria nem desejava sua morte, mas coincidência ou não Deus deu uma solução para o meu problema, da pior forma possível. Por isso leitor, cuidado com as orações imprecatórias, vai que Deus lhe atenda!
Neemias pede até mesmo que Deus não perdoe suas iniquidades (v.5). O final do versículo nos informa que os opositores pronunciaram suas zombarias aos judeus diante das muralhas que estavam sendo reconstruídas – a pressão era total. Esta oração, apesar de estar respaldada contextualmente (Jr 18.23), não reflete a intenção e a postura neotestamentária que os crentes da Igreja Primitiva deveriam ter com os seus semelhantes, principalmente seus inimigos. Por exemplo, em meio a perseguição Pedro (II Pe 2.13,14) pede aos irmãos que se sujeitem as mesmas autoridades que as perseguiam: “Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano, quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para o castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem”. Outro detalhe é que a oração de Neemias contrasta-se com a oração de Jesus pedindo ao Pai que perdoasse os dois malfeitores que foram crucificados com ele (Lc 23.39-43).
Parece que a oração imprecatória de Neemias animou seus liderados e assim eles edificaram totalmente os muros porque tinham ânimo para trabalhar. É claro que se encontravam animados e corajosos devido à postura de Neemias. Há líder que em vez de animar seus liderados faz o contrário: desanima. Há muitos ministérios nas igrejas onde as pessoas encontram-se desestimuladas por conta da omissão ou negligencia do líder – o resultado é a evasão e fugas de crentes para outras denominações.
A TRAGÉDIA DA GUANABARA
Os opositores da obra de Deus são semelhantes as “hienas” que não desistem da sua presa, não se cansam de aguardar o cansaço dela, para depois atacá-la, feri-la e por fim alimentarem-se da sua carne: “Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, e os arábios, o amonitas e os asdoditas, que ia avante à reparação dos muros de Jerusalém e que já as brechas se começavam a fechar, iraram-se sobremodo” (4.7). Segundo o comentário bíblico de Moody os árabes eram liderados por Gesém e os amonitas por Tobias (2.19). Os asdoditas, que pertenciam ao povo filisteu, foram provavelmente facilmente incitados por Sambalate a que lutassem contra seus velhos inimigos, os judeus.
A igreja evangélica brasileira também possui muitos opositores/oposição, tanto externamente quanto internamente. Externamente, entre outras, temos as seitas que nos desafiam há anos cotidianamente. A própria Igreja Católica Romana (por meio dos seus agentes) perseguiu os crentes que professavam a fé reformada no Brasil (as Igrejas Tradicionais) e depois os que pregavam as doutrinas pentecostais (que genericamente também são “reformados”). Essa oposição não é pessoal, mas, um ataque a fé evangélica ou mais precisamente à nossa doutrina e teologia.
Um documento que ficou conhecido como “Confissão de Fé da Guanabara” (1558)  retrata a perseguição e oposição dos inimigos da fé cristã; esta fé é representada no que CREMOS. Logo no início da fé reformada no Brasil alguns huguenotes (calvinistas franceses) foram executados na então Guanabara (Rio de Janeiro). O historiador presbiteriano Alderi de Souza Matos comenta que “o contexto desse notável documento foi a França Antártica, uma colônia criada na baía de Guanabara, em novembro de 1555, pelo militar Nicolas Durand de Villegaignon. Desejoso de colonos com valores mais sólidos, o comandante escreveu a Genebra pedindo o envio de evangélicos. Em resposta, a Igreja mandou um grupo de catorze pessoas, entre as quais dois pastores. O pequeno contingente desembarcou no Rio de Janeiro no dia 10 de março de 1557, ocasião em que foi realizado o primeiro culto protestante no Brasil e nas Américas.
No início, Villegaignon mostrou-se simpático aos recém-chegados. Todavia, logo começou a divergir dos reformados em relação a várias questões doutrinárias, em especial a singela celebração da Ceia do Senhor. No final de outubro, expulsou-os da pequena ilha para o continente. Impossibilitados de dar continuidade ao seu trabalho, no início de 1558, eles retornaram para a pátria. Todavia, diante das condições precárias da embarcação, cinco dos calvinistas decidiram voltar à terra firme. Acusados pelo comandante de serem traidores e espiões, eles foram presos e receberam um questionário sobre pontos teológicos, tendo poucas horas para respondê-lo. A resposta, escrita com tinta de pau-brasil pelo leigo Jean de Bourdel, ficou conhecida como Confissão de Fé da Guanabara ou Confissão Fluminense. Os outros signatários foram Pierre Bourdon e Matthieu Verneuil”.
Prossegue o historiador presbiteriano dizendo que “sob alegação de heresia, na sexta-feira 9 de fevereiro de 1558, Villegaignon ordenou a execução de Bourdel, Bourdon e Verneuil. André Lafon foi poupado por vacilar nas suas convicções e ser o único alfaiate da colônia. Jacques Le Balleur, que havia conseguido fugir, mais tarde foi encarcerado na Bahia e executado no Rio de Janeiro”.
Especialmente nesse caso, o resultado de uma firme convicção doutrinária e teológica foi trágico: morte dos missionários huguenotes. Mas, não foi isso que Jesus avisou aos seus discípulos? “Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus” (Jo 16.2) e mais: “Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33).  Não foi diferente com a fé pentecostal no Brasil.
OPOSIÇÃO AOS PENTECOSTAIS
No livro Diário de um Pioneiro (CPAD), Gunnar Vingren relata perseguições logo no inicio da pregação pentecostal, mais especificamente num dos batismos de alguns crentes em água. Ele relata que uma grande multidão de inimigos da obra de Deus dirigiu-se para o local de batismo. Estavam armados de facas e laços e queriam impedir a realização do batismo, mas Deus os protegeu. Foi debaixo de muitas ameaças que certos batismos eram realizados e cultos eram realizados (p. 42).    
No Programa de Mestrado de Ciências da Religião, o mestrando Moisés Germano de Andrade escreve uma importante informação a respeito da perseguição (oposição) aos primeiros crentes pentecostais: “Não bastassem as perseguições impostas pela Igreja Católica Romana a todos os protestantes de modo geral, a Igreja AD, ainda sofreu duras perseguições dos próprios protestantes. Os pastores e reverendos, juntamente com os membros não mediam esforços para tentar parar o movimento pentecostal, seja caluniando, com intrigas e delações, e houve até casos de agressões físicas. Quanto mais ataques, mais se percebia que o movimento pentecostal crescia. O ponto mais alto dessas perseguições foi uma matéria publicada no Jornal  que circulava em Belém do Pará por nome de “A Folha do Norte”, cuja matéria tratava de alarmar a população paraense. Dizia-se que tal seita americana pentecostal, por nome AD, praticava exorcismo e outros hábitos perigosos. No entanto essa matéria jornalística, publicada na “Folha do Norte”, serviu para divulgar ainda mais o movimento pentecostal, muitas pessoas por curiosidade procuravam freqüentar os cultos na tentativa de conhecer  novidade,  e foi a razão para um grande crescimento da igreja”.[1]
ENFRENTANDO OS OPOSITORES
A Verdade Prática desta lição (23/10/2011) diz que não devemos nos amedrontar com os que opõem à obra de Deus, porque o Senhor está conosco e por nós batalha. Aprendemos nessa lição que a oração e a vigilância devem ser prioridades na vida cristã, conforme 4.9: “Porém nós oramos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles, de dia e de noite”. Que nenhum opositor, inimigo do evangelho, nos desestimule na caminhada cristã. Por outro lado nosso Senhor disse que não devemos em hipótese alguma olhar para trás na intenção de retroceder: “Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus”. Nesse caso lembro-me da carta (Hino 394 – Harpa Cristã) que Frida Vingren escreveu à seu esposo (Gunnar Vingren) num momento de sua vida onde se encontrava desanimado por causa das tribulações e dos muitos opositores:
Sê bom soldado de Cristo Jesus,
Sofrendo as aflições,
Não sufocando a mensagem da cruz,
Nas perseguições;
 Vai Seu amor proclamando,
Novas de paz, sim, levando.
Aos que estão aguardando
A salvação.





[1] ANDRADE, Moisés Germano. Uma história social da Assembléia de Deus: a conversão religiosa como forma ressocializar pessoas oriundas do mundo da criminalidade.


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TEXTO* DA CONFISSÃO DE FÉ GUANABARA

Segundo a doutrina de S. Pedro Apóstolo, em sua primeira epístola, todos os cristãos devem estar sempre prontos para dar razão da esperança que neles há, e isso com toda a doçura e benignidade, nós abaixo assinados, Senhor de Villegaignon, unanimemente (segundo a medida de graça que o Senhor nos tem concedido) damos razão, a cada ponto, como nos haveis apontado e ordenado, e começando no primeiro artigo:
I. Cremos em um só Deus, imortal, invisível, criador do céu e da terra, e de todas as coisas, tanto visíveis como invisíveis, o qual é distinto em três pessoas: o Pai, o Filho e o Santo Espírito, que não constituem senão uma mesma substância em essência eterna e uma mesma vontade; o Pai, fonte e começo de todo o bem; o Filho, eternamente gerado do Pai, o qual, cumprida a plenitude do tempo, se manifestou em carne ao mundo, sendo concebido do Santo Espírito, nasceu da virgem Maria, feito sob a lei para resgatar os que sob ela estavam, a fim de que recebêssemos a adoção de próprios filhos; o Santo Espírito, procedente do Pai e do Filho, mestre de toda a verdade, falando pela boca dos profetas, sugerindo as coisas que foram ditas por nosso Senhor Jesus Cristo aos apóstolos. Este é o único Consolador em aflição, dando constância e perseverança em todo bem. Cremos que é mister somente adorar e perfeitamente amar, rogar e invocar a majestade de Deus em fé ou particularmente.
II. Adorando nosso Senhor Jesus Cristo, não separamos uma natureza da outra, confessando as duas naturezas, a saber, divina e humana nele inseparáveis.
III. Cremos, quanto ao Filho de Deus e ao Santo Espírito, o que a Palavra de Deus e a doutrina apostólica, e o símbolo,[3] nos ensinam.
IV. Cremos que nosso Senhor Jesus Cristo virá julgar os vivos e os mortos, em forma visível e humana como subiu ao céu, executando tal juízo na forma em que nos predisse no capítulo vinte e cinco de Mateus, tendo todo o poder de julgar, a Ele dado pelo Pai, sendo homem. E, quanto ao que dizemos em nossas orações, que o Pai aparecerá enfim na pessoa do Filho, entendemos por isso que o poder do Pai, dado ao Filho, será manifestado no dito juízo, não todavia que queiramos confundir as pessoas, sabendo que elas são realmente distintas uma da outra.
V. Cremos que no santíssimo sacramento da ceia, com as figuras corporais do pão e do vinho, as almas fiéis são realmente e de fato alimentadas com a própria substância do nosso Senhor Jesus, como nossos corpos são alimentados de alimentos, e assim não entendemos dizer que o pão e o vinho sejam transformados ou transubstanciados no seu corpo, porque o pão continua em sua natureza e substância, semelhantemente ao vinho, e não há mudança ou alteração. Distinguimos todavia este pão e vinho do outro pão que é dedicado ao uso comum, sendo que este nos é um sinal sacramental, sob o qual a verdade é infalivelmente recebida. Ora, esta recepção não se faz senão por meio da fé e nela não convém imaginar nada de carnal, nem preparar os dentes para comer, como santo Agostinho nos ensina, dizendo: “Porque preparas tu os dentes e o ventre? Crê, e tu o comeste.” O sinal, pois, nem nos dá a verdade, nem a coisa significada; mas Nosso Senhor Jesus Cristo, por seu poder, virtude e bondade, alimenta e preserva nossas almas, e as faz participantes da sua carne, e de seu sangue, e de todos os seus benefícios. Vejamos a interpretação das palavras de Jesus Cristo: “Este pão é meu corpo.” Tertuliano, no livro quarto contra Marcião, explica estas palavras assim: “este é o sinal e a figura do meu corpo.” Santo Agostinho diz: “O Senhor não evitou dizer: — Este é o meu corpo, quando dava apenas o sinal de seu corpo.” Portanto, (como é ordenado no primeiro cânon do Concílio de Nicéia), neste santo sacramento não devemos imaginar nada de carnal e nem nos distrair no pão e no vinho, que nos são neles propostos por sinais, mas levantar nossos espíritos ao céu para contemplar pela fé o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus, sentado à destra de Deus, seu Pai. Neste sentido podíamos jurar o artigo da Ascensão, com muitas outras sentenças de Santo Agostinho, que omitimos, temendo ser longas.
VI. Cremos que, se fosse necessário pôr água no vinho, os evangelistas e São Paulo não teriam omitido uma coisa de tão grande conseqüência. E, quanto ao que os doutores antigos têm observado (fundamen¬tando-se sobre o sangue misturado com água que saiu do lado de Jesus Cristo, desde que tal observância não tem fundamento na Palavra de Deus, visto mesmo que depois da instituição da Santa Ceia isso aconteceu), nós não podemos hoje admitir necessariamente.
VII. Cremos que não há outra consagração senão a que se faz pelo ministro, quando se celebra a ceia, recitando o ministro ao povo, em linguagem conhecida, a instituição desta ceia literalmente, segundo a forma que nosso Senhor Jesus Cristo nos prescreveu, admoestando o povo quanto à morte e paixão do nosso Senhor. E mesmo, como diz santo Agostinho, a consagração é a palavra de fé que é pregada e recebida em fé. Pelo que, segue-se que as palavras secretamente pronunciadas sobre os sinais não podem ser a consagração como aparece da instituição que nosso Senhor Jesus Cristo deixou aos seus apóstolos, dirigindo suas palavras aos seus discípulos presentes, aos quais ordenou tomar e comer.
VIII. O santo sacramento da ceia não é alimento para o corpo como para as almas (porque nós não imaginamos nada de carnal, como declaramos no artigo quinto) recebendo-o por fé, a qual não é carnal.
IX. Cremos que o batismo é sacramento de penitência, e como uma entrada na igreja de Deus, para sermos incorporados em Jesus Cristo. Representa-nos a remissão de nossos pecados passados e futuros, a qual é adquirida plenamente, só pela morte de nosso Senhor Jesus. De mais, a mortificação de nossa carne aí nos é representada, e a lavagem, representada pela água lançada sobre a criança, é sinal e selo do sangue de nosso Senhor Jesus, que é a verdadeira purificação de nossas almas. A sua instituição nos é ensinada na Palavra de Deus, a qual os santos apóstolos observaram, usando de água em nome do Pai, do Filho e do Santo Espírito. Quanto aos exorcismos, abjurações de Satanás, crisma, saliva e sal, nós os registramos como tradições dos homens, contentando-nos só com a forma e instituição deixada por nosso Senhor Jesus.

X. Quanto ao livre arbítrio, cremos que, se o primeiro homem, criado à imagem de Deus, teve liberdade e vontade, tanto para bem como para mal, só ele conheceu o que era livre arbítrio, estando em sua integridade. Ora, ele nem apenas guardou este dom de Deus, assim como dele foi privado por seu pecado, e todos os que descendem dele, de sorte que nenhum da semente de Adão tem uma centelha do bem. Por esta causa, diz São Paulo, o homem natural não entende as coisas que são de Deus. E Oséias clama aos filho de Israel: “Tua perdição é de ti, ó Israel.” Ora isto entendemos do homem que não é regenerado pelo Santo Espírito. Quanto ao homem cristão, batizado no sangue de Jesus Cristo, o qual caminha em novidade de vida, nosso Senhor Jesus Cristo restitui nele o livre arbítrio, e reforma a vontade para todas as boas obras, não todavia em perfeição, porque a execução de boa vontade não está em seu poder, mas vem de Deus, como amplamente este santo apóstolo declara, no sétimo capítulo aos Romanos, dizendo: “Tenho o querer, mas em mim não acho o realizar.” O homem predestinado para a vida eterna, embora peque por fragilidade humana, todavia não pode cair em impenitência. A este propósito, S. João diz que ele não peca, porque a eleição permanece nele.
XI. Cremos que pertence só à Palavra de Deus perdoar os pecados, da qual, como diz santo Ambrósio, o homem é apenas o ministro; portanto, se ele condena ou absolve, não é ele, mas a Palavra de Deus que ele anuncia. Santo Agostinho, neste lugar diz que não é pelo mérito dos homens que os pecados são perdoados, mas pela virtude do Santo Espírito. Porque o Senhor dissera aos seus apóstolos: “recebei o Santo Espírito;” depois acrescenta: “Se perdoardes a alguém os seus pecados,” etc.
Cipriano diz que o servo não pode perdoar a ofensa contra o Senhor.
XII. Quanto à imposição das mãos, essa serviu em seu tempo, e não há necessidade de conservá-la agora, porque pela imposição das mãos não se pode dar o Santo Espírito, porquanto isto só a Deus pertence. No tocante à ordem eclesiástica, cremos no que S. Paulo dela escreveu na primeira epístola a Timóteo, e em outros lugares.
XIII. A separação entre o homem e a mulher legitimamente unidos por casamento não se pode fazer senão por causa de adultério, como nosso Senhor ensina (Mateus 19:5). E não somente se pode fazer a separação por essa causa, mas também, bem examinada a causa perante o magistrado, a parte não culpada, se não podendo conter-se, deve casar-se, como São Ambrósio diz sobre o capítulo sete da Primeira Epístola aos Coríntios. O magistrado, todavia, deve nisso proceder com madureza de conselho.
XIV. São Paulo, ensinando que o bispo deve ser marido de uma só mulher, não diz que não lhe seja lícito tornar a casar, mas o santo apóstolo condena a bigamia a que os homens daqueles tempos eram muito afeitos; todavia, nisso deixamos o julgamento aos mais versados nas Santas Escrituras, não se fundando a nossa fé sobre esse ponto.
XV. Não é lícito votar a Deus, senão o que ele aprova. Ora, é assim que os votos monásticos só tendem à corrupção do verdadeiro serviço de Deus. É também grande temeridade e presunção do homem fazer votos além da medida de sua vocação, visto que a santa Escritura nos ensina que a continência é um dom especial (Mateus 15 e 1 Coríntios 7). Portanto, segue-se que os que se impõem esta necessidade, renunciando ao matrimônio toda a sua vida, não podem ser desculpados de extrema temeridade e confiança excessiva e insolente em si mesmos. E, por este meio tentam a Deus, visto que o dom da continência é em alguns apenas temporal, e o que o teve por algum tempo não o terá pelo resto da vida. Por isso, pois, os monges, padres e outros tais que se obrigam e prometem viver em castidade, tentam contra Deus, por isso que não está neles o cumprir o que prometem. São Cipriano, no capítulo onze, diz assim: “Se as virgens se dedicam de boa vontade a Cristo, perseverem em castidade sem defeito; sendo assim fortes e constantes, esperem o galardão preparado para a sua virgindade; se não querem ou não podem perseverar nos votos, é melhor que se casem do que serem precipitadas no fogo da lascívia por seus prazeres e delícias.” Quanto à passagem do apóstolo S. Paulo, é verdade que as viúvas tomadas para servir à igreja, se submetiam a não mais casar, enquanto estivessem sujeitas ao dito cargo, não que por isso se lhes reputasse ou atribuísse alguma santidade, mas porque não podiam bem desempenhar os deveres, sendo casadas; e, querendo casar, renunciassem à vocação para a qual Deus as tinha chamado, contudo que cumprissem as promessas feitas na igreja, sem violar a promessa feita no batismo, na qual está contido este ponto: “Que cada um deve servir a Deus na vocação em que foi chamado.” As viúvas, pois, não faziam voto de continência, senão porque o casamento não convinha ao ofício para que se apresentavam, e não tinha outra consideração que cumpri-lo. Não eram tão constrangidas que não lhes fosse antes permitido casar que se abrasar e cair em alguma infâmia ou desonestidade. Mas, para evitar tal inconveniência, o apóstolo São Paulo, no capítulo citado, proíbe que sejam recebidas para fazer tais votos sem que tenham a idade de sessenta anos, que é uma idade normalmente fora da incontinência. Acrescenta que os eleitos só devem ter sido casados uma vez, a fim de que por essa forma, tenham já uma aprovação de continência.
XVI. Cremos que Jesus Cristo é o nosso único Mediador, intercessor e advogado, pelo qual temos acesso ao Pai, e que, justificados no seu sangue, seremos livres da morte, e por ele já reconciliados teremos plena vitória contra a morte.
Quanto aos santos mortos, dizemos que desejam a nossa salvação e o cumprimento do Reino de Deus, e que o número dos eleitos se complete; todavia, não nos devemos dirigir a eles como intercessores para obterem alguma coisa, porque desobedeceríamos o mandamento de Deus. Quanto a nós, ainda vivos, enquanto estamos unidos como membros de um corpo, devemos orar uns pelos outros, como nos ensinam muitas passagens das Santas Escrituras.
XVII. Quanto aos mortos, São Paulo, na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, no capítulo quatro, nos proíbe entristecer-nos por eles, porque isto convém aos pagãos, que não têm esperança alguma de ressuscitar. O apóstolo não manda e nem ensina orar por eles, o que não teria esquecido se fosse conveniente. S. Agostinho, sobre o Salmo 48, diz que os espíritos dos mortos recebem conforme o que tiverem feito durante a vida; que se nada fizeram, estando vivos, nada recebem, estando mortos.
Esta é a resposta que damos aos artigos por vós enviados, segundo a medida e porção da fé, que Deus nos deu, suplicando que lhe praza fazer que em nós não seja morta, antes produza frutos dignos de seus filhos, e assim, fazendo-nos crescer e perseverar nela, lhe rendamos graças e louvores para sempre. Assim seja.
Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André la Fon.
* Extraído de Paulo R. B. Anglada, Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras (São Paulo: Editora Os Puritanos, 1998), 190-197.
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