segunda-feira, 26 de março de 2012

O VALOR DA PREGAÇÃO EXPOSITIVA NO CULTO

Por Gilson Barbosa

Espero, leitor, que você tenha lido e compreendido a postagem anterior a essa (A Urgência da Pregação). Sua importância encontra-se no fato de que grande parte das pregações atuais é avaliada pelo autor como superficiais. Sendo a pregação um elemento central do culto cristão ela deve ser considerada com mais seriedade. Os cristãos devem ir aos templos não para receber a unção, buscar poder espiritual, receber bênçãos físicas ou materiais (curas ou prosperidade), cantar, ou coisas assim, mas, para estritamente adorar ao Senhor, proclamar a mensagem cristã e por esse meio propagar o evangelho.

O que me chamou atenção nesse texto foi à menção das mensagens serem idealizadas intencionalmente. Significa que o pregador escolhe antecipadamente o tema com base nas necessidades das pessoas. Isso não é bom, pois, as necessidades destas geralmente estão no campo do material e físico e a implicação dessa atitude é que o pregador se vê na incumbência de centralizar a mensagem na pessoa visando de alguma maneira atender seu interesse. O resultado é o que temos visto: pregações de autoajuda, cultos antropocêntricos, pregações tendenciosas a levar o povo a manifestações externas de espiritualidade, pregadores que parecem mais animadores de auditório do que autentico mensageiro de Deus, músicas evangélicas sem nenhuma preocupação teológica, doutrinária e bíblica, inclinação a afagar o ego dos ouvintes, e por aí vai.  

Com isso a exposição da Palavra de Deus, no culto, está sendo prejudicada.  Ela não deveria ter esse tratamento, pois, conforme o pastor puritano Richard Baxter entendia a pregação é questão de vida ou morte. A mensagem que é pregada no púlpito norteará a vida de inúmeras pessoas e dependendo de como ela está sendo pregada poderá trazer mais prejuízos do que benefícios. Quantas pessoas se encontram desiludidas com a fé cristã; estão assim por conta de pregações que não dizem o que a Palavra de Deus diz.

Como diz o pastor Albert Mohler o debate atual a respeito da pregação refere-se ao formato do sermão. Nos sermões atuais a Bíblia tem sido usada por pregadores apenas como se fosse um “anexo”, um “apenso”, mas não total, pleno. Isso significa que os pregadores até recorrem ao texto bíblico no decorrer do sermão, mas o texto não estabelece os assuntos nem a forma da mensagem. Isso acontece porque o pregador é sempre tentado a sentimentos exteriores proveniente de si mesmo, a esperar por um feedback dos ouvintes e a sentir-se satisfeito com sua perfomance. Sendo assim a chancela da sua pregação serão sempre elementos exteriores e não o resultado da pura pregação bíblica. Tenho dito a alunos de teologia que o melhor método de pregação é o sermão expositivo. No entanto ele exige que o pregador seja abnegado, dedicado aos estudos, fiel ao texto bíblico e acredite no poder das Escrituras e não conte com os improvisos.

A pregação da Palavra deve ter prioridade nos cultos evangélicos. Alguns dizem que as pessoas ouvintes preferem cânticos a exposição da Bíblia. E quem disse que são os ouvintes ou membros da igreja que decidem a liturgia e o que deve acontecer no culto? Quem de fato transforma o pecador numa nova criatura: o cântico ou a pregação da Palavra? Alguns cânticos até são teologicamente sadios, porém outros contradizem totalmente o ensinamento bíblico, são vazios, antropocêntricos.  É melhor que os crentes aceitem de uma vez por todas que os cânticos não são infalíveis, inerrantes e inspirados, conforme são os escritos sagrados.

Às vezes tenho a impressão que alguns crentes ou pregadores não acreditam na suficiência das Escrituras, pois inventam tantos métodos para atrair a atenção dos ouvintes que a simples exposição da Escritura Sagrada fica prejudicada. Historicamente, a exposição da Palavra de Deus foi responsável e suficiente na transformação de milhares de vida e continua até nossos dias. Não é necessário inventar moda ou métodos para atrair a atenção dos ouvintes; é preciso crer que a simples exposição do texto bíblico é capaz de alcançar a alma do pecador e proporcionar regozijo celestial.  Se isso não for assim, algo está errado e precisamos descobrir o quê.

Meu apelo fraterno tanto aos ouvintes quanto aos pregadores da Palavra de Deus é que invistam na pregação expositiva e não busque em seus sermões atender as necessidades dos ouvintes. A vantagem do sermão expositivo é que o texto é quem determina a mensagem e disciplina os ouvintes a receberem a mensagem advinda dela. A continuidade desta pregação criará bases firmes, maduras e saudáveis aos ouvintes e por extensão à toda igreja.

Em Cristo,


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sábado, 24 de março de 2012

SOMENTE EM JESUS TEMOS A VERDADEIRA PROSPERIDADE (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

Na vida cristã os extremismos devem ser evitados – a não ser nas doutrinas fundamentais, cujo ensinamento e interpretação estejam bem claros na Bíblia Sagrada.

Por exemplo, historicamente no início o Pentecostalismo enfatizava somente o além, a vida vindoura, isso fez com que o Movimento não conseguisse ser um fator de transformação social e cultural na questão da pobreza no Brasil e até mesmo em outros países pobres. O problema é que, nesse sentido, a Igreja nada faz para modificar ou influenciar o mundo em que vivemos. Abandonam-se e negligenciam-se os segmentos sociais tais como as artes, a cultura, a política, a educação, tendo em vista que a “nossa pátria não é aqui”.

Por outro lado, e em visível extremismo, a teologia da prosperidade ensina que os cristãos devem assumir todos os postos sociais. “Tudo é nosso”, diz alguém. Certo pregador da Teologia da Prosperidade disse: “A descendência de Abraão possuirá as cidades de seus inimigos. Todos os que têm fé são filhos de Abraão. Quanto mais inimigos tivermos, melhor será. Tomaremos posse de tudo. Os melhores carros estão nas mãos dos nossos inimigos. Serão de vocês. Há quanto tempo você não vai a uma churrascaria? Há quanto tempo você não vai a um shopping center, não só para ver, mas para fazer compras, para encher o carrinho de mercadoria? É isso que Deus quer para você. O que você deseja possuir? Escreva em seu coração. Deus vai realizar esse desejo. Ele disse a Abraão: ‘Jurei por mim mesmo’ (22.16). Que queremos mais? Traga o seu Isaque. Não ofereça o que não doa em você”. De repente, o pastor indagou: “Quem é inimigo da Universal?” Ele próprio deu a resposta: “É a Rede Globo”. E conclui: “Então, a Globo será nossa”.

A postura do cristão, então, deve ser de equilíbrio. Contudo, a prioridade são as coisas que estão na esfera espiritual, pois, se Jesus não admite que amemos até mesmo um ente querido mais do que a ele (leia Mateus 10.37), imagine colocar o mundo material em primeiro plano? O comentarista William Hendriksen interpreta da seguinte forma esse texto:

Pertencer a Cristo é um privilégio tão inestimável, que nenhuma outra relação pode substituí-lo. E um dever tão imperativo, que nenhuma outra obrigação é mais obrigatória. Ver Atos 5.29. Se a escolha é entre um pai ou Cristo, a vontade do pai, não importa quão ardente seja, deve ser rejeitada; se é entre um filho ou Cristo, que a vontade do filho, não importa quão veemente seja, deve ser sobrepujada. Isso deve ser feito devido à predominância do amor por Cristo. Os que rejeitam essa suprema lealdade a Jesus “não são dignos” dele, ou seja, não merecem pertencer-lhe e ser honrados por ele.

Compreender isso é de valor inestimável para o cristão, discípulo de Cristo. Não devemos nem negar nem superestimar o aspecto material da realidade existencial, mas compreendê-la e aceitá-la normalmente. Os servos de Deus vivem no mesmo mundo onde vivem os ímpios, os que não temem ao Senhor e enfrentam as mesmas adversidades que eles enfrentam: fome, peste, terremotos, desempregos, etc. Mas como a vida não é somente de adversidade, os salvos em Cristo, usufruem, também, de todo o bem que a graça comum de Deus dispensa a toda a humanidade, pois é uma realidade que Ele “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt 5.45).

Numas dessas tristes realidades existenciais está a pobreza. Quando os discípulos ficaram indignados com a atitude de uma mulher que derramou um vaso de alabastro com nardo puro sobre a cabeça de Jesus, dizendo que este poderia ser vendido e o dinheiro revertido em benefício de pessoas pobres, o Senhor deixou claro a realidade, existência e permanência dessa classe social. Portanto, Jesus diz, que se cuidar dos pobres é um mandamento de Deus, ele não tem prioridade maior que Jesus (Mt 26.6-13).  Apesar da realidade existencial da pobreza encontrar sua origem quando o pecado entrou no mundo, a pobreza não é o pecado. O pecado é algo, a pobreza é outra coisa. O fato de o pecado entrar no mundo não significa que tudo o que há no mundo é ruim, sofrível, adverso, pois, a realidade atesta o contrário: temos coisas boas no mundo e podemos desfrutar delas com sabedoria cristã.  

Como informa o Dicionário Bíblico Wycliffe “em geral, a pobreza resultava das invasões e das guerras, das secas e colheitas insuficientes, da preguiça ou da escravidão”. Se crermos que a pobreza é do Diabo então já não há responsabilidade humana na questão do trabalhar profissionalmente para ter uma vida tranquila e sossegada, pois bastaria expulsar o “demônio da pobreza” e tudo se resolveria. Sabemos que não é assim. Outros crentes se tornaram preguiçosos por causa desse pensamento e o trabalho é uma espécie de maldição. Os pobres que existem no seio da igreja, são como teste e desafio aos cristãos ricos e abastados financeiramente, membros da mesma igreja.

Entre as épocas sagradas em Israel estava o Ano do Jubileu. Este era o “50º ano que vinha após sete anos sabáticos, era para proclamar liberdade àqueles que tinham se tornado escravos por causa de dívida e para devolver as terras aos seus antigos donos” (Lv 25.8-12 – BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA). Agindo assim os israelitas desconcentraria o poder da riqueza nas mãos de poucos, e contribuiria para que a pobreza não progredisse ou proliferasse. A des-contribuição da Teologia da Prosperidade é evidente no fato de que ela leva a pessoa próspera a se tornar orgulhosa, individualista, presunçosa e merecedora de “tal bênção”.

Em Jesus temos a verdadeira prosperidade, mas não se tratam de riqueza, saúde, fama, bem-estar, conforto, etc. Certa vez Jesus censurou a atitude de um homem materialmente próspero e concluiu que o mais importante é ser rico para com Deus (Lc 12.13-21). Caso o cristão venha possuir alguma riqueza ou certo tipo de prosperidade deve levar em conta a Soberania de Deus, pois Ele é Senhor de tudo e onisciente.  Isso significa dizer que Deus faz o que Ele quer, quando quer e se quiser. Desconsiderar essa realidade Divina é viver uma vida cristã decepcionante, medíocre e fútil. Cristo e somente Ele é suficiente pra nós!

Em Cristo,  
  

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terça-feira, 20 de março de 2012

A URGÊNCIA DA PREGAÇÃO




Albert Mohler Jr.


Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos, Katie e Christopher.


A pregação atravessa tempos difíceis? Hoje está sendo travado um debate sobre o caráter e a centralidade da pregação na igreja. O que está em jogo é a integridade da adoração e da proclamação cristã.

Como isso chegou a acontecer? Levando em conta a centralidade da pregação na igreja do Novo Testamento, parece que a prioridade da pregação bíblica jamais deveria ser contestada. Afinal de contas, como observou John A. Broadus — um dos docentes fundadores do Seminário Batista do Sul dos Estados Unidos —, “a pregação é característica peculiar do cristianismo. Nenhuma outra religião tem realizado reuniões freqüentes e regulares de grupos pessoas para ouvirem instrução e exortações religiosas, uma parte integral do culto cristão”.

No entanto, muitas vozes influentes no evangelicalismo sugerem que a época do sermão expositivo já passou. Em seu lugar, alguns pregadores contemporâneos colocaram mensagens idealizadas intencionalmente para alcançar congregações seculares ou superficiais — mensagens que evitam a exposição do texto bíblico e, por implicação, um confronto potencialmente embaraçoso com a verdade bíblica.

Uma mudança sutil no início do século XX se tornou uma grande divisão no final do século. A mudança de pregação expositiva para abordagens mais temáticas e centradas no homem desenvolveu-se a ponto de se tornar um debate sobre o lugar das Escrituras na pregação e a própria natureza da pregação.

Duas afirmações famosas sobre a pregação ilustram essa divisão crescente. Refletindo, de maneira poética, a urgência e a centralidade da pregação, o pastor puritano Richard Baxter fez esta observação: “Prego como se jamais tivesse de pregar novamente, prego como um moribundo a pessoas moribundas”. Com expressão vívida e um senso de seriedade do evangelho, Baxter entendeu que a pregação é, literalmente, uma questão de vida ou morte. A eternidade pende na balança à medida que o pastor prega.

Contraste essa afirmação de Baxter com as palavras de Harry Emerson Fosdick, talvez o mais famoso (ou mal-afamado) pregador das primeiras décadas do século XX. Fosdick, que era pastor da Riverside Church, em Nova Iorque, provê um contraste instrutivo com o respeitado Baxter. Fosdick explicou: “Pregar é aconselhamento pessoal com base em grupos”.

Essas duas afirmações a respeito da pregação revelam os contorno do debate contemporâneo. Para Baxter, a promessa do céu e os horrores do inferno moldam a desgastante responsabilidade do pregador. Para Fosdick, o pregador é um conselheiro amável que oferece conselhos e encorajamento proveitosos.

O debate atual sobre a pregação é mais comumente explicado como uma argumento a respeito do foco e do formato do sermão. O pregador deve pregar um texto bíblico por meio de um sermão expositivo? Ou deve focalizar o sermão nas “necessidades sentidas” e nos interesses percebidos dos ouvintes?

É claro que muitos evangélicos contemporâneos favorecem a segunda opção. Instados pelos devotos da “pregação baseada nas necessidades”, muitos evangélicos abandonam o texto sem reconhecer que fazem isso. Esses pregadores podem ocasionalmente recorrer ao texto no decorrer do sermão, mas o texto não estabelece os assuntos nem a forma da mensagem.

Focalizar-se nas “necessidades percebidas” e permitir que elas estabeleçam os assuntos da pregação conduz inevitavelmente à perda da autoridade bíblica e do conteúdo bíblico no sermão. Contudo, esse modelo está se tornando, cada vez mais, a norma em muitos púlpitos evangélicos. Fosdick deve estar sorrindo no túmulo.

Os evangélicos antigos reconheceram a abordagem de Fosdick como uma rejeição da pregação bíblica. Um teólogo liberal confesso, Fosdick exibiu sua rejeição da inspiração, inerrância e infalibilidade das Escrituras — e rejeitou outras doutrinas centrais da fé cristã. Apaixonado pelas tendências da teoria psicológica, Fosdick se tornou um terapeuta de púlpito do protestantismo liberal. O alvo de sua pregação foi bem captado pelo título de um de seus muitos livros — On Being a Real Person (Ser uma Verdadeira Pessoa).

Infelizmente, essa é a abordagem evidente em muitos púlpitos evangélicos. O púlpito sagrado se tornou um centro de aconselhamento, e os bancos da igreja, o sofá do terapeuta. A psicologia e os interesses práticos substituíram a exegese teológica; e o pregador direciona seu sermão às necessidades percebidas da congregação.

O problema é que o pecador não sabe qual é a sua mais urgente necessidade. Ele está cego quanto à sua necessidade de redenção e reconciliação com Deus e se focaliza em necessidades potencialmente reais e temporais, tais como realização pessoal, segurança financeira, paz na família e avanço profissional. Muitos sermões são elaborados para atender a essas necessidades e interesses, mas falham em proclamar a Palavra da Verdade.

Sem dúvida, poucos pregadores que seguem essa tendência intentam se afastar da Bíblia. Todavia, servindo-se de uma intenção aparente de alcançar homens e mulheres modernos e seculares “onde eles estão”, o sermão tem sido transformado em um seminário sobre o sucesso. Alguns versículos das Escrituras talvez sejam acrescentados ao corpo da mensagem; mas, para que um sermão seja genuinamente bíblico, o texto precisa estabelecer os assuntos como fundamento da mensagem — e não ser usado apenas como uma autoridade citada para fornecer esclarecimento espiritual.

Charles Spurgeon confrontou esse mesmo padrão de púlpitos vacilantes, em seus próprios dias. Alguns das mais agradáveis e mais freqüentadas igrejas de Londres tinham ministros que foram precursores dos pregadores modernos que se baseiam nas necessidades sentidas. Spurgeon — que se esforçou por atrair ouvintes, apesar de sua insistência na pregação bíblica — confessou: “O verdadeiro embaixador de Cristo sente que ele mesmo está diante de Deus e tem de lidar com as almas como servo de Deus, em lugar dele, e que ocupa uma posição solene — nesta posição, a infidelidade é desumanidade e traição para com Deus”.

Spurgeon e Baxter entendiam o perigoso mandato do pregador e, por isso, foram impelidos à Bíblia para usá-la como sua única autoridade e mensagem. Deixavam seus púlpitos tremendo, sentindo interesse urgente pela alma de seus ouvintes e totalmente cônscios de que tinham de prestar contas a Deus pela pregação de sua Palavra, tão-somente de sua Palavra. Os sermões deles foram medidos por poder, os de Fosdick, por popularidade.

O debate atual sobre a pregação pode abalar congregações, denominações e o movimento evangélico. Mas reconheça isto: a restauração e renovação da igreja nesta geração virá somente quando, em cada púlpito, o ministro pregar com a certeza de que jamais pregará novamente e como um moribundo que prega a pessoas moribundas.

Traduzido por: Wellington Ferreira

Copyright:

© R. Albert Mohler Jr.

Traduzido do original em inglês:The Urgency of Preaching.

www.albertmohler.com



O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.
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sábado, 17 de março de 2012

O PROPÓSITO DA VERDADEIRA PROSPERIDADE (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

Receio de que os pregadores e adeptos da prosperidade a busquem a todo o custo simplesmente para alcançarem um estado de felicidade, bem estar e satisfação pessoal. Algo totalmente contrário a tudo que o Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos e apóstolos.

Por exemplo, no Sermão das Bem-aventuranças (Mateus 5) entendemos que se o Ser humano se conduzir pelos ensinos de Jesus alcançará a verdadeira felicidade. A palavra bem-aventurado no grego é makarios e trata-se de uma alegria proveniente do céu e não das conquistas materiais ou terrenas. Para o mestre, mais do que feliz são “os pobres em espírito”, “os que choram”, “os mansos”, “os que têm fome e sede de justiça”, “os misericordiosos”, “os pacificadores”, “os limpos de coração”, “os que são perseguidos por causa dele”, “os caluniados”.  

Os que são contra a Teologia da Prosperidade são acusados de “pregarem” um evangelho de miséria. Como assim? Interpretar fielmente e corajosamente as Escrituras é ser adepto da miserabilidade ou pobreza financeira? É querer que a doença seja a nossa companheira? É não querer ser promovido na empresa onde trabalhamos? Seria o caso então de que todos os que são contra a Teologia da Prosperidade são pobres miseráveis, doentes, “pra baixo”, não “tem sonhos”, são desanimados? Estou certo de que estão enganados!

A questão é que a verdadeira felicidade não deve ser medida pela boa situação financeira ou por um estado de boa saúde física. O apóstolo Paulo orientando os irmãos filipenses (4.4) escreveu: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo alegrai-vos”. A expressão grega chairo “alegrai-vos” tem o sentido de um estado de extrema alegria; a palavra “sempre” é pantote e significa que essa alegria deve ser constante, em todo o tempo.  Esta alegria deve ser no Senhor, isto é, por estarmos em união com Ele. Este fato não se importa com as adversidades que possa haver, mas relembra que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. A expressão todas as coisas tem o sentido de que “qualquer coisa que venha acontecer” terá de alguma maneira utilidade para nossa vida (social ou espiritual).

Existem muitos cristãos que são ávidos por se darem bem na vida. E em muitos casos não importa o que precisam fazer para “conquistar”. Meias verdades, mentiras, enganos, trapaças, maldades, falsidades, tudo isso são ingredientes existentes nas suas receitas. Esquecem que a Bíblia não estimula nem a riqueza nem a pobreza, mas uma relativa prosperidade. Disse o sábio (Pv 30.8,9): “... afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus”.


Esquece-se muito também, que os que possuem boas condições financeiras não devem negar-se a mostrarem compaixão pelos que nada possuem ou necessitem de qualquer tipo de ajuda. E se às vezes o caso não for dinheiro ou alimento pode ser todo o tipo de necessidade que venham ter e que precisem de nossa ajuda: “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus” (I Jo 3.7). “Padecer necessidade” significa qualquer tipo de carência que alguém tenha. A expressão “fechar o coração” é não se importar, nem na mente nem no pensamento, com a triste situação do outro. Chego à conclusão que um cristão rico tem uma responsabilidade social muito grande diante de Deus, no sentido de ajudar os necessitados.

É aqui também onde entra o papel da igreja local. Os dízimos e ofertas não podem ser somente para “manutenção da obra do Senhor”, mas, segundo os preceitos do Antigo Testamento, se estende a ajudar o pobre, a viúva, o órfão, o necessitado: “Ao final de cada três anos, tragam todos os dízimos da colheita do terceiro ano e armazene-os em sua própria cidade, para que os levitas, que não possuem propriedade nem herança, e os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem na sua cidade venham comer e saciar-se, e para que o Senhor, o seu Deus, o abençoe em todo o trabalho das suas mãos” Dt 14.28, 29.

Não podemos negar que para que a obra do Senhor se expanda é necessário ajuda financeira, contudo, isso deve ser feito tendo as Escrituras como modelo, sensatez e moderação. No entanto, biblicamente a “obra do Senhor” é a pregação do evangelho, as missões, e não necessariamente a construção de templos, a compra de um veículo para a igreja, o cachê do pregador, ou coisas nesse sentido. Em primeiro lugar deve vir “o reino de Deus”, isto é, usarmos o nosso dinheiro na expansão da pregação do evangelho.

No ministério de Jesus, vemos que foi ajudado nesse sentido (Lc 8.1-3): “E aconteceu, depois disso, que andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas” [meu grifo]. A ajuda que Jesus tinha destas mulheres não era estritamente em dinheiro, mas, elas prestavam assistência no que fosse necessário. O sentido é a de que elas estavam sempre prontas a ajudá-lo, mesmo que isso tivesse a ver com suas posses, mercadorias ou bens.

A questão dessa lição gira em torno do assunto propósito. Para quê prosperar? Que a vontade de sermos bem sucedidos, prósperos financeiramente, profissionalmente ou fisicamente, não seja para orgulho, arrogância e ostentação, mas que em caso de termos tudo isso, reconheçamos a providencia de Deus à nossas vidas e que o Seu nome seja glorificado: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” I Coríntios 10.31.

Em Cristo,
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terça-feira, 13 de março de 2012

SE DEUS É BOM POR QUE PERMITE TANTAS TRAGÉDIAS?

Por Leandro Antônio de Lima*

Vivemos num mundo muito cruel. Raramente se vê a justiça triunfar, e os bons, geralmente são os que sofrem mais. Às vezes, dá a impressão de que Deus se esqueceu de ajudar aqueles que esperam nele. Quando olhamos para toda a desgraça que há neste mundo surge a pergunta: Como poderia um Deus bom permanecer impassível diante de tanta desgraça? Como um Deus bom poderia permitir que bebês morressem na infância; que crianças morressem de fome em meio à pobreza ou guerras; que alguns tenham tanto privilégio enquanto outros tanta escassez; que o injusto domine sobre o justo; e que muitos fiéis sejam perseguidos e mortos sem temor nem piedade?

A Escritura afirma que “Deus é amor” (1 Jo 4.8,16), demonstrando que o amor faz parte da própria essência de Deus. Amar é algo absolutamente natural em Deus.

Em sua bondade, Deus não manifesta seu amor apenas para seu povo, ele é bom para com todas as pessoas e coisas criadas. O salmo 145.9 diz: “O Senhor é bom para todos”. Ou seja, a Escritura atesta a bondade de Deus, mas como harmonizar isso com as tragédias do mundo? Queremos insistir em que o fato de Deus demonstrar amor, graça, misericórdia e paciência para com os homens deve ser suficiente para aceitarmos e entendermos que ele é de fato bom. Porém, somente a fé nos faz aceitar a bondade divina. Com isso em mente, vamos pensar na questão das tragédias que acontecem neste mundo.

Será que elas de alguma forma comprometem a bondade ou a justiça de Deus? A primeira coisa que deve ser entendida é que Deus não está satisfeito com o estado caótico do nosso mundo, e nem foi ele quem desejou que o mundo caísse neste estado. Foi uma escolha do homem que trouxe todas as desgraças desta vida.

Quando Adão escolheu pecar, sabia das consequências, pois Deus havia lhe avisado (Gn 2.17). E após seu pecado, Deus ordenou a maldição sobre este mundo, dizendo: “Maldita é a terra por tua causa” (Gn 3.17). Como consequência da maldição, o mundo virou um caos em todos os sentidos. Os descontroles da natureza e a maldade do homem seriam constantes em toda a história do mundo. A Bíblia descreve que a natureza “geme e suporta angústias não voluntariamente” (Rm 8.22), o que nos sugere que todas as catástrofes que acontecem neste mundo são consequências forçadas por causa do pecado. Não propriamente pelo pecado de cada homem, mas pelo estado decaído da humanidade e do mundo. A bondade de Deus se manifesta justamente pelo fato de que ele poderia ter deixado o mundo entregue ao seu próprio destino, mas não o deixou. Deus tem providenciado uma redenção completa para este mundo.

Chegará o dia em que a “criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus” (Rm 8.21). Até lá teremos de conviver com as desgraças desta vida, embora sempre tenhamos em Deus o nosso refúgio seguro, bem presente na tribulação (Sl 46.1).

Muitos crentes acreditam numa espécie de triunfalismo pseudocrístão. Pensam que um fiel não passa por dificuldades, que não pode ter problemas financeiros ou ficar doente. Em geral, esses problemas são atribuídos ao Diabo, e pensa-se que, passar por tais dificuldades, evidencia falta de fé.

Pastores ensinam os crentes a se considerarem vitoriosos sobre todos os problemas, pois são filhos de Deus, e não é justo que sofram. Devem exigir na prática o status que desfrutam como “príncipes”. Diante das dificuldades basta orar e decretar que o problema não mais existe e ele sumirá.

Basta profetizar vitórias e todos os problemas desaparecerão. O que essa forma de pensar ignora é que o mundo está debaixo da maldição do próprio Deus, e que o fato de um homem ser crente não impede que nasçam ervas daninhas em seu quintal, nem que sua esposa tenha dores de parto (Gn 3.16-18). Esses são exemplos da maldição do mundo citados pelo próprio Deus.

Outra coisa que essa forma de pensar ignora é que o próprio Deus pode enviar provações para amadurecer os crentes. A Bíblia claramente demonstra que Deus permite que venham tribulações sobre a vida dos crentes a fim de purificar a fé. Pedro diz que os crentes deveriam se alegrar, mesmo que no presente, por breve tempo, se necessário, fossem contristados por várias provações. Segundo ele, isso aconteceria “para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1.6, 7). As provações da vida redundam no louvor de Jesus.

O triunfalismo alegadamente cristão impede que as pessoas tenham as maiores e mais verdadeiras experiências com Deus, e nunca levará uma pessoa a um nível espiritual mais elevado. Ignora a verdade de Romanos 8.28: “Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. O propósito de Deus é que sejamos conforme à imagem de Cristo (Rm 8.29). Deus usa todas as coisas, inclusive o sofrimento para o nosso crescimento. Tiago escrevendo aos perseguidos crentes da dispersão disse: “Meus irmãos, tende por motivo de grande alegria o passardes por várias provações” (Tg 1.2). Esse apóstolo está dizendo que os crentes devem se alegrar nas provações que enfrentam nessa vida, não porque sejam “masoquistas”, pessoas que gostam de sofrer pelo prazer de sentir dor, mas porque Deus tem um propósito até mesmo com o sofrimento. Tiago afirma que as provações vão trazer perseverança aos crentes, o que por sua vez os tornará maduros na fé (Tg 1.3-4). Creio que é nesse sentido que devemos entender Romanos 8.28. Nesta vida, muitas coisas que nos acontecem são ruins, e mesmo as suas consequências imediatas não são boas, por isso também, precisamos entender que esse bem pode ser um “bem final”, aquilo que tem a ver com o propósito de Deus, pelo qual ele chamou os crentes.

A impunidade dos maus neste mundo é uma das coisas que levam as pessoas a desconfiar da bondade de Deus. Mas as tragédias e a impiedade deste mundo não comprometem a bondade e nem a justiça de Deus porque ele mantém tudo sob controle, e no devido tempo, retribuirá com justa medida a cada um segundo o que tiver feito. Uma coisa é certa, todos receberão de Deus o que merecem. A resposta do salmo 115 à pergunta “onde está vosso Deus” foi a seguinte: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada” (Sl 115.3). Deus habita os céus onde está seu trono, de onde ele governa a tudo e a todos, e de onde ele executará sua justiça sobre tudo e sobre todos, ainda que seu amor, graça, misericórdia e paciência muitas vezes retardem sua ira. Tudo o que acontece, por mais estranho que seja, acontece como lhe agrada, ou seja, é segundo a vontade dele. Porém, se olharmos somente para o agora, não veremos a bondade e muito menos a justiça de Deus de forma completa, por isso, precisamos olhar para o futuro, para o fim dos ímpios. Lá veremos outra vez a diferença entre o justo e o perverso. Nunca devemos nos esquecer que haverá um juízo final. Na verdade, a única garantia de que a Bondade e a Justiça de Deus serão finalmente vindicadas é que existe um Juízo Final.

A maior de todas as provas de amor que Deus concedeu aos homens foi vista no ato de entregar seu Filho por nós. Romanos 5.8 declara: “... Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”.

Em meio às dificuldades da vida devemos continuamente olhar para o sacrifício de Cristo que nos dá a certeza de seu amor. É verdade que Deus nos concede dádivas porque nos ama; mas, porque ama, a Escritura também diz que ele disciplina, conforme está escrito em Apocalipse 3.19: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo”.

Deus não demonstra seu amor apenas quando nos concede benefícios, mas também quando permite que certas coisas ruins nos atinjam com o propósito de nos disciplinar, testar, ou de nos fazer crescer na dependência dele. Por isso, em toda e qualquer situação que tenhamos que enfrentar, precisamos olhar para o Calvário e dizer: sim Deus me ama, pois entregou seu Filho por mim.

* O Rev. Leandro Antônio de Lima é pastor titular da IP de Santo Amaro, São Paulo, e membro do Conselho Editorial do Jornal Brasil Presbiteriano.

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TRÊS FALSOS EVANGELHOS

Por José Bernardo
Como Satanás está arrastando milhares de adolescentes e jovens para fora da Igreja e para longe da fé? Porque a Igreja não está sendo capaz de perceber e conter essa evasão? Onde toda essa maldade e destruição estão se apoiando? Um olhar cuidadoso para o cenário faz perceber que a estratégia usada pelo inimigo tem sido um ‘cavalo de troia’, belo por fora e cheio de destruição por dentro: a religião do ‘bem estar’.
Apoiado em uma interpretação flexível da própria Bíblia, o inimigo vem minando a fé bíblica da igreja evangélica e substituindo por essa nova religião, ainda difícil de distinguir para muitos, mas definitivamente oposta ao que Jesus ensinou. Há três correntes principais desse neo-paganismo, três falsos evangelhos que a grande maioria dos crentes está seguindo para longe de Cristo. Tais evangelhos não tem poder para salvar, não oferecem os elementos para a perseverança na fé. Adolescentes e jovens aprendem tais heresias de seus pais e essa é uma razão central de seu desvio.


Primeiro, enumeremos esses três ataques malígnos:

O evangelho do bem estar material – ou a teologia da prosperidade, movimento religioso surgido nas primeiras décadas do século XX nos Estados Unidos da América. Sua doutrina afirma, a partir da interpretação de alguns textos bíblicos como Gênesis 17.7, Marcos 11.23-24 e Lucas 11.9-10, que quem é verdadeiramente fiél a Deus deve desfrutar de uma excelente situação na área financeira, na saúde, etc. Não mais capaz de seduzir a população norte-americana que emergiu das crises econômicas no pós-guerra, esse falso evangelho foi despejado na América Latina por tele-evangelistas, rapidamente absorvido aqui pelo nascente movimento neo-pentecostal e é hoje refugo lançado covardemente contra a África por uma equivocada ação missionária.
O evangelho do bem estar psicológico – movimento que visa a descoberta e o tratamento de problemas emocionais, como medo, complexos, baixa auto-estima, no intuito de que as pessoas sejam tratadas no espírito, na alma e no corpo, com ênfase na cura da alma. O movimento, também originado nos Estados Unidos, resultou do esforço de manter a Igreja atraente para uma sociedade cada vez mais materialista e egocêntrica e têm raízes, tanto no evangelicalismo histórico, como no movimento carismático. Entre os evangélicos históricos surgiu no condicionamento do aconselhamento cristão pela psicologia e psicanálise, entre os pentecostais, dos esforços de cura interior. Ambas as correntes proliferaram a partir dos anos 80 com a enxurrada de livros evangélicos de auto-ajuda e hoje são um mal perfeitamente institucionalizado.
O evangelho do bem estar social – é um movimento essencialmente político que utiliza elementos do Cristianismo como alegoria para facilitar a disseminação de idéias de diferentes pensadores socialistas. Seus defensores a apresentam como, por exemplo, “uma interpretação da fé cristã através do sofrimento dos pobres, sua luta e esperança, e uma crítica da sociedade e do cristianismo através dos olhos dos pobres”. O movimento surgiu no seio do catolicismo Latino Americano, na esteira da influência marxista, foi fortemente combatido e diminuido pela Igreja Romana, proliferou entre ditos evangélicos em alguns países da América Hispânica e influenciou o evangelicalismo brasileiro com mais força a partir dos anos 80.
Diagnose do insólito


As causas dessa monstruosidade espiritual
Embora pareçam propostas diferentes, as três correntes religiosas são extremos próximos, identificados por três ensinos heréticos centrais: a) Antropocêntrismo – O cristianismo defende a centralidade de Deus e apresenta o ser humano como inútil e sem valor, as três teologias malígnas retomam o ser humano como centro de tudo e fazem Deus gravitar ao redor de suas necessidades, desejos e ações; b) Temporalidade – O cristianismo aponta para a vida na terra como uma passagem de provação para um mundo novo e eterno, as três teologias corrosivas se concentram no que pode ser obtido imediatamente, fixando a quem pode seduzir no que é presente, temporal e passageiro; c) Materialismo – O cristianismo aponta para as coisas espirituais, invisíveis, as três correntes teológicas cativam seu público ao que é material e carnalmente desfrutável, são evangelhos da sensualidade.


Os falsos evangelhos da prosperidade, terapêutico ou da libertação se contrapõe ao verdadeiro Evangelho do Reino, que anuncia o governo soberano de Deus em Cristo sobre a vontade humana e leva‘cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo’ 2Co 10:5. Tais evangelhos são produzidos pelos inimigos da cruz, seu deus é o ventre (Fp 3:19).
A endo-apologia combaterá com dificuldade esses ataques malígnos. Os falsos evangelhos se mimetizam com capricho, usando o vocabulário dos evangélicos, suas expressões e a própria Bíblia para surpreender e destruir a fé bíblica. Esses falsos evangelhos promovem uma interpretação flexível das Escrituras, baseada principalmente na dedução e em um criticismo pretensamente acadêmico e energicamente desconstrutor. No discurso, usam e abusam do palavrório apaixonado, como se estivessem militando por uma grande causa e, quando não funciona, abundam na irreverência, no sarcasmo, na ironia e na zombaria. Todas os três praticam também uma contra-apologia preventiva, acusando de reacionários, desumanos, anti-cristãos e fundamentalistas aqueles que se atrevem a ir contra suas ambições egocêntricas, temporais e materialistas. Dessa forma surpreendem, sequestram e escravizam uma igreja que deixou as Escrituras de lado para abraçar o sensacionalismo.
Mas o aspecto mais venenoso de tais falsos evangelhos, é que são virais, não estão baseados nas teologias alucinadas que os geraram, mas nas características de seus hospedeiros. Quando o apóstolo Paulo nos preveniu disso, disse: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas…” 2Tm 3:1ss. Não é a teologia maligna, principalmente, que faz essa maldade prosperar, mas a natureza egoísta que impede os seres humanos de clamarem pelo verdadeiro Evangelho do Reino: Seja feita a Tua vontade, ó Deus. Egoístas, egocêntricos, esses são os hospedeiros de evangelhos oportunistas, que contagiam os mais jovens e causam seu desvio.
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quinta-feira, 1 de março de 2012

UMA IGREJA VERDADEIRAMENTE PRÓSPERA (Subsidio EBD)


Por Gilson Barbosa


Confesso que até o presente momento não compreendi a relação do assunto desta lição com o tema que estamos estudando: prosperidade. Até mesmo o título parece estar deslocado dos tópicos da lição. Talvez eu não tenha entendido esta lição, mas, o que a prosperidade tem a ver com a teologia dos pactos (alianças) ou com a igreja como sendo o verdadeiro Israel? Se o assunto é salvação geral, ou a existência de um só povo de Deus ou ainda a introdução dos gentios na Nova Aliança, não entendo isso como uma espécie de “prosperidade divina”.

Bem, se estive com dúvida quanto à identificação dos assuntos não tenho nenhuma a respeito de que para o comentarista da lição (Pr José Gonçalves), há um só povo de Deus (não dois: Israel e a Igreja), esse povo é a Igreja cristã, e esta é o verdadeiro Israel de Deus. Para orientá-lo no estudo, mencionarei apenas o assunto da Igreja Cristã ser o Israel de Deus, deixando de lado o estudo da natureza da igreja – assunto já muito debatido e estudado nas lições bíblicas.

Logo na introdução da lição temos o comentarista convidando-nos a avaliarmos o porquê da Igreja de Cristo ser o Israel de Deus. No tópico I. 1 ele afirma que “o propósito de Deus de ter um povo que o representasse continuou com a Igreja de Cristo – o Israel do Novo Testamento”. Mais a frente, no tópico I. 2, diz que “em Cristo, Deus não substituiu, mas deu continuidade ao processo de autorrevelação anteriormente iniciado no Antigo Testamento” (meu grifo). Ele cita no tópico I. 3 que o autor “Donald Hagner observa que a igreja não assume o lugar de Israel, mas que Israel encontra sua verdadeira identidade na Igreja”. Esta observação de Donald Hagner é idêntica ao do teólogo George Eldon Ladd que discorrendo sobre a ekklesia (a igreja) de Jesus diz que

Agora o verdadeiro Israel encontra sua identidade específica por meio do relacionamento com Jesus.

Dizer que a igreja cristã é o verdadeiro Israel não significa substituir Israel na questão política, religiosa ou étnica, mas simplesmente entender que Deus não anulou a aliança que fez com os patriarcas e deu continuidade no projeto de salvação através das demais alianças até chegar em Cristo.

A incredulidade de alguns judeus ao longo da história bíblica não anula o pacto que o Senhor fez com Israel, pois Deus sempre teve no meio do seu povo um remanescente fiel. Quando Elias pensava que era o único profeta fiel do Senhor, ouviu as seguintes palavras provenientes do próprio Deus:

Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que o não beijou. (I Rs 19.18).

É importante entender que o Senhor não abandonou Israel para formar outro povo que agora pudesse atender e obedecer as suas santas exigências. O profeta Jeremias diz que Deus faria um novo pacto com a casa de Israel e com a casa de Judá:


“Estão chegando os dias”, declara o                SENHOR, “quando farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; porque quebraram a minha aliança, apesar de eu ser o SENHOR deles”, diz o SENHOR. “Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias”, declara o SENHOR: “Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao SENHOR’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior”, diz o SENHOR. “Porque eu lhes perdoarei a maldade não me lembrarei mais dos seus pecados”. 
  
Um novo pacto não subentende outro pacto diferente intrinsecamente, mas a continuidade do processo revelacional do antigo pacto. Tanto que o autor de Hebreus (8.8-12) repete as mesmas palavras aplicando-as aos cristãos da Igreja Primitiva. Isso não seria possível se o autor não entendesse que a igreja cristã é a continuação do povo de Deus desde o Antigo Testamento. É por isso que alguns estudiosos se confundem quando usam o exemplo de algumas ações de Jesus para respaldar certas doutrinas que consideram vigentes e incoerentemente usam o mesmo exemplo para condenarem outras. Temos de ser sensatos nas interpretações e aplicações ao transportamos para a igreja cristã aspectos da Antiga Aliança.

O apóstolo Paulo diz, em Efésios 2.11-22, que os gentios e os judeus são unidos pela cruz de Cristo, formando de ambos um só povo de Deus.

Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas, e que naquela época vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito.

O autor Keith Mathisson interpreta coerentemente esse texto (Ef 2.11-22) da seguinte maneira:


Neste texto, Paulo compara o estado anterior dos gentios em Cristo ao seu estado anterior à parte de Cristo. No versículo 12, Paulo lista cinco coisas que eram verdadeiras deles antes de se tornarem cristãos. Os crentes gentios estavam anteriormente:


1. Separados de Cristo.
2. Excluídos da comunidade de Israel.
3. Estranhos aos pactos da promessa.
4. Sem esperança.
5. Sem Deus no mundo.

Todas essas cinco coisas são mencionadas no tempo passado. Em outras palavras, todas as cinco eram verdadeiras dos gentios antes de sua fé em Cristo, e todas as cinco não mais eram verdade agora que os gentios tinham fé em Cristo. O que isso significa é que os crentes gentios estão agora:

1. Em Cristo.
2. Incluídos na comunidade de Israel.
3. Herdeiros dos pactos da promessa.
4. Com Esperança.
5. Com Deus no mundo.

De acordo com Paulo, todas essas coisas são agora verdade para os gentios crentes em Cristo.

Entretanto, sei que esse entendimento pode causar duas objeções. Primeira, se há um só povo, como Paulo afirma em I Coríntios 10.32, haver, também, três povos distintos os quais seriam os judeus, os gentios e a igreja de Deus?

“Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus”.

Porém, não podemos perder de vista que no inicio da igreja cristã a mistura de categorias de pessoas eram muito comum no convívio comunitário. Havia os judeus que ainda não tinham entendido a essência do evangelho de Cristo e continuavam na prática legalista a fim de conquistar a salvação; os gentios eram as pessoas que vieram do paganismo e muitas ainda não eram de fato regeneradas; “a igreja de Deus” era os verdadeiramente regenerados, tanto judeus quanto gentios. Na verdade esse texto dever ser entendido no seguinte sentido: Paulo exorta os irmãos coríntios para que deem exemplo de cristãos comportados até mesmo nas questões básicas tais como comer ou beber, ou seja, que isso não viesse de alguma forma prejudicar a pregação do evangelho de Cristo.

Segunda, isso (quer dizer, o fato da Igreja Cristã ser a continuidade dos fiéis da Antiga Aliança) não enquadra os cristãos a todas as questões pertinentes a Israel? Não. Nossa base de entendimento deve ser a leitura da escritura pela escritura, ou seja, o que toda a Escritura disser sobre determinado assunto esse será nosso parâmetro. Por exemplo, não temos mais a obrigatoriedade legal mosaica, o tipo de culto veterotestamentário, os rituais religiosos, as aplicações penais, etc. Não obstante, nos procedimentos religiosos judaicos temos preciosas lições, princípios a serem aplicados, grandes doutrinas fundamentais, fatos que se comparam, e outras questões relativas que não podemos simplesmente ignorar. O próprio apóstolo Paulo, em Romanos 15.4, respalda em certo aspecto essa questão quando diz:

Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança.

Por fim, em concordância com o que Jesus disse a mulher samaritana, que “a salvação vem dos judeus”, não percebemos a reserva de bênçãos materiais e financeiras ao povo de Deus e nem total isenção de dificuldades na carreira da fé cristã, mas, o principal legado que Israel repassou à igreja foi as bênçãos espirituais prometidas por Deus a Abraão:

Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados.

Essa benção viria por meio do descendente de Abraão, que não era Isaque, mas Cristo:

Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: “E aos seus descendentes”, como se falando de muitos, mas: “Ao seu descendente”, dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo.

Não se pode herdar a benção abraâmica da salvação à parte de Cristo. “Todos que são salvos estão em Cristo, e somente aqueles que estão em Cristo são salvos. Não existe outra forma de salvação à parte da união com Cristo no único corpo de Cristo, a igreja – o verdadeiro Israel de Deus”. Keith Mathisson.


A verdadeira igreja de Cristo na terra não está preocupada ou interessada no culto-show, em colocar o ser humano como o principal elemento do culto, em satisfazer os anseios sentimentais da membresia local, nem somente na salvação do pecador, mas na manutenção da santidade e piedade no convívio fraternal. Que sejamos uma igreja conforme o padrão divino. 

Em Cristo,
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