Por Gilson Barbosa
Bem, se estive com dúvida quanto à identificação dos assuntos não tenho nenhuma a respeito de que para o comentarista da lição (Pr José Gonçalves), há um só povo de Deus (não dois: Israel e a Igreja), esse povo é a Igreja cristã, e esta é o verdadeiro Israel de Deus. Para orientá-lo no estudo, mencionarei apenas o assunto da Igreja Cristã ser o Israel de Deus, deixando de lado o estudo da natureza da igreja – assunto já muito debatido e estudado nas lições bíblicas.
Logo na introdução da lição temos o comentarista convidando-nos a avaliarmos o porquê da Igreja de Cristo ser o Israel de Deus. No tópico I. 1 ele afirma que “o propósito de Deus de ter um povo que o representasse continuou com a Igreja de Cristo – o Israel do Novo Testamento”. Mais a frente, no tópico I. 2, diz que “em Cristo, Deus não substituiu, mas deu continuidade ao processo de autorrevelação anteriormente iniciado no Antigo Testamento” (meu grifo). Ele cita no tópico I. 3 que o autor “Donald Hagner observa que a igreja não assume o lugar de Israel, mas que Israel encontra sua verdadeira identidade na Igreja”. Esta observação de Donald Hagner é idêntica ao do teólogo George Eldon Ladd que discorrendo sobre a ekklesia (a igreja) de Jesus diz que
Agora o verdadeiro Israel encontra sua identidade específica por meio do relacionamento com Jesus.
Dizer que a igreja cristã é o verdadeiro Israel não significa substituir Israel na questão política, religiosa ou étnica, mas simplesmente entender que Deus não anulou a aliança que fez com os patriarcas e deu continuidade no projeto de salvação através das demais alianças até chegar em Cristo.
A incredulidade de alguns judeus ao longo da história bíblica não anula o pacto que o Senhor fez com Israel, pois Deus sempre teve no meio do seu povo um remanescente fiel. Quando Elias pensava que era o único profeta fiel do Senhor, ouviu as seguintes palavras provenientes do próprio Deus:
Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda a boca que o não beijou. (I Rs 19.18).
É importante entender que o Senhor não abandonou Israel para formar outro povo que agora pudesse atender e obedecer as suas santas exigências. O profeta Jeremias diz que Deus faria um novo pacto com a casa de Israel e com a casa de Judá:
“Estão chegando os dias”, declara o SENHOR, “quando farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; porque quebraram a minha aliança, apesar de eu ser o SENHOR deles”, diz o SENHOR. “Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias”, declara o SENHOR: “Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao SENHOR’, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior”, diz o SENHOR. “Porque eu lhes perdoarei a maldade não me lembrarei mais dos seus pecados”.
Um novo pacto não subentende outro pacto diferente intrinsecamente, mas a continuidade do processo revelacional do antigo pacto. Tanto que o autor de Hebreus (8.8-12) repete as mesmas palavras aplicando-as aos cristãos da Igreja Primitiva. Isso não seria possível se o autor não entendesse que a igreja cristã é a continuação do povo de Deus desde o Antigo Testamento. É por isso que alguns estudiosos se confundem quando usam o exemplo de algumas ações de Jesus para respaldar certas doutrinas que consideram vigentes e incoerentemente usam o mesmo exemplo para condenarem outras. Temos de ser sensatos nas interpretações e aplicações ao transportamos para a igreja cristã aspectos da Antiga Aliança.
O apóstolo Paulo diz, em Efésios 2.11-22, que os gentios e os judeus são unidos pela cruz de Cristo, formando de ambos um só povo de Deus.
Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas, e que naquela época vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito.
O autor Keith Mathisson interpreta coerentemente esse texto (Ef 2.11-22) da seguinte maneira:
Neste texto, Paulo compara o estado anterior dos gentios em Cristo ao seu estado anterior à parte de Cristo. No versículo 12, Paulo lista cinco coisas que eram verdadeiras deles antes de se tornarem cristãos. Os crentes gentios estavam anteriormente:
1. Separados de Cristo.
2. Excluídos da comunidade de Israel.
3. Estranhos aos pactos da promessa.
4. Sem esperança.
5. Sem Deus no mundo.
Todas essas cinco coisas são mencionadas no tempo passado. Em outras palavras, todas as cinco eram verdadeiras dos gentios antes de sua fé em Cristo, e todas as cinco não mais eram verdade agora que os gentios tinham fé em Cristo. O que isso significa é que os crentes gentios estão agora:
1. Em Cristo.
2. Incluídos na comunidade de Israel.
3. Herdeiros dos pactos da promessa.
4. Com Esperança.
5. Com Deus no mundo.
De acordo com Paulo, todas essas coisas são agora verdade para os gentios crentes em Cristo.
Entretanto, sei que esse entendimento pode causar duas objeções. Primeira, se há um só povo, como Paulo afirma em I Coríntios 10.32, haver, também, três povos distintos os quais seriam os judeus, os gentios e a igreja de Deus?
“Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus”.
Porém, não podemos perder de vista que no inicio da igreja cristã a mistura de categorias de pessoas eram muito comum no convívio comunitário. Havia os judeus que ainda não tinham entendido a essência do evangelho de Cristo e continuavam na prática legalista a fim de conquistar a salvação; os gentios eram as pessoas que vieram do paganismo e muitas ainda não eram de fato regeneradas; “a igreja de Deus” era os verdadeiramente regenerados, tanto judeus quanto gentios. Na verdade esse texto dever ser entendido no seguinte sentido: Paulo exorta os irmãos coríntios para que deem exemplo de cristãos comportados até mesmo nas questões básicas tais como comer ou beber, ou seja, que isso não viesse de alguma forma prejudicar a pregação do evangelho de Cristo.
Segunda, isso (quer dizer, o fato da Igreja Cristã ser a continuidade dos fiéis da Antiga Aliança) não enquadra os cristãos a todas as questões pertinentes a Israel? Não. Nossa base de entendimento deve ser a leitura da escritura pela escritura, ou seja, o que toda a Escritura disser sobre determinado assunto esse será nosso parâmetro. Por exemplo, não temos mais a obrigatoriedade legal mosaica, o tipo de culto veterotestamentário, os rituais religiosos, as aplicações penais, etc. Não obstante, nos procedimentos religiosos judaicos temos preciosas lições, princípios a serem aplicados, grandes doutrinas fundamentais, fatos que se comparam, e outras questões relativas que não podemos simplesmente ignorar. O próprio apóstolo Paulo, em Romanos 15.4, respalda em certo aspecto essa questão quando diz:
Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança.
Por fim, em concordância com o que Jesus disse a mulher samaritana, que “a salvação vem dos judeus”, não percebemos a reserva de bênçãos materiais e financeiras ao povo de Deus e nem total isenção de dificuldades na carreira da fé cristã, mas, o principal legado que Israel repassou à igreja foi as bênçãos espirituais prometidas por Deus a Abraão:
Abençoarei os que o abençoarem e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados.
Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: “E aos seus descendentes”, como se falando de muitos, mas: “Ao seu descendente”, dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo.
Não se pode herdar a benção abraâmica da salvação à parte de Cristo. “Todos que são salvos estão em Cristo, e somente aqueles que estão em Cristo são salvos. Não existe outra forma de salvação à parte da união com Cristo no único corpo de Cristo, a igreja – o verdadeiro Israel de Deus”. Keith Mathisson.
A verdadeira igreja de Cristo na terra não está preocupada ou interessada no culto-show, em colocar o ser humano como o principal elemento do culto, em satisfazer os anseios sentimentais da membresia local, nem somente na salvação do pecador, mas na manutenção da santidade e piedade no convívio fraternal. Que sejamos uma igreja conforme o padrão divino.
A verdadeira igreja de Cristo na terra não está preocupada ou interessada no culto-show, em colocar o ser humano como o principal elemento do culto, em satisfazer os anseios sentimentais da membresia local, nem somente na salvação do pecador, mas na manutenção da santidade e piedade no convívio fraternal. Que sejamos uma igreja conforme o padrão divino.
Em Cristo,
a paz, obrigado por visitar meu blog, o seu tambem é uma benção, ja seguindo, Deus abençoe ainda mais o seu Ministerio, abrços.
ResponderExcluirhttp://rcostaalves.blogspot.com
Prezado,
ResponderExcluirObrigado pela reciprocidade. Que a preocupação com a sã doutrina nos una sempre.
Grande abraço,
Gostei do seu blog, Gilson. Passei a segui-lo. Grata pela visita ao meu blog e por seguir também. Continue sendo bênção na publicação de excelentes postagens. Saudações. http://klerida.blogspot.com/
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