sábado, 17 de março de 2012

O PROPÓSITO DA VERDADEIRA PROSPERIDADE (Subsidio EBD)

Por Gilson Barbosa

Receio de que os pregadores e adeptos da prosperidade a busquem a todo o custo simplesmente para alcançarem um estado de felicidade, bem estar e satisfação pessoal. Algo totalmente contrário a tudo que o Senhor Jesus ensinou aos seus discípulos e apóstolos.

Por exemplo, no Sermão das Bem-aventuranças (Mateus 5) entendemos que se o Ser humano se conduzir pelos ensinos de Jesus alcançará a verdadeira felicidade. A palavra bem-aventurado no grego é makarios e trata-se de uma alegria proveniente do céu e não das conquistas materiais ou terrenas. Para o mestre, mais do que feliz são “os pobres em espírito”, “os que choram”, “os mansos”, “os que têm fome e sede de justiça”, “os misericordiosos”, “os pacificadores”, “os limpos de coração”, “os que são perseguidos por causa dele”, “os caluniados”.  

Os que são contra a Teologia da Prosperidade são acusados de “pregarem” um evangelho de miséria. Como assim? Interpretar fielmente e corajosamente as Escrituras é ser adepto da miserabilidade ou pobreza financeira? É querer que a doença seja a nossa companheira? É não querer ser promovido na empresa onde trabalhamos? Seria o caso então de que todos os que são contra a Teologia da Prosperidade são pobres miseráveis, doentes, “pra baixo”, não “tem sonhos”, são desanimados? Estou certo de que estão enganados!

A questão é que a verdadeira felicidade não deve ser medida pela boa situação financeira ou por um estado de boa saúde física. O apóstolo Paulo orientando os irmãos filipenses (4.4) escreveu: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo alegrai-vos”. A expressão grega chairo “alegrai-vos” tem o sentido de um estado de extrema alegria; a palavra “sempre” é pantote e significa que essa alegria deve ser constante, em todo o tempo.  Esta alegria deve ser no Senhor, isto é, por estarmos em união com Ele. Este fato não se importa com as adversidades que possa haver, mas relembra que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. A expressão todas as coisas tem o sentido de que “qualquer coisa que venha acontecer” terá de alguma maneira utilidade para nossa vida (social ou espiritual).

Existem muitos cristãos que são ávidos por se darem bem na vida. E em muitos casos não importa o que precisam fazer para “conquistar”. Meias verdades, mentiras, enganos, trapaças, maldades, falsidades, tudo isso são ingredientes existentes nas suas receitas. Esquecem que a Bíblia não estimula nem a riqueza nem a pobreza, mas uma relativa prosperidade. Disse o sábio (Pv 30.8,9): “... afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus”.


Esquece-se muito também, que os que possuem boas condições financeiras não devem negar-se a mostrarem compaixão pelos que nada possuem ou necessitem de qualquer tipo de ajuda. E se às vezes o caso não for dinheiro ou alimento pode ser todo o tipo de necessidade que venham ter e que precisem de nossa ajuda: “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus” (I Jo 3.7). “Padecer necessidade” significa qualquer tipo de carência que alguém tenha. A expressão “fechar o coração” é não se importar, nem na mente nem no pensamento, com a triste situação do outro. Chego à conclusão que um cristão rico tem uma responsabilidade social muito grande diante de Deus, no sentido de ajudar os necessitados.

É aqui também onde entra o papel da igreja local. Os dízimos e ofertas não podem ser somente para “manutenção da obra do Senhor”, mas, segundo os preceitos do Antigo Testamento, se estende a ajudar o pobre, a viúva, o órfão, o necessitado: “Ao final de cada três anos, tragam todos os dízimos da colheita do terceiro ano e armazene-os em sua própria cidade, para que os levitas, que não possuem propriedade nem herança, e os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que vivem na sua cidade venham comer e saciar-se, e para que o Senhor, o seu Deus, o abençoe em todo o trabalho das suas mãos” Dt 14.28, 29.

Não podemos negar que para que a obra do Senhor se expanda é necessário ajuda financeira, contudo, isso deve ser feito tendo as Escrituras como modelo, sensatez e moderação. No entanto, biblicamente a “obra do Senhor” é a pregação do evangelho, as missões, e não necessariamente a construção de templos, a compra de um veículo para a igreja, o cachê do pregador, ou coisas nesse sentido. Em primeiro lugar deve vir “o reino de Deus”, isto é, usarmos o nosso dinheiro na expansão da pregação do evangelho.

No ministério de Jesus, vemos que foi ajudado nesse sentido (Lc 8.1-3): “E aconteceu, depois disso, que andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas” [meu grifo]. A ajuda que Jesus tinha destas mulheres não era estritamente em dinheiro, mas, elas prestavam assistência no que fosse necessário. O sentido é a de que elas estavam sempre prontas a ajudá-lo, mesmo que isso tivesse a ver com suas posses, mercadorias ou bens.

A questão dessa lição gira em torno do assunto propósito. Para quê prosperar? Que a vontade de sermos bem sucedidos, prósperos financeiramente, profissionalmente ou fisicamente, não seja para orgulho, arrogância e ostentação, mas que em caso de termos tudo isso, reconheçamos a providencia de Deus à nossas vidas e que o Seu nome seja glorificado: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” I Coríntios 10.31.

Em Cristo,
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2 comentários:

  1. Querido irmão Gilson,tem sido muito comum ver pastores e pregadores de um modo geral, usando II Coríntios 8 e 9 como base para exortar a igreja a contribuir. Realmente naquele texto Paulo está exortando a igreja sobre a necessidade da contribuição. O grande problema é que na maioria das vezes a igreja não é informada do propósito de Paulo em relação àquela contribuição. Sabemos que o apóstolo Paulo tinha em mente usar aquela oferta para auxiliar os irmãos pobres (será que eles estavam sob maldição?)da Judéia (II Co 9.1, 12-15). Entretanto, é muito difícil encontrarmos esse propósito presente nas grandes campanhas por arrecadação financeira realizadas pelas igrejas. Por isso, a questão do propósito pelo qual Deus concede prosperidade a alguns cristãos, deve ser enfatizado com frequência. Pois, como o irmão bem frisou, vivemos dias em que a maldita teologia da prosperidade, tem transformado muitos cristãos em pessoas egoístas , que buscam a prosperidade simplesmente pelo prazer e pelo status, não levando em conta o ensino das sagradas Escrituras (ver I Tm 6.17-19).
    Quero parabenizá-lo, por mais um artigo que nos desperta com o sublime desafio de vivermos,na riqueza ou na pobreza,tendo como único alvo, a glória de Deus.

    Pr. Rosivaldo Sales

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  2. Pr Rosivaldo,

    Muito importante sua anotação a respeito desse tema. Interessante também pensar que os irmãos pobres da Judéia não estavam sob maldição. Creio que a pobreza é uma oportunidade que a Igreja tem para contribuir socialmente cumprindo assim preceitos inseridos na sua Palavra.

    Obrigado mais uma vez pelo comentário.

    Grande abraço.

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