terça-feira, 2 de junho de 2015

A DOUTRINA DA GRAÇA PREVENIENTE É BÍBLICA?

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John Wesley
Você lembra o dia em que recebeu Cristo como Salvador e Senhor? Lembra-se de como isso aconteceu? Consegue descrever cada etapa de seu novo nascimento em Cristo? Talvez alguma coisa consiga lembrar, mas como seu coração foi “invadido” pela presença salvadora do Espírito, amolecendo seu coração e produzindo instantaneamente uma nova vida, arrependimento e fé, mudando as disposições de sua alma; o momento exato do acontecimento dessas coisas é impossível de sabermos.

Qual sua participação no processo da salvação? Sua vontade estava neutra? Se quisesse poderia mudar naquele momento sua decisão voltando atrás e não querendo mais Cristo como seu Salvador? Foi você quem deu o primeiro passo e decidiu por Cristo? Você se sentia o “dono da situação” no momento da sua conversão? Se a maioria das suas respostas foram SIM então você pode se orgulhar do seu arrependimento e da fé na aceitação de Cristo. Você produziu sua própria salvação.

Sabendo disso há uma teologia que desenvolveu o conceito da doutrina de uma graça “que vem antes” da conversão – a Graça Preveniente. Esta propicia ao pecador condições de escolher ou não a Cristo. Ou seja, no momento da conversão o pecador está numa situação de neutralidade. Esta graça foi dada a toda a humanidade (é universal); todo o ser humano a possui, mas ela não é eficaz na salvação, pois o poder da decisão está com o pecador. Essa doutrina nada mais do é que uma tentativa de relacionar a salvação da parte de Deus com a responsabilidade de cada pessoa. A pergunta: esta doutrina é bíblica?

Não “há textos bíblicos específicos para tratar da graça Preveniente” (Heber Carlos de Campos).  Por isso seus adeptos se apegam aos versículos que tratam sobre a expiação universal de Cristo, como João 1:9; João 12:32; Tito 2:11. A doutrina da Graça Preveniente é também a tentativa de preservar a autonomia libertária do ser humano.

É importante informar que cada ser humano é responsável por seus pecados e está sob condenação desde a queda de Adão (Romanos 6:23; 3: 11) e não neste EXATO momento. Afirmar que o livre arbítrio ou livre vontade é necessário para a aceitação de Cristo como Salvador por causa de sua responsabilidade não se coaduna com a verdade dos fatos bíblicos. A Bíblia afirma tanto a soberania de Deus quanto a responsabilidade humana. Em seu discurso aos judeus o apóstolo Pedro afirmou que a morte de Cristo estava dentro do desígnio de Deus desde a eternidade, mas mesmo assim tanto os judeus quanto Pilatos e seus funcionários eram responsáveis por sua morte: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos” (Atos 2:23).

Aceitar que Deus age soberanamente na salvação do pecador não o faz maligno, pecador ou maléfico. Quando Adão pecou arrastou consigo toda a humanidade a condenação eterna. Não fosse a iniciativa de Deus Adão teria recebido a justa condenação. Você pode indagar: mas qual a parte do pecador no processo da conversão? Essa pergunta pode ser capciosa. A salvação é uma obra monergística e poderosa de Deus capacitando instantaneamente o pecador a reconhecer seus pecados (arrependimento) e voltando-se a Cristo. Dizemos que quando o pecador age em arrependimento e fé, ele o faz pela ação poderosa de Deus. Deus é injusto ao conceder no coração de alguns o arrependimento para a fé em Cristo? Certamente que não. Quando apóstolo Paulo comenta sobre a rejeição de Israel afirmou: “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Romanos 9:14,15).

Não existe a tal Graça Preveniente que capacita o pecador para decidir ou não sobre sua salvação. Se a salvação estivesse em nosso poder estaríamos irremediavelmente perdido, pois “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9).

Mas se é Deus quem efetua a salvação, o pecador ainda assim é livre? Sim. Não vimos a Cristo arrastado ou coagido, pois Deus muda as disposições da nossa alma nos dando vida espiritual e efetuando nossa conversão. O profeta Ezequiel (36:26,27) anunciou a restauração de Israel nos seguintes termos: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis”. O Senhor Deus não disse que enviaria uma graça preparatória e assim eles poderiam escolher. O ser humano em seu estado natural não busca o novo nascimento, até porque conforme Jesus disse a Nicodemos que a regeneração procede do alto e não de baixo (João 3:3); do céu e não da terra; de Deus e não do homem: “os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1:13).

Cremos que somos exclusivamente salvos pela graça de Deus independente de nossas obras. Isso significa que qualquer poder de decisão da parte do ser humano é uma obra. Não creio na neutralidade do pecador no momento da sua decisão por Cristo, assim como não creio que entre um copo de água e um de aguardente já sabemos qual será a escolha do viciado em bebida alcoólica. O ser humano é viciado e seu vicio chama-se pecado. Somente uma obra eficaz e poderosa da parte de Deus pode mudar as inclinações da alma do pecador. A Bíblia diz que estávamos mortos em nossos pecados e delitos (Colossenses 2:13) e não percebo nada que um morto possa receber antecipadamente para tornar a viver. Quando Cristo chamou Lázaro à vida sua ressurreição foi instantânea.

O convite permanece: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” ou “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação”.

No amor de Cristo,


 


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3 comentários:

  1. Paz de Cristo como tem passado? Eu vejo a "graça preveniente" simplesmente como termo técnico usado na teologia para se falar que a salvação começa em Deus e é sempre dele a iniciativa de falar com o homem. Assim como o termo "trindade" também não existe na bíblia, mas mesmo sendo um "termo técnico", cremos e ensinamos a trindade, como Paulo disse em Ef. 2 que ele nos vivificou estando nós mortos em ofensas e pecados, ou seja, a iniciativa da salvação e conclusão da salvação é sempre de Deus, o ser humano não participa da salvação porque ela é uma obra exclusiva de Deus, ele simplesmente responde á salvação - Abraços no amor de Cristo

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  2. Irmão João Eduardo: A paz do Senhor!

    Que bom tê-lo aqui. Seu entendimento está correto, mas não é exatamente o que ensina o sistema wesleyano/arminiano. Afirmar que o ser humano se encontra neutro no momento da conversão podendo escolher ou não a Cristo não é doutrina bíblica, é apenas teoria.

    Grande abraço amado.

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  3. Paz de Cristo! Também não concordo com essa teoria de que o ser humano está neutro. A palavra de Deus deixa que estamos mortos em ofensas e pecados, segundo o que aprendi sobre a teologia arminiana, o ser humano é atraído pela graça podendo resistir ou não, mas aí virá a discussão calvinista/arminiana sobre: se a graça é irresistível ou não.
    Como sou arminiano creio que o ser humano pode resistir á graça, mas respeito o pensamento calvinista e reconheço a importância das obras teológicas produzidas por tais escritores, falo isso porque leio muitos autores calvinistas e gosto muito.

    Abraços no amor de Cristo.

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