Nesta sexta-feira (02/11/2012) milhares de pessoas se dirigirão aos
cemitérios de suas cidades para prestarem homenagens a entes queridos já
falecidos. Outros simplesmente aproveitarão o feriado para viajar sem se
importar com a data.
Celebrado em 02 de novembro é o dia em que, na crença da Igreja
Católica Romana, se fazem orações pelas almas que estão no Purgatório. É
denominado de celebração omnium fidelium
defunctorum (“de todos os fiéis defuntos”). Segundo os estudiosos a
celebração foi introduzida no século X por santo Odílio ou Odillon (962-1049),
abade beneditino de Cluny, na França, para os mosteiros da sua ordem. No século
XIV, a Igreja Católica universalizou essa data.
Hoje em dia o sentido da comemoração ultrapassou o aspecto religioso
para revelar uma feição emotiva, como preito de saudade aos que se foram de
nosso convívio. Mas, no sentido original trata-se de uma das práticas
fundamentais das religiões pagãs ligados aos cultos agrários e aos da
fertilidade. Cria-se que os defuntos, assim como as sementes, eram enterrados
com vistas a uma ressurreição. Cada religião pagã possui uma forma de celebrar
a data. Umas festejam com banquetes e orgias perto dos túmulos, outras costumam
espalhar terra trazida dos cemitérios, nos campos cultivados. Hipócrates cria
que os espíritos dos defuntos faziam crescer e germinar as sementes. Outras,
fazem preces intercessoras pelos mortos.
A perspectiva da morte e a crença na vida futura sempre foram encaradas
com preocupação. Nos dias em que surgiu o cristianismo as religiões de mistérios
aspiravam pela imortalidade e a vida no além era uma realidade transcendente. A
crença generalizada da reencarnação ou transmigração da alma era outra
característica daquela época. No Antigo Testamento não houve uma sistematização
ou preocupação do assunto por parte dos judeus.
Já no cristianismo houve dois fatos interessantes a respeito deste
assunto: uma atitude mais otimista com relação à morte e uma crença inabalável
acerca da realidade e bem-aventurança da vida no porvir. O apóstolo Paulo disse aos coríntios: “Temos,
pois, confiança e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor”
(II Coríntios 5:8). Os dois fatos estavam ligados a 1) afirmação de uma
relacionamento pessoal ou comunhão com o Senhor Jesus Cristo e 2) a
personalidade toda estava envolvida no processo (alma e corpo). O desejo de
estar com Cristo era algo comum entre os primeiros cristãos: “Estou pressionado
dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor;
contudo, é mais necessário, por causa de vocês, que eu permaneça no corpo”
(Filipenses 1:23,24). Temos de estar preparados para a morte.
Os pensamentos sobre a morte, os mortos, e a vida no porvir, ao longo
da história, foram descritas de várias maneiras pelas religiões. Já mencionei a
crença sobre a reencarnação dos mortos (hinduísmo, espiritismo), mas, há ainda
a do purgatório (igreja católica romana) e a doutrina do sono da alma
(Adventistas do Sétimo Dia). Esses ensinos foram repudiados pelos reformadores
protestantes. O entendimento da teologia protestante clássica é que os corpos
dos mortos repousam no túmulo até a ressurreição, mas as suas almas vão imediatamente
para a presença de Deus.
A atitude cristã, quanto aos entes queridos que partiram, deve ser essencialmente
de lembranças e por fim a esperança de que ressuscitarão para também, conosco,
estarem com Cristo na eternidade. A cultura cristã possui um tratamento discreto
a respeito dos mortos, diferente dos judeus que observam formas de
comportamentos e hábitos curiosos (LEIA AQUI). Porém permanece a firme convicção de que
ainda que a morte de um servo do Senhor seja extremamente triste para nós, ela é
preciosa aos olhos Dele: “Preciosa é à vista do SENHOR a morte dos seus santos”
(Sl 116.15).
Em Cristo,
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