segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

CREIO NO ESPÍRITO SANTO


Por Gilson Barbosa

Alguns irmãos ao ouvirem minha resposta de que sou membro de uma igreja de tradição reformada, perguntam: “Você não crê no Espírito Santo?”. Confesso que essa pergunta tem me deixado preocupado. Não porque não creio na doutrina do Espírito Santo, mas por revelar ignorância ou desconhecimento desta doutrina, e até mesmo orgulho espiritual, da parte dos inquiridores. Crer no Espírito Santo, para a imensa maioria do povo evangélico, se limita a dois pontos: as línguas estranhas e os dons espirituais. Outros fatores que se revelam na pergunta são a intolerância e as disputas denominacionais.  
  
Não pretendo discutir nesta postagem a contemporaneidade dos dons do Espírito ou das línguas, mas, informar aos “desavisados” que o Espírito Santo é muito mais do que se tem pensado a Seu respeito. Para tanto passo a declinar alguns pontos importantes sobre a pessoa do Espírito Santo. Faço isso em forma de um credo.

CREIO NA PERSONALIDADE do Espírito Santo

É importante ressaltar que o Espírito Santo não é uma força impessoal, uma energia apenas, como sugere as Testemunhas de Jeová. O Espírito Santo é uma pessoa e possui todas as qualidades inerentes à personalidade. O pronome pessoal masculino empregado ao Espírito Santo denota que Ele é uma pessoa. Não obstante a palavra grega pneuma (espírito) ser neutra, Jesus a empregou em João 16.13,14, acompanhada de um pronome masculino, quando poderia ter usado um pronome neutro.

Quando falamos na personalidade do Espírito Santo, dizemos que Ele desempenha as mesmas funções de um indivíduo. Possui intelecto, emoção e vontade, e isto já é suficiente para provar sua personalidade, pois, se essas qualidades fossem apenas figuras de linguagem, como dizem alguns, então nós — os seres humanos – seríamos irreais?

1     - Atributos pessoais do Espírito Santo no Antigo Testamento

O Antigo Testamento fala do Espírito Santo “discutindo” ou “contendendo” com a humanidade por causa da sua maldade (Genesis 6:3); afirma que o Espírito Santo falou por meio de santos homens de Deus, no passado, tais como Abraão, Moisés, José, Davi, os profetas, etc (II Pedro 1:21); que Ele deu (ou ensinou) habilidades artísticas a Bezalel e Aoliabe (Exodo 31:2-6); que agiu com poder dando vitória ao povo de Deus contra os inimigos, no período teocrático (Juízes 3:10); que o Espírito Santo habita, reside, dentro do servo fiel e temente a Deus (Sl 51:11); o Espírito Santo foi entristecido por alguns do seu povo (Isaias 63:6,10); o Espírito Santo teria uma participação mais efetiva no Novo Testamento (Ezequiel 36:27), etc...

2     – Atributos pessoais do Espírito Santo no Novo Testamento.
O Espírito Santo consola (Atos 9:31), ensina (14:26), guia (Romanos 8:14), se entristece (Efésios 4:30), comissiona e nomeia ministros (Atos 13:2), intercede (Romanos 8:26), pode ser tentado (Atos 5:9), fala (Apocalipse 2:7), ordena (Atos 16:6,7), clama (Gálatas 4:6).

CREIO NA DIVINDADE do Espírito Santo

1 - Atributos divinos do Espírito Santo no Antigo Testamento

A presença do Espírito é a presença de Deus (Salmos 139:7-10). Na criação, o Espírito Santo se movia sobre a face das águas. Ele pode ser chamado de o Espírito Criador (Genesis 1:2). Na criação do homem (Genesis 1:26). O profeta Isaías teve uma visão (Isaías 6:8-10) e o apóstolo Paulo afirma que foi o Espírito Santo quem falou com Ele (Atos 28:25-27). No acordo da Nova Aliança (Jeremias 31:31 confere com Hebreus 10:15,16). Na transmissão de poder aos juízes (Juízes 6:34; 11:29; 14:6). Na mensagem dos profetas (II Cronicas 15:1; 20:14; Ezequiel 2:2; Joel 2:28,29; Zacarias 4:6).

2- Atributos divinos do Espírito Santo no Novo Testamento

Eternidade (Hebreus 9:14); onipotência (Lucas 1:35); onisciência (I Coríntios 2:10); é chamado de Deus, por Pedro (Atos 5:3,4); participou da ressurreição de Cristo (Romanos 8:11); é nomeado junto com o Pai e o Filho, nas bênçãos (II Coríntios 13:13; Apocalipse 1:4-6). Dizemos que o Espírito Santo é a terceira pessoa da trindade, em essência. Todos os atributos divinos dirigidos ao Pai e ao Filho, também são dirigidos ao Espírito Santo.

CREIO NA OBRA do Espírito Santo

O que alguns crentes não sabem ou esqueceram é que a principal obra do Espírito Santo é glorificar a Jesus Cristo para que ficasse ou fique claro aos seus seguidores quem é Ele: “O Espírito me glorificará, porque receberá do que é meu e vos anunciará. Tudo o que o Pai tem, pertence a mim. Por isso é que Eu disse que o Espírito receberá do que é meu e o revelará a vós” (João16:14,15). Nem mesmo o Espírito busca glória para si, como muitos fazem a Ele. O Espírito Santo não exibe a si mesmo, pois Jesus disse que Ele testemunharia Dele: “Quando, porém, vier o Advogado que Eu enviarei para vós da parte do Pai, o Espírito da verdade que provém do Pai, Ele testemunhará a meu respeito” (João 15:26).

É o Espírito que convence o mundo do seu pecado, da justiça e do juízo (João 16: 8) aplicando a regeneração no coração do pecador: “Arrazoou Jesus: ‘Em verdade, em verdade te asseguro: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar o reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; mas o que é nasce do Espírito é espírito”’ (João 3:5, 6). A santificação pessoal, outra obra do Espírito, não pode ser produzida pela própria pessoa, mas o Espírito Santo é o agente da santificação (Gálatas 5:16-18).

CREIO NO PODER do Espírito Santo

Muitos crentes quando pensam no poder do Espírito o fazem absolutamente pelo influxo místico ou carismático, para daí vencerem a carne, o mundo e o Diabo. O que me deixa escandalizado é que o mesmo poder não tem poder para refrear o pecado deles. Na verdade temos que entender que não se trata do poder pelo poder, mas poder para testemunhar, influenciar e falar de Cristo aos pecadores (Atos 1: 8; 2: 4, 37-41). Até mesmo a vinda do Espírito no Pentecoste, batizando os discípulos em línguas, culminou na exaltação da pessoa de Cristo, pregação do Evangelho e conversão dos pecadores (Atos 2: 22-41) e não num êxtase frenético. O que pode ser dito é que se busca muito os carismas, mas pouco o poder do Espírito.

CREIO NO BATISMO no Espírito Santo

Não confunda esse batismo com o das línguas, pois quanto a este ultimo, segundo o próprio apóstolo Paulo já nos seus dias nem todos falariam em línguas estrangeiras: “Acaso são todos apóstolos? São todos profetas? Ou são todos mestres? Todos tem o dom realizar milagres? Todos tem o dom de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam?” (I Coríntios 12: 29, 30). Sabemos que as perguntas de Paulo são apenas retóricas, pois para todas elas a resposta é sempre uma só: NÃO!

Por representar muito bem o meu pensamento transcrevo o que a Bíblia de Estudo de Genebra comenta sobre esse ponto:  “O pleno ministério do Espírito começou no Pentecostes, depois da ascensão de Jesus ao céu (Atos 2:1-4). João Batista predisse que Jesus batizaria no Espírito (Marcos 1:8; João 1:33), como o cumprimento de uma promessa feita no Antigo Testamento e repetida por Jesus (Jeremias 31: 31-34; Joel 2:28-32; Atos 1:4, 5). O Pentecostes marcou o inicio da era final da história do mundo, que terminará quando Jesus voltar. No momento em que nascem de novo, os crentes em Jesus recebem o Espírito, segundo a totalidade do Novo Testamento (Atos 2:28; Romanos 8:9; I Coríntios 12:13). Todos os dons para a vida de serviço que aparecem subsequentemente na vida dos cristãos fluem desse batismo inicial do Espírito, porque por meio desse batismo o pecador está unido ao Cristo ressurreto”.

CREIO NA TOTALIDADE do Espírito Santo

Agora pergunto: “mediante tudo o que foi exposto como pode alguém dizer que não creio no Espirito Santo?”. Dentro da economia da trindade cada Divindade exerce sua função respeitando os limites um do outro. O papel do Espírito é bem claro nas escrituras e não pode nem deve ser reduzido ou limitado. Até podemos discutir sobre a contemporaneidade das línguas ou dos dons, mas aferir a fé cristã dos outros, por estes dois pontos apenas, é pura ignorância.

Nas coisas essenciais, unidade. Nas não essenciais, liberdade. E em todas as coisas, o amor. Esse deve ser o lema do cristão. 

Que o Senhor nos ajude a tolerarmos em amor, uns aos outros.  
            
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