domingo, 26 de janeiro de 2014

RESPONSABILIDADE SOCIAL

Por Gilson Barbosa



A igreja evangélica brasileira, bem como a mundial, precisa entender que tem uma responsabilidade social a cumprir neste mundo. Esta deve ser sua postura. Externamente, a razão comportamental dela agir socialmente tem como objetivo a dignidade humana. É impossível uma pessoa que confesse ser cristã presenciar tanto sofrimento e injustiça social e ficar calado ou inerte! Não adianta repassar a responsabilidade a políticos evangélicos. Cada cristão independentemente de cargo ou função deve se conscientizar a respeito. Até porque, infelizmente, a política no Brasil tem servido a propósitos puramente eleitoreiros.

A Bíblia (Antigo e Novo Testamento) registra o cuidado de Deus com os necessitados. Na Lei Mosaica havia pelo menos três mecanismos onde observamos esse cuidado:

  •         A Lei da Rebusca determinava que um agricultor ao fazer a colheita não se preocupasse com o produto que caísse no chão, pois o mesmo serviria para que os pobres colhessem para si (Levítico 19:9,10);

  •    O Ano Sabático definia que a cada sete anos o fruto da terra fosse poupado pelo proprietário e liberado integralmente aos pobres (Levítico 25:1-7, 20-22);

  •    O Ano do Jubileu prescrevia que no quinquagésimo ano os judeus não deveriam semear e ceifar e apenas comer o que a terra produzisse por si só. Mais ainda, cada propriedade vendida no campo retornaria para seu dono original (Levítico 25:8-34).

O livro histórico de Atos (10:38) registra que Cristo passou por este mundo fazendo o bem: “... como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo diabo, porque Deus estava com ele”. Adauto Lourenco Junior (Ação social na cosmovisão cristã, Ed: Cultura Cristã) nos rememora que

Segundo Jesus Cristo, o reino de Deus se caracteriza pela sensibilidade diante da dor alheia e a prontidão em assistir os desafortunados (Lc 10.30-37; Mt 25.31-46)

Muitos crentes evangélicos criticam figuras de religiosos tais como Mahatma Gandhi ou Madre Teresa de Calcutá simplesmente pela diferença religiosa e não conseguem ver que estas pessoas também se preocupavam com a dignidade humana e fizeram muitas ações de bondade a inúmeras pessoas. Pense na luta de Nelson Mandela contra o regime da apartheid.

A Igreja Cristã sempre foi consciente da sua responsabilidade social no mundo. Há registro histórico de que cristãos se vendiam como escravos para poder socorrer os necessitados com o próprio preço. Quando surgiam epidemias, os cristãos davam assistência aos enfermos e sepultavam os mortos, dando especial cuidado às viúvas e órfãos. Infelizmente hoje em dia a Teologia da Prosperidade prefere tirar dos mais carentes a socorrê-los em suas necessidades. São verdadeiros parasitas minando toda a força dos que estão sofrendo.

O reformador João Calvino foi um teólogo que não somente escreveu livros ou como pastor ficou atrás dos púlpitos, mas se envolveu com as questões da cidade em que residia (Genebra). Esta era uma cidade com muitos problemas sociais, mas Calvino tratou de denunciar seus males sociais trabalhando duro para que houvesse justiça e equilíbrio social.  

Enfim, alguém que se proclama verdadeiramente espiritual deve ver a beneficência como uma virtude cristã a ser cultivada. Tiago refere-se a essa ideia em sua carta (2:17):

De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?

Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem porém lhe dar nada, de que adianta isso? (Tiago 2:14, 15)

Para que possamos tratar as questões dos males sociais no Brasil e no mundo não é necessário se candidatar a cargos políticos ou fazer política partidária. Um cristão consciente do estado social de sua nação usará todos os meios para promover uma sociedade mais justa. Como afirmou Adauto Lourenço Junior: “A Teologia Reformada é mais do que cinco pontos sobre predestinação. É uma força de mudança social – como o foi o cristianismo primitivo”.

Em Cristo,
           
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