sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O BRASIL DA COPA

Por Gilson Barbosa

Não sou hipócrita. Gosto de futebol e provavelmente vou assistir alguns jogos da Copa do Mundo. No entanto entendo que o governo brasileiro deveria priorizar outras ações e ter a mesma gana e vontade para promover as melhorias sociais que a nação necessita, assim como tem para a realização da Copa.

Por isso tenho mais preocupação com o Brasil da Copa do que o desejo de ver a Copa do Mundo no Brasil. Segundo o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) 87,64% dos 3.810 entrevistados da pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) – Nossos Brasis: prioridades da população consideram prioridades as seguintes necessidades:

Uma educação de qualidade (72,97%), a proteção contra o crime e a violência (61,44%), melhores oportunidades de trabalho (60,28%), um governo honesto e atuante (59,85%), além do acesso a alimentos de qualidade vêm na sequência na lista das escolhas, feitas entre 16 opções ordenadas aleatoriamente.

O Brasil tem mais a fazer do que realizar uma Copa do Mundo. Os experts no assunto (que não mantém interesses junto ao poder público) não estão tão otimistas quanto ao legado que a Copa pode deixar. Os interessados (bancos, empresas privadas, FIFA, redes de televisão, governo) são só elogios, porém, a população não tem mais paciência com o pífio serviço público oferecido pelo governo em contraste com “a grana” investida na Copa. Não há investimento como deveria em áreas como segurança, transportes, educação, saúde. Os investimentos promovidos na infraestrutura para a Copa foram catalisadas especialmente por causa da mesma. Isso significa que se a Copa do mundo não fosse realizada no Brasil poderíamos duvidar que houvesse investimentos iguais ou similares.

Segundo o site da BBC Brasil os gastos (investimentos) com a Copa do Mundo chegará aos R$ 28 bilhões (e alguns milhões) – mais do que os gastos da Copa na África do Sul, Japão e Alemanha. O pensamento da maioria do povo brasileiro é que as obras da Copa desperdiçam recursos públicos. Para especialistas o impacto na economia (após a realização de uma Copa do Mundo) pode ser positivo ou negativo, depende da competência e honestidade administrativa. Bom, como nossos governos são péssimos administradores e não possuem as virtudes acima mencionadas, imagine só leitor, que legado nosso país terá após a Copa!
Alguém pode pensar que não é tarefa da Igreja se envolver nessas polêmicas. Porém, entendo como um dever cristão admitir que a Copa não seja prioridade num país com tanta injustiça social e descaso com os menos favorecidos. Ainda que num contexto diferente e considerando as ressalvas que devem respeitadas, o profeta Amós condenou as injustiças sociais do seu tempo.
Enquanto os abastados podiam decidir entre adquirir uma “casa de inverno ou de verão” ou “mansões decoradas” (3.15), enquanto as mulheres ricas de Samaria tinham sido criadas e cuidadas no meio de muito conforto e prazer (4.1), enquanto pesado tributo era aplicado aos pobres (5.10), enquanto os juízes zombavam da justiça (5.7), enquanto os ricos dormiam em cama de marfim, bebiam os melhores vinhos e usavam perfumes caríssimos (6.4,6), os justos (os que temiam e serviam ao Senhor) eram afligidos (5.12), os necessitados e miseráveis eram destruídos (8.4), o abuso dos pobres era apenas um meio de vida dos poderosos (6.3), os menos favorecidos eram vítimas de suborno e desprezados (6.12), o pobre tinha apenas o canto da cama e parte do leito para dormir (3.12).
Que situação deplorável! Amós entendia que sua vocação profética e sua chamada pelo Senhor tinha por objetivo combater esses pecados cometidos contra a população menos favorecida tanto de Samaria quanto de Judá. O povo estava sendo oprimido. Alguns formadores de opinião insistem em contrastar a alegria do futebol com a tristeza dos brasileiros pobres. Porém o que pode com certeza trazer alegria aos brasileiros é qualidade na educação, segurança, transporte, saúde, cultura, e não o futebol. Que o Senhor tenha misericórdia da nossa nação e dos nossos governantes.
Como mencionei acima é dever e papel de cada cristão combater pacificamente os descasos do governo contra a população. Faça isso; seja um profeta de Deus. Não seja um brasileiro deitado em berços esplendidos. Mova-se e o mundo se moverá.

Em Cristo,

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