quarta-feira, 15 de junho de 2011

FESTA JUNINA: OS TRÊS SANTOS DO MÊS

Por Danilo Raphael

A Festa Junina é um dos mais importantes festejos do calendário da Igreja Católica Romana. Tal festa é marcada por uma variedade de comemorações aos santos. O ciclo festivo do mês de junho recebe o nome junino por causa de São João, mas, além desse, outros dois santos também são homenageados. A Saber: Santo Antônio e São Pedro. As datas em que se comemoram esses santos católicos seguem a seguinte ordem: dia 13, Santo Antônio, dia 24, São João e, dia 29, São Pedro.

         Nos Estados da Paraíba, Bahia, Sergipe, Pernambuco e Maranhão, as Festas Juninas têm uma participação maior na vida do povo, devido, principalmente, ao forró, uma dança característica da cultura nordestina. Nesse mês, bem como no carnaval, em fevereiro, as ruas são tomadas pelos trios elétricos. O ritmo das “bandas” é sempre o forró.

         De antemão, gostaríamos esclarecer que, ao pesquisarmos a origem, o significado e, principalmente, a intenção desses costumes, constatamos que eles não se enquadram, em nada, com os padrões bíblicos estabelecidos por Deus. Todos eles são frutos da imaginação popular. Assim, os devotos têm a liberdade de formular suas crenças e mitos em torno dessas comemorações pagãs. Ou por que não dizer idólatras.

A origem da festa junina

É anterior à era cristã e, portanto, ao Catolicismo Romano. Para os povos celtas, bretões, bascos, sardenhos, egípcios, persas, sírios, sumérios, entre outros, o mês de junho é o tempo do solstício de verão, quando se festejava as grandes e boas colheitas. Na oportunidade, o deus Sol era  homenageado com inúmeros rituais de invocação da fertilidade. A intenção, com isso, era promover o crescimento da vegetação, fartura nas colheitas e trazer chuvas. Assim, as festas juninas, além de referência aos cultos pagãos dedicados ao deus Sol, tinham grande influência agrária, por estarem ligadas à terra e sua fertilidade.

A festa junina foi trazida para o Brasil pelos portugueses. O sincretismo do culto à terra e à pessoa de São João (João Batista) se deve aos fatos de João ter sido o precursor da vinda de Cristo (Ml 4.5; Mt 11.14; Lc 1.17) e o solstício de verão preparar a terra para receber as chuvas. Com o tempo, essas festividades saíram do ambiente rural para as cidades, onde as pessoas procuram reviver os costumes rurais por meio dos trajes caipiras, comidas típicas, músicas e danças.

As danças

         Apesar de a quadrilha, e mais recentemente o forró, ser uma das características da festa junina, cada região brasileira, no entanto, tem sua forma particular de dança nesse período. No Sul, por exemplo, dança-se a dança-de-fitas. No Centro-Oeste, o cururu, e só os homens participam. No Norte, a dança típica é o famoso boi-bumbá (ou bumba-meu-boi). No Nordeste, o forró.

         Por ser a quadrilha a mais famosa dança da festa junina, nos ocuparemos um pouco mais sobre ela. Também conhecida como “quadrilha caipira” ou “quadrilha matuta”, sua origem é francesa (quadrille), surgida no século XVIII. Veio para o Brasil em 1820, aproximadamente, mais especificamente no Rio de Janeiro, onde se encontrava a Corte.

         Dançada em pares, a quadrilha conta com um noivo e uma noiva de mentira e é marcada por um ritmista que, com voz de comando, desenvolve os passos. A forma mais praticada no Brasil é a quadrilha caipira, surgida no interior de São Paulo, Na quadrilha caipira, participantes se vestem como tais: roupas remendadas e chapéu de palha para os homens e  saias rodadas para as mulheres.

Os santos

Santo Antônio: Festejado no dia 13 de junho, e um dos mais populares no Brasil e Portugal, é apelidado por seus devotos de o “santo casamenteiro”. Aqui, no Brasil, existem mais de 300 igrejas com seu nome. Nascido em Lisboa, em 15 de agosto de 1195, Fernando de Bulhões passou a ser chamado de Antônio depois de passar, em 1220, da  Ordem de Santo Agostinho para a de São Francisco. É também conhecido como Santo Antônio de Lisboa e Santo Antônio de Pádua. Ele “é cultuado não apenas pelos católicos romanos, mas também pelos ortodoxos, pelos índios da América do Norte e pelos pagãos da China”. 1

São Pedro: Homem de origem humilde. Foi apóstolo de Cristo. É considerado pela Igreja Católica Romana como o fundador da Igreja de Cristo. A verdade, no entanto, é que Pedro foi pura e simplesmente, assim como os demais, discípulo de Cristo (Mt 18.18). Segundo a tradição popular, São Pedro, após sua morte, foi nomeado o “chaveiro do céu. De acordo com essa tradição,  para alguém entre no céu é necessário que São Pedro lhe abra as portas.

A Bíblia, porém, traz os verdadeiros detalhes da vida desse homem. Ele era um pescador e estava às margens do lago de Genezaré quando recebeu o chamado de Cristo, e abandonou seus afazeres para seguir o Mestre. Mais tarde, negou, por três vezes consecutivas, que conhecia Jesus, o Filho de Deus. Em certa ocasião, foi preso por ordem do rei Herodes e libertado milagrosamente (At 12. 9-19). Para algumas pessoas, Pedro é o que tem menos repercussão dentre os três santos comemorados no mês de junho.

Seu dia no mês é o 29. E é cultuado como o protetor das  viúvas e dos pescadores. Diz a tradição popular que sua mãe era uma velhinha muito má, ranzinza, mesquinha e com cara de poucos amigos.

São João: Era primo de Jesus Cristo. Foi degolado por ordem de Herodes Antipas a pedido de sua enteada Salomé. Antes de morrer, teve o privilégio de batizar o Senhor Jesus nas águas. Segundo a tradição, ele adormece em seu dia, pois, se ficasse acordado para ver as fogueiras acesas em sua homenagem, não resistiria e desceria à terra, e esta correria o risco de ser incendiada.

Na península Ibérica, o culto a São João é um dos mais antigos e populares. Portugal, por exemplo, possui no espírito de sua população todas as superstições, adivinhações, crendices e agouros amalgamados na noite de 23 de junho. Tudo isso é uma convergência de vários cultos desaparecidos e de práticas inumeráveis, confundidos e mantidos sob a imagem desse santo católico.

“Há referências sobre as festas de São João, no Brasil, remontando ao ano de 1603, registradas pelo frei Vicente do Salvador, relacionadas aos nossos índios, que acudiam com muita vontade nas festas em que há alguma cerimônia, porque são mui amigos de novidades, como o dia de São João Batista, por causa das fogueiras e capelas”. 3

Análise bíblica

Os santos

 

Antes de analisarmos a doutrina da intercessão e adoração aos santos, é preciso ver o que é realmente uma pessoa santa. De acordo com as Escrituras, todo o que é nascido de novo pela fé em Cristo Jesus é santo. Paulo escreveu a todos os santos em Roma: “A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo (Rm 1.9)”. Outro exemplo seria: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.11-12 – grifo do autor).

Infelizmente, a Igreja Católica, para dar margens às suas doutrinas, acaba inserindo interpretações peculiares, fora do contexto, aos ensinamentos das Escrituras Sagradas. Os católicos expressam-se da seguinte maneira: “Eles (os santos) não deixam de interceder por nós ao Pai apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador e Deus dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio”. 5

Assim, quando as pessoas participam das festividades juninas não estão somente desfrutando da alegria, das danças e das comidas que apresentam. Na verdade, as comemorações não deixam de ser uma forma de adoração aos santos pelos supostos favores que podem oferecer. Um dos versículos muito usado pelo catolicismo para apoiar sua doutrina de intercessão e adoração aos santos é 1 Timóteo 2.1, que diz: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens”. Todavia, todos os homens não quer dizer todos os mortos. Paulo admoestou os crentes para que orassem pelos vivos: “Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1Tm 2.3).  Em outras passagens, a Bíblia condena explicitamente a oração em favor dos mortos. O salmista Davi, num de seus cânticos, diz que não há proveito em nosso sangue quando descemos à cova, porque não podemos louvar mais a Deus no pó. “Que proveito há no meu sangue, quando desço a cova? Porventura te louvará o pó? Anunciará ele a tua verdade?” (Sl 30.9).

Os mortos não podem mais louvar o Senhor. É o que diz a Bíblia:Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio” (Sl 115.17). Os cultos aos santos e as orações a eles não têm nenhum apoio por parte das Escrituras Sagradas. Não há um exemplo sequer nas páginas da Bíblia de invocação dos santos, nem no Antigo nem no Novo Testamento. “O culto aos santos só começa a partir de cem anos, aproximadamente, depois da morte de Jesus, com uma tímida veneração aos mártires”. 6

 “A primeira oração dirigida expressamente à Mãe de Deus é a invocação Sub tuum praesidium, formulada no fim do século III ou mais provavelmente no início do IV”. 7

Os santos que já morreram não são nem onipresentes nem onipotentes, para que possam ouvir as orações que os homens lhe fazem de toda parte. Orar a eles é dar-lhes atributos que só pertencem a Deus; além disso, esta prática diminui o valor e a necessidade da oração que deve ser feita a Deus.

Depois da morte de Samuel, Saul tentou, em vão, o seu auxílio; e um dos motivos da morte do monarca foi o fato de ele ter consultado a pitonisa de En-Dor, como diz 1 Crônicas 10.13-14: “Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar. E não buscou ao Senhor, que por isso o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé” (Para maior esclarecimento sobre está questão, consultar o comentário da Bíblia Apologética, p. 373). A Palavra de Deus é clara quanto à condenação da necromancia (Êx 22.18; Lv 20.6, 27; Dt 18.9-12; Is 8.19). 

Quando alguém busca o auxílio dos santos, isso significa, que para ela, Cristo é insuficiente, tanto para salvar como para abençoar os homens; que Ele precisa ser persuadido, mediante a intercessão aos santos. “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo 14.6). “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” (1Tm 2.5). Com essas palavras, a Bíblia, por meio da autoridade do Senhor Jesus Cristo expressa em suas páginas, exclui qualquer outro mediador que não seja a Pessoa do Filho de Deus, que veio ao mundo para resgatar o homem perdido. Cristo é o verdadeiro e único Mediador entre Deus e o homem. Todos os demais mediadores são falsos! 

Em Deuteronômio 18.9-12, lemos: “Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem quem consultem a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti” (grifo do autor). Por mais que se diga que as festas juninas são um meio de diversão do povo, o fato é que todo serviço sagrado prestado a Santo Antônio, São Pedro e São João não deixa de ser abominação diante de Deus, como diz o texto supracitado.

Uma vez que temos Cristo como Sumo Sacerdote, intercedendo por nós, sempre pronto a vir em nosso socorro, não temos a necessidade de outro mediador. A Palavra de Deus nos diz que é Ele (Cristo) quem ouve as nossas orações: “Ó tu que ouves as orações, a ti virá toda a carne” (Sl 65.2). “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças” (Fp 4.6 – grifo do autor).  Da mesma forma, somos aconselhados a confiar em Deus em todos os momentos da nossa vida: “Confiai nele, ó povo, em todos os tempos; derramai perante ele o vosso coração. Deus é o nosso refúgio” (Sl 62.8). Não é pelo simples fato de possuirmos imagens de determinados santos que estaremos obtendo a proteção de Deus, pois, na verdade, ao agirmos dessa maneira, trocamos a proteção divina, nos oferecida graciosamente, pela de um santo qualquer. “Quando clamares, livrem-te os ídolos que ajuntaste; mas o vento a todos levará, e um sopro os arrebatará; mas o que confia em mim possuirá a terra, e herdará o meu santo monte” (Is 57.13). O sábio Salomão nos orientou da seguinte forma: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento” (Pv 3.5).

Finalmente, existem boas razões pelas quais não devemos nos dirigir aos mortos em oração. A principal delas é que somente Deus é aquele a quem devemos nos dirigir em oração. Em nenhuma passagem das Escrituras existe de fato uma oração endereçada a qualquer outro ser, somente a Deus. A oração é um ato de devoção religiosa, e apenas Deus merece essa devoção (Ap 4.11). Encontramos orações desde Gênesis 4.26 a Apocalipse 22.20, e nenhuma delas é dirigida a algum santo.

Pelo que vimos a respeito das festas juninas, chegamos à conclusão de que os cristãos não devem participar de tais comemorações idólatras. Antes, devemos nos abster das coisas que não são puras, para que não sejamos contaminados. “Portanto santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus” (Lv 20.7).

Uma observação importante. Devemos diferenciar esta festa junina de que tanto falamos da festa junina secular, que não traz em si o elemento religioso. Esta última é realizada nas escolas públicas e particulares. Neste caso, porém, cabe a cada cristão decidir prudentemente se pode participar ou não, pois: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1Co 10.23).     



_________________________________________

Fogueira

A fogueira, tão comum nas festas juninas, constitui uma reminiscência ao fogo sagrado das religiões pagãs. Os persas, os gregos e demais povos antigos dançavam, em ritual, em torno da fogueira lançando nela o melhor de suas colheitas. Na fogueira também sacrificavam animais.
         Luís XI acendia fogueiras para fins mágicos e difusos. Na ocasião em que eram acendidas, gatos e raposas eram queimados vivos para o prazer de sua Majestade. No Brasil, ainda não foi constatado, em nenhuma época e lugar, o sacrifício de animais na fogueira. Mas persiste o hábito de nela se assar batata-doce, milho verde e pinhão. Neste caso, parece não existir nenhum tipo de religiosidade, embora a festa traga em si o elemento religioso.

Comidas típicas

         Assim como a dança, a culinária da festa junina também difere de região para região do nosso país. No Norte, a tapioca, o beiju e as bebidas alcoólicas, feitas de mandioca, são muito comuns. No Sul, o churrasco reina, mas não pode faltar o pinhão. A pamonha é o prato mais saboreado do Centro-Oeste. No Sudeste, o pão de queijo tem boa aceitação. É no Nordeste, no entanto, que se encontra a maior variedade de comidas e bebidas típicas: milho, amendoim, bolos, doces, canjica, cuscuz, bolinha de jenipapo, cocadas e licores de todos os tipos.
Muitos cristãos se abstêm de alimentos que lembrem as festas juninas. Devemos, no entanto, ser equilibrados nesta questão. Ninguém estará pecando por comer pamonha, milho verde, canjica e pipoca durante esse período. A única observação é que devemos evitar os alimentos típicos sacrificados aos ídolos, por causa da consciência dos irmãos frágeis (1Co 8.9; 10.28).
     


1 Os três Santos do mês de junho, Laura Della Mônica, Olímpia, 1995, p. 18.
3 Os três Santos do mês de junho, Laura Della Mônica, Olímpia, 1995, p. 29.
5  Catecismo da Igreja Católica, Edição Típica Vaticana, Editora Vozes, p.270.
6 O Culto a Maria Hoje, Autores Vários, Sob a direção e Wolfgang Beinert, Paulinas, São Paulo p. 33.
7  O Culto a Maria Hoje, Autores Vários, Sob a direção e Wolfgang Beinert, Paulinas, São Paulo p. 33.
Compartilhar:
←  Anterior Proxima  → Inicio

Um comentário:

  1. adorei pesquisa isso tirei um 10.00 ma pesquisa e passei fico muito grata

    ResponderExcluir