domingo, 6 de julho de 2014

VERSÕES EVANGÉLICAS DE FESTAS PAGÃS

por Gilson Barbosa 

É curiosa a postura de alguns crentes que repudiam festejos, comportamentos e padrões culturais de sua nação, mas acabam por fazer “versões evangélicas” dos mesmos. Não seria essa atitude puro farisaísmo, hipocrisia ou ignorância? No mundo pós-moderno isso tem acontecido com muita frequência. Por exemplo, condenamos as festas juninas por estarem ligadas a alguns santos católicos, mas temos o “arraiá dos evangélicos”. O quentão virou crentão. Condenamos também com muita força o Carnaval, mas algumas igrejas criaram blocos carnavalescos evangélicos com a justificativa de evangelização.

A cultura pagã foi travestida de sagrada dando outro sentido aos seus elementos. As perguntas são: Por que agir assim? Qual a finalidade? Somos relevantes, como cristãos, quando oferecemos as pessoas cópias de festas pagãs? Ou não há nenhum objetivo? Entretenimento apenas? Estratégias de evangelização?  

Sinceramente, não percebo nenhum objetivo sensato nesses procedimentos. Os evangélicos pós-modernos estão tentando ganhar as pessoas para Cristo com uma metodologia vã e desnecessária. Parece não acreditarem mais na pregação pura das escrituras sagradas. Pensam que precisam cultuar a Deus, no culto público, de forma que os pecadores sejam agradados ou acariciados. O pragmatismo tem ditado às regras. É tudo o que importa. E as igrejas e líderes que não seguem esses métodos evangélicos são rotulados de inúteis e improdutivos.

Os proponentes da promoção desses eventos culturais na versão evangélica usam o texto bíblico de I Coríntios 9:22 para justificar suas práticas: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns”. Porém, ser sensível a cultura das pessoas não significa assimilar a cultura que esteja impregnada de paganismo, nem negociar o zelo pela santidade, ou se acomodar a práticas pecaminosas para alcançar resultados. Se analisarmos o contexto bíblico veremos que Paulo está afirmando que recusou o suporte financeiro da igreja por amor aos pecadores. Isso é muito diferente de copiar uma cultura recheada de paganismo e relativismo.

Já outros crentes não estão nem aí pra nada. Vão a eventos que sabem ser pagãos e nem ao mesmo se importam com as recomendações bíblicas que nos ordenam “fugir da idolatria” (I Coríntios 9:14). Há eventos que são dedicados a santos e ídolos. Desses é melhor o cristão agir com prudência e cautela, e não participar. Liberdade em Cristo não significa fazer tudo o que dá na “teia”.

O pastor Hernandes Dias Lopes comenta o seguinte sobre esse texto:
           
Havia sempre o perigo do crente convertido e batizado que participava da Ceia do Senhor ser convidado para ir ao templo do ídolo e participar de banquetes oferecidos aos ídolos. Paulo diz que se sentar à mesa do ídolo é ter associação com os demônios. Envolver-se com ídolo é envolver-se com demônios.

A idolatria é algo demoníaco. Quando se oferece um sacrifício a um ídolo é a demônios que ele é oferecido. Moisés diz: “Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus” (Dt 32.17).

Assimilar a cultura sem nenhum critério é uma pedra de tropeço para a santidade dos cristãos e um sério impedimento para que o cristão ou a igreja exerça seu papel de sal da terra e luz do mundo (Vagner Barbosa).

Não somos mundanos se apreciamos os elementos culturais de uma nação. Há muitos elementos relevantes e interessantes numa cultura e não é certo rejeitar toda a cultura como algo mau. Mas em alguns casos somos obrigados a distinguir o sagrado do profano – é o caso de festas culturais que contém elementos pagãos. Ao mesmo tempo em que se condenam algumas práticas culturais certas igrejas “reinventam” a cultura tornando-a numa subcultura cristã. Não sejamos hipócritas.

No amor de Cristo,
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