Por Gilson Barbosa
Visto que estamos estudando sobre
as aflições na vida do justo, o assunto desta lição parece não ter
nenhuma ligação com os assuntos precedentes (a não ser que alguém entenda que não
ser vaidoso nem famoso ou ser um anônimo cause alguma aflição no crente salvo).
Contudo, o tema é interessante, pois nos leva a refletir de que o ser é mais importante que o ter. Muitos hoje em dia possuem visão errada do que é servir a Deus e se fundamentam nas
questões periféricas em detrimento das essenciais.
A intenção ou motivação com que
realizamos algo é extremamente importante para Deus. A agenda da igreja local
pode servir de “esconderijo” àqueles que fazem as coisas simplesmente para
serem bem vistos aos olhos da liderança majoritária, alcançarem projeção
ministerial ou galgarem posições nos grupos da igreja. Quantas pessoas dizimam
com o coração vazio e seco e o fazem ou por “medo” de não serem abençoados por
Deus ou para conseguirem cargos eclesiásticos. Sem sombras de dúvidas, os
obreiros ou aspirantes ao ministério são os mais vulneráveis no quesito mal intencionado. Não estou acusando, por favor, entenda o que
estou dizendo. A questão é que se não tomarmos cuidado faremos as atividades na
casa do Senhor [leia-se igreja local] mecanicamente, obrigatoriamente, com
alguma motivação da qual o Senhor não está interessado.
Ações que empreendemos na vida
cristã, tais como cantar, pregar, participar da liderança da igreja, possuem
caráter subjetivo e estarão destituídos de intenção pura, se não fizermos sem a
presença de holofotes para nos iluminar e multidão para nos aplaudir; se
quisermos o reconhecimento e a glória humana. No sermão da montanha Jesus
orientou seus discípulos a serem o sal da terra e a luz do mundo (Mateus
5:13,14). Até mesmo disse que se o sal não cumprir sua função apropriada para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos
homens. Infelizmente, alguns crentes até se passam por sal da terra e luz
do mundo aos olhos dos que não são crentes ou desconhecem particularmente suas
condutas, mas, aos que estão dentro da fé cristã e conhecem reservadamente suas
práticas, não cumprem as funções e ordenanças exigidas por Deus em sua santa
Palavra. Portanto, segundo nosso Mestre, são “pisados pelos homens” à medida
que perdem sua credibilidade diante das pessoas e são alvos de comentários que comprometem
sua vida espiritual.
Outros nem importam mais se
estão faltando com a ética cristã! Tornaram-se vaidosos ao atribuírem valorização arbitrária e exagerada à
sua própria pessoa. Se no relacionamento social o crente se mostra vaidoso então
ele está sendo infiel, pois tudo o que fizermos deve emitir glória somente a
Deus: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei
tudo para glória de Deus” (I Coríntios 10:31). Desde as mínimas atividades, como beber ou
comer, a vida cristã deve ser vivida para a glória de Deus.
Realizar algo agradável para Deus
é muito mais do que obediências às regras. Deve ser fruto de um coração
desprovido de interesse, como registra Colossenses 3:23: “E, tudo quanto
fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens”. Neste
texto está claro que nossas ações não devem ter a finalidade de impressionar aos
homens a fim de adquirir algum tipo de beneficio, mas, devemos ser sinceros, íntegros
e retos, em nossos atos. Mais ainda, nossas ações podem até agradar aos homens
(por ocultarmos nossa verdadeira intenção), mas o Senhor não se agradará delas,
por serem irreverentes.
A resposta da primeira pergunta
do Breve Catecismo de Westminster não deixa margem à dúvida se o homem deve
pensar de si mesmo mais do que convém. Transcrevo-a abaixo para que entenda:
PERGUNTA 1. Qual é o fim principal do homem?
RESPOSTA. O fim principal do homem é
glorificar a Deus, e gozá-lo para sempre.
Referências: Rm 11.36; 1Co 10.31; Sl 73.25-26; Is 43.7; Rm 14.7-8; Ef
1.5-6; Is 60.21; 61.3.
Quando entendermos que a finalidade
da nossa existência é glorificar a Deus não buscaremos mais a fama, pois ela
tira Deus do foco principal e possibilita honra ao ser humano. Tem muita gente
mascarando a verdade de Deus em nome da piedade, quando na verdade suas motivações
no fundo são diabólicas. Cristo poderia muito bem usar suas prerrogativas
Divinas para “envergonhar” Satanás no Monte da Tentação (Mateus 4:1-11). Mas, se
assim o fizesse estaria fazendo a vontade do Diabo. Por isso ele se recusou.
Hoje não é diferente com os “famosos servos” de Deus. Satanás está lhes dizendo:
“Realize mais um falso milagre”; “pregue mentiras mais uma vez”; “cante para
ser aplaudido novamente”. E lá vão eles, pensando que podem conseguir todas as
coisas por mérito próprio. Bem lá no fundo e em certo sentido, estão sendo
servos de Satanás. Jesus recusou a prestar esse disparate ao Diabo.
Chega soar estranho aos nossos
ouvidos o comentarista da lição dizer que o
anonimato não é sinônimo de derrota. Há décadas atrás não necessitaria dizer
isso. Aliás, anonimato não é sinônimo de inexistência nem falsa santidade. É
querer não aparecer mais do que Cristo. O anonimato não é nenhum problema para
os autênticos servos do Senhor. Quando o apóstolo Paulo disse “Conheço um homem
em Cristo que há quatorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei:
Deus o sabe) foi arrebatado até ao terceiro céu” estava falando dele próprio,
mas fez questão de ocultar isso. A frase descritiva em Cristo denota que tinha uma relação espiritual íntima com Cristo,
nem por isso usou desta prerrogativa para se auto declarar merecedor de alguma
coisa ou acima dos demais apóstolos.
Que Deus ilumine a nossa mente. O
pastor Elienai Cabral (Consciência Cristã:
um desafio à ética dos tempos modernos) orienta que devemos comparar nossas
ações à luz da justiça que a Bíblia apresenta. Nossas ações devem corresponder a
uma consciência baseada na Palavra de Deus. Com que tipo de consciência estamos
tratando nosso próximo ou a obra de Deus? Se ela concorda com o erro, aprova as
mentiras ditas e não se ressente, está contaminada e maculada pelo pecado. É
preciso confessar nossos pecados a Deus e pedirmos perdão ao próximo, para
sermos declarados “discípulos de Cristo’”.
Em Cristo,
Grande Gilson.......excelente palavra....que Deus continue iluminando-o sempre ....
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