segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Hipnose - A manipulação da mente

Por Elvis Brassaroto

“A partir deste momento, você vai começar a relaxar. A cada número que eu disser, você deverá abrir e fechar os olhos, sem forçar a abertura ou o fechamento, lentamente e com naturalidade. Cada vez que abrir os olhos, dirija-os a um ponto à sua frente. Sempre ao mesmo ponto. Durante a contagem, você irá sentir os olhos cansados, muito cansados. Suas pálpebras ficarão pesadas, muito pesadas, coladas. Você terá muita dificuldade para abri-las. Quando sentir isso, permaneça com os olhos fechados. Então, vamos começar: 1, abra e feche os olhos, 2, 3, ...1

Quantos já presenciaram, ouviram falar ou leram acerca dos fenômenos notáveis produzidos pela hipnose. Sua influência na ciência, através da medicina, vem sendo utilizada no combate às doenças e aos vícios (fumantes e alcoólatras). E também na recuperação de dependentes, contra as fobias, a timidez, a depressão e até no esclarecimento de crimes, por meio de investigações. São esses alguns dos meios pelos quais a hipnose tem sido explorada, satisfazendo, em alguns casos, os objetivos propostos.
O assunto que trata da indução de indivíduos ao estado da hipnose é abrangente. Procuraremos abordar os principais fatores.
Etimologicamente, a palavra hipnose tem origem no grego húpnos, e significa sono, dormir. Os antigos pensavam que as pessoas hipnotizadas estavam apenas dormindo2 . Hoje, no entanto, o conceito que se tem é o de uma pessoa numa condição elevada de concentração mental que chega ao estado de transe ou de consciência alterada. Essa alteração se dá por indução do hipnotizador, que leva o paciente a vivenciar alucinações suges­tiona­das, como, por exemplo: “diga-lhe que uma cebola é uma maça e ele sentirá exatamente o sabor pretendido”. 3
É possível, ainda, atingir estados hipnóticos sem a ajuda do hipnólogo. A meditação profunda e a força de vontade são capazes de levar o indivíduo ao transe. A hipnoterapia intitula isto como “auto-hipnose”.
Histórico
Na literatura antiga pouco se fala sobre o tema. Sabe-se, porém, que a hipnose foi utilizada, pela primeira vez, pelo médico e hipnotizador James Braid como alternativa para os termos “mesmerismo” e “magnetismo” animal.
Mesmerismo
Esse termo é derivado do nome do médico austríaco Freidch Anton Mesmer (1733-1815).4 Mesmer era dado à prática da hipnose e realizou experiências com muitas pessoas. Referia-se à humanidade como seres dotados de certa sensibilidade que os capacita a estar em sintonia mental com aqueles que estão em volta e mesmo em distâncias maiores.
Magnetismo animal
Termo usado por Mesmer para explicar a existência de um fluído rarefeito. Ele acreditava que quando as pessoas eram submetidas ao estado de hipnose, esse estado era capaz de controlar tal fluído, influenciando a saúde das pessoas para melhor.5
Graus de hipnose
Leve: Sensação de leveza e entorpecimento geral dos olhos e membros. Alto grau de relaxação e inibição de movimentos voluntários. Neste estágio, a sugestão é manter os olhos fechados e não se mexer.
Intermediário: Sensação de leveza aumentada.
 Neste estágio, a condição é de catalepsia; enrijecimento de alguns membros do corpo e posturas normalmente impossíveis de serem mantidas por um longo período de tempo podem ser sugeridas sem qualquer desconforto. Os sentidos podem ser inibidos. Amnésia referente aos fatos decorridos durante a hipnose.
Profundo: Estado de sonambulismo e amnésia total após o término da sessão.
Observa-se, neste estágio, maior intimidade entre o hipnotizador e o paciente. Sensações como alucinações vívidas e bizarras podem ser induzidas.6 Ocorrem “fenômenos maiores”, como:
Clarividência: Habilidade de se perceber coisas que estão além da realidade física. Capacidade psíquica de se ver e descrever eventos futuros;7 
Telecinese: Movimentação de objetos físicos ou materiais sem qualquer causa observável ou que possa ser verificada empiricamente;8
Telepatia: Comunicação de uma mente para outra sem a utilização da verbalização e outros meios práticos podem ocorrer. 9
A auto-hipnose
Os hipnólogos dizem que a “auto-hipnose tem possibilidades ilimitadas, permite-lhe descobrir e desenvolver o seu novo eu, o ajudará a gozar melhor a saúde, o levará à maturidade e  pode melhorar sua vida afetiva” 10. Esses são alguns dos temas abordados pelo livro “Ajuda-te pela auto-hipnose”.
Acreditam os autores que as técnicas da auto-hipnose ocuparão lugar importante na sociedade, num futuro não muito distante. Segundo eles, é uma nova maneira de solucionar os problemas comuns de todos os dias.
O livro diz:
A auto hipnose o capacitará a:
a- Afastar o medo doentio por meio do pensamento;
b- Atingir plenamente uma vida mais rica;
c- Adquirir auto-suficiência;
d- Planejar com sabedoria;
e- Adquirir compreensão mais profunda do seu eu interior.11
A Bíblia diz:
a- 2 Tm 1.7: “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor e de moderação”.
b- Tg 2.5: “Porventura não escolheu Deus os pobres  deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?”.
c- Jo 5.15: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.
d- Sl 111.10: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria...”
e- Pv 20.27: “O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, que esquadrinha todo o interior até o mais íntimo do ventre”.
Somente Deus conhece o interior do homem na sua plenitude, pois o homem é obra das suas mãos (Gn 1.26). O desenvolvimento do “eu interior é uma das práticas da Nova Era, movimento que ensina ser o homem divino e com poderes psíquicos. O homem é criatura, Deus é o Criador: “ele conhece a nossa estrutura e lembra-se de que somos pó” (Sl 103.14). A Bíblia recomenda: “Deixai-vos do homem, cujo fôlego está nas suas narinas; pois em que se deve ele estimar?” (Is 2.22).
Hipnose e medicina
Médicos e pacientes testemunham o sucesso da hipnose na cura e alívio de certas doenças. A partir de 1950, associações médicas inglesas e norte-americanas aprovaram formalmente o uso do hipnotismo. A cadeira do dentista e a anestesia são alguns dos motivos que levam os pacientes a optar por esse tipo de “consulta”. O tratamento ocorre através do estímulo verbal, que utiliza nada mais do que a força da imaginação. Alguns médicos alegam que a hipnose é uma ferramenta que não possui efeitos colaterais, portanto torna-se conveniente.
Esse método controvertido de avaliação é hoje desacreditado por muitos, mas ainda encontra lugar em consultórios de especialistas conceituados.
Alguns especialistas da medicina acham que o hipnotismo é neutro. Outros concluem que é benéfico. E há aqueles que o consideram perigoso, porque se constitui um ataque à psique do indivíduo.
Comentando sobre a importância da hipnose na psicologia, a dra. Rosemeire Lopes de Souza (psicóloga clínica) explica:
“A hipnose influenciou o desenvolvimento do movimento psicanálitico: escola da psicologia que estuda o inconsciente. A psiquiatria usa da hipnose em alguns casos, através do processo de regressão, para resolver os problemas do paciente. Experiências mostraram que adultos entre 20 e 40 anos podem ser induzidos a relembrar eventos, nomes e lugares da infância que não recordariam em estado não hipnotizado.
“A primeira sugestão é esvaziar a mente, sem a qual o hipnotizador não pode conduzir a pessoa ao transe. Nesse estado, os sentidos são enganados e as percepções, radicalmente alteradas. É prejudicial à saúde mental, principalmente no que tange à sugestão pós hipnótica, quando o paciente, depois das sessões, realiza tarefas que tenta explicar de maneira racional por não se lembrar que fora induzido. Por exemplo: durante a sessão o paciente é sugestionado a  usar um casaco num dia específico da semana. Quando chega a data, a pessoa usa o casaco mesmo sendo um dia de calor, e se justifica de maneira racional dizendo que ouviu da meteorologia que o dia iria esfriar”.
“O cristão não deve expor sua mente a manipulações humanas, antes deve sujeitar-se a Deus, que conservará em paz aquele cuja mente está firme e nele confia” (Is 26.3).
A hipnose nem sempre funciona, mas, considerado sua eficácia em alguns casos específicos, devemos analisar mais profundamente os aspectos ocultistas que envolvem essa prática e que nos impedem de aceitá-la, como cristãos.
A clarevidência
“É verdadeiro: diga a uma pessoa que ela possui faculdades clarividentes e ela descreverá algo - e o fará de maneira tão convincente que será quase impossível duvidar de sua boa fé” 12.
O que há de verdadeiro nisso?
Ao ser humano não cabe a ousadia de buscar conhecer o futuro. As adivinhações de quaisquer espécies são expressamente proibidas pelo Senhor, que ordena em Levítico 19.26: “Não agourareis, nem adivinhareis”. E em Deuteronômio 18.10 condena até mesmo a comunhão com pessoas que tais obras praticam: “Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognisticador, nem agoureiro, nem feiticeiro”. Nas palavras de Jesus também encontramos sua reprovação quanto à ansiedade em se conhecer o futuro: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal” (Mt 6.34).
A reencarnação
Alguns pacientes no estado de transe passam a relatar experiências de vidas passadas. Esse ensino é um dos fundamentos do espiritismo e é expressamente condenado pelas Escrituras, que dizem: “E, como aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9.27). Paulo nunca pregou tal ensino, antes, seu desejo era estar com Cristo depois de sua morte: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda melhor” (Fp 1.21,23).
Além de tudo isso, a reencarnação agride a doutrina bíblica da expiação de Jesus Cristo pelos nossos pecados (Jo 3.16, Hb 9.28, 10.14).
Psicografia e psicometria
Fenômenos do espiritismo em que um médium escreve sem estar consciente. Ocorre através da leitura de objetos, desenhos, pinturas e mensagens faladas. Acredita-se que a inspiração para tais proezas seja dada pelos mortos.13
A Bíblia é clara ao enfatizar que os mortos estão impossibilitados de qualquer ação a favor dos vivos. Vejamos o que diz o texto de Lucas 16.22-26:
“E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebestes os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; agora este é consolado  e tu atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá”.
A capacidade de pintar, desenhar ou falar por inspiração dos mortos nada mais é do que um engano do maligno, que usa de disfarces para iludir as pessoas: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz” (2Co 11.4).
Controle mental
A submissão da mente à indução não é aprovada pela Bíblia. Vejamos:
Jó 38.36: “Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?”.
Deus, em nenhum momento, induziu sua criação a fazer algo contra a sua vontade. Ou que fizesse alguma coisa e esquecesse depois, num estado de amnésia.
Efésios 4.23: “E vos renoveis no espírito da vossa mente”.
A nossa mente deve ser renovada em Deus. Devemos, com o nosso entendimento, amar o Senhor (Mc 12.30-33), orar e cantar (1 Co 14.15), obedecer (2 Co 10.5), guardar as suas leis (Hb 8.10).
1 Coríntios 2.16: “Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”.
O que Paulo está querendo dizer com “nós temos a mente de Cristo” é que devemos ter a mesma atitude, o mesmo discernimento e o mesmo ponto de vista que Cristo sobre as coisas. E só possui a mente de Cristo aqueles que desfrutam de comunhão com Ele (Gl 2.20-21; 3.27; Fp 1.8, Rm 13.14). O apóstolo Paulo assevera que, por termos a mente de Cristo, somos capazes de discernir e julgar tudo e, nesse aspecto, somos superiores ao homem carnal e natural.
A pergunta que surge, então, é: Poderia alguém que possua a mente de Cristo ser manipulado ou enganado pelas sugestões e práticas ocultistas?
Outros motivos pelos quais a hipnose deve ser rejeitada pelo cristão são: ela pode resultar em psicose profunda e desordem mental, além de causar ansiedade, suicídio, perda dos sentidos e da memória e implicações sexuais maléficas. É importante considerarmos que, embora tal prática seja maléfica, ela goza de certo prestígio na mídia, que quase sempre só informa ao público aquilo que lhes interessa, ocultando o seu lado negativo.
Um desvio da verdade
Como se pode observar, a hipnose é um desvio da verdade. Existem exemplos de hipnose que levaram muitas pessoas a um fim trágico, por isso devemos permanecer distantes dessa prática ocultista, mesmo que ela esteja relacionada ao entretenimento.
A mente humana não deve ser alvo de brincadeiras, e seu controle não deve ser submetido a ninguém, a não ser ao Senhor Deus. Devemos nos sujeitar somente a Ele (Tg 4.7).
A hipnose é um dos escapes que o ser humano procura para resolver seus problemas. Embora esse método, às vezes, pareça dar certo, o simples fato de constatarmos sua explícita ligação com a Nova Era, o espiritismo e o ocultismo já é mais do que suficiente para anatematizarmos tal prática. Está dado o recado. Ou melhor, o conselho!
Notas
1 Revista Manchete. 17 de agosto de 1991. p. 47.
2 Enciclopédia da Bíblia teologia e Filosofia. R. N. Champlin e J. M. Bemtes. CANDEIA. 1997, pp. 121-122.
3Poder psíquico da hipnose. Simeon Edmunds. HEMUS. p.16.
4 Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. George A. Mather e Larry A. Nichols. VIDA. 2000, p.288.
5 Ibidem, p.273.
6 Poder psíquico da hipnose. Simeon Edmunds. HEMUS. p.14.
7 Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. George A. Mather e Larry A. Nichols. VIDA. 2000, p.97.
8 Ibidem, p.440.
9 Ibidem, p. 440.
10 Ajuda-te pela auto-hipnose. Frank S. Caprio e Joseph R. Berger. PAPEL LIVROS. p.3-8.
11 Ibidem, p.9.
12 Poder psíquico da hipnose. Simeon Edmunds. HEMUS. p.48.
13 Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo. George A. Mather e Larry A. Nichols. VIDA. 2000, p.368.

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