Análise de alguns critérios estabelecidos por lideranças evangélicas
para autenticar sua pessoa e o grupo sob sua supervisão.
Por
Gilson Barbosa
Essa postagem é uma adaptação de
um artigo escrito pelo consultor teológico do Instituto Cristão de Pesquisas,
pastor Hélio de Souza, intitulado Falsos
fundamentos da verdade. Nele o apologista analisa oito fundamentos em que
as seitas se apoiam com o objetivo de autenticar e dar relevância ao seu grupo.
Entendo que para os sectários não são meras características, mas servem como
afirmações da verdade. Segundo Hélio de Souza “as pessoas buscam apoio para
suas convicções em fontes turvas e se apoiam em alicerces frágeis, envenenando
seu espírito e enveredando por caminhos que não pertencem ao Deus vivo”. O
curioso é que os mesmos fundamentos são requisitos buscados pelas lideranças
evangélicas da atualidade com a finalidade de firmar sua exclusividade dentro
do universo evangélico. Vejamos alguns desses falsos fundamentos.
1 – Quantidade
É falsa a sensação de
espiritualidade tendo em vista exclusivamente os números de membros e
congregados de uma igreja. Fundamentar-se na quantidade de pessoas que
frequentam determinada igreja é um grande equívoco. Pior ainda é imaginar que a
reunião, numa igreja ou determinado local, de centenas ou milhares de pessoas
em torno de Deus ou da fé cristã é eficaz e suficiente para dar aos mesmos o
status de detentores da verdade.
É inegável que a igreja primitiva
crescia em números conforme atesta Atos 1.12-14; 1.15; 2.41; 2.47; 4.4; 5.14;
6.1, etc. No entanto observamos que eram pessoas que se convertiam a fé genuína
por meio da pregação apostólica. E esta
nada tinha a ver com métodos humanos ou administrativos. Ou seja, o conteúdo da
pregação eram doutrinas sadias da Escritura Sagrada e não as besteiras que
ouvimos hoje em dia que não produz genuíno arrependimento nem conversão. Também
não se incluía no crescimento, crentes de outras igrejas que haviam sido
evangelizados. Hoje há liderança evangélica que se gaba de “abrir” igrejas,
porém o fazem com crentes de outras denominações e não com pessoas que estão
distantes da salvação. Não que isso seja totalmente errado, mas, deveriam pelo
menos conter a euforia e ficarem calados.
Não será a quantidade de crentes
numa igreja que determinará se o grupo está certo ou errado, se é falso ou
verdadeiro. Neste sentido, uma igreja pequena também não pode imaginar que por
isso possui fundamento sólido e servem fielmente a Cristo. É fútil e ingênuo fundamentar-se
na questão da quantidade e afirmar com isso estar sendo fiel ao Senhor. Nem
sempre é assim.
2 – Antiguidade
Há pessoas que afirmam ser sua
igreja verdadeira e confiável por ela ter dezenas ou centenas de anos de existência.
Não percebem que muitas vezes estão vivendo um cristianismo débil e doente por se
conformarem com o ritualismo, formalismo e até mesmo o mundanismo dentro da
igreja. Não podemos jamais esquecer que o fato de algo ser antigo não o torna
verdadeiro. Alguns céticos afirmam que o politeísmo é a mais antiga forma de adoração
de uma divindade, nem por isso aceitaremos esta forma de compreender a
divindade. Nem tudo que é novo é errado, nem tudo que é antigo é certo ou
verdadeiro. É certo que algo antigo pode ser mais confiável, porém, na perspectiva
evangélica isso não é absoluto. Criticar aquela igreja evangélica nova que “abriu”
em determinado local revela falta de maturidade, amor pelas pessoas dali, medo
da “concorrência” ou falta de segurança do opositor no trabalho que desempenha
na igreja sob sua administração.
3 – Sucesso
Esse fundamento tem servido para
alimentar a ilusão da liderança evangélica atual. O critério para algum líder
ou igreja se consolidar como verdadeiro (a) não é mais a simplicidade e
fidelidade na pregação bíblica, mas se está alcançando sucesso. O fato de ser
bem sucedido no que faz tem inflamado o ego de muitos líderes evangélicos e imperceptivelmente
passaram a depender das suas próprias habilidades naturais.
Já ouvi um grande líder no Brasil
dizer que os seus críticos não produzem o mesmo que ele, e por isso é que o
criticam. Mas, na verdade o que foi criticado respalda-se nas várias mudanças
doutrinárias dele e não nos “benefícios” que ele produz através de seu programa
televisivo.
Há várias definições para a
palavra sucesso, porém todas elas têm a ver com os objetivos alcançados. Estes
nem sempre são corretos. Há muitos líderes evangélicos atuais utilizando o
principio de Nicolau Maquiavel: os fins justificam os meios. Muitos não importam
mais sobre o que se deve fazer ou como fazer, contanto que se alcance o
resultado desejado e esperado. Tornaram-se egoístas, e tudo quanto fazem, bem
lá no fundo, visam sua própria pessoa ou sucesso. Lembra bem o que Paulo
escreveu a Timóteo: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos
trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos,
presunçosos, soberbos...” (2 Timóteo 3:1-2). Pessoas de sucesso podem estar
avançando por caminhos que não pertencem a Deus.
Como afirmou o pastor Hélio Souza
“a verdade pode tornar alguém bem sucedido. Mas isto não significa que alguém
bem sucedido pode tornar qualquer coisa verdadeira”. Contrariando o conceito
moderno de sucesso o apóstolo Paulo descreve acontecimentos e formula conceitos
que nem passam pela cabeça de muitas pessoas de sucesso na atualidade: “Porque
tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados
à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens. Nós
somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós
fortes; vós ilustres, e nós vis. Até esta presente hora sofremos fome, e sede,
e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos
afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e
bendizemos; somos perseguidos, e sofremos; somos blasfemados, e rogamos; até ao
presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos”
(1 Coríntios 4:9-13).
4 – O Padrão: a Palavra de Deus
A natureza dos elementos
descritos (quantidade, antiguidade e sucesso) acima não são essencialmente errados,
mas podem conduzir ao erro. Podem levar a um falso entendimento da verdade,
quando não, alguns buscarão apoiarem-se neles para enganar as pessoas que
adentram no culto com o sincero desejo de servir ao Senhor.
Não existem apenas esses
elementos como condutores de falsos fundamentos. Poderia ser escrito sobre o carisma e o bom
comportamento (moralidade) de determinado líder, sua intelectualidade e
erudição, suas qualidades comunicativas e sua convicção. Aliás, há líderes que
mentem com tanta convicção que acabam crendo nas suas próprias mentiras, não
apenas crendo, mas se convencendo de que elas são verdades. Nunca esqueça de
que alguém pode estar convictamente errado.
Quero chegar com isso à solução
final para se fundamentar a verdade da fé cristã. Ela deve estar obrigatoriamente
fundamentada simplesmente na Bíblia Sagrada. Mas não basta ter a Bíblia como
único livro de regra e fé, devemos ser francos, sinceros e honestos na sua
interpretação e aplicação. Nenhum dos elementos descritos precedentemente possui
qualquer fundamento absolutamente verdadeiro. A Escritura Sagrada (Antigo e
Novo Testamento) é o padrão para nossa fé e conduta. Tem muita gente aplicando
para igreja conceitos extraídos de livros. Em si não é errado, mas temos de
tomar cuidado.
Temos de conhecer os verdadeiros
fundamentos da nossa fé e esperança, e sobre esses construir os alicerces de
nossa existência (Hélio de Souza). “A lei e ao testemunho! Se eles não falarem
segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Isaías 8:20).
Obrigado pela leitura e um
caloroso abraço.
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