terça-feira, 23 de outubro de 2012

FALSOS FUNDAMENTOS DA VERDADE


Análise de alguns critérios estabelecidos por lideranças evangélicas para autenticar sua pessoa e o grupo sob sua supervisão.

Por Gilson Barbosa

Essa postagem é uma adaptação de um artigo escrito pelo consultor teológico do Instituto Cristão de Pesquisas, pastor Hélio de Souza, intitulado Falsos fundamentos da verdade. Nele o apologista analisa oito fundamentos em que as seitas se apoiam com o objetivo de autenticar e dar relevância ao seu grupo. Entendo que para os sectários não são meras características, mas servem como afirmações da verdade. Segundo Hélio de Souza “as pessoas buscam apoio para suas convicções em fontes turvas e se apoiam em alicerces frágeis, envenenando seu espírito e enveredando por caminhos que não pertencem ao Deus vivo”. O curioso é que os mesmos fundamentos são requisitos buscados pelas lideranças evangélicas da atualidade com a finalidade de firmar sua exclusividade dentro do universo evangélico. Vejamos alguns desses falsos fundamentos.  

1 – Quantidade

É falsa a sensação de espiritualidade tendo em vista exclusivamente os números de membros e congregados de uma igreja. Fundamentar-se na quantidade de pessoas que frequentam determinada igreja é um grande equívoco. Pior ainda é imaginar que a reunião, numa igreja ou determinado local, de centenas ou milhares de pessoas em torno de Deus ou da fé cristã é eficaz e suficiente para dar aos mesmos o status de detentores da verdade.

É inegável que a igreja primitiva crescia em números conforme atesta Atos 1.12-14; 1.15; 2.41; 2.47; 4.4; 5.14; 6.1, etc. No entanto observamos que eram pessoas que se convertiam a fé genuína por meio da pregação apostólica. E esta nada tinha a ver com métodos humanos ou administrativos. Ou seja, o conteúdo da pregação eram doutrinas sadias da Escritura Sagrada e não as besteiras que ouvimos hoje em dia que não produz genuíno arrependimento nem conversão. Também não se incluía no crescimento, crentes de outras igrejas que haviam sido evangelizados. Hoje há liderança evangélica que se gaba de “abrir” igrejas, porém o fazem com crentes de outras denominações e não com pessoas que estão distantes da salvação. Não que isso seja totalmente errado, mas, deveriam pelo menos conter a euforia e ficarem calados.

Não será a quantidade de crentes numa igreja que determinará se o grupo está certo ou errado, se é falso ou verdadeiro. Neste sentido, uma igreja pequena também não pode imaginar que por isso possui fundamento sólido e servem fielmente a Cristo. É fútil e ingênuo fundamentar-se na questão da quantidade e afirmar com isso estar sendo fiel ao Senhor. Nem sempre é assim.

 2 – Antiguidade

Há pessoas que afirmam ser sua igreja verdadeira e confiável por ela ter dezenas ou centenas de anos de existência. Não percebem que muitas vezes estão vivendo um cristianismo débil e doente por se conformarem com o ritualismo, formalismo e até mesmo o mundanismo dentro da igreja. Não podemos jamais esquecer que o fato de algo ser antigo não o torna verdadeiro. Alguns céticos afirmam que o politeísmo é a mais antiga forma de adoração de uma divindade, nem por isso aceitaremos esta forma de compreender a divindade. Nem tudo que é novo é errado, nem tudo que é antigo é certo ou verdadeiro. É certo que algo antigo pode ser mais confiável, porém, na perspectiva evangélica isso não é absoluto. Criticar aquela igreja evangélica nova que “abriu” em determinado local revela falta de maturidade, amor pelas pessoas dali, medo da “concorrência” ou falta de segurança do opositor no trabalho que desempenha na igreja sob sua administração.

3 – Sucesso

Esse fundamento tem servido para alimentar a ilusão da liderança evangélica atual. O critério para algum líder ou igreja se consolidar como verdadeiro (a) não é mais a simplicidade e fidelidade na pregação bíblica, mas se está alcançando sucesso. O fato de ser bem sucedido no que faz tem inflamado o ego de muitos líderes evangélicos e imperceptivelmente passaram a depender das suas próprias habilidades naturais.

Já ouvi um grande líder no Brasil dizer que os seus críticos não produzem o mesmo que ele, e por isso é que o criticam. Mas, na verdade o que foi criticado respalda-se nas várias mudanças doutrinárias dele e não nos “benefícios” que ele produz através de seu programa televisivo.  

Há várias definições para a palavra sucesso, porém todas elas têm a ver com os objetivos alcançados. Estes nem sempre são corretos. Há muitos líderes evangélicos atuais utilizando o principio de Nicolau Maquiavel: os fins justificam os meios. Muitos não importam mais sobre o que se deve fazer ou como fazer, contanto que se alcance o resultado desejado e esperado. Tornaram-se egoístas, e tudo quanto fazem, bem lá no fundo, visam sua própria pessoa ou sucesso. Lembra bem o que Paulo escreveu a Timóteo: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos...” (2 Timóteo 3:1-2). Pessoas de sucesso podem estar avançando por caminhos que não pertencem a Deus.

Como afirmou o pastor Hélio Souza “a verdade pode tornar alguém bem sucedido. Mas isto não significa que alguém bem sucedido pode tornar qualquer coisa verdadeira”. Contrariando o conceito moderno de sucesso o apóstolo Paulo descreve acontecimentos e formula conceitos que nem passam pela cabeça de muitas pessoas de sucesso na atualidade: “Porque tenho para mim, que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos, e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós vis. Até esta presente hora sofremos fome, e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos. Somos injuriados, e bendizemos; somos perseguidos, e sofremos; somos blasfemados, e rogamos; até ao presente temos chegado a ser como o lixo deste mundo, e como a escória de todos” (1 Coríntios 4:9-13).

4 – O Padrão: a Palavra de Deus

A natureza dos elementos descritos (quantidade, antiguidade e sucesso) acima não são essencialmente errados, mas podem conduzir ao erro. Podem levar a um falso entendimento da verdade, quando não, alguns buscarão apoiarem-se neles para enganar as pessoas que adentram no culto com o sincero desejo de servir ao Senhor.

Não existem apenas esses elementos como condutores de falsos fundamentos.  Poderia ser escrito sobre o carisma e o bom comportamento (moralidade) de determinado líder, sua intelectualidade e erudição, suas qualidades comunicativas e sua convicção. Aliás, há líderes que mentem com tanta convicção que acabam crendo nas suas próprias mentiras, não apenas crendo, mas se convencendo de que elas são verdades. Nunca esqueça de que alguém pode estar convictamente errado.

Quero chegar com isso à solução final para se fundamentar a verdade da fé cristã. Ela deve estar obrigatoriamente fundamentada simplesmente na Bíblia Sagrada. Mas não basta ter a Bíblia como único livro de regra e fé, devemos ser francos, sinceros e honestos na sua interpretação e aplicação. Nenhum dos elementos descritos precedentemente possui qualquer fundamento absolutamente verdadeiro. A Escritura Sagrada (Antigo e Novo Testamento) é o padrão para nossa fé e conduta. Tem muita gente aplicando para igreja conceitos extraídos de livros. Em si não é errado, mas temos de tomar cuidado.

Temos de conhecer os verdadeiros fundamentos da nossa fé e esperança, e sobre esses construir os alicerces de nossa existência (Hélio de Souza). “A lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Isaías 8:20).

Obrigado pela leitura e um caloroso abraço. 

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