Sola Scriptura, Sola Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria
Declaração de Cambridge[1]
Aliança de Evangélicos Confessionais
Sola Scriptura
Só a Escritura
é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez
separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é
guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de
marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes têm mais voz
naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra
de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete,
inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica
foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência
cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja tem sido cada
vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.
Em lugar de
adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores,
devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho
como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é
indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.
A Escritura
deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades
reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras,
clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade
de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão
de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e
pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus
ensinos, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar
menos do que aquilo que Deus nos tem dado.
A obra do
Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O
Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura
nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra
bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.
Tese 1: Sola Scriptura
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Reafirmamos a Escritura
inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para
constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário
para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento
cristão deve ser avaliado. Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo
possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale
independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a
experiência pessoal possa ser veículo de revelação.
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Solo Christus
À medida que a
fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura.
O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a
substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação,
da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da
esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram
do centro de nossa visão.
Tese 2: Solus Christus
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Reafirmamos que nossa salvação
é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem
pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e
reconciliação com o Pai. Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a
obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e
sua obra não estiver sendo invocada.
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Sola Gratia
A confiança
desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta
falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da
auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já
transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e
aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona.
Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais
de nossas igrejas.
A graça de
Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação.
Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são
capazes de cooperar com a graça regeneradora.
Tese 3: Sola Gratia
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Reafirmamos que na salvação
somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra
sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa
servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.
Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos,
técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa
transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.
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Sola Fide
A justificação
é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de
Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo
muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes,
estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana
decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada
de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o
Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de
nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.
Muitas pessoas
ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento
sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito
do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as
convicções teológicas freqüentemente desaparecem, pois ficam divorciadas do
trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas
igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra bíblica e
o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã aos
princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.
Embora possam
crer na teologia da cruz, esses movimentos na verdade estão esvaziando essa
teologia de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de
Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou
a sua justiça. Por ele ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora
andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e
adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a
não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à
igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o
que nós podemos fazer para alcançar Deus.
Tese 4: Sola Fide
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Reafirmamos que a justificação
é somente pela graça, somente por intermédio da fé e somente por causa de
Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio
possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus. Negamos que a justificação
se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa
infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique
ser igreja mas negue ou condene o princípio da sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.
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Soli Deo Gloria
Onde quer que,
na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido
colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre
foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós
estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus
na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite
transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o
crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser
bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito
pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.
Deus não
existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo,
ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus
por meio de nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades.
Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de
Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.
Tese 5: Soli Deo Gloria
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Reafirmamos que, como a
salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e
devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face
de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente. Negamos que
possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com
entretenimento, se negligenciarmos o Evangelho em nossa pregação, ou se
permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se
tornem opções alternativas ao evangelho.
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Um chamado ao arrependimento e à Reforma
A fidelidade
da igreja evangélica no passado contrasta fortemente com sua infidelidade no
presente. No princípio deste mesmo século, as igrejas evangélicas sustentavam
um empreendimento missionário admirável e edificaram muitas instituições
religiosas para servir a causa da verdade bíblica e do reino de Cristo. Foi uma
época em que o comportamento e as expectativas cristãs diferiam sensivelmente
daquelas encontradas na cultura. Hoje raramente diferem. O mundo evangélico de
hoje está perdendo sua fidelidade bíblica, sua bússola moral e seu zelo
missionário.
Arrependamo-nos
de nosso mundanismo. Fomos influenciados pelos “evangelhos” de nossa cultura
secular, que não são evangelhos. Enfraquecemos a igreja pela nossa própria
falta de arrependimento sério, tornamo-nos cegos aos pecados em nós mesmo que
vemos tão claramente em outras pessoas, e é indesculpável nosso erro de não
falar às pessoas adequadamente sobre a obra salvadora de Deus em Jesus Cristo.
Também
apelamos sinceramente a outros evangélicos professos que se tenham desviado da
Palavra de Deus nos assuntos discutidos nesta declaração. Incluímos aqueles que
declaram haver esperança de vida eterna sem fé explícita em Jesus Cristo , os que
asseveram que quem rejeita a Cristo nesta vida será aniquilado em lugar de
suportar o juízo justo de Deus pelo sofrimento eterno e os que dizem que os evangélicos
e os católicos romanos são um em Jesus Cristo , mesmo quando a doutrina bíblica da
justificação não é crida.
A Aliança de Evangélicos Confessionais
pede que todos os crentes dêem consideração à implementação desta declaração no
culto, ministério, política, vida e evangelismo da igreja.
Box: Tabela
Substituição de valores na igreja
contemporânea
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Santidade è
Integridade
|
Arrependimento è
Recuperação
|
Verdade è
Intuição
|
Fé è
Sentimento
|
Providência e
Esperança è
Gratificação Imediata
|
Deslocamento de Cristo e sua cruz do
centro da visão cristã
|
Nota:
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