Por
Rosivaldo Sales
Não existe nenhum texto bíblico que
proíba clara ou explicitamente o uso de piercing e de tatuagem. Citar Lv18.29 e
I Co 6.19, 20 como textos bíblicos que o condenam ou citar Gl 6.17 e Ap 19.16
como textos que o aprovam é torcer as sagradas Escrituras.
Mas sabemos que a Palavra de Deus nos orienta não apenas por mandamentos ou proibições explícitos. Ela nos orienta também por princípios. Há muitas coisas a respeito das quais não encontramos nas Escrituras orientações específicas, mas é fato que nem por isso devemos nos lançar às especulações ou sugestões humanas, porque certamente seremos instruídos pela Bíblia através de princípios. Portanto, estudemos os princípios pelos quais a Escritura nos orienta a respeito desse assunto tão controverso:
1. Devemos
glorificar a Deus em nossos corpos. Isto significa que nossa aparência
exterior deve ser um público testemunho de piedade (Rm 12.1, 2; I Co
6.19,20; II Co 1.12; Fp 1.20; I Tm 2.2, 10; II Tm 3.12; II Pe 3.11).
2. Devemos
fazer somente as coisas que são honoráveis e respeitáveis aos olhos de todos os
homens, obedecendo a Deus em tudo o que fazemos (Rm 12.7; Fp 4.8; At
4.19; 5.29).
3. Não
devemos nos engajar em comportamentos de luxúria e licenciosidade impostos pelo
mundo (Rm 6.12; II Co 12.21, 22; I Jo 2.15-17; Jd v.4).
4. Não
devemos nos envolver em comportamentos questionáveis (Rm 14.23; I
Co10.32; I Ts 5.21-23).
5. Querer
justificar o uso do piercing ou da tatuagem colocando-os em locais que as
pessoas que não são do nosso relacionamento mais íntimo não possam ver, só
expõe a nossa inclinação à superstição ou à idolatria(At 17.22, 23; I
Co10.14;I Jo 5.21).
I. A
aplicação dos quatros princípios.
1. Perfurações
do corpo discretas [e de bom gosto]:
A perfuração discreta do corpo, tal como a perfuração de bom gosto que
as mulheres fazem em suas orelhas, é considerada por toda a sociedade
[brasileira, de hoje] como um adorno perfeitamente tolerável para mulheres
crentes piedosas [dedicadas a Deus]. Tal perfuração em si mesma não é associada
com nenhum mal. Pelo menos enquanto e onde os brincos de argola nas orelhas não
representam nem comunicam algo pecaminoso, as orelhas perfuradas são aceitáveis
para a mulher piedosa, e não trazem vergonha nenhuma ao nome de Deus.
2. Perfurações
do corpo que são extravagantes – sensuais - rebeldes:
Por outro lado, uma
significativamente grande parcela da sociedade brasileira de hoje acredita que
as perfurações do corpo (à exceção das discretas perfurações de bom gosto das
orelhas femininas) refletem um estilo de vida licencioso, insubordinado,
desordenado, depravado e pervertido. Estas perfurações foram popularizadas na
segunda metade do século XX por pessoas dentre a cultura pop conhecidas por
seus pecaminosos, depravados, pervertidos estilos de vida. Por causa das
conotações pecaminosas associadas com estas perfurações, este comportamento é
questionável, na melhor das hipóteses (Rm 14.23; ITs 5.21-23).
3. As
Tatuagens:
As tatuagens eram populares na primeira metade século XX, entre os militares e outros grupos, geralmente refletindo um estilo de vida de farras e orgias e bacanais. Mais tarde, os membros de quadrilhas e gangs, e os rappers, e algumas celebridades começaram a adotar tatuagens como um sinal de um estilo de vida licencioso.
Por causa das conotações pecaminosas associadas com tatuagem, os cristãos devem também se abster deste comportamento, que é questionável na melhor das hipóteses (Rm 14.23; I Ts 5.21-23). Muitas pessoas querem justificar o uso da tatuagem nos casos delas apresentarem símbolos cristãos como a cruz e o peixe ou textos das Escrituras. Ainda outras alegam como justificativa para sua tatuagem o fato delas apresentarem o nome ou imagem de entes queridos. Mas a verdade é que, no primeiro caso prevalece o princípio de que os fins não justificam os meios, e no segundo, tal atitude representa o risco da inclinação para a idolatria.
4. O argumento de que a cultura e a sociedade estão em constantes mudanças.
Alguém pode dizer que a cultura e a sociedade mudaram, e pode argumentar que a perfuração e a tatuagem do corpo não mais têm, hoje, as conotações licenciosas e insubordinadas, desordenadas, depravadas e pervertidas que tinham alguns anos atrás. Pode argumentar que a opinião da sociedade sobre a perfuração e a tatuagem do corpo mudou.
Bem, é verdade que a sociedade muda e que os estilos mudam. Mas, hoje, o estilo de vida que os olhos de pelo menos alguns [bons] homens associam com a perfuração e com a tatuagem do corpo pelos jovens é o estilo de vida rebelde e licencioso. Cem anos no futuro, pode não mais o ser. Mas, por agora, a mensagem que uma pessoa emite a pelo menos algumas pessoas, quando tatua e perfura seu corpo, é uma mensagem de piedade [dedicação ao Senhor] muito questionável. Um corpo perfurado ou tatuado ainda freqüentemente associa a pessoa com a licenciosa cultura pop que continua a impor esses comportamentos em nossa sociedade.
Uma vez que aos verdadeiros crentes não é permitido se engajarem em comportamentos questionáveis, e uma vez que a perfuração (à exceção das discretas perfurações nas orelhas femininas) e a tatuagem do corpo são religiosamente questionadas por muitos em nossa sociedade, devemos concluir que a perfuração e a tatuagem do corpo devem ser evitadas pelos verdadeiros cristãos.
II. Alguns conselhos práticos:
Além dos princípios que nos são apresentados pelas Escrituras, também é importante observar algumas questões práticas da vida que também nos servem como orientação.
Além dos princípios que nos são apresentados pelas Escrituras, também é importante observar algumas questões práticas da vida que também nos servem como orientação.
1. Frequentemente
surgem doenças resultadas da tatuagem e da perfuração do corpo:
Doenças mortais transmitidas pelo sangue podem resultar de tatuagem e de
perfuração do corpo (a AIDS, a hepatite, o tétano, a tuberculose, etc.).
Um estudo feito pelo Dr. Bob Haley e pelo Dr. Paul Fischer descobriu que
as tatuagens feitas em ambientes comerciais resultam em mais de duas vezes o
número de infecções por hepatite C que decorrem do uso de drogas através de
injeções. E as pessoas que foram tatuadas em uma sala comercial de tatuagem são
nove vezes mais prováveis de infectar-se com a hepatite C do que alguém que não
é tatuado.
2. A
questão de ter que lidar com o arrependimento tardio.
Converse com algumas pessoas idosas que têm estado com tatuagens desde
que eram novas. Com muito cuidado para não as ofenderem, olhe bem para a tatuagem
e observe que ela está desvanecida e não parece tão bem quanto uma tatuagem
nova. Tente imaginar uma tatuagem em você, quando você for velho. Como parecerá
quando ela estiver desvanecida e sua pele estiver esticada e desgastada?
Pergunte à pessoa idosa, "Se você fosse novo outra vez, e você
estivesse pensando sobre fazer uma tatuagem, você a faria?" Muitos lhe
dirão "Não." Algumas mesmo lhe dirão que desejam que suas
tatuagens pudessem ser tiradas fora.
A perfuração do corpo é um comportamento muito novo no mundo
desenvolvido, assim eu duvido que você pode falar com pessoas idosas que
tiveram partes de seus corpos perfuradas por cinqüenta anos. Mas, você pode
olhar retratos dos povos nas nações do terceiro mundo [como os índios botocudos
do Brasil] que praticaram a perfuração do corpo por gerações e gerações. Nos
retratos, olhe para a pele esticada e desgastada das pessoas velhas e observe
que as perfurações se desfiguraram, em conseqüência de sua pele que torna-se
velha, enrugada e flácida. Imagine como é que seu corpo perfurado parecerá em
seus anos idosos, quando sua pele for esticada e estiver enrugada e flácida em
resultado dos trabalhos de parto ou da perda do tônus muscular. Pergunte-se,
"Como eu parecerei com perfurações do meu corpo frouxas e cedendo e
penduradas, quando eu tiver oitenta anos de idade?”.
3. Perfurações
e tatuagens do corpo são permanentes:
Olhe retratos de seus pais e avós quando eram de sua idade. Seus estilos
do cabelo e da roupa eram muito diferentes quando eram jovens. Como seus pais e
avós se sentiriam se tivessem que usar hoje, os mesmos estilos que usaram há
vinte ou quarenta ou mais anos atrás? Esta é a maneira que você pode sentir
quando a perfuração do corpo e tatuagem saírem de moda. Na maioria dos casos,
as tatuagens e as perfurações do corpo são permanentes. “Há um número de
pessoas que fez isto [tatuagem e/ou piercing] e que disseram: 'Puxa, isto não é
o que eu quero. O que realmente parece importante aos 17 ou 20 anos pode não parecer
assim tão importante aos 30," disse o Dr. Brian Kinney, um cirurgião
plástico de Los Angeles e porta voz da Sociedade Americana De Cirurgia Plástica
E Estética.
Profissionais (desde os “artistas” que criam tatuagens até os doutores
que as removem) dizem que a melhor estratégia é, em primeiro lugar, não deixar
fazer em si tatuagens sem pensar no futuro. O conselho deles: Pense. [Por
exemplo:] Daqui a uma década, você tem certeza de que ainda gostará de ter,
espalhadas em suas costas, as iniciais da fraternidade de que você faz parte
[na universidade]?
As profissões que cuidam da saúde estão tentando desenvolver novos métodos da remoção de tatuagem. Mas, presentemente, não temos um método que remova totalmente uma tatuagem. E os métodos comuns de remoção de tatuagem são frequentemente [falhos], dolorosos e caros.
As profissões que cuidam da saúde estão tentando desenvolver novos métodos da remoção de tatuagem. Mas, presentemente, não temos um método que remova totalmente uma tatuagem. E os métodos comuns de remoção de tatuagem são frequentemente [falhos], dolorosos e caros.
4. O
que fazer com as tatuagens já existentes?
Existem pessoas que ao descobrir que de acordo com os princípios
bíblicos o uso da tatuagem é reprovado por Deus, se desesperam, pois já fizeram
uma ou mais tatuagens em seus corpos e passam a questionar até mesmo a
legitimidade de sua salvação. Quanto a isso, afirmamos que a salvação não está
fundamentada naquilo que uma pessoa fez ou deixou de fazer, mas nos méritos de
Cristo (At 4.12; Hb 5.9). Portanto, em relação ao nosso passado, devemos agir
do mesmo modo que agia o apóstolo Paulo (Fp 3.12-14) e crer que, em Cristo,
tudo se fez novo (II Co 5.17).
Conclusão:
Ao examinar o material providenciado bondosamente pelo amado irmão
Marcel para que eu estudasse visando a preparação desta parte da palestra,
fiquei surpreendido com o número de pessoas que se dizem cristãs e o número de
igrejas que se auto afirmam evangélicas e ao mesmo tempo defendem
acaloradamente o uso de piercing e de tatuagens. Estarrecido diante de tal
realidade, achei interessante o comentário de um determinado pastor:
“Ora, que tipo de cristianismo
estamos vivendo? Um cristianismo arbitrário que escolhe aquilo que é bom e
aquilo que é ruim conforme a moda, que diz não ao incenso, mas diz sim ao
mantra “gospelizado”, que diz não a música secular, mas sim aos filmes seculares
que usam essas mesmas músicas como tema? Aí quando queremos incorporar uma nova
mania espiritualizamos tudo e dizemos: “Vamos resgatar o que o diabo nos tomou,
e agora vamos fazer isso ou aquilo”.
“A hipocrisia já atingiu faz muito tempo o ápice dentro da igreja como
instituição. Igreja que a cada momento ‘resgata’ alguma coisa das mãos do
diabo. “Resgataram” o rock e o tornaram espiritual, “resgataram” a dança e a
tornaram profética, “resgataram” a guitarra e a tornaram ungida, “resgataram”
as festas à fantasia e a tornaram momento de comunhão... resgataram o piercing
e a tatuagem e os transformaram em expressão da liberdade cristã, só esqueceram
de resgatar o homem e dar-lhe a chance de ser chamado, Filho de Deus”.
*Estudo proferido numa das reuniões da Igreja Evangélica Congregacional
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